Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

envolvimento que está sendo tentado pelo áudio, durante a emissão das
canções, com imagens que remetem ao lado jornalístico da cobertura, como as
de bombeiros trabalhando, pessoas desmaiadas atendidas pela Cruz
Vermelha, por exemplo.
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Esse corte também acontece pelo imponderável que ronda a operação
ao vivo. Enquanto a cantora Leila Pinheiro interpretava Lírio Mimoso em um
tablado na praça da República, no centro de Belém, durante a passagem da
berlinda, um erro na queima de fogos do hotel promotor da homenagem
provoca tumulto e feridos. A homenagem, várias vezes anunciada durante a
transmissão, é encerrada abruptamente. A câmera abandona a cantora para
mostrar a correria, pessoas desmaiadas e queimadas. O repórter entra em
ação rapidamente, para explicar o que houve e tranqüilizar a audiência quanto
ao estado dos feridos. O clima de emoção esboçado com a performance da
cantora está perdido.
O inusitado também aparece através da câmera do posto da TV Liberal.
Ela captura um grupo de filhos-de-santo que acompanham o Círio em trajes de
culto. Eles explicam à repórter o sincretismo entre a Santa católica e a Oxum
do candomblé e confidenciam que também pedem graças à Padroeira dos
Paraenses.
O narrador introduz as músicas e poesias e comenta o sentido delas,
destacando valores como a fé. Mas, quando se trata das orações, o
telespectador é diretamente convocado a rezar conosco. Há uma prece
especial para os doentes. Os comentaristas também se dirigem ao
telespectador e falam com segurança sobre os temas, afinados numa linha de
defesa da expressão da religiosidade popular e suas manifestações no Círio, a