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14 - UTILIZAÇÃO DO CAROÇO DE ALGODÃO NA ... - Fio

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<strong>UTILIZAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAROÇO</strong> <strong>DE</strong> <strong>ALGODÃO</strong> <strong>NA</strong> ALIMENTAÇÃO <strong>DE</strong><br />

RUMI<strong>NA</strong>NTES<br />

USE OF COTTONSEDD IN THE DIET OF RUMI<strong>NA</strong>NTS<br />

PENTER, J. D. ; ALVES, R. J. ; DINIZ, N. C.; OKAZAKI, M. S.; CANDIOTO, F. S.<br />

Discentes do Curso de Medicina Veterinária das<br />

Faculdades Integradas Ourinhos - FIO<br />

RESUMO<br />

A utilização do caroço de algodão na alimentação dos ruminantes é um tema altamente rico<br />

pelos fatores nutritivos positivos e também pela discussão sobre o gossipol. O tema atualmente<br />

gera dúvidas sobre a quantidade permitida e com isso o presente trabalho busca trazer dados<br />

sobre a utilização deste subproduto da agroindústria na alimentação de ruminantes, dando<br />

ênfase aos bovinos.<br />

Palavras-Chave: Ruminantes. Caroço de Algodão. Gossipol.<br />

ABSTRACT<br />

The use of cottonseed in ruminant feed is a topic highly enriched by positive nutritional factors<br />

and also by a discussion of gossypol. The issue now casts doubts on the amount allowed and<br />

that this work seeks to bring data on the use of agro-product of the feeding of ruminants, with<br />

emphasis on cattle.<br />

Keywords: Ruminants, Cottonseed, Gossypol.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os subprodutos da agroindústria são muito bem empregados na<br />

alimentação animal, tendo em vista que essa prática possui inúmeras<br />

vantagens como, por exemplo: o aumento do nível do valor nutricional nos<br />

animais, a diminuição de poluentes ambientais, o custo baixo ao produtor por<br />

ser um subproduto, etc.<br />

Um dos subprodutos mais utilizados pela questão da alta produtividade<br />

no Brasil é o Caroço de Algodão (CA). Em sua totalidade, 10% são dirigidos à<br />

alimentação de ruminantes, sendo os 90% restantes distribuídos para a<br />

extração de óleo e fabricação de farelo.<br />

<strong>DE</strong>SENVOLVIMENTOo<br />

A agroindústria brasileira gera subprodutos variados e dentre eles, o<br />

Caroço de Algodão que é o objeto de estudo deste trabalho. O caroço de<br />

algodão é composto em três partes: a fibra (línter 1 e sobras de plumas), a


casca e a amêndoa. Em geral, no Brasil e no mundo o tipo predominante de<br />

cultivo é o Iatifolium Hutch.<br />

A utilização deste complemento na dieta de ruminantes vem se<br />

destacando por ter pontos positivos nos índices de produtividade (ganho de<br />

peso) e qualidade dos produtos de origem animal, gerando assim maior<br />

aceitação no mercado. A sua alta concentração de óleo, proteínas e fibras<br />

permite a substituição de alimentos volumosos sem prejudicar a fermentação<br />

ruminal, refletindo no seu conteúdo energético. Tudo isso ainda agregado a<br />

fato de ser extremamente palatável.<br />

No comércio existem dois tipos de caroços de algodão: de alto línter<br />

(caroço branco) ou de baixo línter (caroço preto). Entre ambos, o caroço de alto<br />

línter possui fibras que cobrem a superfície inteira sendo assim de difícil<br />

remoção. Já o de baixo línter, possui menos fibras. Ainda sobre o caroço<br />

branco, foi constatado que este se adere com mais facilidade na parede do<br />

rúmen, elevando assim a ruminação.<br />

Pelo motivo da sazonalidade, o Ca deve ser armazenado de uma forma<br />

que garanta a sua qualidade durante o ano inteiro. O ideal é armazena-lo em<br />

local seco, bem ventilado e protegido da luz solar. As pilhas grandes de sacas<br />

