TESE Thais Picano 2007.pdf - Repositório Aberto da Universidade ...
TESE Thais Picano 2007.pdf - Repositório Aberto da Universidade ...
TESE Thais Picano 2007.pdf - Repositório Aberto da Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1. Introdução<br />
1.1. A importância <strong>da</strong>s zonas sensíveis em termos tróficos<br />
As zonas costeiras em geral, e estuarinas em particular, são muito produtivas e<br />
complexas em termos ecológicos. Fornecem uma fonte incalculável de recursos para<br />
diversos fins, principalmente para as muitas activi<strong>da</strong>des humanas.<br />
O sapal do estuário do rio Minho localiza-se numa <strong>da</strong>s regiões mais bonitas do<br />
norte de Portugal, sendo deste modo muito importante pelo valor ecológico, económico<br />
e turístico. Infelizmente, existe alguma escassez de informação e de estudos realizados<br />
nesta zona.<br />
Por este motivo neste estudo, utilizando-se metodologia padroniza<strong>da</strong> e<br />
amostragens simultâneas, efectuou-se a caracterização e comparação <strong>da</strong>s associações de<br />
macroinvertebrados bentónicos no intuito de aumentar o conhecimento <strong>da</strong> área.<br />
Esta caracterização é um dos primeiros passos para obter uma perspectiva <strong>da</strong><br />
situação ecológica deste ambiente e a sua melhor compreensão. Sabe-se que estes<br />
grupos faunísticos são uma importante componente <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong>s regiões estuarinas e<br />
costeiras devido às suas inúmeras contribuições para o ambiente, nomea<strong>da</strong>mente por<br />
serem bioindicadores <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água. Neste sentido é fun<strong>da</strong>mental o<br />
conhecimento <strong>da</strong>s suas comuni<strong>da</strong>des, <strong>da</strong> sua riqueza específica e biodiversi<strong>da</strong>de<br />
podendo-se assim compreender as interacções entre este ambiente e a sua biologia. Em<br />
estudos futuros conseguir-se-á gerir melhor este ecossistema e diminuir os impactos<br />
sobre o ambiente. O sapal é considerado um bom indicador de quali<strong>da</strong>de ambiental em<br />
virtude de ser muito sensível às mu<strong>da</strong>nças do seu equilíbrio.<br />
Infelizmente, os sapais estão entre os ecossistemas mais ameaçados do mundo.<br />
Considerado um ambiente pouco atractivo, tem-se menosprezado a sua importância<br />
ecológica, económica e social. A sua preservação é vital para sobrevivência e<br />
reprodução de muitas espécies, uma vez que neste ecossistema se encontram<br />
representantes do elo <strong>da</strong> cadeia alimentar que fornece uma rica alimentação proteica, e<br />
maioria <strong>da</strong>s vezes a principal fonte de subsistência dos moradores do litoral .<br />
Qualquer ameaça no sistema estuarino afecta a sua fauna e consequentemente<br />
colocará em perigo uma <strong>da</strong>s suas principais funções, nomea<strong>da</strong>mente a de "berçário" de<br />
muitas espécies de eleva<strong>da</strong> importância económica.<br />
1
A destruição gratuita, a poluição doméstica e industrial <strong>da</strong>s águas, e aterros<br />
desordenados são exemplos dos grandes inimigos do sapal. É fun<strong>da</strong>mental desenvolver<br />
a preservação destes ambientes, promovendo a consciencialização de um ecossistema<br />
sustentável.<br />
1.2. A zona de estuário<br />
Segundo Perillo (1995) um estuário é um corpo de água costeiro semi-fechado<br />
que se estende até ao limite efectivo <strong>da</strong> influência <strong>da</strong> maré, em que no seu interior<br />
penetra água salga<strong>da</strong> proveniente de uma ou mais conexões livres com o mar aberto, ou<br />
outro qualquer corpo de água salino costeiro, sendo significativamente diluído pela água<br />
doce proveniente <strong>da</strong> drenagem continental e, consegue sustentar espécies biológicas<br />
eurihalinas durante todo ou parte do seu ciclo de vi<strong>da</strong>.<br />
É divido em três sectores: estuário inferior ou marinho, em conexão livre com o<br />
mar; estuário médio, sujeito a forte mistura entre água doce e a água salga<strong>da</strong> e o estuário<br />
superior ou fluvial, caracterizado pela presença de água doce mas, ain<strong>da</strong>, sujeito à acção<br />
<strong>da</strong> maré (Fairbridge, 1980).<br />
São identificados como meios de transição entre o ambiente marinho e<br />
continental, onde os processos morfosedimentares têm grande amplitude e onde suas<br />
formas são altera<strong>da</strong>s constante e extensivamente pela erosão e deposição de sedimentos,<br />
influenciando significativamente a dinâmica sedimentar do litoral (Alves, 1996).<br />
Encontram-se, ain<strong>da</strong>, associados com muitos ambientes de transição, como os sapais,<br />
baías, restingas e praias.<br />
O estuário depende <strong>da</strong> amplitude <strong>da</strong> maré, do volume do cau<strong>da</strong>l fluvial e <strong>da</strong>s<br />
suas variações sazonais, <strong>da</strong> topografia, do volume relativo <strong>da</strong>s massas de água<br />
envolvidos, <strong>da</strong>s diferenças de densi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> rotação <strong>da</strong> Terra, do vento, entre outros<br />
factores (Barnes, 1976; Dyer, 1997).<br />
Essa mesma amplitude de maré, alia<strong>da</strong> muitas vezes à energia <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s que<br />
penetram no estuário, é de grande importância para os organismos, que habitam nestes<br />
sistemas aquáticos. Essa importância reside no transporte contínuo de oxigénio e de<br />
nutrientes bem como na remoção dos produtos metabólicos tóxicos produzidos (Sousa,<br />
2003).<br />
Segundo Day et al. (1989), as marés, on<strong>da</strong>s e correntes mais modera<strong>da</strong>s nas<br />
baías fecha<strong>da</strong>s proporcionam contribuições de energia mais do que pressões, ao passo<br />
2
que as comuni<strong>da</strong>des dos exteriores beneficiam, muita vezes, <strong>da</strong>s grandes quanti<strong>da</strong>des de<br />
matéria orgânica e nutrientes arrastados <strong>da</strong>s zonas férteis e do próprio cau<strong>da</strong>l fluvial.<br />
Um dos gradientes verticais importante nos processos biogeoquímicos, dentro<br />
dos estuários, é o limite de oxigenação/redução. A coluna de água de um estuário é<br />
normalmente aeróbia, mas os sedimentos estuarinos são anaeróbios a pequenas<br />
distâncias abaixo dos sedimentos superficiais. Devido à influência <strong>da</strong> on<strong>da</strong> de maré e<br />
<strong>da</strong>s próprias correntes, os primeiros centímetros dos sedimentos estão normalmente bem<br />
oxigenados, o mesmo não acontece com os sedimentos mais fundos, onde as reacções<br />
redutoras são predominantes. A activi<strong>da</strong>de biológica, também, pode facilitar o<br />
movimento <strong>da</strong> água e consequente oxigenação dos sedimentos (Bella, 1972; Flint e<br />
Kalke, 1986).<br />
São normalmente reconhecidos como áreas de uma importância notável, devido<br />
às condições que oferecem relativamente ao abrigo e/ou protecção <strong>da</strong> acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e,<br />
ain<strong>da</strong>, para deposição de sedimentos finos (Barnes, 1994). Ao longo de muitas zonas<br />
costeiras, são as únicas áreas a oferecer este tipo de condições, por isso, não é de<br />
estranhar que possuam uma grande importância ecológica. O conjunto dos ambientes<br />
estuarinos foram considerados como um domínio autónomo, que se situa entre o<br />
domínio marinho e o <strong>da</strong>s águas continentais, e está, exclusivamente, liga<strong>da</strong> à salini<strong>da</strong>de<br />
(que desempenha um papel determinante) e também a um conjunto de diversos factores<br />
que, devido à sua instabili<strong>da</strong>de, fazem com que estes ambientes sejam extremamente<br />
selectivos.<br />
Na reali<strong>da</strong>de, os estudos sobre a biologia <strong>da</strong>s águas estuarinas demonstram que<br />
os diferentes biótipos, mesmo com características físicas muito pareci<strong>da</strong>s, podem ser na<br />
reali<strong>da</strong>de muito distintos uns dos outros no que se refere às respectivas biocenoses. Por<br />
isso, mais que um domínio autónomo, o ambiente estuarino é referenciado como um<br />
ecotono, sendo assim descrito como um conjunto de ambientes de transição entre o mar<br />
e a água doce, ca<strong>da</strong> um deles com características peculiares e onde existem amplas e<br />
imprevisíveis variações <strong>da</strong>s condições hidrológicas, morfológicas e físico-químicas.<br />
(Day et al., 1989; McLusky, 1989; Cognetti et al., 2001).<br />
As comuni<strong>da</strong>des, que habitualmente colonizam os estuários, são constituí<strong>da</strong>s<br />
tipicamente por um conjunto de espécies endémicas e espécies que neles penetram<br />
vin<strong>da</strong>s do mar, mais um pequeno número de espécies com capaci<strong>da</strong>de osmorreguladora,<br />
que lhes permite entrar ou sair do meio de água doce (Odum, 1997).<br />
3
Contudo, são áreas específicas, onde há mistura de água salga<strong>da</strong> e doce e onde,<br />
quase ou mesmo to<strong>da</strong>s as espécies estuarinas conseguem tolerar as amplitudes de<br />
salini<strong>da</strong>de, de maneira a tirarem o melhor proveito <strong>da</strong>s excelentes condições de<br />
habitabili<strong>da</strong>de ofereci<strong>da</strong>s no que concerne à quanti<strong>da</strong>de de alimento disponível (Bell e<br />
Coull, 1978), ao refúgio e protecção <strong>da</strong> acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s (Barnes, 1994), ao refúgio <strong>da</strong><br />
acção dos pre<strong>da</strong>dores e, ain<strong>da</strong>, como locais de postura e materni<strong>da</strong>de de inúmeras<br />
