L. PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA ... - PUC Minas
L. PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA ... - PUC Minas L. PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA ... - PUC Minas
Prezado(a) candidato(a): 1 Assine e coloque seu número de inscrição no quadro abaixo. Preencha, com traços firmes, o espaço reservado a cada opção na folha de resposta. Nº de Inscrição Nome PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA LEIA O TEXTO COM ATENÇÃO. EM SEGUIDA, RESPONDA ÀS QUES- TÕES DE 1 A 7. Biblioteca Verde Papai, me compra a Biblioteca internacional de Obras Célebres São só 24 volumes encadernados em percalina verde, Meu filho, é livro demais para uma criança. Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo. Quando crescer eu compro. Agora não. Papai, me compra agora. É em percalina verde, só 24 volumes. Compra, compra, compra. Fica quieto, menino, eu vou comprar. Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel. Me mande urgente sua Biblioteca bem acondicionada, não quero defeito. Se vier com arranhão recuso, já sabe: quero devolução de meu dinheiro. Está bem, Coronel, ordens são ordens. Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro, fino caixote de alumínio e pinho. Termina o ramal, o burro de carga vai levando tomando universo.
- Page 2 and 3: Chega cheirando a papel novo, mata
- Page 4 and 5: Q U E S T Ã O 3 Sobre o trecho em
- Page 6 and 7: 6 E, para acabar, “a lua a solit
- Page 8 and 9: Q U E S T Ã O 1 1 NÃO é caracter
- Page 10 and 11: 10 mais além, haver um refúgio tr
- Page 12: 12 R A S C U N H O D O T E X T O
Prezado(a) candidato(a):<br />
1<br />
Assine e coloque seu número de inscrição no quadro abaixo. Preencha, com<br />
traços firmes, o espaço reservado a cada opção na folha de resposta.<br />
Nº de Inscrição Nome<br />
PROVA DE <strong>LÍNGUA</strong> <strong>PORTUGUESA</strong> E <strong>LITERATURA</strong> <strong>EM</strong> <strong>LÍNGUA</strong> <strong>PORTUGUESA</strong><br />
LEIA O TEXTO COM ATENÇÃO. <strong>EM</strong> SEGUIDA, RESPONDA ÀS QUES-<br />
TÕES DE 1 A 7.<br />
Biblioteca Verde<br />
Papai, me compra a Biblioteca internacional<br />
de Obras Célebres<br />
São só 24 volumes encadernados<br />
em percalina verde,<br />
Meu filho, é livro demais para uma criança.<br />
Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.<br />
Quando crescer eu compro. Agora não.<br />
Papai, me compra agora. É em percalina verde,<br />
só 24 volumes. Compra, compra, compra.<br />
Fica quieto, menino, eu vou comprar.<br />
Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.<br />
Me mande urgente sua Biblioteca<br />
bem acondicionada, não quero defeito.<br />
Se vier com arranhão recuso, já sabe:<br />
quero devolução de meu dinheiro.<br />
Está bem, Coronel, ordens são ordens.<br />
Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,<br />
fino caixote de alumínio e pinho.<br />
Termina o ramal, o burro de carga<br />
vai levando tomando universo.
Chega cheirando a papel novo, mata<br />
de pinheiros toda verde. Sou<br />
o mais rico menino destas redondezas.<br />
(Orgulho, não: inveja de mim mesmo.)<br />
Ninguém mais aqui possui a coleção<br />
das Obras Célebres. Tenho de ler tudo.<br />
Antes de ler, que bom passar a mão<br />
no som da percalina, esse cristal<br />
de fluida transparência: verde, verde.<br />
Amanhã começo a ler. Agora não.<br />
Agora quero ver figuras. Todas.<br />
Templo de Tebas, Osíris, Medusa,<br />
Apolo nu, Vênus nua... Nossa<br />
Senhora, tem disso tudo nos livros?<br />
Depressa, as letras. Careço ler tudo.<br />
A mãe se queixa. Não dorme este menino.<br />
2<br />
O irmão reclama: apaga a luz, cretino!<br />
Espermacete cai na cama, queima<br />
a perna, o sono. Olha que eu tomo e rasgo<br />
essa Biblioteca antes que peque fogo<br />
na casa. Vai dormir, menino, antes que eu perca<br />
a paciência e te dê uma sova. Dorme,<br />
filhinho meu, tão fraquinho.<br />
Mas leio, Em filosofias<br />
tropeço e caio, cavalgo de novo<br />
meu verde livro, em cavalarias<br />
me perco, medievo; em contos, poemas<br />
me vejo viver. Como te devoro,<br />
verde pastagem. Ou antes carruagem<br />
de fugir de mim e me trazer de volta<br />
à casa a qualquer hora num fechar<br />
