Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

Círio, depois da berlinda. O padre Ramos, de linha mais conservadora, defende
mudanças na corda.
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Refém do ritmo lento da romaria, a TV é salva pelo ritmo jornalístico que
consegue imprimir à transmissão. Numa cobertura sem muitos recursos
espetaculares, o jornalismo recorre à simplicidade de contar histórias e
consegue isso de forma satisfatória. A opção de quebrar o tom cerimonial e
mostrar o “lado profano” funciona bem em dois momentos. Num deles, o
repórter do primeiro posto mostra o início do trajeto depois que a Santa passa e
a câmera focaliza um casal dançando brega, ritmo popular paraense. Em outro,
uma equipe móvel mostra a praça da República transformada em “arraial”,
onde o dono de uma banca de jogos de azar proclama sua fé na Santa e a
esperança de ganhar muito dinheiro durante a romaria.
A câmera mostra, também, a ampliação do número dos que
acompanham a romaria de joelhos. Raimundo, com a túnica de caranguejos,
aparece com escolta de voluntários da Defesa Civil, que o ajudam a abrir
caminho e a levantar-se, porque nesse ano incorporou à sua performance ritual
a alternância entre a caminhada e as genuflexões. Entre as homenagens
prestadas à Santa, uma repartição pública no trajeto da romaria inova com uma
dupla que faz rappel no prédio, abrindo uma faixa de louvor à Virgem. E a
procissão ganha um novo carro, o carro de Plácido, que reproduz a cena do
achado da imagem no aniversário de 300 anos.
O grande momento jornalístico é, mais uma vez, provocado pela corda e
representa um curioso e eficiente retrocesso à era do rádio. Uma equipe móvel