espécies (Maes et al., 1998; Thiel e Potter, 2001).<br />
Se a fauna estuarina for compara<strong>da</strong> com a fauna existente na zona marinha<br />
adjacente ou com o sistema fluvial a montante, observaremos que é geralmente pobre<br />
em número de espécies, mas poderá ser muito rica em número de indivíduos (Barnes,<br />
1976; Day et al., 1989). O facto de existir baixa diversi<strong>da</strong>de deve-se, sobretudo, à<br />
incapaci<strong>da</strong>de osmorreguladora de muitas espécies fluviais ou marinhas, que não<br />
suportam grandes variações de salini<strong>da</strong>de (Barnes, 1976). O elevado número de<br />
indivíduos, <strong>da</strong>s espécies que conseguem aguentar as condições extremas de stress, pode<br />
ser explicado pela falta de competidores naturais, que suportam essas mesmas<br />
condições.<br />
Uma <strong>da</strong>s razões desse baixo número de espécies é a curta existência dos<br />
estuários, que sugere que os organismos não tiveram tempo suficiente para se a<strong>da</strong>ptarem<br />
e especiarem, isto é, os seres vivos presentes nos estuários, ao longo <strong>da</strong> sua evolução,<br />
ain<strong>da</strong> não tiveram tempo para desenvolverem a<strong>da</strong>ptações morfológicas adeque<strong>da</strong>s a este<br />
tipo de ambientes (McLusky, 1989).<br />
Uma outra varie<strong>da</strong>de comum aos estuários é a varie<strong>da</strong>de de organismos bênticos<br />
que declinam à medi<strong>da</strong> que caminhamos para montante (Remane e Schlieper, 1971;<br />
Wolff, 1983). Mesmo assim, uma vez que a salini<strong>da</strong>de é mais estável junto ao fundo, os<br />
animais bentónicos marinhos penetram em zonas rio acima muito maiores do que, por<br />
exemplo, o plâncton. Além disso a infauna está submeti<strong>da</strong> a menores variações de<br />
salini<strong>da</strong>de que a epifauna, devido ao intercâmbio mais lento <strong>da</strong> água intersticial com a<br />
água situa<strong>da</strong> em cima e isso explica que a sua expansão rio acima seja maior.<br />
Acontece igualmente, nos estuários, as espécies de animais e plantas serem de<br />
menor tamanho do que nas zonas marinhas, sendo também notório que a taxa<br />
reprodutiva <strong>da</strong>s espécies marinhas é, geralmente, mais baixa em condições salobras. Os<br />
organismos de água doce são igualmente semi-estéreis, nos estuários. Estas mu<strong>da</strong>nças<br />
ocorrem em populações que, de outra forma, parecem ser bem sucedi<strong>da</strong>s nos seus<br />
habitats normais, como é evidenciado pela sua abundância e biomassa (Barnes, 1976).<br />
4
Segundo Odum (1961), as razões para a eleva<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de verifica<strong>da</strong> nos<br />
estuários devem-se:<br />
• Um estuário funciona como uma armadilha de nutrientes quer física quer<br />
biologicamente, criando uma espécie de sistema auto-enriquecido em que<br />
existe retenção e reciclagem de nutrientes;<br />
• Os estuários beneficiam de uma grande diversi<strong>da</strong>de de produtores<br />
programados para a fotossíntese realmente anual. Os estuários, em geral,<br />
têm todos ao três tipos de produtores: macrófitos, micrófitos bênticos e<br />
fitoplâncton;<br />
• A acção <strong>da</strong>s marés na criação de um ecossistema subsidiado de nível de<br />
água flutuante. Em geral, quanto maior for a amplitude <strong>da</strong>s marés maior o<br />
potencial de produção, desde que as correntes resultantes não sejam<br />
demasiado abrasivas. O movimento <strong>da</strong> água executa uma boa quanti<strong>da</strong>de de<br />
“trabalho”, removendo resíduos e transportando alimento e nutrientes, de<br />
modo que os organismos podem manter uma existência séssil, a qual não<br />
requer um grande gasto de energia metabólica para a obtenção de alimento e<br />
excreção.<br />
1.3. A Macrofauna bentónica<br />
A macrofauna bentónica representam o biota dos organismos ligados aos fundos<br />
e de interface <strong>da</strong> água com materiais sólido como algas, corais, esponjas, etc., e<br />
constituídos de uma ampla varie<strong>da</strong>de de taxa. São de reconheci<strong>da</strong> importância no fluxo<br />
de energia nas cadeias tróficas e fun<strong>da</strong>mentais na reciclagem <strong>da</strong> matéria orgânica nos<br />
ecossistemas marinhos e estuarinos (Sorbe, 1981; Mees e Hamerlynck, 1992).<br />
Compreendem um grupo de organismos com tamanhos a partir de 1mm, que<br />
devido a apresentarem uma relação directa com o fundo resultam numa certa<br />
uniformi<strong>da</strong>de de modos de vi<strong>da</strong>, apesar <strong>da</strong>s suas distintas origens filogenéticas (Day et<br />
al., 1989).<br />
São importantíssimos em relação a oxigenação e remobilização dos fundos<br />
aquáticos, que acaba acelerando, desta maneira, os processos de remineralização de<br />
nutrientes e consequentemente os próprios processos de produção primária e secundária.<br />
Segundo Day et al. (1989), nos estuários, inúmeras plantas não chegam sequer a<br />
ser consumi<strong>da</strong>s, acabando por morrer, entrando assim em decomposição. Este material<br />
5
em decomposição é chamado de detrito orgânico e a cadeia alimentar que a suporta, é<br />
designa<strong>da</strong> de cadeia alimentar de detritos (Pomeroy, 1980). Este tipo de cadeia<br />
alimentar é considera<strong>da</strong> a mais importante dentro dos sistemas estuarinos (Kennish,<br />
1990).<br />
Estes detritos podem ter várias fontes: descarga fluvial que transporta para o<br />
estuário quanti<strong>da</strong>des de plantas e de animais em suspensão; transporte através <strong>da</strong>s marés<br />
e correntes de macroalgas que mais tarde, acabam por se depositar e, ain<strong>da</strong>, os detritos<br />
produzidos localmente, por exemplo, pelas zonas de sapal. É de referir que a<br />
importância dos detritos nos ecossistemas estuarinos poderá residir nas largas<br />
populações de bactérias que, por sua vez, suportam populações de organismos de<br />
maiores dimensões. Este detrito orgânico constitui o principal componente <strong>da</strong> dieta de<br />
várias espécies de macroinvertebrados e <strong>da</strong> meiofauna, a qual é responsável pelo<br />
importante papel que a comuni<strong>da</strong>de bentónica desempenha nos fluxos de energia em<br />
regiões estuarinas (Day et al., 1989).<br />
Populações de macroinvertebrados bentónicos, coexistindo e interagindo entre<br />
si e com o meio ambiente num determinado habitat, irão constituir associações de<br />
organismos. A estrutura destas associações inclui atributos ou descritores como<br />
composição específica, riqueza de espécie, densi<strong>da</strong>de, biomassa, diversi<strong>da</strong>de e as<br />
relações tróficas dos organismos que as integram (Levinton, 1995). Enquanto que a<br />
dinâmica, relaciona-se com a organização temporal dessas associações, em função de<br />
flutuações nos recrutamentos, na abundância dos organismos ou <strong>da</strong> eficiência na<br />
recolonização do substrato após perturbações naturais ou artificiais.<br />
Uma clara distinção entre o meio marinho de maior profundi<strong>da</strong>de e os ambientes<br />
estuarinos é a ocorrência, nestes últimos, de uma forte interacção entre o meio<br />
bentónico e a coluna d’água. A necessi<strong>da</strong>de de caracterizar a estrutura e a dinâmica <strong>da</strong>s<br />
associações de macroinvertebrados bentónicos de fundos moles e dos processos que as<br />
condicionam, mostra-se de grande relevância na medi<strong>da</strong> em que o meio bentónico<br />
apresenta um forte efeito estruturador, regulando ou modificando a maioria dos<br />
processos físicos, químicos e biológicos em sistemas estuarinos (Day et al., 1989).<br />
As associações de macroinvertebrados bentónicos são enti<strong>da</strong>des biológicas que<br />
têm sofrido a<strong>da</strong>ptações aos seus ambientes e apresentam uma estrutura dinâmica que é<br />
controla<strong>da</strong> por factores abióticos naturais (como as características do substrato,<br />
hidrodinâmica, salini<strong>da</strong>de, temperatura, entre outros), processos bióticos (como<br />
competição, pre<strong>da</strong>ção e interacções adultos-juvenis) e os efeitos introduzidos pelo<br />
6
homem (como o enriquecimento orgânico e a contaminação por compostos tóxicos)<br />
(Woodin, 1982; Brault e Bourget, 1985; Clark et al., 1997); actuando estes factores em<br />
diferentes escalas espaço-temporais (Wolff, 1983).<br />
Entretanto, diversos autores estu<strong>da</strong>ram, em comuni<strong>da</strong>des macrobentónicas, os<br />
efeitos <strong>da</strong> poluição, em geral, e do enriquecimento orgânico em particular, nos<br />
ecossistemas costeiros e estuarinos (Houston et al., 1983; Flint e Kalke, 1986; Costa e<br />
Costa, 1999; Lillebo et al., 1999). Estas comuni<strong>da</strong>des reagem diferentemente ao<br />
enriquecimento orgânico dependendo de seu hábito alimentar, mobili<strong>da</strong>de e ciclo de<br />
vi<strong>da</strong>. Por isso é possível classificar diferentes espécies de acordo com seu grau de<br />
sensibili<strong>da</strong>de à poluição orgânica (Pearson e Rosenberg, 1978; Gray e Pearson, 1982;<br />
Hilly, 1984).<br />
Contudo, a escassez de informações relativas a variabili<strong>da</strong>de temporal <strong>da</strong>s<br />
associações de invertebrados bentónicos pode ser considera<strong>da</strong> a principal limitação<br />
metodológica para a realização de diagnósticos ambientais, uma vez que o<br />
desconhecimento <strong>da</strong>s flutuações "naturais" dos macrobentos impede a correcta<br />
discriminação <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de eventualmente induzi<strong>da</strong> por perturbações (Lana, 1994).<br />
Este problema agrava-se em regiões estuarino-lagunares, que apresentam<br />
