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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 1<br />

Aula 2 Aula 3<br />

A princípio, Romanelli pensou que a inércia e o tradicionalismo que ela observara seriam<br />

coisas de dentro <strong>da</strong> escola e que, eliminando-as, todos os problemas <strong>da</strong> educação escolar<br />

estariam resolvidos. Uma postura que costumamos chamar de . Porém, refletindo<br />

sobre o que observava e os livros que lia, Romanelli avançou, entendendo que a escola brasileira<br />

estava inseri<strong>da</strong> num <strong>da</strong>do contexto sócio-cultural, razão pela qual compreendeu o porquê <strong>da</strong><br />

visão e <strong>da</strong> prática educacionais dos jesuítas e de seus sucessores.<br />

Tente entender em que consiste o pe<strong>da</strong>gogismo, a partir de uma crítica<br />

que lhe é feita pelo economista <strong>da</strong> educação, o carioca Cláudio de Moura<br />

Castro, nascido em 1938, bastante conhecido como articulista <strong>da</strong> Revista<br />

Veja.<br />

“Nós temos uma casa para ser construí<strong>da</strong>, e em vez de construí-la, estamos<br />

soltando foguete para comemorar. A educação básica não precisa de<br />

computador, não precisa de grandes teorias pe<strong>da</strong>gógicas. Nenhum país<br />

de primeiro mundo tem, nos primeiros quatro anos, que são os mais críticos,<br />

na<strong>da</strong> além de um quadro-negro, giz, um bom professor que saiba ensinar,<br />

um livro didático que seja utilizado todos os dias em aula e disciplina rígi<strong>da</strong><br />

em sala.<br />

É assim que todos os países do mundo conseguiram resultados excelentes. Já, no Brasil,<br />

ficamos discutindo teoria pe<strong>da</strong>gógica, discutindo a teoria do defunto, o defunto que<br />

escreveu tal livro e que contradiz o outro defunto, que escreveu outra coisa. Tudo são<br />

grandes teorias. Os países que deram certo não usaram grandes teorias e até hoje não<br />

usam. Usam o que se aprendeu. Há uma cartilha para aprender a ler “Vovô viu a uva”,<br />

depois o conteúdo começa a fazer sentido etc. Por volta de dez anos atrás, a Inglaterra,<br />

que navegava nessa geléia geral de construtivismos e métodos globais, disse “Chega”.<br />

Agora tem programas e alternativas de livros, e o Ministério <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Central de<br />

Londres diz como o tempo dos alunos é usado durante ca<strong>da</strong> aula e o que vai ser ensinado.<br />

Com isso, a educação <strong>da</strong> Inglaterra deu um grande salto. Deve-se fazer o arroz-comfeijão,<br />

os alunos devem, primeiramente, aprender a tabua<strong>da</strong> e o alfabeto. Nas escolas<br />

<strong>da</strong> Finlândia, que é o país que ficou em primeiro lugar no Pisa, não existem teorias<br />

mirabolantes. Lá eles têm professores que aprenderam a ensinar e que seguem um<br />

bom livro. Minha filha estudou em uma escola francesa, na Suíça, em que os alunos não<br />

podiam conversar durante a aula e também não podiam se mexer na cadeira. Nenhum<br />

país de primeira linha no Pisa perde tempo discutindo sobre os fogos de artifício <strong>da</strong>s<br />

teorias, nem oferece na sala de aula esse grau de liber<strong>da</strong>de que os educadores brasileiros<br />

acham que se deve oferecer.”<br />

F o n t e : h t t p : / / w w w . s e s c s p . o r g . b r / s e s c / r e v i s t a s /<br />

revistas_link.cfm?Edicao_Id=247&Artigo_ID=3858&IDCategoria=4248&reftype=2. Acesso em<br />

21.12.06<br />

Quanto ao referido contexto, Romanelli afirmou que a socie<strong>da</strong>de colonial brasileira estava<br />

marca<strong>da</strong> pela “predominância de uma minoria de donos de terras e senhores de engenho sobre<br />

uma massa de agregados e escravos”, e que os padres responsáveis pelo ministério <strong>da</strong> educação,<br />

os jesuítas, eram portadores de um conteúdo cultural que expressava o espírito <strong>da</strong> Contra-<br />

Reforma, o que explicaria o quadro educacional de então.<br />

Seguindo essa linha de raciocínio, Romanelli esperava que a mu<strong>da</strong>nça no contexto implicasse<br />

mu<strong>da</strong>nças na educação. De fato, não há como não perceber mu<strong>da</strong>nças no contexto sóciocultural<br />

brasileiro em vários momentos <strong>da</strong> sua história. Por exemplo, quando do processo que<br />

conduziu à Independência ou do que trouxe a República. Aliás, o próprio período colonial não deve<br />

ser visto como estático, pois conheceu diversos quadros sócio-culturais. Em nenhum desses<br />

quadros, verificou-se mu<strong>da</strong>nça sensível na educação.<br />

Trilhas do Aprendente, Vol. 2 - <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>II</strong><br />

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