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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 4 Aula 5<br />

Aula 6 Aula 7<br />

traria fortes repercussões sobre a educação escolar. Nesse mesmo período, as matrículas na<br />

escola primária cresceram muito mais: de 1.033.421 para 13.906.484. Assim, se a população<br />

brasileira pouco mais que triplicou, as matrículas na escola primária mais que decuplicaram. E os<br />

adultos que não foram atendidos por essa escola nas i<strong>da</strong>des próprias foram-no pela educação<br />

supletiva de adolescentes e adultos analfabetos, promovi<strong>da</strong> por ações de governos estaduais e<br />

pela União, como a Campanha de <strong>Educação</strong> de Adultos, instituí<strong>da</strong> em 1947, e o Movimento<br />

Brasileiro de Alfabetização (Mobral), criado em 1967. Essas ações não conseguiram erradicar o<br />

analfabetismo no Brasil, de modo que, se dos 23.639.769 jovens com 15 anos ou mais, em 1940,<br />

13.279.899 eram analfabetos, em 1970, dos 54.336.606 de brasileiros nessa faixa etária, eramno<br />

17.936.887. Como se vê, o percentual caiu, mas, em termos absolutos, o número aumentou.<br />

Ain<strong>da</strong> hoje, com a chama<strong>da</strong> universalização do ensino fun<strong>da</strong>mental (que já aponta para a<br />

universalização do conjunto <strong>da</strong> educação básica), os números continuam altos. Como você viu<br />

na aula anterior, quando nos referimos à situação educacional na Paraíba, um pequeno-grande<br />

retrato do Brasil. Isso sem falar no analfabetismo potencial ou no alfabetismo funcional, que você<br />

já conhece muito bem e, que, até recentemente, não faziam parte <strong>da</strong>s estatísticas.<br />

No ensino médio, o crescimento do número de matrículas foi ain<strong>da</strong> maior do que no primário.<br />

Segundo Romanelli, entre 1920 e 1970, o número de matrículas, nesse nível de ensino, pulou de<br />

109.281 para 4.989.776. Também houve crescimento no ensino superior. De 1932 a 1964, as<br />

matrículas saltaram de 15.943 para 112.641.<br />

A partir desse quadro, a impressão que se tem é de que a<br />

socie<strong>da</strong>de brasileira se fazia ca<strong>da</strong> vez mais democrática, porque mais<br />

gente estava na escola. Ora, essa é a fala de pessoas que não<br />

pensam no que dizem. Empolgam-se com números, deixando-se levar<br />

pela quanti<strong>da</strong>de, sem se preocupar com a quali<strong>da</strong>de e com as<br />

condições sob as quais aqueles números acontecem. Além disso,<br />

intencionalmente ou não, fazem uso indevido de certas palavras<br />

como democracia. Tento explicar.<br />

Em primeiro lugar, seria interessante você fazer leituras que o<br />

ajudem a perceber a diferença entre democratização e massificação.<br />

Essas leituras também o aju<strong>da</strong>rão a entender que não há democracia<br />

educacional, democracia política ou outra qualquer, enquanto se<br />

reproduzirem, como no caso brasileiro, fortes desigual<strong>da</strong>des sociais e<br />

as condições que as geram. Lembre-se do que escreveu João Fragoso,<br />

citado na Aula 3 <strong>da</strong> nossa Uni<strong>da</strong>de I.<br />

Em segui<strong>da</strong>, observe que ain<strong>da</strong> são muito grandes os índices<br />

de evasão e repetência em nossas escolas de educação básica. Só<br />

não são maiores porque são acobertados por mecanismos inventados<br />

pelo Estado para a promoção dos alunos. Sem esquecer que muitos<br />

professores, mesmo reclamando <strong>da</strong>s políticas de avaliação escolar<br />

dos governos, também inventam os seus para se livrarem mais cedo<br />

Não nos ilu<strong>da</strong>mos. Para<br />

que uma escola seja<br />

considera<strong>da</strong> de quali<strong>da</strong>de,<br />

democrática, ci<strong>da</strong>dã,<br />

popular ou que receba<br />

outro adjetivo qualquer,<br />

tão ao gosto de muitos<br />

demagogos, não basta que<br />

mais pessoas lhe tenham<br />

acesso. Nem que elas<br />

permaneçam na escola,<br />

porque isso pode ser<br />

conseguido por meio de<br />

artifícios, como você, que já<br />

atua em sala de aula, bem<br />

conhece. Tudo isso é<br />

importante, mas vira letra<br />

morta se o aluno não<br />

aprende. E, parece-me,<br />

esse é o grande problema<br />

do nosso ensino, hoje: a<br />

criança não aprende. Como<br />

resolver essa questão?<br />

desses alunos. Como resultado, temos alunos que concluem a educação básica em condições<br />

pouco satisfatórias, diria mesmo, de semi-analfabetismo, ingressando nos cursos de nível superior<br />

<strong>da</strong> forma como bem conhecemos.<br />

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