de páginas?<br />
Tudo o que sei é ela que me ensino.<br />
O que saberei, o que não saberei nunca,<br />
está na Biblioteca em verde murmúrio<br />
de flauta-percalina eternamente.<br />
ANDRADE, Carlos Drummond de. São Paulo: Abril Educação, 1980. P. 67-68
Q U E S T Ã O 1<br />
Todas as considerações sobre o texto estão corretas, EXCETO:<br />
3<br />
a) O poema se constrói na forma de uma narrativa.<br />
b) A experiência de um leitor que se dá no interior da família e da vida doméstica,<br />
mas não é partilhada pelos familiares.<br />
c) A biblioteca verde é uma metáfora usada pelo leitor, quando criança, para<br />
referir-se à riqueza do mundo da leitura.<br />
d) Um leitor elabora suas recordações sobre como se apropriou dos livros<br />
de leitura.<br />
Q U E S T Ã O 2<br />
Em todas as alternativas, os enunciados, retirados do poema se reportam às<br />
vozes do ambiente familiar, EXCETO:<br />
a) A mãe se queixa. Não dorme este menino.<br />
b) O irmão reclama: apaga a luz, cretino!<br />
c) Está bem, Coronel, ordens são ordens.<br />
d) Olha que eu tomo e rasgo/ essa Biblioteca antes que pegue fogo/na casa.<br />
LEIA O TRECHO ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 3, 4 E 5.<br />
Mas leio. Em filosofias<br />
tropeço e caio, cavalgo de novo<br />
meu verde livro, em cavalarias<br />
me perco, medievo; em contos, poemas<br />
me vejo viver. Como te devoro,<br />
verde pastagem. Ou antes carruagem<br />
de fugir de mim e me trazer de volta<br />
à casa a qualquer hora num fechar<br />
de páginas?
Q U E S T Ã O 3<br />
Sobre o trecho em exame, NÃO se pode afirmar que<br />
4<br />
a) a coleção de livros reúne uma série de obras não só filosóficas mas<br />
também literárias.<br />
b) no 2º verso, instaura-se entre os enunciados uma relação de oposição.<br />
c) evocam-se, num movimento polifônico, obras clássicas da literatura.<br />
d) a expressão verde pastagem, além de remeter-se ao pronome te, funciona<br />
como sujeito do verbo devorar.<br />
Q U E S T Ã O 4<br />
Sobre a expressão medievo, NÃO se pode afirmar que é uma criação lexical<br />
estilística<br />
a) por meio da qual o leitor explicita os seus sentimentos sobre a vida<br />
medieval.<br />
b) cujo sentido deve ser conferido à luz do texto.<br />
c) que obedece às regras do sistema verbal da língua portuguesa, sugerindo<br />
a suposta forma verbal: medievar.<br />
d) que metonimicamente evoca uma relação do leitor com histórias de cavalaria,<br />
isto é, com uma literatura medieval.<br />
Q U E S T Ã O 5<br />
Sobre o trecho em exame, NÃO se pode afirmar que ler é uma atividade durante<br />
a qual se pode<br />
a) enfrentar dificuldade, mas vencê-las.<br />
b) dispersar-se, criando um desinteresse.<br />
c) experienciar momentos de deleite e de prazer.<br />
d) deslocar-se para outros mundos, outras culturas.
Q U E S T Ã O 6<br />
Leia o trecho abaixo.<br />
5<br />
Antes de ler, que bom passar a mão<br />
Agora quero ver figuras. Todas.<br />
Templo de Tebas, Osíris, Medusa,<br />
Apolo nu, Vênus nua... Nossa<br />
Senhora, tem disso tudo nos livros?<br />
Depressa, as letras. Careço ler tudo.<br />
No trecho, podem-se identificar os modos como o leitor age com o objeto de<br />
leitura. Assinale a alternativa que NÃO se apresenta adequada.<br />
a) sensorial<br />
b) racional<br />
c) emocional<br />
d) irracional<br />
Q U E S T Ã O 7<br />
Do poema, NÃO se pode apreender que<br />
a) os livros proporcionam status.<br />
b) os livros são raros e caros.<br />
c) os livros e/ou leitura carregam conhecimentos.<br />
d) a leitura requer envolvimento do leitor.<br />
AS QUESTÕES DE 08 A 10 REFER<strong>EM</strong>-SE À LEITURA DO TRECHO DO<br />
ROMANCE O ENCONTRO MARCADO (1956), DO ESCRITOR MINEIRO<br />
FERNANDO SABINO.<br />
“[...] O professor era poeta, tinha noventa sonetos prontos, quando completassem<br />
cem publicaria um livro. [...] O professor só queria assim, era contra<br />
os futuristas:<br />
– Olhem aqui: vejam se isso é poesia: “É preciso fazer um poema sobre<br />
a Bahia... Mas eu nunca fui lá”. Vejam este outro: “Café com pão, café com<br />
pão, café com pão, café com pão...”<br />
Os meninos riam.<br />
– Agora vejam: “A lua banha a solitária estrada...”