devem ser evitadas, tendo acompanhamento da umidade local. Caso<br />

ultrapasse 10%, o caroço deve passar pelo processo de secagem. Se a<br />

propriedade não possui este tipo de equipamento, o estoque deve ser mantido<br />

por curto tempo. Normalmente o Ca apresenta-se sem cheiro, limpo, livre de<br />

substâncias estranhas e com coloração variando do cinza-claro ao branco.<br />

Caso o produto apresente fungo, deve-se ter um cuidado maior no<br />

armazenamento, ainda que o fungo possa ocorrer em qualquer momento da<br />

produção, transporte, etc.<br />

O valor nutricional é de alta concentração de óleo, proteína e fibra. É<br />

grande fonte de Proteína Bruta (PB) sendo de 22%, intermediando-se entre o<br />

milho em grão e o farelo de soja. Desta proteína total, grande parte é<br />

degradada no rúmen e o que não é degradado neste, 80% é aproveitado pelo<br />

animal. O Ca ainda possui características de forragem (36%) e de concentrado<br />

(64%).<br />

Comparando o Ca com milho em grão, farelo de soja e farelo de<br />

algodão, encontramos os valores percentuais de Matéria Seca (MS), Proteína


Bruta (PB), Proteína Degradável no Rúmen em relação a PB (PDR/PB),<br />

Digestibilidade da Proteína não Degradada no Rúmen (DPIR), Nutrientes<br />

Digestíveis Totais em Nível de Mantença (NDT), Fibra em detergente neutro<br />

(DFDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), Cálcio (Ca) e Fósforo (P)<br />

demostrados na tabela abaixo.<br />

Tabela 01 – Percentual de nutrientes por tipo de fonte de alimentação.<br />

Nutrientes (%)<br />

Caroço de<br />

Algodão<br />

Milho em Grão<br />

Farelo de<br />

Soja<br />

Farelo de Algodão<br />

MS 90,8 87,6 88,6 90,2<br />

PB 22,4 9,1 48,8 40,9<br />

PDR/PB 77,1 57,5 65,4 52,1<br />

DPIR 80 90 93 92<br />

NDT 79,5 97,2 81,5 68,3<br />

FDN 48,1 <strong>14</strong> <strong>14</strong>,6 34,9<br />

DFDN 44,37 32,3 27,7 -<br />

FDA 39 4,1 9,86 24,2<br />

Ca 0,21 0,03 0,34 0,24<br />

P 0,61 0,25 0,58 1<br />

O consumo do Ca é indicado para ruminantes adultos. A introdução<br />

deste na dieta deve ser de forma moderada para que o animal se adapte<br />

tranquilamente. O ideal é fornecer o Ca no cocho, normalmente misturado com<br />

outros alimentos (concentrado ou volumoso). O trato diário deve ser fracionado<br />

em duas etapas ou mais. Lembrando que o Ca possui alto teor de óleo, deve<br />

ser ter o cuidado na proporção utilizada para cada Kg de animal, tendo em<br />

vista que o óleo em excesso leva à diarreia nos animais, pois prejudica a<br />

microbiota presente no rúmen. Obedecendo-se este período de adaptação, o<br />

teor de 5% de gordura não deve ser ultrapassado.<br />

Abaixo temos a Tabela 02 estimando a quantidade de Ca para cada<br />

peso em Kg de animal fêmea (bovino) relacionando o limite máximo de 5% de<br />

gordura permitido.<br />

Tabela 02 – Quantidade de Ca conforme peso corporal (em Kg).<br />

Volumoso a base de...<br />

Animal (peso vivo) Pastagem Silagem de Milho<br />

Novilhas 200Kg 1 0,8<br />

Novilhas 300Kg 1,6 1,1<br />

Vacas 400Kg 2,1 1,5<br />

Vacas 500Kg 2,6 1,9<br />

Vacas 600Kg 3,2 2,2<br />

Vacas 700Kg 3,7 2,6


No bovino leiteiro foi utilizado uma dieta baseada na utilização de 25%<br />

de caroço de algodão com 20% a 24% de extrato etéreo na matéria seca, onde<br />

se constatou nenhum efeito negativos na digestibilidade da fibra e nem na<br />

disponibilidade de minerais, segundo o estudo Smith et.al.(1981). Isso pode ser<br />