flutuações <strong>da</strong>s variáveis ambientais com eleva<strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de e baixo grau de<br />
previsibili<strong>da</strong>de (Kennish, 1990), o que caracteriza a maioria destes sistemas como<br />
ambientes naturalmente perturbados (Wilson e Jeffrey, 1994).<br />
Rosa-Filho e Bemvenuti (1998a) relatam a influência de alguns factores bióticos<br />
e abióticos naturais que estariam influenciando as associações de macroinvertebrados<br />
bentónicos em ambientes estuarinos. Estes autores classificam esses efeitos em três<br />
níveis: 1) os de efeito global como as características biogeográficas, o clima<br />
(precipitação, temperatura e ventos, com suas variações sazonais e inter-anuais); 2) os<br />
que actuam ao nível de ca<strong>da</strong> um dos estuários como a génese, a geomorfologia e a<br />
salini<strong>da</strong>de; 3) e na escala de uni<strong>da</strong>des de habitat os processos hidrodinâmicos, as<br />
características do sedimento, a presença de vegetação macrófita, a competição e a<br />
pre<strong>da</strong>ção.<br />
A análise <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s associações de macroinvertebrados bentónicos, a<br />
partir dos seus atributos, tem sido muito útil na elaboração de estudos ecológicos ou<br />
diagnósticos ambientais (Warwick, 1986), uma vez que os organismos que vivem<br />
dentro ou sobre o substrato reflectem, com maior precisão, as condições ambientais<br />
7
anteriores ao momento <strong>da</strong> amostragem, quando comparados com formas que vivem na<br />
coluna d’água (Lana, 1994). Este facto decorre, principalmente, do modo de vi<strong>da</strong><br />
característico desses organismos junto ao fundo -local de acumulação de contaminantes<br />
- e do predomínio de formas de pouca mobili<strong>da</strong>de entre os macroinvertebrados<br />
bentónicos, o que favorece amplamente a utilização dos mesmos para diagnósticos ou<br />
monitoramentos ambientais (Canfield et al., 1994; Clarke e Warwick, 1994; Weisberg<br />
et al., 1997).<br />
Segundo Rhoads (1974), Pearson e Rosenberg (1978), Boesch e Rosenberg<br />
(1981), Rygg (1985), Reish (1986), Gaston et al. (1998) e Herman et al. (1999), os<br />
sistemas de macroinvertebrados apresentam características que podem ser muito<br />
vantajosas em estudos de monitorização ambiental, tais como:<br />
• Os macroinvertebrados têm reduzidos movimentos de dispersão, quando<br />
comparados com outros grupos faunísticos;<br />
• Têm um longo período de vi<strong>da</strong> aquática, contrariamente, por exemplo, às<br />
algas;<br />
• Podem ser fácil e rapi<strong>da</strong>mente identificados;<br />
• Possibilitam a determinação de vários tipos de impacto, sendo utilizados<br />
em estudos de poluição;<br />
• São geralmente abun<strong>da</strong>ntes;<br />
• Ocupam uma grande varie<strong>da</strong>de de microhabitats;<br />
• Providenciam uma ligação crucial com os níveis tróficos superiores;<br />
• São importantes do ponto de vista económico visto serem a fonte de<br />
alimento de várias espécies de peixes demersais e de invertebrados<br />
epibentónicos consumidos pelos humanos;<br />
• São importantes na reciclagem de nutrientes presentes no sedimento.<br />
8
1.4. Objectivos do trabalho<br />
O objectivo deste trabalho, foi tentar caracterizar a comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna<br />
bentónica e suas relações com os factores ambientais. Tal estudo descritivo é em<br />
primeira parte uma tentativa em clarificar o papel <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des bentónicas na área<br />
do sapal do estuário do rio Minho.<br />
Esta análise foi feita em relação ao espaço e tempo, através de amostragens<br />
sazonais e pontos distribuídos de acordo com gradientes de salini<strong>da</strong>de.<br />
Parâmetros de comuni<strong>da</strong>de, tais como riqueza específica, abundância e<br />
diversi<strong>da</strong>de foram calculados.<br />
As seguintes questões serão abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s:<br />
• Quais são as espécies dominantes nas comuni<strong>da</strong>des macrobentónicas?<br />
• Quais as densi<strong>da</strong>des atingi<strong>da</strong>s?<br />
• Qual é a distribuição espacial <strong>da</strong>s espécies ao longo do gradiente de<br />
salini<strong>da</strong>de do estuário nesta área de sapal?<br />
• Existe uma variação sazonal na estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des bentónicas nesta<br />
área de sapal?<br />
• Existem possíveis impactos sofridos pelas comuni<strong>da</strong>des de<br />
macroinvertebrados bentónicos confrontando com as variáveis físicas e<br />
químicas do ambiente?<br />
9
2.1. O ecossistema de sapal<br />
2.1.1. Caracterização<br />
2. O ambiente de estudo<br />
Nas margens <strong>da</strong>s regiões estuarinas numa zona sob influência <strong>da</strong>s marés e/ou<br />
inun<strong>da</strong>ções, podem apresentar densas concentrações de gramíneas halófitas emersas.<br />
Este tipo de ambiente, conhecido como sapal, tem como principal elemento estruturador<br />
a presença <strong>da</strong> gramínea do gen. Spartina (Capitoli et al. 1978).<br />
Sapais são frequentemente considerados como ecossistemas aquáticos muito<br />
produtivos, onde raízes <strong>da</strong>s macrófitas, tais como Spartina sp. são capazes de alcançar<br />
alta biomassa durante a estação de crescimento (Teal, 1962; Pozo e Colino, 1992;<br />
Enriques et al., 1993).<br />
São ecossistemas complexos que funcionam como uma interface entre os<br />
habitats terrestre e aquático, ocorrendo ao longo <strong>da</strong>s áreas interti<strong>da</strong>is, onde os valores de<br />
salini<strong>da</strong>de podem variar de água oceânica até água totalmente doce nos sapais <strong>da</strong>s zonas<br />
a montante (Lefeuvre et al., 2003).<br />
Nas áreas coloniza<strong>da</strong>s por Zostera sp. e Spartina sp. verifica-se que as<br />
populações de macroinvertebrados e de outros grupos faunísticos são mais<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s apresentando uma maior biodiversi<strong>da</strong>de quando compara<strong>da</strong>s com outras<br />
(Almei<strong>da</strong>, 1988; Whitfield, 1989; Marques et al., 1993b). Estas macrófitas são capazes<br />
de retirar nutrientes do sedimento, tornando o limite de oxi<strong>da</strong>ção/redução mais<br />
profundo, promovendo, assim, boas condições de habitabili<strong>da</strong>de (Whitfield, 1989).<br />
Suas estruturas apresentam condições de flutuações, mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela interacção<br />
entre factores físicos, químicos e biológicos (Knox, 1986). Esta interdependência<br />
mol<strong>da</strong>, não só a estrutura do sistema, mas também as estruturas <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des<br />
biológicas nele existentes (Odum, 1997). Assim, apesar de serem considerados sistemas<br />
de transição entre habitats também de transição, as características físicas e biológicas<br />
dos sapais são bastantes específicas.<br />
As espécies que constituem as comuni<strong>da</strong>des variam de espécies generalistas<br />
(provenientes dos sistemas adjacentes) a espécies especializa<strong>da</strong>s que estão a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s às<br />
condições ecológicas prevalecentes (Lefeuvre et al., 2003).<br />
10
As mu<strong>da</strong>nças rápi<strong>da</strong>s na salini<strong>da</strong>de, temperatura e exposição criam condições de<br />
stress e por isso limitam o modo como muitas espécies de invertebrados ocorrem neste<br />
habitat. Os caranguejos, caracóis, mexilhões e ostras são espécies típicas de<br />
invertebrados que vivem nos sapais. Os caranguejos e os caracóis do sapal partilham o<br />
material de plantas mortas durante a alimentação, acelerando o processo de<br />
decomposição (Wenner, 2003).<br />
Os insectos também são abun<strong>da</strong>ntes nos sapais. A maioria destes invertebrados<br />
consome plantas vivas ou os seus fluidos. Alguns também se alimentam de detritos,<br />
embora a importância do seu papel na cadeia alimentar como destruidor de detritos seja<br />
pequena, quando compara<strong>da</strong> com a sua importância na abundância de aves, que<br />
dependem deles para se alimentarem. Também muitas <strong>da</strong>s espécies de peixe que vivem<br />
perto do sapal dependem dos insectos como alimento durante parte do ano (Packham et<br />
al., 1997).<br />
Muitas espécies vivem nos sapais onde os caules, folhas e raízes fornecem,<br />
simultaneamente, alimento, abrigo dos pre<strong>da</strong>dores e até "berçário". Sem a abundância<br />
de alimento e protecção <strong>da</strong><strong>da</strong> pelas plantas de sapal, poucos juvenis conseguiriam<br />
sobreviver até à fase adulta. Muitos peixes que habitam os sapais entram e saem do<br />
sapal com a maré. Assim que saem <strong>da</strong> protecção do sapal tornam-se mais susceptíveis<br />
de serem comidos por um vasto número de pre<strong>da</strong>dores. Alguns peixes e camarões<br />
permanecem no sapal após a maré descer, vivendo em pequenos buracos e poças de<br />
água (Packham et. al., 1997).<br />
Os juvenis de espécies “invasoras” vindos de ambientes de águas mais profun<strong>da</strong>s<br />
adjacentes alcançam taxas de crescimento rápi<strong>da</strong>s nos sapais dos estuários. Uma<br />
consequência adicional do papel de “berçário” <strong>da</strong>s zonas húmi<strong>da</strong>s é que o movimento<br />
dos juvenis mais velhos para águas mais profun<strong>da</strong>s permite exportar matéria orgânica de<br />
alta quali<strong>da</strong>de para as águas costeiras revelando-se, assim, vital para os peixes<br />
marinhos, especialmente aqueles de valor económico (Deegan, 1993).<br />
As aves (incluindo muitas espécies migratórias que repousam nos sapais durante<br />
