Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

toque sutil de humor, a exemplo da repórter Leni Sampaio, que, depois da
saída da romaria, mostra a pilha de sapatos que ficaram para trás desde o
início da caminhada dos fiéis. Ou ainda a entrevista feita pelo repórter Douglas
Dinelli com um emblemático devoto que, enquanto aguarda o Carro dos
Milagres, toma sua cerveja com amigos e enfatiza o lado profano da festa.
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Nesta cobertura também é marcante a forma como o narrador dirige-se
ao amigo telespectador com insistência –você, que não pôde vir – e dá notícias
e informações de utilidade pública ao lado dos textos, pela primeira vez pré-
produzidos, sobre a romaria. O comentarista deste ano, o historiador Ubiratan
Rosário, tem participação secundária diante do maior peso jornalístico da
cobertura, com freqüentes entradas de repórteres ao vivo e de VTs, inclusive
com o registro da Trasladação, a romaria noturna que acontece na véspera do
Círio e nunca tinha sido mostrada durante a transmissão.
Fica evidente uma segura direção de imagens que usa fusões suaves e
corte seco. Essa direção transforma Belém em personagem da cobertura,
revelando ângulos novos da parte antiga da cidade. A câmera do munck, agora
na saída da procissão, proporciona belas panorâmicas, zoons e planos gerais
da área do Ver-o-Peso, quando mostra a baia do Guajará, as torres e telhados
da Cidade Velha, entre as mangueiras. A corda, agora com 350 metros,
apinhada de promesseiros, também se consolida como personagem, mostrada
em planos gerais e de detalhes, inclusive dos pés descalços e do povo dando
água aos devotos. A sonorização única do trajeto da romaria ajuda a
transmissão a usar o som ambiente como BG e sobe som, mas a TV faz uma
interferência no áudio, usando a gravação do hino de Nossa Senhora de
Nazaré pela cantora Leila Pinheiro, em diversos momentos.