História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual
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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />
UNIDADE <strong>II</strong>I<br />
Aula 4 Aula 5<br />
Aula 6 Aula 7<br />
abril de 1919. A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1930, o rádio ganhou populari<strong>da</strong>de e, como a televisão<br />
faria mais tarde, influenciando o modo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas. Essa populari<strong>da</strong>de também se<br />
deveu à ação do governo de Vargas. Visando a consoli<strong>da</strong>r a ditadura (implanta<strong>da</strong> em 1937),<br />
Vargas criou vários órgãos de propagan<strong>da</strong> dos atos do governo e <strong>da</strong> exaltação de sua figura,<br />
de modo a aproximá-lo <strong>da</strong>s massas, a exemplo do DIP (Departamento de Imprensa e<br />
Propagan<strong>da</strong>). Quanto ao papel do rádio nesse processo, leia as palavras de seu ex-ministro <strong>da</strong><br />
educação, agora ministro <strong>da</strong> justiça: “Não é preciso contato físico [entre o líder e a massa] para<br />
que haja multidão. É possível hoje [...] transformar a tranqüila opinião pública do século passado<br />
em um estado de delírio ou alucinação coletiva, mediante os instrumentos de propagação, de<br />
intensificação e de contágio de emoções, torna<strong>da</strong>s possíveis precisamente graças ao progresso<br />
que nos deu a imprensa de grande tiragem, a radiodifusão, o cinema, os recentes processos de<br />
comunicaçkão.” (Francisco Campos, citado em Nosso século. São Paulo, Abril Cultural, 1985, v. 6,<br />
p. 65).<br />
Mas se aquela pessoa acusasse a escola, como sugeri, eu não<br />
acharia isso absurdo. Aliás, veria com a maior naturali<strong>da</strong>de. E digo<br />
porque: se o professor não lê, não estu<strong>da</strong>, limita seu conhecimento<br />
às informações obti<strong>da</strong>s nos meios de comunicação de massa, ele não<br />
pode, com certeza, oferecer muita coisa para seus alunos. Quer<br />
dizer, o que se pode esperar de um professor que divide suas tardes<br />
de domingo entre Faustão, Gugu e Raul Gil? Ou que, numa noite de<br />
folga escolar, opta por uma novela de televisão, Hebe Camargo ou<br />
Big Brother, quando existem bons livros, CDs e DVDs? É triste dizer,<br />
mas já tive a infelici<strong>da</strong>de de constatar, tanto ao longo <strong>da</strong> minha<br />
experiência profissional quando durante a minha pesquisa de mestrado,<br />
que boa parte do que muitos ensinantes transmitem aos seus<br />
aprendentes não encontra suporte nos livros constantes de sua<br />
disciplina. Daí, como eles podem ousar?<br />
Assim, acredito que o primeiro passo de um ensinante que<br />
deseja ousar, que se propõe a fazer com que aquela pessoa supere a<br />
maneira de ver as coisas pela aparência, deve ser estu<strong>da</strong>r, dominar<br />
os conteúdos a serem ensinados. Lembrando que dominar os<br />
conteúdos não se restringe a reter mil e uma informações sobre o<br />
assunto. Isso é muito importante, mas implica também conhecer as<br />
ideologias para saber e ensinar o que está por trás <strong>da</strong>s coisas. O<br />
nacionalismo, por exemplo, é uma ideologia, uma retórica, que tem<br />
como função unir as pessoas que constituem uma <strong>da</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
em torno de objetivos comuns, de uma causa comum. Ocorre que<br />
não pode haver causa comum senão numa comuni<strong>da</strong>de, nunca, numa<br />
socie<strong>da</strong>de, que é constituí<strong>da</strong> de classes, logo, de grupos de pessoas<br />
com interesses antagônicos. É por isso que dizemos que a nação é<br />
uma abstração. E o nacionalismo não é mais do que um instrumento<br />
utilizado por uma classe social, ou uma fração de classe visando a<br />
conseguir a adesão de to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de para a consecução de um<br />
projeto que aten<strong>da</strong> aos seus interesses, apresentando-o como um<br />
projeto de todos, de to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> “nação”.<br />
Como afirma Melo (1982),<br />
defender que o<br />
profissional do ensino<br />
deva ter competência<br />
técnica não é a mesma<br />
coisa que ser tecnicista,<br />
mas reclamar-lhe<br />
competência profissional,<br />
extrapolar os limites do<br />
saber a ser veiculado na<br />
sala-de-aula, chegando<br />
até a “compreensão mais<br />
ampla <strong>da</strong>s relações entre<br />
a escola e a socie<strong>da</strong>de”.<br />
Porém, como o ensinante<br />
pode chegar a esse nível,<br />
se “Há alguns que<br />
dominam mal os próprios<br />
conteúdos que deveriam<br />
transmitir, que<br />
desconhecem princípios<br />
elementares do manejo<br />
de classes de<br />
alfabetização e que,<br />
muitas vezes, sequer<br />
possuem domínio<br />
satisfatório <strong>da</strong> própria<br />
língua materna?” (MELO,<br />
1982, p. 55).<br />
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