o Inverno) contribuem com importantes nutrientes para os sapais através <strong>da</strong>s suas fezes<br />
que se acumulam em grandes quanti<strong>da</strong>des nas colónias de nidificação. Por outro lado, as<br />
fezes fertilizam a vegetação do sapal, uma importante função na cadeia alimentar do<br />
ecossistema (Packham et. al., 1997).<br />
As espécies estão normalmente distribuí<strong>da</strong>s de acordo com a altura <strong>da</strong> maré. A<br />
zonação é por vezes dinâmica, reflectindo um processo sucessional no qual à superfície<br />
11
a vegetação pode acumular sedimentos, provocando o aumento <strong>da</strong> altura relativo aos<br />
valores <strong>da</strong>s marés. Esta situação leva a uma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s condições ambientais,<br />
favorecendo outras espécies. Por vezes, a planta do género Spartina aumenta as áreas<br />
pantanosas, devido a permitir a agregação de sedimentos finos (Ipieca, 1994).<br />
Outro factor que influência a distribuição <strong>da</strong>s espécies é a salini<strong>da</strong>de. Os casos<br />
extremos são os sapais de água doce ou canaviais que ocorrem nas zonas superiores de<br />
alguns estuários. As baixas salini<strong>da</strong>des podem também ser causa<strong>da</strong>s pela infiltração de<br />
água doce <strong>da</strong>s zonas interiores (Ipieca, 1994).<br />
Diversos autores têm mostrado que somente uma pequena fracção <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> planta é consumi<strong>da</strong> por herbívoros (Teal, 1962; Enriques et al., 1993) uma vez que<br />
folhas que caem com o envelhecimento, ou o movimento <strong>da</strong> maré fracciona-as<br />
mecanicamente. Assim, muito <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> Spartina entra nos caminhos dos detritos<br />
e permanece dentro do sapal, ou são exporta<strong>da</strong>s para águas costeiras adjacentes (Flint et<br />
al., 1999).<br />
Os sapais são importantes em numerosas pescas comerciais e recreativas por ser<br />
depósitos de berçários, refúgios, ou recursos de comi<strong>da</strong> (Daiber, 1982; Williams, 1984,<br />
Kneib, 1997; Minton, 1999), e similarmente, fornecem alimentos e habitats de<br />
nidificação para muitos pássaros e mamíferos (Daiber, 1982; Bertness, 1999).<br />
Em alguns locais, a sua vegetação pode ser utiliza<strong>da</strong> como feno para alimentar o<br />
gado e como protecção horticultural. São também utilizados em projectos de<br />
aquacultura, por suas águas serem ricas em nutrientes. Nestes projectos, usam-se stocks<br />
de mariscos e bivalves em grandes densi<strong>da</strong>des, porque são considerados uma ferramenta<br />
para melhorar ou restaurar a transparência <strong>da</strong>s águas (Cloern, 1982; Ulanowicz e Tuttle,<br />
1992).<br />
Porém, uma <strong>da</strong>s preocupações desta opção de gestão é a produção dos seus<br />
resíduos, adicionando mais matéria orgânica aos sedimentos, e também estes<br />
organismos acabam consumindo mais oxigénio perto do fundo (Roman e Tenore, 1984).<br />
Nestas zonas, ocorre também a retenção de vários tipos de contaminantes,<br />
incluindo metais pesados (Teal, 1986), hidrocarbonetos clorados e derivados de<br />
petróleo. Esta acumulação pode ocorrer também em rizoconcreções e não somente nos<br />
sedimentos e nos tecidos biológicos dos animais (Vale et al., 1990).<br />
12
2.1.2. Ecologia<br />
Actualmente, uma <strong>da</strong>s mais importantes coberturas de publicações de biólogos e<br />
ecologistas em conservação, é a estimação do rápido aumento do transporte de<br />
nutrientes em todos os ambientes, terrestres e aquáticos (Vitousek, 1994; Soulé e<br />
Orians, 2001).<br />
Embora os efeitos <strong>da</strong> adição do azoto ain<strong>da</strong>, de modo geral, é desconhecido, por<br />
ser razoavelmente um fenómeno recente, estes efeitos incluem alterações químicas na<br />
atmosfera (óxido de azoto na troposfera) (Schlesinger et al., 2001; Paerl et al., 2002),<br />
redução na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água em sistemas aquáticos (Rabalais et al., 2002), e ocasiona<br />
mu<strong>da</strong>nças nos processos ecológicos ao nível <strong>da</strong> população e comuni<strong>da</strong>de (Vitousek,<br />
1994; Heip 1995, Micheli et al., 2001).<br />
Numerosos estudos tem confirmado o azoto como o melhor nutriente limitante<br />
para produção de plantas no sapal (Valiela e Teal, 1974; Gallagher, 1975 ; Valiela et al.,<br />
1975; Haines e Dunn, 1976; Jeffries, 1977; Mendelssohn, 1979). Sabe-se também que o<br />
azoto é um nutriente limitante em muitos ambientes, por exemplo, costa marinha, mar<br />
aberto, prados terrestre e florestas montanhosas. Impactos na adição de azoto não afecta<br />
somente os produtores, mas também afecta positivamente ou negativamente outros<br />
níveis tróficos (Tober et al., 1996, Nixon e Buckley, 2002). Consequências na estrutura<br />
<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de seria substancial.<br />
Os sapais podem ser um dos mais sensíveis ambientes em relação ao aumento de<br />
nutrientes, porque recebem a água final circun<strong>da</strong>nte (Peierls et al., 1991, McClelland et<br />
al., 1997; Bowen e Valiela, 2001; Valiela e Browen, 2002), e filtram as águas dos rios<br />
e canais influenciados pela maré (Bertness, 1999; Pennings e Bertness, 2001; Valiela e<br />
Cole, 2002). Isto é vital para compreender como os sapais são afectados pela<br />
eutrofização, porque eles fornecem muitos serviços de ecossistema valiosos para a<br />
socie<strong>da</strong>de. Como, proteger a linha <strong>da</strong> costa <strong>da</strong> erosão do sedimento (Redfield, 1972;<br />
Niering e Warren, 1980) e amortecer os efeitos de inun<strong>da</strong>ções pela absorção do solo<br />
(Beatley et al., 2002).<br />
Processos naturais de sedimentação e desnitrificação em sapais protegem águas<br />
costeiras de excessos de nutrientes que contribuem para a per<strong>da</strong> de habitat, reduzindo a<br />
clari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, florescimento nocivo de algas, e morte de peixes (Bertness, 1999;<br />
Anderson et al., 2002; Breitburg, 2002; Rabalais et al., 2002).<br />
13
Assim, as plantas dos sapais podem ter a habili<strong>da</strong>de de sobreviverem com altos<br />
solos salinos devido a evaporação de água salga<strong>da</strong>; erosão do solo devido às correntes<br />
oceânicas e movimentos de marés; submersão completa ou parcial durante inun<strong>da</strong>ções<br />
<strong>da</strong> maré; anoxia do solo devido aos sedimentos inun<strong>da</strong>dos, e sulfeto tóxico que aparece<br />
como um metabolito pós produto <strong>da</strong> redução de sulfato por bactérias no solo (Niering e<br />
Warren,1980; Wieget e Freeman, 1990, Pennings e Bertness, 2001).<br />
Para muitos cientistas, um dos mais importantes aspectos do sapal é a sua<br />
simplici<strong>da</strong>de, pois fornece um prestável modelo para as comuni<strong>da</strong>des ecológicas para<br />
estudos, e além disso, sugerem teorias que podem também ser aplica<strong>da</strong>s em outros<br />
ecossistemas. Fortes gradientes físicos ocorrem sobre uma pequena distância dentro dos<br />
sapais, devido às inun<strong>da</strong>ções bidirecionais <strong>da</strong>s marés sobre um gradiente elevacional. E<br />
são menos vulneráveis às mu<strong>da</strong>nças do nível do mar, devido ao grande transporte de<br />
sedimentos (Niering e Warren, 1980; Wiegert e Freeman, 1990; Bertness, 1999).<br />
Visto que muitas plantas não sobreviveriam em tais habitats estridentes, estas<br />
desenvolveram especializações físicas, metabólicas e a<strong>da</strong>ptações estruturais que<br />
permitiram-lhes colonizar este raro nicho. A<strong>da</strong>ptações fisiológicas incluem tecidos<br />
aerênquima bem desenvolvidos, que são uma séries de passagens de ar para transportar<br />
oxigénio <strong>da</strong>s folhas <strong>da</strong>s plantas até as raízes, e glândulas de sal nas folhas que excretam<br />
sal (Bertness, 1999). A<strong>da</strong>ptações metabólicas incluem um caminho envolvendo<br />
metabolismo anaeróbico (Koch et al., 1990), e a capaci<strong>da</strong>de de produzir altas<br />
concentrações de soluções orgânicas para manter um alto potencial osmótico (Cavalieri<br />
e Huang, 1981; Bertness, 1999, Mulholland e Otte, 2001). As a<strong>da</strong>ptações estruturais<br />
incluem aberturas dos estómatos que fecham quando inun<strong>da</strong>m, e uma extensa rede de<br />
raiz e rizoma próximo <strong>da</strong> superfície do solo que facilita a oxigenação <strong>da</strong>s raízes<br />
Contudo, estas densas raízes e rizomas <strong>da</strong>s plantas dos sapais a<strong>da</strong>ptam-se ao tipo de<br />
sedimentos existentes. Através delas, as macrófitas consoli<strong>da</strong>m os sedimentos soltos,<br />
diminuindo a erosão dos sedimentos (Wiegert e Freeman, 1990).<br />
Estudos e modelos na diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de nos sapais são incalculáveis<br />
devido relativamente a poucas plantas poderem habitar os sapais (Pennings e Bertness,<br />
2001) e por gradientes físicos conduzirem para uma zonação notável destas plantas<br />
(Niering e Warren, 1980).<br />
Este ecossistema tem também recebido atenção por ser entre dos mais<br />
produtivos ambientes do mundo. A produção <strong>da</strong> rede primária nos sapais domina<strong>da</strong> por<br />
14
Spartina altemiflora tem sido estima<strong>da</strong> em aproxima<strong>da</strong>mente 3.000g/m 2 /ano,<br />
concorrendo com os recifes de corais e florestas tropicais (Valiela, 1995).<br />
Segundo Teal (1962), em algumas vezes a marés removem 45% <strong>da</strong> produção<br />
antes dos consumidores do sapal terem a chance de usá-la, permitindo, assim, os<br />
estuários suportar uma abundância de animais e as águas costeiras suportar a<br />
