Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

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Esta é uma transmissão praticamente em off. O narrador e os repórteres
não aparecem no vídeo, com exceção da repórter do posto da TV Liberal,
quando entrevista alguém, e do comentarista, que faz uma entrada da sacada
da Basílica de Nazaré, como se fora repórter, aparentemente uma tentativa de
dinamizar a transmissão.
A gravação começa com um VT sobre a devoção à Virgem de Nazaré e
a Catedral. A seguir, inicia-se a transmissão ao vivo, com a câmera parada na
imagem da Virgem, no interior da Catedral de onde sairia a procissão. O tom
do narrador é solene, recuperando vocábulos pouco usuais, como “préstito”.
Ele chama a repórter posicionada na igreja, que fala sobre a devoção à Virgem,
conta o que está se passando no exterior – lá fora o número de pessoas é
grande, a corda está lotada – e antecipa o que deve acontecer na romaria, mas
a câmera só focaliza a imagem da Santa e o movimento de fiéis na igreja. O
telespectador pode apenas imaginar o que está acontecendo “lá fora”, como
nas emissões de rádio. Isso se repetirá em vários momentos da transmissão,
mostrando a dificuldade de apreensão visual do evento, por falta de câmeras
ou por falta de mobilidade e alcance das existentes. Em 1983, a julgar pelo
registro gravado, houve postos apenas na Sé, na TV Liberal e no CAN.
O improviso que marca a narrativa da primeira repórter será a tônica da
atuação também de seus colegas, que narram o que vêem e, muitas vezes,
falam do que viram, do que já passou pelo ponto onde estão posicionados e
não foi mostrado aos telespectadores, ou antecipam o que ainda irá acontecer
na romaria.
47 Conservo o termo narrador, usado pela emissora para designar esta função.