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Manuela Alves da Cunha.pdf - RI UFBA - Universidade Federal da ...

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O que se torna mais importante para a “conscientização” de um país<br />

subdesenvolvido, como o Brasil, não é mais sua “riqueza”, mas sua desigual<strong>da</strong>de.<br />

O discurso <strong>da</strong> riqueza <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de regional vai lentamente se deslocando <strong>da</strong><br />

reflexão social para o empreendimento turístico, onde certamente as cozinhas<br />

regionais ocupam papel de destaque (DUTRA, 2004). A comi<strong>da</strong> regional como<br />

manifestação do patrimônio, representa<strong>da</strong> por suas receitas e técnicas culinárias,<br />

proporciona oportuni<strong>da</strong>des relevantes para o desenvolvimento sustentável de um<br />

local por pressupor a inclusão social por meio <strong>da</strong> geração de emprego e ren<strong>da</strong> e,<br />

consequentemente, o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia (BOTELHO, 2006).<br />

1.2. COZINHA BAIANA<br />

A Cozinha Baiana é testemunho <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de territorial entre os<br />

extremos leste e oeste do Atlântico Sul, do estreito vínculo entre a costa africana<br />

e o Brasil durante quase trezentos anos. Como porto expressivo do comércio<br />

negreiro, Salvador assistiu ao constante ir e vir de pessoas, mo<strong>da</strong>s, crenças<br />

religiosas, alimentos e receitas. (DUTRA, 2004).<br />

Na Bahia, quem dominou o forno e o fogão foram as escravas africanas<br />

com seus pratos sagrados, o que caracterizou a culinária pelo encontro entre o<br />

real e o imaginário religioso. Muitas <strong>da</strong>s comi<strong>da</strong>s africanas são hoje prepara<strong>da</strong>s<br />

para serem ofereci<strong>da</strong>s aos deuses do candomblé (RECINE e RADAELLI, 2008).<br />

O caráter religioso <strong>da</strong> cozinha baiana contribuiu para que ain<strong>da</strong> permaneça<br />

tão localiza<strong>da</strong> e pouco altera<strong>da</strong> ao longo do tempo: ca<strong>da</strong> deus tem seu prato<br />

preferido, permanecendo assim, esta cozinha, vincula<strong>da</strong> ao mundo dos orixás<br />

(DUTRA, 2004).<br />

Além de suas músicas, suas crendices e seus hábitos alimentares, os<br />

africanos trouxeram consigo seu pala<strong>da</strong>r apimentado e nos legaram muitas<br />

preparações como abará, acarajé, bobó, caruru, cuxá, efó, munguzá, moqueca,<br />

quibebe, sabongo, vatapá, xinxim e tantas outras (BVMSM, 2008).<br />

A partir do uso do azeite de dendê são preparados pratos com frutos do<br />

mar, peixes, camarões secos, milhos, feijões, mandioca, arroz e coco (DUTRA,<br />

2004). A marca negra na comi<strong>da</strong> é determina<strong>da</strong> pelo dendê, mas, acima de tudo,<br />

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