6<br />
E, para acabar, “a lua a solitária estrada banha”. Reparassem: no<br />
princípio a estrada ainda vazia, eles vinham vindo, os fidalgos, de volta da<br />
caçada, as trompas soando, o remanso da noite embalsamada. Depois eles<br />
passam, alegres, rindo, cantando, e agora já passaram, foram para o lado de<br />
lá, portanto a lua não banha a solitária estrada. A lua a solitária estrada banha...<br />
Quer dizer que mudamos de posição, de pers-pec-ti-va! Até isso o soneto<br />
tinha. Para tanto era preciso conhecer o léxico.”<br />
(SABINO, Fernando. O encontro marcado. 67. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 24-25)<br />
Q U E S T Ã O 8<br />
No diálogo com os alunos, o professor se refere ao confronto entre<br />
a) o Romantismo e o Arcadismo.<br />
b) o Simbolismo e o Romantismo.<br />
c) o Modernismo e o Parnasianismo.<br />
d) o Concretismo e o Futurismo.<br />
Q U E S T Ã O 9<br />
Leia o poema:<br />
BAHIA<br />
É preciso fazer um poema sobre a Bahia...<br />
Mas eu nunca fui lá.<br />
O poema acima, um dos criticados pelo professor, tem como característica<br />
mais marcante<br />
a) a síntese.<br />
b) a metrificação.<br />
c) a ruptura sintática.<br />
d) a estrutura rítmica.
7<br />
AS QUESTÕES DE 10 E 11 REFER<strong>EM</strong>-SE AO PO<strong>EM</strong>A A SEGUIR:<br />
Q U E S T Ã O 1 0<br />
A cavalgada<br />
A lua banha a solitária estrada...<br />
Silêncio!... mas além, confuso e brando,<br />
O som longínquo vem se aproximando<br />
Do galopar de estranha cavalgada.<br />
São fidalgos que voltam da caçada;<br />
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,<br />
E as trompas a soar vão agitando<br />
O remanso da noite embalsamada...<br />
E o bosque estala, move-se, estremece...<br />
Da cavalgada o estrépito que aumenta<br />
Perde-se após no centro da montanha...<br />
E o silêncio outra vez soturno desce,<br />
E límpida, sem mácula, alvacenta<br />
A lua a estrada solitária banha...<br />
Em sua análise desse poema, o professor de O encontro marcado enfatiza<br />
principalmente<br />
a) os itens lexicais que o constituem.<br />
b) o encadeamento dos versos sugerindo a ideia de morte.<br />
c) o contraste entre a paisagem da estrada antes e depois da passagem<br />
dos cavaleiros.<br />
d) o efeito de sentido decorrente do emprego da inversão sintática no verso<br />
final.
Q U E S T Ã O 1 1<br />
NÃO é característica do poema “A cavalgada”<br />
a) o descritivismo.<br />
b) o sensorialismo.<br />
c) a objetividade.<br />
d) a forma fixa.<br />
8<br />
AS QUESTÕES 12 E 13 REFER<strong>EM</strong>-SE AO TEXTO A SEGUIR, DE MILLOR<br />
FERNANDES.<br />
O capitalismo mais reacionário<br />
Tragédia em um ato<br />
Personagens – o patrão e o empregado<br />
Época – atual<br />
Ato único<br />
Empregado – Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há quarenta anos que<br />
trabalho na empresa e até hoje só cometi um erro.<br />
Patrão – Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em diante tome mais<br />
cuidado.<br />
(Pano bem rápido)<br />
(FERNANDES, MILLOR. Trinta anos antes de mim mesmo. Rio de Janeiro: Nórdica,<br />
1974. P. 15.)<br />
Q U E S T Ã O 1 2<br />
O narrador do texto acima é<br />
a) onisciente.<br />
b) inexistente.<br />
c) observador.<br />
d) personagem.