produtivi<strong>da</strong>de oceânica. O conceito de sapais como “ecossistemas exportadores” no<br />
começo dos anos 60 rapi<strong>da</strong>mente tornou-se uma ideia aceite (Nixon, 1980).<br />
Ocorrem em muitas latitudes, excepto nas temperaturas géli<strong>da</strong>s que não<br />
permitem o seu desenvolvimento ou nos trópicos onde os mangues substituem-nos<br />
(Wiegert e Freeman, 1990; Pennings e Bertness, 2001). Os produtores primários mais<br />
notáveis são as macrófitas, especialmente Spartina altemiflora e Juncus roemerians<br />
(Wieget e Freeman, 1990), embora filamentos de alga verde, diatomáceas,<br />
cianobactéria, e bactéria quimiosintética também contribuem para o ciclo do carbono<br />
em extensão variável (Zimba, 1991; Valiela, 1995; Goni e Thomas 2000).<br />
Dependendo <strong>da</strong> latitude, a vegetação pode estar inactiva no Inverno ou crescer<br />
todo o ano. Isto tem a vantagem de se prever o que poderá acontecer à vegetação em<br />
caso de contaminação. Por exemplo, em sapais de regiões tempera<strong>da</strong>s e frias uma<br />
contaminação no Outono ou Inverno pode demorar meses a recuperar, simplesmente<br />
devido a não ser uma época de crescimento (Ipieca, 1994).<br />
Produção nos sapais são exporta<strong>da</strong>s para ambientes marinhos circun<strong>da</strong>ntes.<br />
Porém, estudos subsequentes tem encontrado que os sapais variam nesta exportação<br />
(Odum, 1980). Alguns investigadores europeus e americanos afirmam que os sapais são<br />
uma rede de importadores em vez de rede exportadoras de matéria orgânica, e<br />
eventualmente, nutrientes (Vegter, 1975; Hackney, 1977; Lammens e Van Eeden, 1977;<br />
Haines et al., 1977; Wolff, 1977; Wolff et al., 1979; Dankers et al., 1984).<br />
Muitos estudos têm focado no controle <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de primária, que é, o<br />
abastecimento de recursos, tais como nutrientes que regulam a performance do<br />
crescimento de produtores na base <strong>da</strong> rede alimentar (Bertness, 1999).<br />
A salini<strong>da</strong>de limita a produção de plantas dos sapais devido ao stress <strong>da</strong> água,<br />
toxi<strong>da</strong>de do sal, e inibição competitiva por sódio por admissão de importantes catiões, a<br />
saber amónio e potássio (Phleger, 1971; Levitt, 1972; Haines e Dunn, 1976;<br />
Mendelssohn e Morris, 2000). Além disso, o aumento de salini<strong>da</strong>de permite a algumas<br />
plantas, usar nitrogénio disponível para produção de compostos osmoreguladores ao<br />
invés para o crescimento (Cavalieri e Huang, 1981).<br />
15
Em adição, onde solos estão pobremente drenados (anaeróbicos), ocorre<br />
aumento de sulfeto devido a redução microbial e suprime o crescimento <strong>da</strong> planta<br />
(Howes et al., 1981; King et al., 1982). Tem sido mostrado a diminuição <strong>da</strong> biomassa<br />
<strong>da</strong> planta (altura, folhas, caules, e sistemas de raízes) com o aumento do sulfeto acima<br />
de 0.5 mM, e nenhum crescimento ocorre em to<strong>da</strong>s as concentrações acima de 2.0 mM<br />
(DeLaune et al., 1983, Bradley e Dunn, 1989). Mecanismos pelo qual sulfeto conduz a<br />
diminuição <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong> planta incluem toxici<strong>da</strong>de do sulfeto (Allam e Hollis, 1972)<br />
e efeitos inibidores no metabolismo <strong>da</strong> raiz (Mendelssohn e Morris, 2000). O sulfeto<br />
afecta negativamente o metabolismo <strong>da</strong> raiz nas concentrações abaixo de 0.5 mM por<br />
reduzir activi<strong>da</strong>de desidrogenase álcool (ADH), a enzima responsável pela fermentação<br />
alcoólica na alta redução dos solos anaeróbicos, desta maneira a produção <strong>da</strong> redução de<br />
carbono pela planta (Koch et al., 1990).<br />
2.1.3. Interacções bióticas<br />
Embora gradientes físicos possam explanar a performance do crescimento <strong>da</strong>s<br />
espécies em monocultura, eles sozinho não podem explanar padrões de comuni<strong>da</strong>de<br />
(Callaway e Walker, 1997; Huckle et al., 2000; Greiner La Peyre, 2001; Pennings e<br />
Bertness, 2001).Controles bióticos, particularmente interações planta-planta e animal-<br />
planta, também facilitam ou inibem a produção, influenciando sucessos e diversi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong>s plantas na comuni<strong>da</strong>de (Pennings e Bertness, 2001).<br />
Importantes interacções planta-planta no sapal incluem parasitismo e<br />
competição. Parasitismo epífito tem recebido mais atenção em ambientes terrestres do<br />
que nos sapais (Press e Graves, 1995). Embora parasitismo e facilitação podem ser<br />
restritos em certos sapais e sítios latitudinais, respectivamente, competição aparece ser<br />
universal para todos os sapais e podem ser mais importantes na estruturação de<br />
comuni<strong>da</strong>des.<br />
A competição é o principal factor na determinação <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e padrões<br />
de distribuição de invertebrados marinhos (Connell 1961; Paine 1974; Menge, 1976), e<br />
plantas (Harper, 1977; Grime 1979; Keddly, 2001).<br />
Recursos como nutrientes, luz, água, e competição interespecífica podem<br />
diminuir a germinação de semente, sobrevivência, e crescimento (Bertness e Ellison,<br />
1987; Bertness, 1991b; Bertness e Yeh, 1994), e plantas que sobrevivem através <strong>da</strong><br />
germinação podem ter menor biomassa, redução na produção de folha, e caules mais<br />
16
finos (Harley e Bertness, 1996). A competição intraespecífica é facilmente vista em<br />
produção de monoculturas: com menor aumento de densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s plantas (Keddy,<br />
2001).<br />
Os animais podem também controlar o crescimento <strong>da</strong> planta e vice-versa,<br />
ambos positivamente ou negativamente. Muitas <strong>da</strong>s interacções animal-planta no sapal<br />
tem importantes simbioses facultativas (A<strong>da</strong>m, 1990; Bertness, 1999).<br />
Caranguejos escavadores, tais como o Uçá (Ucides cor<strong>da</strong>tus), facilitam o<br />
crescimento <strong>da</strong> planta por aerificação do solo, aumentem decomposição no solo e<br />
mineralização por remodelar o solo, e adicionam nutrientes (por exemplo azoto) ao solo<br />
através dos seus desperdícios (Montague, 1980).<br />
Há estimativas que os herbívoros removem aproxima<strong>da</strong>mente 10 % <strong>da</strong> biomassa<br />
do sapal vivo (Smalley, 1960; Teal, 1962; Pfeiffer e Wiegert, 1981; Montague e<br />
Wiegert, 1990), que eles podem, assim, afectar a avaliação <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> planta,<br />
especialmente no caso de espécies raras (Gough e Grace, 1998).<br />
Mamíferos grandes e pássaros podem ser capazes de remover grandes porções<br />
de biomassa (Smith e Odum, 1981; Furbish e Albano, 1994; Kerbes et al., 1990; Ford e<br />
Grace, 1998), mas insectos tais como gafanhotos e besouros podem também ser mais<br />
importantes do que alguma vez se pensou. Porque herbívoros tendem focar em<br />
particular, espécies de plantas preferi<strong>da</strong>s, e quali<strong>da</strong>des particulares <strong>da</strong> planta,<br />
promovendo assim o sucesso de menos plantas preferi<strong>da</strong>s (Ellison, 1987; Foster 1984,<br />
Rand, 2000). As suas preferências são media<strong>da</strong>s pela química <strong>da</strong> planta, resistência, e<br />
concentração de azoto (Pennings et al., 1998, Pennings et al., 2001).<br />
Muitas plantas produzem uma varie<strong>da</strong>de de compostos que atraem os<br />
herbívoros. Outras, resistem devido aos teores em sílica e sais. Embora o conteúdo de<br />
azoto foliar usualmente não prediz a preferência de herbívoros destacado entre espécies<br />
de plantas (Pennings et al., 1998), muitos estudos têm reportado que isto afecta a<br />
escolha dos herbívoros dentro <strong>da</strong>s espécies de plantas (Denno et al., 1986, Gratton e<br />
Denno, 2003). Assim, eutrofização comumente altera relacionamentos entre uma planta<br />
e seus herbívoros por fazer com que a planta seja má palatável aos consumidores.<br />
Nos sapais, a maioria do material do sapal mais alto entra na rede de comi<strong>da</strong> de<br />
detritos (Teal, 1962; Odum e de la Cruz, 1967), permitindo a colonização por<br />
micróbios (Newell et al., 1989, Newell, 1993).<br />
Condições ambientais, tais como, acesso a luz, água (orvalho e marés) e<br />
nutrientes orgânicos e inorgânicos, influencia activi<strong>da</strong>de do consumidor e exposição a<br />
17
produtos tóxicos de fermentação e/ou zonas anaeróbicas, entre várias plantas decaem<br />
em cobertura versus a superfície do solo, assim influencia a composição <strong>da</strong> dominância<br />
de decompositores no sistema (Newell et al., 1989, 1991, 1998; Newell, 1993, 1996;<br />
Graca et al., 2000)<br />
Fungos ascomicetos são os maiores decompositores <strong>da</strong> situação de morte <strong>da</strong><br />
Spartina, compondo por 98% <strong>da</strong> situação de colheita microbial nas folhas. São capazes<br />
de rapi<strong>da</strong>mente limpar o azoto <strong>da</strong> planta e romper abaixo a matéria orgânica dentro <strong>da</strong>s<br />
células (Bergbauer e Newell, 1992; Newell, 1993, 1996).<br />
Através de vários estudos de laboratório tem-se apontado o aumento do<br />
crescimento dos detritívoros, reprodução, e/ou palatabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comi<strong>da</strong> com o aumento<br />
<strong>da</strong> biomassa fungal <strong>da</strong> comi<strong>da</strong> de detritos, mas nenhum estudo tem investigado como<br />
aumentos na disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> plantas podem finalmente afectar estes detritívoros no<br />
campo (Bärlocher et al., 1989b; Newell e Bärlocher, 1993; Kneib et al., 1997; Graca et<br />