explicado pela liberação lenta da gordura proveniente do caroço de algodão, o<br />

que permite a atuação dos microrganismos ruminais em sua hidrogenação e<br />

reduz o efeito inibidor da gordura sobre a digestibilidade da fibra. Também<br />

como conseqüência do processo de biohidrogenação da gordura no rúmen,<br />

dietas com caroço de algodão podem reduzir de maneira significativa a<br />

emissão de metano.<br />

Portanto a utilização de caroço de algodão segundo o estudo de Smite<br />

mostrou-se benéfico respeitando-se as proporções acima descritas. Destaca-se<br />

também que o excesso de caroço de algodão aumenta a quantidade de óleo no<br />

rúmen o que prejudica a fermentação.<br />

Entre todos estes aspectos positivos já citados, o Ca possui um porém,<br />

um fator anti-nutricional: o Gossipol. Este é um composto polifenólico de cor<br />

amarela antioxidante e antipolimerizante produzido em glândulas das raízes,<br />

folhas, hastes e sementes, que dá proteção contra danos provocados por<br />

insetos. A concentração do gossipol depende de da espécie de cultivo, da<br />

temperatura e do índice pluviométrico durante o crescimento.<br />

O gossipol atua principalmente no metabolismo de aminoácidos, ligando-<br />

se às proteínas que possuem aminoácidos livres. O principal efeito tóxico do<br />

gossipol é a alteração dos glóbulos vermelhos, sendo comprovado por Hawkins<br />

et al. (1985) que a ingestão de 24g por dia ou mais, ultrapassa o poder ligante<br />

das proteínas. Como os eritrócitos atuam no transporte de oxigênio, afeta<br />

diretamente a respiração destes animais, sendo esta mais curta gerando<br />

edema dos pulmões.<br />

Este fator anti-nutricional influencia diretamente na atividade reprodutiva<br />

dos ruminantes (machos e fêmeas), sendo até mesmo utilizado como<br />

anticoncepcional na China. O comprometimento da qualidade espermática e<br />

embrionária é visto já que há o comprometimento de mecanismos de geração<br />

de energia. A recomendação máxima de dose por Kg de peso vivo é de 30mg<br />

de gossipol.


Em fêmeas, em estudos in vitro, houve um comprometimento no<br />

desenvolvimento de embriões e produção de progesterona por células<br />

luteínicas. Já o estudo in vivo, no que diz respeito a fertilidade, ciclicidade e<br />

morfologia de ovários, a capacidade de detoxicação do gossipol fez com que<br />

não houvessem alterações significativas.<br />

Já em bezerros não é recomendado a utilização de caroço de algodão<br />

nos primeiros três a quatro meses de vida,por não estarem com seu rúmen<br />

totalmente funcional,o que diminui a capacidade de detoxificação do gossipol.<br />

Portanto o gossipol quando administrado em altas quantidades e por um<br />

tempo prolongado pode provocar lesões cardíacas e hepáticas principalmente<br />

em animais jovens. Já no fornecimento de caroço de algodão para<br />

reprodutores machos causa problemas reprodutivos. O uso de Ca é indicado<br />

para fêmeas e machos em fase de terminação, ou seja, já próximo ao abate.<br />

CONCLUSÃO<br />

A utilização do caroço de algodão é uma opção na suplementação da dieta de<br />

ruminantes sendo bastante válida na período de safra deste. Tomando os<br />

devidos cuidados de peso e quantidade administrada por animal, o gossipol<br />

passa a ser um fator sem grande importância.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

http:/milkpoint.com.br/?noticiaID=20410&actA=7&areaID=50&secaoID=122<br />

acessado em 08/03/2011<br />

http://boviplan.com.br/pagina.asp?ids=2&idS2=12&idT=9 acessado em<br />

08/03/2011<br />

http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_tecnologias/bovinocultura/caroco_algodao.php,<br />

acessado em18/03/2011<br />

www.embrapa.com.br, acessado em 18/02/2011<br />

www.nuvital.com.br, acessado em 18/03/2011

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