História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual
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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />
UNIDADE <strong>II</strong>I<br />
Aula 8<br />
Depois de você haver refletido sobre o Novo na política, tenho certeza de que não será<br />
difícil tirar conclusões sobre o discurso do Novo na educação. Você concluirá, garanto, que o<br />
Novo, nesse caso, trata-se, apenas, de uma figura de retórica, uma forma de obter a adesão <strong>da</strong><br />
totali<strong>da</strong>de social para a realização de um projeto particular, qual seja, o de uma classe ou fração<br />
de classe social, apresentado em nome <strong>da</strong>quela totali<strong>da</strong>de. Essa classe, ou fração de classe, que<br />
se apresenta como capaz de gerir uma socie<strong>da</strong>de como a nossa (subdesenvolvi<strong>da</strong>, terceiromundista,<br />
em desenvolvimento, emergente ou sei lá o quê) necessita de um discurso unificador,<br />
aglutinador dos diversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Um discurso possível é o do Novo. Novo em<br />
relação a quê?<br />
significa, em última instância, estar de acordo com as<br />
ver<strong>da</strong>des enuncia<strong>da</strong>s no discurso <strong>da</strong>s forças políticas, cujo projeto<br />
de gerenciamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de mostrou-se vitorioso. Em nosso caso<br />
particular, aquele projeto que levou Vargas ao poder, em 1930, mesmo<br />
tendo sido derrotado nas urnas. O mais grave é que esse projeto foi<br />
reforçado em 1937, com o estabelecimento de uma ditadura, e em<br />
1950, pela via eleitoral, quando o mesmo Vargas voltou ao poder,<br />
depois de um breve repouso como senador pelo seu Estado, o Rio<br />
Grande do Sul. Isso, para não falar nos governos subseqüentes,<br />
eleitos, e naqueles que se estenderam a partir de 1964. E de 1985.<br />
Que projeto era esse, então? O que havia de Novo a partir dos<br />
governos que se sucederam no Brasil desde 1930? A resposta a<br />
essas perguntas exigiria muita reflexão de nossa parte. Como reflexão<br />
pressupõe conhecimento, teríamos que recorrer a bons livros de<br />
história do Brasil. Essa história, que inclui o econômico, o político, o<br />
social, é de fun<strong>da</strong>mental importância para que passeemos pela história<br />
<strong>da</strong> educação com certa segurança. Anísio Teixeira, um dos expoentes<br />
<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia renovadora, escrevia, já em 1934, que “a escola deve<br />
ser uma réplica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de a que ela serve”. Compreendê-la, assim<br />
como a história <strong>da</strong> educação, passaria, necessariamente, por uma<br />
compreensão <strong>da</strong> história mais ampla.<br />
Aula 9<br />
Assim como “novo”,<br />
democracia é outra<br />
palavra vicia<strong>da</strong> em<br />
nosso vocabulário.<br />
Quantas ditaduras<br />
não têm se instalado<br />
no poder em nome <strong>da</strong><br />
garantia <strong>da</strong>s<br />
l i b e r d a d e s<br />
democráticas? E se a<br />
democracia ain<strong>da</strong> não<br />
tiver chegado pode ser<br />
decreta<strong>da</strong>. Ou você<br />
não sabe que tivemos<br />
no Brasil um<br />
presidente-cavaleiroditador<br />
que se gabava<br />
em dizer que faria<br />
deste país uma<br />
democracia?<br />
Embora estejamos num curso de nível superior, este não é um curso de <strong>História</strong>, mas<br />
de Pe<strong>da</strong>gogia. Nesse sentido, não há por que amedrontá-lo exigindo a leitura de<br />
autores clássicos sobre a <strong>História</strong> do Brasil. Mesmo porque existe boa produção didática<br />
em nível de ensino médio, a exemplo do livro <strong>História</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, de<br />
Francisco Alencar, Editora Ao Livro Técnico.<br />
Anísio Teixeira também afirmou ser urgente “reformar a escola para que ela possa acompanhar<br />
o avanço material de nossa civilização e preparar uma mentali<strong>da</strong>de que moral e espiritualmente se<br />
ajuste com a presente ordem <strong>da</strong>s coisas”. Essa presente “ordem <strong>da</strong>s coisas”, apoia<strong>da</strong> no tripé<br />
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