Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
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Santa, as imagens aéreas mostram que a corda também chega, conduzida pelos promesseiros. O narrador retoma o tom oficiante e encerra a transmissão como um "sacerdote midiático": Que Nossa Senhora de Nazaré abençoe a todas as famílias do Pará, do Brasil e do mundo. 148 A transmissão de 1998 agrega o ineditismo de uma cobertura internacional e de um canal interativo. A TV Tapajós, afiliada à Rede Globo em Santarém, Oeste do Pará, se une à Liberal e à Cultura na transmissão, que pode ser vista através do Libsat (segmento da TV Liberal no Brasilsat) em mais de 100 localidades do Pará e pela internet. Há cinco postos, seis repórteres e 17 câmeras, uma delas no helicóptero, pela primeira vez equipada com uma lente estabilizadora de imagens (VAP, da Canon), o que garante excelente qualidade às imagens aéreas ao vivo. Os problemas de áudio, que existem em todas as transmissões ao vivo do Círio, marcam desastrosamente o início da cobertura de 1998, a tal ponto que o narrador terá de repetir toda a introdução, onde se verifica que perdura o cerimonial religioso, com o convite à reflexão (sobre memória e esperança) que será conduzida pelo sociólogo Emanuel Mattos e pela freira e teóloga Téia Frigério, mas o jornalismo ganha ainda mais espaço e oferece novas possibilidades para o telespectador: Você vai refazer conosco os caminhos históricos da devoção à Nossa Senhora de Nazaré. A TV Liberal enviou uma equipe a Portugal em busca das origens desse culto, que na Europa sobrevive há mais de 800 anos. Essas possibilidades ampliam a participação, através do canal interativo, que funciona como uma sondagem, solicitando que o telespectador se manifeste através de ligações grátis (do próprio Estado) para responder a
perguntas, uma delas particularmente reveladora da dimensão que o problema do tempo assume na transmissão 54 : Quanto tempo você acha que deve durar a procissão do Círio? 149 Foram recebidas 1.583 ligações de 9h33 às 12h45, uma média de 8,24 ligações por minuto, com o seguinte resultado: Quatro horas – 193 ligações (12,2% do total) Cinco horas – 182 ligações (11,5%) Não deve ter hora para acabar – 1208 ligações (76,3%) Em 1998, quando mais uma vez o desligamento da corda ocorre, o tempo ocupa um lugar central na fala dos comentaristas, que defendem veementemente a manutenção da corda, e do narrador, que repete o discurso de que não se pode falar em “atraso”, mas ressalta a lentidão. Duas artes são inseridas periodicamente no vídeo: uma reproduz a berlinda no cronômetro que registra a duração da romaria e outra, um rodapé, mostra o percentual do trajeto que já foi percorrido pela berlinda. O desligamento, nesse ano, é “denunciado” também pelos próprios promesseiros. Ao passar por uma das câmeras, voltam-se para ela, um deles aponta para a extremidade cortada, como a pedir o testemunho da imagem, e todos erguem e balançam a corda que continuam a conduzir, cada vez mais distanciados da berlinda, como ressalta o narrador. A corda está se tornando rito de resistência popular, diz o sociólogo comentarista. 54 O problema se acentua a partir desse ano, quando o horário de verão é antecipado, atingindo o domingo do Círio. O Pará está fora do HBV, mas a TV não, regida pelo tempo da Rede Globo.
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Foram recebi<strong>da</strong>s 1.583 ligações <strong>de</strong> 9h33 às 12h45, uma média <strong>de</strong> 8,24<br />
ligações por minuto, com o seguinte resultado:<br />
Quatro horas – 193 ligações (12,2% do total)<br />
Cinco horas – 182 ligações (11,5%)<br />
Não <strong>de</strong>ve ter hora para acabar – 1208 ligações (76,3%)<br />
Em 1998, quando mais uma vez o <strong>de</strong>sligamento <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> ocorre, o<br />
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O <strong>de</strong>sligamento, nesse ano, é “<strong>de</strong>nunciado” também pelos próprios<br />
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rito <strong>de</strong> resistência popular, diz o sociólogo comentarista.<br />
54 O problema se acentua a partir <strong>de</strong>sse ano, quando o horário <strong>de</strong> verão é antecipado, atingindo o<br />
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