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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 4 Aula 5<br />

Aula 6 Aula 7<br />

industrializar-se. Certamente, sem trazer prejuízos para a agricultura de exportação. Como a do<br />

café, por exemplo, de onde provinha grande parte do capital a ser investido na ativi<strong>da</strong>de industrial.<br />

E você viu como Vargas protegeu os cafeicultores, comprando seus excedentes de produção<br />

para, em segui<strong>da</strong>, queimá-los. Só não deixe de imaginar de onde saiu o dinheiro para isso.<br />

Para avançar no processo de industrialização brasileira, os empresários que a desejavam e<br />

a faziam caminhar precisavam <strong>da</strong> adesão <strong>da</strong>s demais frações <strong>da</strong> burguesia, como aquela liga<strong>da</strong> à<br />

agro-exportação, por exemplo. Isso porque a burguesia não constitui um todo homogêneo, ao<br />

menos conjunturalmente. A adoção de uma política econômica que favoreça a ativi<strong>da</strong>de industrial<br />

traz prejuízos para o setor agro-exportador e vice-versa. Mas, como a burguesia constitui um<br />

todo homogêneo, estruturalmente, seria fácil encontrar a saí<strong>da</strong> para a industrialização. Os industriais,<br />

no poder, negociariam com os agro-exportadores, democraticamente, porque entre pares, formas<br />

de compensá-los, como vimos acima.<br />

Essa mesma burguesia industrial também necessitava, para levar seu projeto adiante, <strong>da</strong><br />

adesão <strong>da</strong> classe trabalhadora. Afinal, não há produção industrial apenas com capital e matériasprimas,<br />

pois o trabalho se constitui um dos elementos essenciais do processo. As pessoas que<br />

executam o trabalho formam uma classe, tenham consciência disso ou não. Enquanto classe, os<br />

trabalhadores são movidos por interesses, tanto quanto a burguesia. Se aqueles, no processo de<br />

produção, visam a obter ganhos na forma de salários crescentes e outras vantagens, esta tem<br />

lucros como objetivo, o que implica forçar salários e vantagens dos trabalhadores para baixo.<br />

Nesse caso, como conseguir a adesão dos trabalhadores ao projeto <strong>da</strong> burguesia industrial, qual<br />

seja, crescimento econômico com baixos custos?<br />

Em primeiro lugar, é preciso entender que os imigrantes representavam grande número<br />

dentre os trabalhadores. Provenientes, sobretudo, <strong>da</strong>s áreas industrializa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Europa, traziam<br />

suas práticas sindicalistas, anarquistas, comunistas e socialistas para o Brasil. Vargas, “mãe dos<br />

ricos”, logo, comprometido com a burguesia, tratou de reprimi-los, expulsando os inconvenientes<br />

e dificultando novas imigrações. Os demais seriam convocados a aderir ao projeto nacional (ista),<br />

a se integrarem à nação, apresentando-se a educação escolar como um forte instrumento nesse<br />

sentido.<br />

Além dos imigrantes havia os migrantes nacionais, gente proveniente <strong>da</strong>s mais diferentes<br />

partes do País, sobretudo <strong>da</strong> zona rural nordestina. Sem tradição de vi<strong>da</strong> urbana, sem experiência<br />

sindical ou político-partidária, inchavam as novas áreas urbano-industriais. Para eles, a educação<br />

escolar também seria ofereci<strong>da</strong> como instrumento de adesão ao projeto burguês. Por um lado,<br />

prepara-los-ia para transitarem no mundo moderno, urbano-industrial, conhecendo e adequandose<br />

às suas idéias, normas, princípios, valores, costumes; por outro lado, fornecer-lhes-ia o<br />

certificado legal que os habilitaria a participar <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dã, uma vez que o voto era negado aos<br />

analfabetos. Assim, fazia-se importante a escolarização dos trabalhadores urbanos, exército<br />

potencial de votantes em favor do projeto burguês a ser decidido no “jogo democrático”, diga-se,<br />

nas urnas, embora esses trabalhadores devessem acreditar que essa educação seria fator-chave<br />

para sua conscientização política, sua ascensão social, a garantia de um lugar no mercado de<br />

trabalho, o desenvolvimento do País... Assim, voltamos ao mito <strong>da</strong> educação, abor<strong>da</strong>do na aula<br />

anterior.<br />

Sela<strong>da</strong> a aliança entre as frações <strong>da</strong> burguesia, abafa<strong>da</strong>s ou elimina<strong>da</strong>s muitas <strong>da</strong>s lideranças<br />

dos trabalhadores, estrangeiras e domésticas, a industrialização brasileira avançava. Não significa<br />

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