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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 4 Aula 5<br />

Aula 6 Aula 7<br />

Quanto ao final desse possível período histórico <strong>da</strong><br />

educação infantil brasileira, iniciado sobre a reali<strong>da</strong>de<br />

cria<strong>da</strong> pelo golpe de 1930, também seria difícil fazê-lo<br />

coincidir com qualquer <strong>da</strong>s periodizações propostas por<br />

Saviani. Em primeiro lugar, porque foi somente a partir<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970 que se instituiu a educação préescolar<br />

para crianças de 4 a 6 anos. Ain<strong>da</strong> assim, em<br />

nível compensatório. O elevado índice de evasão escolar<br />

e de repetência <strong>da</strong>s crianças <strong>da</strong>s classes pobres, no<br />

então ensino de primeiro grau, levou o Estado a estimular<br />

essa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de ensino, visando a suprir as carências<br />

culturais existentes nas famílias <strong>da</strong>quelas crianças. Mas,<br />

supririam? Foi nessa mesma déca<strong>da</strong> de 1970 em que se<br />

adotou um modelo de expansão <strong>da</strong> pré-escola no<br />

Nordeste brasileiro, o chamado “educação pré-escolar<br />

de massa”, apoiado pelo Banco Mundial. Segundo esse<br />

modelo, cerca de 90 alunos eram postos em uma mesma<br />

sala de aula, sob a orientação de uma professora, que<br />

contava com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mães. A intenção? Diminuir<br />

custos de infra-estrutura (90 alunos por sala) e de mãode-obra<br />

(as mães, como voluntárias, pessoas não<br />

habilita<strong>da</strong>s). Ao mesmo tempo, uma falsa idéia de<br />

participação.<br />

Apesar dos limites dessa compreensão de educação<br />

infantil, ela já apresentava alguma diferença em relação<br />

à concepção anterior, quando, pelo menos no que tange<br />

à educação infantil ofereci<strong>da</strong> aos segmentos subalternos<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, os filhos <strong>da</strong>s mães que trabalhavam na<br />

indústria e como emprega<strong>da</strong>s domésticas, não passava<br />

de meros postos de assistência.<br />

Tanta atenção <strong>da</strong><strong>da</strong> ao fenômeno<br />

educativo no Brasil, a partir de 1930, não<br />

era casual nem fruto <strong>da</strong> boa vontade de<br />

qualquer governante. Como refere Renato<br />

Ortiz, revolução industrial e moderni<strong>da</strong>de<br />

caminham juntas. Elas trazem consigo um<br />

processo de integração até então<br />

desconhecido: a constituição <strong>da</strong> nação.<br />

Diferentemente <strong>da</strong> noção de Estado (muito<br />

antiga na história dos homens), a <strong>da</strong> nação<br />

é fruto do Século XIX. Ela pressupõe que,<br />

no âmbito de um determinado território,<br />

ocorra um movimento de integração<br />

econômica (emergência de um mercado<br />

nacional), social (educação de ‘todos’ os<br />

ci<strong>da</strong>dãos), política (advento do ideal<br />

democrático como elemento ordenador <strong>da</strong>s<br />

relações dos partidos e <strong>da</strong>s classes sociais)<br />

e cultural (unificação lingüística e simbólica<br />

de seus habitantes) (ORTIZ, 1999, p. 78).<br />

Há muito o que se discutir, nesse texto,<br />

se o relacionarmos ao Estado brasileiro<br />

constituído a partir de 1930. Mas uma coisa<br />

é certa: a indústria chegou, e a música<br />

registrou, como na canção “Três apitos”, de<br />

Noel Rosa. Composta em 1933, foi grava<strong>da</strong>,<br />

pela primeira vez, em 1951, por Aracy de<br />

Almei<strong>da</strong>. Há gravação mais recente com<br />

Maria Betânia.<br />

Quando o apito/ Da fábrica de tecidos/ Vem<br />

ferir os meus ouvidos/ Eu me lembro de<br />

você.<br />

Mas você an<strong>da</strong>/ Sem dúvi<strong>da</strong> bem zanga<strong>da</strong>/<br />

Ou está interessa<strong>da</strong>/ Em fingir que não<br />

me vê.<br />

Você que atende ao apito/ De uma chaminé<br />

de barro/ Por que não atende ao grito tão<br />

aflito/ Da buzina do meu carro?<br />

Você no inverno/ Sem meias vai pro<br />

trabalho/ Não faz fé com agasalho/ Nem<br />

no frio você crê.<br />

Você é mesmo/ Artigo que não se imita/<br />

Quando a fábrica apita/ E você sabe por<br />

quê.<br />

Nos meus olhos você vê/ Como eu sofro<br />

cruelmente/ Com ciúmes do gerente,<br />

impertinente/ Que dá ordens pra você.<br />

Sou do sereno/ Poeta muito soturno/ Vou<br />

virar guar<strong>da</strong>-noturno/ E você sabe por quê.<br />

Mas você não sabe/ Que enquanto você<br />

faz pano/ Faço junto do piano/ Esses versos<br />

pra você.<br />

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