al., 2000).<br />
2.2. Bacia hidrográfica do rio Minho<br />
A bacia hidrográfica do rio Minho tem cerca de 850 km 2 em Portugal e 16 235<br />
km 2 em Espanha, cobrindo uma área total de aproxima<strong>da</strong>mente 17 081 km 2 (Farinha e<br />
Trin<strong>da</strong>de, 1994). Sendo, em Portugal, a segun<strong>da</strong> mais pequena bacia internacional, logo<br />
depois <strong>da</strong> bacia do rio Lima (Gamboa, 1999; Santos e Gamboa, 1999; Alves, 2000).<br />
A parte portuguesa <strong>da</strong> bacia hidrográfica localiza-se no extremo noroeste de<br />
Portugal, entre as coordena<strong>da</strong>s 41º 45` e 43º 40` de latitude N e 06º10` e 08º55`de<br />
longitude W. A rede hidrográfica caracteriza-se pela existência de duas linhas de água<br />
principais, o rio Minho propriamente dito e o rio Sil, sendo este o maior afluente do rio<br />
Minho. Os principais afluentes <strong>da</strong> bacia portuguesa são, de montante para jusante:<br />
Trancoso (26 km 2 ), Mouro (141 km 2 ), Gadenha (82 km 2 ) e Coura (268 km 2 ) (Gamboa,<br />
1999; Santos e Gamboa, 1999; Alves, 2000).<br />
Os limites <strong>da</strong> bacia são: a sul a bacia do rio Lima e as ribeirinhas <strong>da</strong> costa<br />
atlântica, a sudoeste a bacia do Douro e a norte as bacias hidrográficas <strong>da</strong> costa norte de<br />
Espanha (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
A área geográfica abrange 6 concelhos pertencentes ao distrito de Viana do<br />
Castelo: Caminha, Melgaço, Monção, Paredes do Coura, Valença e Vila Nova de<br />
Cerveira.<br />
18
O Minho inferior, o qual corresponde à região drena<strong>da</strong> pelo troço final do rio<br />
Minho, é onde inicia-se o estuário. Esta uni<strong>da</strong>de desenvolve-se em um vale com formas<br />
bastante mais suaves do que aqueles que caracterizam as zonas de montante <strong>da</strong> bacia.<br />
Esta zona do rio apresenta eleva<strong>da</strong>s deposições de sedimentos e correntes muito lentas,<br />
<strong>da</strong>ndo origem a formações de bancos de areia e ilhas (Gamboa, 1999; Santos e Gamboa,<br />
1999; Alves, 2000).<br />
Contudo, a parte portuguesa <strong>da</strong> bacia, mesmo sendo relativamente pequena,<br />
enquadra um complexo diversificado de ecossistemas a que se associam habitats e<br />
espécies florísticas e faunísticas de elevado valor conservacionista.<br />
2.2.1. Caracterização geológica<br />
A bacia hidrográfica do rio Minho encontra-se dividi<strong>da</strong>, do ponto de vista<br />
geológico, em duas partes, as quais são separa<strong>da</strong>s pelo cisalhamento dúctil de Vigo-<br />
Régua que tem orientação Varisca – NW-SE a N-S - e que intercepta quase<br />
perpendicularmente a neo-tectónica Alpina dominante (ENE-WSW a NESW). Na área<br />
<strong>da</strong> bacia, denomina-se carreamento de Vila Verde. A Oeste do cisalhamento afloram<br />
terrenos para-autóctones, de i<strong>da</strong>de Câmbrica a Silúrica, intensamente metamorfizados (e<br />
intruídos) por granitos. A Este, a área é essencialmente constituí<strong>da</strong> por maciços<br />
granitóides autóctones ou para-autóctones, provavelmente ultrametamórficos, ocorrendo<br />
como excepção a mancha alóctone de Valença (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
Na bacia ocorrem três uni<strong>da</strong>des litológicas: rochas sedimentares, rochas<br />
eruptivas e rochas metamórficas. Geomorfologicamente, a bacia é marca<strong>da</strong> pela<br />
oposição entre relevos elevados, culminando em planaltos descontínuos preservados no<br />
topo de blocos individualizados entre vales. Esta morfologia resulta num reticulado<br />
rígido que sugere um controlo por fracturas geralmente de difícil identificação no<br />
terreno e vales mais largos, de fundo aplanado (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
19
2.2.2. Caracterização climatológica<br />
O clima <strong>da</strong> região é resultado <strong>da</strong> sua posição geográfica ocidental do continente<br />
Europeu, proximi<strong>da</strong>de do Atlântico e a forma e disposição dos principais conjuntos<br />
montanhosos do noroeste de Portugal. Este clima varia entre fresco, húmido e muito<br />
chuvoso nos sectores a montante abrangidos pela Serra <strong>da</strong> Pene<strong>da</strong> e na Serra de Arga, e<br />
temperado, húmido e chuvoso ao litoral e no sector intermédio. A classificação<br />
climática é do tipo A B1’ s a’. O clima pode considerar-se como super-húmido do tipo<br />
A, mesotérmico do tipo B1, com modera<strong>da</strong> falta de água no Verão do tipo s e com<br />
pequena eficiência térmica no Verão do tipo a’ nas regiões mais a montante <strong>da</strong> bacia<br />
(PBH do Rio Minho, 2000).<br />
No sector intermédio o clima é húmido, em Monção, e muito húmido em<br />
Valinha e Melgaço, com modera<strong>da</strong> falta de água no Verão (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
A insolação anual na bacia do Minho situa-se entre as 1700 horas na região mais<br />
setentrional e as 2 400 horas junto à foz (Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1995).<br />
Segundo registos <strong>da</strong>s estações climatológicas, a precipitação anual média varia<br />
entre 1 070 mm em Âncora, 1268 mm em Melgaço e 1 235 mm em Monção/Valinha.<br />
Janeiro constitui o mês mais pluvioso, com 434 mm em Cerdeira. Junto ao vale do rio<br />
Minho, no sector intermédio, os maiores valores de precipitação verifica-se em Janeiro,<br />
com 210 mm em Monção/Valinha. Na foz é em Dezembro que se regista, em média, o<br />
valor mais elevado de precipitação, com 150 mm. As áreas abriga<strong>da</strong>s dos vales e do<br />
litoral são as que apresentam os maiores valores de temperatura e os menores valores<br />
são observados nos locais mais elevados <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Pene<strong>da</strong>. A temperatura anual média<br />
do ar ron<strong>da</strong> 14 ºC nos sectores de jusante e intermédios <strong>da</strong> bacia. Devido ao afastamento<br />
do litoral e <strong>da</strong> alta altitude, a temperatura nos sectores mais afastados do litoral fica em<br />
torno de 9,5ºC (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
Ocorrem em média 60 dias com orvalho nas regiões de montante <strong>da</strong> bacia; no<br />
sector intermédio apenas se registaram estas ocorrências em cerca de 9 dias, junto à foz,<br />
as manhãs com orvalho são muito pouco frequentes, apenas se verificando, em média,<br />
em cerca de 1 dias anualmente. Nos dias mais frios e de estabili<strong>da</strong>de atmosférica em que<br />
a temperatura desce a valores negativos, forma-se gea<strong>da</strong>, sobretudo nas áreas mais<br />
abriga<strong>da</strong>s, registrando-se em cerca de 90 dias, em média, anualmente, com destaque<br />
para Dezembro, mês em que ocorre em cerca de 14 dias nos sectores de montante <strong>da</strong><br />
bacia. Na parte intermédia, a gea<strong>da</strong> forma-se entre 13 dias e 19 dias, em média,<br />
20
anualmente, e junto ao litoral, em Âncora, não atinge sequer um dia anualmente, devido<br />
à influência que o mar exerce na moderação <strong>da</strong> temperatura do ar (PBH do Rio Minho,<br />
2000).<br />
2.2.3. Caracterização física<br />
O rio Minho é um rio internacional partilhado por Portugal e Espanha. Nasce em<br />
Espanha na Irimia Alta, na serra <strong>da</strong> Meira, a cerca de 750m de altitude, e corre de Leste<br />
para Oeste. Depois de banhar Ourense (100m), entra em Portugal à cota de 60m para, 77<br />
km a jusante, desaguar no Oceano Atlântico. O seu comprimento total é de 300 km, dos<br />
quais 223 km inteiramente na Galiza; 70 km servem de fronteira até à vila de Caminha,<br />
perto <strong>da</strong> sua foz (Loureiro et al., 1986; Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994).<br />
O percurso do rio Minho apresenta desde a entra<strong>da</strong> em território nacional uma<br />
largura que varia entre os 100 m e os 2,5 km, pouco antes <strong>da</strong> foz (Vilas e Somoza, 1984,<br />
Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1995, Ezequiel e López, 2000), podendo ser subdividido em três partes:<br />
• Troço a montante, do tipo rochoso com depressões fun<strong>da</strong>s, escarpas abruptas<br />
de mato, afloramentos rochosos e pequenos depósitos aluvionares.<br />
• Sector médio, entre Monção e Valença, apresentando depósitos sedimentares<br />
e correntes lentas, com algumas ilhas e praias fluviais nas margens.<br />
• Troço inferior, que inclui o estuário, apresentando deposição significativa de<br />
sedimentos, correntes mais lentas e deposição de areias com formação de<br />
bancos. A influência <strong>da</strong> maré é marcante nesta zona. São de destacar as ilhas<br />
<strong>da</strong> Boega, dos Amores, de S. Pedro, de Canosa, <strong>da</strong>s Arenas e de Morraceira.<br />
A veloci<strong>da</strong>de média anual do vento varia entre 10 km/h na parte intermédia<br />
(Monção/Valinha) e 7,2 km/h à montante, em Lamas de Mouro. Um pouco a sul <strong>da</strong> foz<br />
do rio Minho, a veloci<strong>da</strong>de média é aproxima<strong>da</strong>mente 8 km/h (PBH do Rio Minho,<br />
2000).<br />
21
2.2.4. O estuário do rio Minho<br />
2.2.4.1. Regime de marés<br />
O estuário do Minho é mesoti<strong>da</strong>l (Vilas e Somoza, 1984), caracterizado por um<br />
regime de maré predominantemente semi-diurno, com uma amplitude que varia entre 2<br />
m (1.5-2 m na secção de Caminha – Camposancos) em marés mortas e 4 m em marés<br />
vivas (Vilas e Somoza, 1984; Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1994).<br />
A influência <strong>da</strong> água do mar faz-se sentir, como referido, até uma distância de<br />
35 km a montante <strong>da</strong> embocadura. A maré apresenta uma assimetria diurna pronuncia<strong>da</strong><br />
