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História da Educação Brasileira II - UFPB Virtual

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UNIDADE I UNIDADE <strong>II</strong><br />

UNIDADE <strong>II</strong>I<br />

Aula 1<br />

Aula 2 Aula 3<br />

Entretanto, apesar desse desempenho econômico invejável, a socie<strong>da</strong>de brasileira apresentava<br />

um dos maiores graus internacionais de concentração de ren<strong>da</strong> e de miséria absoluta.”<br />

Para escrever seu artigo, Fragoso não precisou perguntar se o problema <strong>da</strong> exclusão social,<br />

no Brasil de hoje, era fruto <strong>da</strong> inserção do País no sistema capitalista ou se vinha de mais longe,<br />

do início <strong>da</strong> colonização. Ele foi ao passado, sim, mas com outras preocupações. Partindo dos<br />

índices de concentração de ren<strong>da</strong> em 1999, no Brasil, e verificando que esse é um fenômeno<br />

recorrente na história brasileira, ele quis saber como, em diferentes contextos históricos, a<br />

concentração de ren<strong>da</strong> persistiu e como se deu a contínua recriação <strong>da</strong> exclusão social.<br />

A resposta que ele encontrou foi: a elite brasileira “vive atualmente em uma socie<strong>da</strong>de que<br />

possui mecanismos para preservar a concentração de ren<strong>da</strong>, os quais foram devi<strong>da</strong>mente testados<br />

e aprovados pelo tempo.” Ele encontrou também que essa mesma elite “não se sente responsável<br />

pelo problema <strong>da</strong> pobreza e <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. Ela transfere tais problemas para o Estado e, ain<strong>da</strong>,<br />

acredita que a solução seria o crescimento econômico combinado com maiores investimentos<br />

públicos na educação. Por conseguinte, a elite propõe uma fórmula em que a superação <strong>da</strong>queles<br />

problemas seria feita sem custos para os não-pobres.”<br />

Depois dessa conversa com Saviani e Fragoso, acredito ter chegado a hora de entrarmos<br />

na história <strong>da</strong> educação brasileira a partir de 1930, <strong>da</strong>ndo ênfase à educação infantil.<br />

Otaíza Romanelli foi uma estudiosa <strong>da</strong> educação brasileira. Seu<br />

livro, <strong>História</strong> <strong>da</strong> educação no Brasil (1930/1973), publicado em<br />

1978, nasceu de suas preocupações em relação à educação do seu<br />

tempo. Ela contou que seu trabalho se originou “de uma antiga<br />

preocupação [...] de compreender a trama <strong>da</strong>s relações existentes<br />

entre os fatores que atuam no sistema educacional e respondem<br />

pela maioria de seus problemas”. O campo de pesquisa de Romanelli<br />

foi a , onde ela observou a “inércia, revela<strong>da</strong><br />

em face <strong>da</strong>s inovações, e o tradicionalismo emperrante”. Suas<br />

observações permitiram-lhe confirmar o que ensinavam os livros de<br />

história <strong>da</strong> educação brasileira que ela consultou: “substancialmente,<br />

pouca coisa mudou na forma de encarar a educação que nos foi<br />

lega<strong>da</strong> pelos jesuítas”.<br />

Escola elementar,<br />

primária, de primeiras<br />

letras. Essas foram<br />

algumas <strong>da</strong>s<br />

denominações que a<br />

escola de ensino<br />

fun<strong>da</strong>mental recebeu<br />

antes <strong>da</strong> Lei 9394/96.<br />

Dificilmente, poderíamos fazer qualquer menção à educação brasileira nos<br />

dias de hoje sem nos referirmos a Portugal e aos jesuítas. Não estou falando<br />

em determinismo, mas não é possível destruir tão facilmente to<strong>da</strong> uma<br />

herança cultural, sobretudo quando ela continua a atender a interesses<br />

de hoje. Não se trata de aplaudir ou denegrir nosso passado, nossa história,<br />

mas de compreendê-los. O tempo passa. E tão depressa que, às vezes,<br />

pensamos que os dias, os meses, os anos tornam-se ca<strong>da</strong> vez mais curtos.<br />

Nossas cabeças, no entanto, mu<strong>da</strong>m muito mais devagar. Estamos há mais de 100<br />

anos <strong>da</strong> abolição <strong>da</strong> escravatura, mas continuamos estigmatizando o trabalho manual<br />

e as profissões técnicas; a persistência e o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais<br />

que conhecemos nessa parte do mundo, desde a chega<strong>da</strong> dos europeus, está tão<br />

enraiza<strong>da</strong> entre nós que, sem nos questionarmos sobre seus condicionantes históricos,<br />

ain<strong>da</strong> acreditamos na possibili<strong>da</strong>de de superá-los por meio <strong>da</strong> educação escolar; ain<strong>da</strong><br />

que muitas pessoas não professem, hoje, o catolicismo romano, suas cabeças foram<br />

forja<strong>da</strong>s sob os ditames <strong>da</strong> igreja tridentina... (continuo depois).<br />

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