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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 4 Aula 5<br />

Aula 6 Aula 7<br />

aquela perguntinha básica, que caracteriza uma toma<strong>da</strong> de posição crítica: Por quê? Sem essa<br />

pergunta, na<strong>da</strong> mais fazemos além de descrever, relatar, narrar o que estamos percebendo e o<br />

que chamamos reali<strong>da</strong>de. Ocorre que a reali<strong>da</strong>de que enxergamos não é uma coisa <strong>da</strong><strong>da</strong>, mas<br />

algo construído e em construção, isto é, tem uma história. E se ela se parece com reali<strong>da</strong>des<br />

passa<strong>da</strong>s, não é porque haja repetição, mas permanência. Isso mesmo, a história é feita de<br />

mu<strong>da</strong>nças e de permanências. E o que permanece, pode acreditar, é o que predomina. Daí a<br />

aparência de que a história se repete. Então, convém perguntar: por que predomina o que<br />

permanece?<br />

Acho que a explicação pode ser encontra<strong>da</strong> nas teorias sociais que se opõem às <strong>da</strong><br />

integração social, que receberam o nome de teorias do conflito social ou teorias críticas, e que<br />

enfatizam o conflito, a luta de classes. Elas foram resumi<strong>da</strong>s por Cardoso (2007), <strong>da</strong> seguinte<br />

maneira:<br />

O Estado teria surgido em função do aparecimento de interesses divididos na socie<strong>da</strong>de<br />

que se tornava complexa (tratar-se-ia <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de pós-tribal) e estaria baseado na dominação,<br />

na exploração, na coerção. Mais especificamente, as instituições governamentais de tipo estatal,<br />

fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s no monopólio <strong>da</strong> força arma<strong>da</strong>, na organização territorial, na cobrança de impostos,<br />

surgiram como mecanismos coercitivos e repressivos para resolver, em favor <strong>da</strong> posição privilegia<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> classe dominante, os conflitos intra-societais que surgiam por causa <strong>da</strong> estratificação econômica<br />

(proprietários/não-proprietários dos meios de produção mais importantes) e social. A classe<br />

dominante, para existir e manter-se como tal, explora e degra<strong>da</strong> as massas, a maioria <strong>da</strong> população<br />

(CARDOSO, 2007).<br />

Essas teorias estão diretamente associa<strong>da</strong>s a uma concepção <strong>da</strong> história que Giraldhelli<br />

(1986) concor<strong>da</strong> em denominar de história em zigue-zague, embora outros autores prefiram a<br />

expressão história em espiral. Tanto faz, porque, se você imaginar o desenho de um zigue-zague<br />

ou de uma espiral, perceberá , imediatamente, a diferença desses desenhos em relação a uma<br />

linha ou um círculo. Aquelas figuras, o zigue-zague e a espiral, indicam que a história. Se<br />

desenvolve entre avanços e recuos, sem predeterminações. Portanto, se desenvolve a partir de<br />

confrontos entre as classes sociais. Quando uma classe, no caso atual, a classe dos trabalhadores,<br />

obtém conquistas, então entendemos que a história avançou, progrediu. To<strong>da</strong>via, quando as<br />

forças sociais que representam a maioria <strong>da</strong> população são barra<strong>da</strong>s, ou até mesmo semidestruí<strong>da</strong>s,<br />

há, então, um retrocesso histórico.<br />

É por isso que os defensores dessa concepção <strong>da</strong> história a entendem como uma interpretação<br />

progressista. Para ela, não existe plano histórico predeterminado. Os homens constroem de fato<br />

sua própria história, só que o fazem a partir de certas condições materiais determina<strong>da</strong>s, que<br />

muitas vezes os obrigam a se organizar em classes. Tais classes não possuem os mesmos interesses<br />

e, portanto, se entrechocam, propiciando os avanços e recuos <strong>da</strong> história. Os adeptos dessa<br />

concepção admitem que o avanço histórico se efetiva quando as classes populares, que são a<br />

maioria, fazem valer seus interesses. Para eles, impõem-se a participação e o engajamento no<br />

processo social e na luta de classes (GIRALDHELLI Jr, 1986).<br />

Tudo isso serviu para lhe dizer que o que permanece na história é o que interessa a<br />

determinados grupos político-sociais porque eles se beneficiam com essas permanências, que são<br />

ensina<strong>da</strong>s como uma repetição do passado. Esses ensinamentos se fazem por meio <strong>da</strong>s agências<br />

que compõem a socie<strong>da</strong>de, a exemplo dos meios de comunicação de massa, como a televisão,<br />

por exemplo, com seus programas de auditório, novelas, noticiários e outras tantas ativi<strong>da</strong>des<br />

Trilhas do Aprendente, Vol. 2 - <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>II</strong><br />

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