Q U E S T Ã O 1 3<br />
9<br />
O texto lido organiza-se segundo o modelo do gênero literário que se define<br />
por<br />
a) ser produzido para a encenação pública.<br />
b) narrar os fatos notáveis da história de em povo.<br />
c) expressar as emoções e estados de alma do autor.<br />
d) ridicularizar os vícios e atitudes reprováveis dos seres humanos.<br />
Q U E S T Ã O 1 4<br />
NÃO é correto afirmar que o texto<br />
a) provoca efeito de humor.<br />
b) parodia a tragédia clássica.<br />
c) explora a ironia em sua construção.<br />
d) endossa um ponto de vista reacionário.<br />
A QUESTÀO 15 DEVE SER RESPONDIDA COM BASE NA LEITURA DO<br />
FRAGMENTO ABAIXO, EXTRAÍDO DO LIVRO TERRA SONÂMBULA<br />
(1993), DO ESCRITOR MOÇAMBICANO MIA COUTO.<br />
Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas<br />
se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara<br />
de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores<br />
sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de<br />
levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se<br />
acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte.<br />
A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com outra<br />
nenhuma. Está mais deitada que os séculos, suportando sozinha toda a<br />
distância. Pelas bermas apodrecem carros incendiados, restos de pilhagens.<br />
Na savana em volta, apenas os embondeiros contemplam o mundo a desflorir.<br />
Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. Andam bambolentos<br />
como se caminhar fosse seu único serviço desde que nasceram. Vão para lá<br />
de nenhuma parte, dando o vindo por não ido, à espera do adiante. Fogem da<br />
guerra, dessa guerra que contaminara toda a sua terra. Vão na ilusão de,
10<br />
mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm<br />
a mesma cor do caminho. [...]<br />
Q U E S T Ã O 1 5<br />
(COUTO, Mia. Terra sonâmbula. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 9)<br />
Uma das marcas da prosa de Mia Couto é o emprego de recursos próprios da<br />
linguagem poética, o que confere sensibilidade e lirismo à narrativa.<br />
Considere as passagens do texto e a respectiva identificação do recurso poético<br />
nelas empregado.<br />
I . “A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com<br />
outra nenhuma.” – aliteração.<br />
II . “Na savana em volta, apenas os embondeiros contemplam o mundo a<br />
desflorir.” – personificação.<br />
III . “Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada.” – metáfora.<br />
A identificação está CORRETA em:<br />
a) I apenas.<br />
b) II apenas.<br />
c) I e II.<br />
d) II e III.
11<br />
P R O D U Ç Ã O D E T E X T O<br />
Sua tarefa é produzir uma narrativa sobre a sua vida de leitor(a), realçando<br />
como se deu o seu contato com os livros e com o mundo da leitura. Esse texto<br />
será publicado em uma revista universitária, cuja edição tem como tema<br />
leitura e leitores.<br />
Para auxiliá-lo(a) nessa tarefa, recomenda-se que você leia, com atenção, os<br />
trechos abaixo, retirados de diferentes obras, os quais trazem relatos e/ou<br />
memórias de como seus autores se tornaram leitores.<br />
Trecho 1<br />
Comecei minha vida como hei de acabá-la, sem dúvida: no meio dos livros.<br />
No gabinete do meu avô, havia-os por toda parte; era proibido espaná-los<br />
exceto uma vez no ano antes do reinício das aulas em outubro. Eu ainda não<br />
sabia ler e já reverenciava essas pedras eregidas; em pé ou inclinadas, apertadas<br />
como tijolos nas prateleiras da biblioteca ou nobremente espacejadas<br />
em aléias de menires, eu sentia que a prosperidade de nossa família dependia<br />
delas. Elas se pareciam todas; eu folgava num minúsculo santuário, circundado<br />
de monumentos atarracados, antigos, que me haviam visto nascer,<br />
que me veriam morrer e cuja permanência me garantia um futuro tão calmo<br />
como o passado. Eu os tocava às escondidas para honrar minhas mãos com<br />
sua poeira, mas não sabia bem o que fazer com eles. (JEAN PAUL SARTRE,<br />
1978, p. 35).<br />
Trecho 2<br />
Como meu pai era diplomata, viajávamos muito. Os livros davam-me um lar<br />
permanente, e um lar que eu podia habitar exatamente como eu queria, a<br />
qualquer momento, por mais estranho que fosse o quarto que eu tivesse de<br />
dormir ou por mais inteligíveis que fossem as vozes do lado de fora da minha<br />
porta. (MANGUEL, 1997, p.24).<br />
Trecho 3<br />
A cada novo poema, lido ou ouvido no passado, e onde o meu olho batia agora<br />
voltava todo o mundo, todo o espaço onde eu me movia naquela época.<br />
Mil lugares. Mil cheiros. Mil sensações esquecidas de dezessete anos atrás<br />
voltaram pra mim naquela noite. E esse é ainda um outro aspecto maravilhoso<br />
do livro: ele guarda, ele segura o que a gente é quando transa com ele; e<br />
então, passados os anos, a gente pode revisitar, reavaliar, reviver a vida da<br />
gente, voltando aos livros com os quais a gente teve um caso de amor.<br />
(BOJUNGA, 2004, p.49).
12<br />
R A S C U N H O D O T E X T O