de cerca de 0.5m (Vilas e Somoza, 1984). Não se dispõe de informação relativa às<br />
características <strong>da</strong> sua propagação. O prisma de maré variará entre 30hm 3 para uma maré<br />
de 1.5 m e 80 hm 3 para uma maré de 4m.<br />
Vilas e Somoza (1984) observaram variações de salini<strong>da</strong>de em estiagem de 5-20<br />
em baixa-mar a 32-35 em preia-mar. Observaram também variações de temperatura de<br />
16-24ºC em estiagem e 10-16ºC em invernia.<br />
Estes <strong>da</strong>dos revelam que a estratificação não é muito acentua<strong>da</strong> em baixa-mar.<br />
Em preia-mar verifica-se um ligeiro aumento do gradiente vertical de salini<strong>da</strong>de, sendo<br />
mais clara a sua estratificação (Bettencourt et al., 2003).<br />
Nas marés vivas, a maré tende a dominar, favorecendo a mistura <strong>da</strong> coluna <strong>da</strong><br />
água e sendo o estuário do Tipo C, ou verticalmente homogéneo (Bettencourt et al.,<br />
2003).<br />
No entanto, de Dezembro a Março, o estuário será do Tipo A ou em cunha<br />
salina, formando plumas que correspondem a um transporte significativo de sedimentos<br />
finos para a plataforma continental. Durante a maior parte do ano, o estuário encontrar-<br />
se-á parcialmente estratificado com um gradiente horizontal importante (Bettencourt et<br />
al., 2003).<br />
Segundo estudos realizados no ano 1990, em períodos de marés vivas e marés<br />
mortas, em época estival, na região compreendi<strong>da</strong> entre a foz e Seixas, verificou-se que<br />
as correntes de vazante, cujo valor máximo determinado atingiu 1.8 m/seg., têm<br />
veloci<strong>da</strong>des pouco superiores às correntes de enchente, veloci<strong>da</strong>de máxima determina<strong>da</strong><br />
1.4 m/seg., o que revela o carácter pouco cau<strong>da</strong>loso do rio nesta época do ano (Alves,<br />
1996).<br />
22
As maiores veloci<strong>da</strong>des, como aliás já foi reconhecido anteriormente noutros<br />
estuários, em vazante ocorrem próximo do mínimo <strong>da</strong> baixa-mar, e em enchente<br />
ocorrem próximo do máximo <strong>da</strong> preia-mar, situação que, sem contar com o efeito do<br />
cau<strong>da</strong>l fluvial, é justifica<strong>da</strong> pela diminuição <strong>da</strong> secção do “canal” constituinte do<br />
estuário, muito maior em preia-mar que em baixa-mar (Alves, 1996).<br />
Durante as marés mortas as correntes têm um comportamento semelhante em<br />
direcção e na relação <strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong>des entre a enchente e a vazante; os valores <strong>da</strong>s<br />
veloci<strong>da</strong>des são contudo, e naturalmente, bastante inferiores, tendo-se determinado o<br />
valor máximo de 0.89 m/seg. na vazante e o valor 0.52 m/seg. na enchente (Alves,<br />
1996).<br />
2.2.4.2. Caracterização do estuário<br />
O estuário do rio Minho estende-se desde Valença até a foz do rio em Caminha.<br />
Localiza-se na costa Noroeste de Portugal com ligação com o Oceano Atlântico e<br />
termina a jusante <strong>da</strong> secção <strong>da</strong> ilha de Ínsua que o separa do Oceano Atlântico (Fi<strong>da</strong>lgo<br />
et al., 1995).<br />
Tem influência de marés em cerca de 35 km, penetração que se deve não só à<br />
amplitude de marés, que em épocas de marés vivas atinge quase os 4m, mas<br />
principalmente à suavi<strong>da</strong>de de declive do leito actual. Em grande parte <strong>da</strong> sua extensão,<br />
primeiros 25 km em Portugal, é estreito, com largura inferior a 500m, apresentando um<br />
só canal. Nos últimos 15 km, a partir de Vila Nova de Cerveira, aumenta de largura que<br />
é máxima, pouco superior a 2 km, a montante <strong>da</strong> confluência com o rio Couro, junto a<br />
Caminha (Alves, 1996).<br />
A profundi<strong>da</strong>de máxima na barra é de -4 m e a profundi<strong>da</strong>de máxima no troço<br />
estuarino de -11 m abaixo do nível médio <strong>da</strong> água do mar e a sua área será assim<br />
realmente de 2000 a 3000 h a (Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1994).<br />
Localmente ocorrem fundões, dos quais é de destacar um que existe junto a uma<br />
pequena ilha (Castelinho), em Vila Nova de Cerveira, que no espaço de cerca de 80 m<br />
de largura se desce de 2 a 3 m (cota geral do fundo do rio), para uma profundi<strong>da</strong>de<br />
superior a 20 m (Alves, 1996).<br />
Ao estuário afluem os rios, Coura na margem portuguesa a Louro e Tamuxe, na<br />
margem galega, constituindo significativos contribuintes de cau<strong>da</strong>is líquidos e sólidos<br />
para o estuário. Além destes, muitos outros pequenos cursos de água, drenam para o<br />
23
estuário, podendo considerar-se no geral uma rede de drenagem bastante densa.<br />
Contudo o aporte lateral de sedimentos são pouco importante devido sobretudo à<br />
densi<strong>da</strong>de do coberto vegetal, sendo fun<strong>da</strong>mentalmente resultante do desmantelamento<br />
dos depósitos quaternários de terraços e de vertente (Alves, 1996).<br />
A desembocadura do rio Minho é algo complexa, mercê <strong>da</strong> existência <strong>da</strong> ínsua<br />
de Caminha, no exterior. A ligação com o mar faz-se por dois canais, um de ca<strong>da</strong> lado<br />
<strong>da</strong> Ínsua, sendo de profundi<strong>da</strong>de mais uniforme o do lado Sul, chamado “Barra<br />
Portuguesa”, em parte devido à existência de afloramentos rochosos submarinos, cujas<br />
cristas atingem em alguns pontos a superfície <strong>da</strong> água, no canal do lado Norte “ Barra<br />
Espanhola”. No seu conjunto poderá considerar-se do tipo embocadura estreita com<br />
barra, uma vez que em qualquer dos canais se verificam profundi<strong>da</strong>des, em fundo<br />
arenoso, bastante inferiores (respectivamente cerca de -1m do lado Sul e -2m do lado<br />
Norte), às que ocorrem no interior, onde existem cotas de – 6m. Na margem<br />
propriamente dita do estuário, desenvolve-se uma pequena restinga, na margem Sul, de<br />
fraco crescimento para Norte, devido ao efeito combinado de agitação que entra no<br />
estuário através dos dois referidos canais (Alves, 1996).<br />
No interior do estuário existem alguns bancos arenosos ou areno-argilosos<br />
alguns dos quais constituem ilhas, também designa<strong>da</strong>s localmente por ínsuas ou<br />
morraceiras, com vegetação que, em alguns casos, é a típica vegetação de sapal,<br />
morraça, salicórnia e junco, entre outras, mas em algumas ilhas existem árvores com o<br />
amieiro, salgueiro, choupo, etc. Algumas ilhas têm dimensões apreciáveis, sendo de<br />
destacar as ilhas Canossa e Morraceira <strong>da</strong>s Varan<strong>da</strong>s com aproxima<strong>da</strong>mente 2000 m de<br />
extensão, Boega com 1600 m e Morraceira com 1200 m. A cota <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong>s ínsuas<br />
é cerca acima do nível médio, o que origina a sua submersão parcial, durante a maré-<br />
alta, em períodos de marés vivas equinociais ou quando ocorrem temporais (Alves,<br />
1996).<br />
Sob a designação de sapal, são incluí<strong>da</strong>s também as várias ilhas e algumas zonas<br />
<strong>da</strong> margem, cuja cota <strong>da</strong> superfície, praticamente constante, se situa a cerca de 3.5 a 3.8<br />
m, com vegetação característica deste tipo de ambiente. A principal zona de sapal no<br />
estuário do rio Minho, corresponde à região envolvente <strong>da</strong> foz do rio Coura, com uma<br />
área aproxima<strong>da</strong> de 160 ha, as ilhas Canossa, Morraceira do Grilo e Morraceira <strong>da</strong>s<br />
Varan<strong>da</strong>s e uma pequena área na foz do rio Tamuxe, to<strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>mentalmente do alto<br />
sapal. O baixo sapal tem pequena expressão relativamente à área total, limitando-se<br />
parte aos canais de maré que sulcam o alto sapal (Alves, 1996).<br />
24
Os sedimentos do estuário do Minho são caracterizados como sendo<br />
essencialmente compostos por areias médias e grossas, terrígenas. O teor em carbonatos<br />
é indefectível ou muito baixo com excepção na embocadura do estuário onde atinge<br />
apenas 1-3%. O teor em matéria orgânica é também bastante baixo, variando entre<br />
0,25% e 0,624% (Maze et al., 1993).<br />
O cau<strong>da</strong>l sólido transportado pelo rio foi estimado em 806 000 m 3 /ano (ou cerca<br />
de 2 100 000 t/ano) dos quais cerca de 15% são areias (Oliveira, 1990). Este contribui<br />
para a estabilização de pequenas ilhas e bancos de areia onde uma varie<strong>da</strong>de de espécies<br />
depende deste tipo de habitat para complementarem o seu ciclo de vi<strong>da</strong>.<br />
Na generali<strong>da</strong>de, o grau de oxigenação <strong>da</strong> água no estuário do Minho é elevado,<br />
oscilando o oxigénio dissolvido (OD) em percentagem de saturação, entre 75 e 131%<br />
(Fi<strong>da</strong>lgo e Barbosa, 1994; Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995; Fi<strong>da</strong>lgo, 1998). Os teores de CBO5<br />
são de um modo geral bastante baixos variando entre 1,1 e 4,8 mg O2/L (Fi<strong>da</strong>lgo e<br />
Correia 1995; Fi<strong>da</strong>lgo, 1998).<br />
De um modo geral o teor de nutrientes é também baixo, atingindo em baixa-mar<br />
valores mais altos (0,027 mg NH4/L e 1,5 mg NO3/L) do que em preia-mar (0,009 mg<br />
NH4/L e 0,96 mg NO3/L) (Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995).<br />
O estuário com os seus vastos mouchões e margens vasosas, funciona como<br />
habitat natural de uma importante fauna de macroinvertebrados aquáticos, os quais<br />
constituem, por sua vez, níveis fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s cadeias tróficas deste ecossistema,<br />
onde pontificam comuni<strong>da</strong>des interessantes de peixes e aves marinhas. Os povoamentos<br />
