Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
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omaria, as homenagens com queimas <strong>de</strong> fogos e o manto <strong>da</strong> Santa, ofertado<br />
anualmente por pagadores <strong>de</strong><br />
promessas que geralmente permanecem no anonimato, são também<br />
lembrados pelo narrador.<br />
145<br />
A câmera, mais solta, busca novos ângulos, como <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong><br />
arquitetura <strong>da</strong> Sé, dá closes dos promesseiros <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> e procura, no meio <strong>da</strong><br />
multidão, romeiros com promessas cujo sentido o narrador explica aos<br />
telespectadores, como a infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> casas e barquinhos. A procissão é<br />
apresenta<strong>da</strong> com indisfarçável orgulho: Esta é uma romaria que acontece há<br />
204 anos e que reúne mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> pessoas na principal ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
norte do país.<br />
Mas a principal fala sobre o significado do <strong>Círio</strong> vem dos promesseiros,<br />
que naquele ano têm muito <strong>de</strong>staque na transmissão, convocados para<br />
comprovar o discurso sobre a romaria que a TV constrói com imagens e as<br />
falas <strong>de</strong> seus profissionais e comentaristas. Há um <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> pessoas<br />
emociona<strong>da</strong>s, alegres, agra<strong>de</strong>ci<strong>da</strong>s, esperançosas. Recorta<strong>da</strong>s<br />
momentaneamente do anonimato <strong>da</strong> multidão, elas contam suas histórias,<br />
exibem objetos e indumentárias que testemunham as graças alcança<strong>da</strong>s. Uma<br />
senhora conseguiu comprar apartamento no Rio e trouxe uma maquete do<br />
prédio. Um homem, amortalhado, carrega uma cruz <strong>de</strong> 50 quilos, como<br />
agra<strong>de</strong>cimento por ter escapado <strong>de</strong> um bombar<strong>de</strong>io na guerra do Iraque. Outro<br />
traz uma motoserra na cabeça. A partir <strong>de</strong>la, conseguiu um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> terra<br />
para trabalhar (e <strong>da</strong> terra <strong>de</strong>ixou um punhado no carro dos milagres). Outra