História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual
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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />
UNIDADE <strong>II</strong>I<br />
Aula 4 Aula 5<br />
Aula 6 Aula 7<br />
Ora, como diz o filósofo brasileiro, Paulo Giraldhelli Jr., para a concepção circular, a história<br />
caminha em círculos, sendo que os fatos do presente na<strong>da</strong> têm de original, pois apenas repetem<br />
situações análogas do passado. Os personagens mu<strong>da</strong>m, mas o enredo é sempre o mesmo.<br />
O problema dessa concepção <strong>da</strong> história (juntamente com a concepção linear), como<br />
observa Giraldhelli, é que,<br />
ao assumirem que existe um plano predeterminado <strong>da</strong> história, se identificam<br />
com a postura conservadora, que leva os homens à passivi<strong>da</strong>de ou ao<br />
oportunismo. Assim, os portadores <strong>da</strong> concepção linear argumentam que “tudo<br />
já está traçado”, que “o mundo é assim mesmo”, que “caminhamos para o<br />
juízo final” etc. Os adeptos <strong>da</strong> concepção circular adiantam que “a história se<br />
repete”, que “sempre existiram e sempre existirão os pobres e os ricos” etc.<br />
Em ambas as posições aparecem sintomas do parasitismo, segundo o qual a<br />
única maneira de sobreviver é não afrontar os poderosos e viver <strong>da</strong>s<br />
recompensas que os ricos, porventura, possam ceder aos pobres e aos lacaios<br />
(GIRALDHELLI Jr., 1986).<br />
E mais: essas duas concepções não existem ao acaso, pois atendem a interesses políticosociais<br />
bastante claros, vinculam-se às teorias sociais funcionalistas, que enfatizam a integração<br />
social. Cardoso (2007) as resume <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />
A socie<strong>da</strong>de é vista como uma soma de indivíduos. Ca<strong>da</strong> indivíduo, por sua<br />
vez, é um ser delimitado, unificado, integrado, livre e transparente a si mesmo:<br />
um sujeito de conhecimento e um centro dinâmico de consciência, de emoção,<br />
de ação e de juízos. A complexi<strong>da</strong>de, a estratificação social e o estado teriam<br />
surgido <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des sociais. Os elementos básicos desta forma de pensar<br />
implicam que: 1) os interesses sociais são compartilhados, mais do que opostos;<br />
2) no sistema social, predominam as vantagens comuns, mais do que o domínio<br />
e a exploração de uma minoria sobre uma maioria; 3) tal sistema se mantém<br />
mais pelo consenso do que pela repressão ou coerção; 4) as socie<strong>da</strong>des são<br />
sistemas integrados que se modificam lentamente, em lugar de mu<strong>da</strong>rem por<br />
meio de rupturas descontínuas (revoluções) (CARDOSO, 2007).<br />
Trazendo a discussão para o campo específico <strong>da</strong> educação, Dermeval Saviani, no livro Escola<br />
e Democracia, denominaria essas teorias funcionalistas de teorias não críticas, porque<br />
“entende[m] ser a educação um instrumento de equalização social, [concebem] a socie<strong>da</strong>de<br />
como harmoniosa, tendendo à integração dos seus membros. [A educação] constitui, pois,<br />
uma força homogeneizadora que tem por função reforçar os laços sociais, promover a coesão<br />
e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social. [...] Como se vê, no que<br />
respeita às relações entre educação e socie<strong>da</strong>de, concebe-se a educação com uma ampla<br />
margem de autonomia em face <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Tanto que lhe cabe um papel decisivo na<br />
conformação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de evitando sua desagregação e, mais do que isso, garantindo a<br />
construção de uma socie<strong>da</strong>de igualitária” (SAVIANI, 2003. p. 4-5).<br />
É possível que até aqui você ain<strong>da</strong> esteja confuso. Isso porque, se eu digo que a história<br />
não se repete, você pode dizer que conhece exemplos que dão a impressão de que isso ocorre. E<br />
agora, como resolver esse problema? A história se repete ou não se repete?<br />
Tenha cui<strong>da</strong>do com as aparências, pois, como você já ouviu muitas vezes e até já deve ter<br />
repetido outras tantas, “as aparências sempre enganam”. É isso mesmo. Muitas vezes,<br />
escorregamos, deixando que as aparências nos orientem, conduzam nossas ações, porquanto<br />
nos acomo<strong>da</strong>mos ao que nossos sentidos nos permitem perceber de imediato e deixamos de fazer<br />
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