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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 4 Aula 5<br />

Aula 6 Aula 7<br />

insuficientes. Mansidão e indiferença, humil<strong>da</strong>de e submissão perante um<br />

crioulo, e ain<strong>da</strong> mais perante um europeu, são as principais características<br />

dos americanos do sul, e ain<strong>da</strong> custará muito até que europeus lá cheguem<br />

para incutir-lhes uma digni<strong>da</strong>de própria.<br />

A inferiori<strong>da</strong>de desses indivíduos, sob todos os aspectos, até mesmo o <strong>da</strong><br />

estatura, é fácil de se reconhecer. Somente as tribos que vivem bem ao sul,<br />

como as <strong>da</strong> Patagônia, são de natureza mais robusta; porém, ain<strong>da</strong> bastante<br />

rudes e selvagens. Quando os jesuítas e o clero católico quiseram acostumar<br />

os índios à cultura e aos costumes europeus (é sabido que fun<strong>da</strong>ram um Estado<br />

no Paraguai e mosteiros no México e na Califórnia), deram início à convivência<br />

com eles. Os padres <strong>da</strong>vam-lhes ordens como se os nativos fossem<br />

incapacitados para as tarefas diárias, as quais eles aceitavam, mesmo sendo<br />

preguiçosos, por causa <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de dos primeiros. Esses regulamentos (à<br />

meia-noite, um sino devia lembrar-lhes de suas obrigações matrimoniais),<br />

inicialmente, visavam à criação de necessi<strong>da</strong>des — a força motriz <strong>da</strong> iniciativa<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de humana. A fraqueza do nativo americano foi a principal razão de<br />

se levar negros para a América, com o objetivo de empregar a capaci<strong>da</strong>de que<br />

eles têm de trabalhar, pois os negros são muito mais receptivos à cultura<br />

européia do que os índios (HEGEL, Friedrich. Filosofia <strong>da</strong> <strong>História</strong>, 1995, p. 74-<br />

75).<br />

Outra bobagem que ele afirmou foi que a história se repete. É ver<strong>da</strong>de que houve quem<br />

tentasse repetir a história, reviver o passado. Isso pode ser divertido no cinema, como no filme<br />

“Déjà vu”, onde, na repetição, tudo ou quase tudo se conserta, e o final é sempre feliz. Mas, na<br />

vi<strong>da</strong> real, não dá. Heráclito de Éfeso, filósofo grego do Século V a.C., já comparara “as coisas<br />

com a corrente de um rio - que não se pode entrar duas vezes na mesma corrente”. E<br />

acrescentava: “Tudo flui, na<strong>da</strong> persiste, nem permanece o mesmo”.<br />

Seguindo as pega<strong>da</strong>s de Heráclito, Karl Marx (1818-1883), outro pensador europeu do<br />

Século XIX, como Hegel, foi muito severo na crítica que fez a esse filósofo. Veja o que ele<br />

escreveu:<br />

Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de<br />

grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes.<br />

E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segun<strong>da</strong> como<br />

farsa. Caussidière por Danton, Louis Blanc por Robespierre, a Montanha de<br />

1848-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio. E a mesma<br />

caricatura ocorre nas circunstâncias que acompanham a segun<strong>da</strong> edição do<br />

Dezoito Brumário!<br />

Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a<br />

fazem sob as circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se<br />

defrontam diretamente, lega<strong>da</strong>s e transmiti<strong>da</strong>s pelo passado. A tradição de<br />

to<strong>da</strong>s as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.<br />

E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às<br />

coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de<br />

crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os<br />

espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra<br />

e as roupagens, a fim de apresentar a nova cena <strong>da</strong> história do mundo nesse<br />

disfarce tradicional e nessa linguagem empresta<strong>da</strong>.<br />

Assim, Lutero adotou a máscara do apóstolo Paulo, a revolução de 1789-1814<br />

vestiu-se alterna<strong>da</strong>mente como a república romana e como o império romano,<br />

e a revolução de 1848 não soube fazer na<strong>da</strong> melhor (MARX, Karl. “O 18 Brumário<br />

de Luís Bonaparte”. Karl Marx e Friedrich Engels – Textos. Volume <strong>II</strong>I. São<br />

Paulo: Edições Sociais, 1977. p. 203).<br />

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