de sapal aqui existentes são também muito relevantes em termos ecológicos (Fi<strong>da</strong>lgo e<br />
Correia, 1995).<br />
Segundo Nuñez (1995) in Bettencourt et al. (2003), a zona terrestre adjacente ao<br />
estuário do Minho é dividi<strong>da</strong> em três grandes zonas, de acordo com as suas<br />
características ecológicas:<br />
• A zona de influência marítima compreende a ilha de Ínsua e as margens do<br />
estuário até Ponta Grossa, sendo a sua componente vegetal caracteriza<strong>da</strong> por<br />
Halófitas. No interior <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> ilha a vegetação é domina<strong>da</strong> pelo chorão<br />
Carpobrotus edulis, tanto dentro como fora <strong>da</strong> fortaleza que aí existe, e que<br />
ocupa uma porção muito significativa de to<strong>da</strong> esta área com um total de 1,8 h a .<br />
• A zona fluvial engloba o conjunto <strong>da</strong>s margens do estuário propriamente dito, e<br />
ain<strong>da</strong> as pequenas ilhas e os bancos de areia dispersos, os quais são banhados<br />
25
por água de salini<strong>da</strong>de muito variável, consoante a sua distância à foz e a época<br />
do ano. As margens, tanto do lado português como do espanhol, estão sobre<br />
forte pressão humana. A vegetação aqui existente é essencialmente constituí<strong>da</strong><br />
por Juncacea e Ciperacea.<br />
• A zona de sapal presente na confluência do Coura com o Minho é uma área<br />
húmi<strong>da</strong> com especifici<strong>da</strong>de muito particulares. Apresenta mais de 200 ha e uma<br />
eleva<strong>da</strong> importância ecológica, nela pontificando uma vegetação halófita<br />
característica deste tipo de habitats.<br />
Até ao momento não existem trabalhos sobre o fitobentos deste sistema, nem<br />
sobre a composição florística e faunística <strong>da</strong>s zonas de sapal que aqui ocorrem. As<br />
informações sobre os macroinvertebrados bentónicos e os peixes são mais numerosas,<br />
embora relativamente limita<strong>da</strong>s, se compara<strong>da</strong>s com outros sistemas. A avifauna do<br />
estuário do Minho encontra-se bastante bem caracteriza<strong>da</strong>.<br />
A compilação <strong>da</strong>s informações forneci<strong>da</strong>s por Weber (1988) e Maze et al.<br />
(1993) permitiram identificar a presença de cerca de 50 espécies de macroinvertebrados<br />
bentónicos no estuário do Minho. Segundo o último autor, os crustáceos são o grupo<br />
melhor representado no local, tanto em termos do número de espécies que aí ocorrem,<br />
como no que concerne à abundância geral apresenta<strong>da</strong>. Os poliquetas, os gastrópodes e<br />
os bivalves exibem também valores elevados no que diz respeito a estes dois<br />
parâmetros, embora nunca atinjam a relevância do grupo dos crustáceos.<br />
O estuário do Minho é o local mais importante na costa norte de Portugal para o<br />
grupo <strong>da</strong>s aves aquáticas, já que no Outono e Inverno serve de local de refúgio e abrigo<br />
para um elevado número de espécies migradoras com origem na porção setentrional do<br />
continente europeu (Nuñez, 1985). Os locais mais importantes para estes animais são o<br />
sapal localizado na foz do Coura e a ilha de ínsua, esta última considera<strong>da</strong> um santuário<br />
ornitológico não só para as aves invernantes, mas também para aquelas que residem<br />
todo o ano nesta região (Nuñez, 1981).<br />
O total de espécies de aves observa<strong>da</strong>s neste estuário é de 184, muitas <strong>da</strong>s quais<br />
se encontram na região associa<strong>da</strong>s em exclusivo a este local (Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995),<br />
tais como o pato-real (Anas crecca), o zarro-negrinha (Aythya fuligula), o pilrito-<br />
comum (Calidris canutus), o maçarico-real (Numenius arquata), o galeirão (Fulica<br />
atra), a galinha-de-água (Gallinula chloropus) e o mergulhão-pequeno (Tachybaptus<br />
rufidcollis).<br />
26
Vários factores segundo Oliveira (1980), contribuem de forma decisiva para que<br />
esta zona apresente grandes concentrações de aves, nomea<strong>da</strong>mente:<br />
• O estabelecimento <strong>da</strong> fronteira luso-espanhola ao longo de todo o<br />
estuário e do rio, numa longa extensão, desfavorece a prática cinegética e<br />
permite salvaguar<strong>da</strong>r estas comuni<strong>da</strong>des dos impactos gerados por esta<br />
activi<strong>da</strong>de.<br />
• A presença de inúmeros bancos de areia no meio curso de água constitui<br />
um abrigo contra as perturbações de natureza climatérica.<br />
• A inexistência de qualquer ponte a unir as duas margens até muitos<br />
quilómetros de distância para montante tem permitido às aves circular<br />
livremente nesta região.<br />
• Os níveis de poluição relativamente reduzidos destas águas, aliados à<br />
riqueza de macroinvertebrados que aqui ocorre, cria boas condições<br />
tróficas e de sobrevivência para estes animais.<br />
Foi ain<strong>da</strong> inventariado no estuário um total de 188 espécies de vertebrados<br />
terrestres. Entre as 24 espécies de mamíferos, 5 são mencionados pela Directiva<br />
Habitats (cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação e<br />
outras protecção rigorosa) <strong>da</strong>s quais se destacam as espécies dependentes de água e com<br />
estatuto de ameaça<strong>da</strong>s, como a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) com estatuto de<br />
vulnerável e a lontra (Lutra lutra) com estatuto de insuficientemente conheci<strong>da</strong>.<br />
Relativamente à herpetofauna, foram identificados um total de 52 espécies, 42 répteis e<br />
10 anfíbios. Entre os répteis é de destacar a presença de dois endemismos ibéricos o<br />
lagarto-de-água (Lacer<strong>da</strong> shreiberi) e a víbora de Seoane (Vipera seonaei) (PBH do Rio<br />
Minho, 2000).<br />
Tendo em conta a distribuição <strong>da</strong>s diferentes espécies de macroinvertebrados<br />
bentónicos podemos considerar o estuário do Minho dividido em quatro zonas distintas<br />
(Maze et al., 1993):<br />
• A boca do estuário, caracteriza<strong>da</strong> pela presença de um número<br />
reduzido de espécies. O relativo empobrecimento biológico do local<br />
está relacionado com o forte hidrodinamismo que aí se faz sentir e<br />
com as características do sedimento, maioritariamente constituído por<br />
areias grossas e médias.<br />
27
• A zona marinha inferior estende-se desde a embocadura até cerca de<br />
2 km para montante. O substrato é aqui mais heterogéneo, existindo<br />
áreas revesti<strong>da</strong>s por areias médias com eleva<strong>da</strong> percentagem de<br />
elementos finos e teores de matéria orgânica relativamente elevados,<br />
e outras onde os fundos são predominantemente constituídos por<br />
areias grossas. As primeiras, situa<strong>da</strong>s na região interti<strong>da</strong>l junto às<br />
margens do estuário, são domina<strong>da</strong>s por povoamentos mistos dos<br />
bivalves Cerastoderma edule (berbigão-vulgar) e Scrobicularia<br />
plana (lambujinha), mas onde ocorrem igualmente populações<br />
importantes de poliquetas oportunistas, como Streblospio benedicti e<br />
Pygospio elegans. A biodiversi<strong>da</strong>de específica é aqui relativamente<br />
eleva<strong>da</strong>, atingindo os valores mais altos deste sistema salobro. Na<br />
parte central do canal, onde o substrato é dominado por areias. To<strong>da</strong><br />
esta zona marinha interior é povoa<strong>da</strong> por espécies com afini<strong>da</strong>des<br />
oceânicas ou relativamente eurialinas e oportunistas.<br />
• A região estuarina de transição localiza-se, grosso modo, entre os 2<br />
km e os 5 km a contar <strong>da</strong> foz. Predominam aqui areias médias,<br />
coloniza<strong>da</strong>s por nemertinos e pelo anfípode Bathyporeia pilosa e o<br />
isópode Saduriella losa<strong>da</strong>i. Pode denominar-se como zona de<br />
transição, já que se encontram nesta área espécies capazes de suportar<br />
grandes flutuações de salini<strong>da</strong>de, como são os casos do poliqueta<br />
Hediste diversicolor e dos taxa referenciados anteriormente.<br />
• A zona interior compreende a região situa<strong>da</strong> entre os 5 k e os 12 km<br />
finais do curso de água, já que <strong>da</strong>qui para cima tem início a fácies<br />
lótica deste rio. O sedimento é maioritariamente composto por areias<br />
grossas, por vezes com percentagens eleva<strong>da</strong>s de elementos<br />
cascalhentos. No que diz respeito à macrofauna associa<strong>da</strong>, destacam-<br />
se os pequenos crustáceos Saduriella losa<strong>da</strong>i, Gammarus chevreuxi e<br />
Corophium multisetosum, pela sua frequência e abundância. To<strong>da</strong>s<br />
estas espécies, embora suportem amplitudes halinas relativamente<br />
amplas, parecem preferir normalmente salini<strong>da</strong>des inferiores a 10. A<br />
partir do sétimo quilómetro o grupo dos gastrópodes torna-se<br />
gradualmente mais importante, de tal modo que a 10 km <strong>da</strong> foz<br />
domina em definitivo os povoamentos bentónicos. São<br />
28
particularmente abun<strong>da</strong>ntes as espécies típicas de água doce, como<br />
Potamopyrgus jenkinsi e Bithynia tentaculata.<br />
No que diz respeito aos crustáceos decápodes, na zona superior do estuário<br />
abun<strong>da</strong> o camarão-de-água-doce Atyaephyra desmaresti, enquanto que a jusante<br />
dominam o caranguejo Carcinus maenas e os camarões Crangon crangon e Palaemon<br />
serratus (Weber, 1988).<br />
Tendo em conta o que foi referido a propósito dos povoamentos de<br />
macroinvertebrados bentónicos, o troço deste curso de água com características<br />
tipicamente estuarinas é muito pequeno, não admirando, por isso, que o número de<br />
espécies piscícolas típicas destes ambientes seja aqui bastante reduzido (Weber, 1988;<br />
Antunes e Weber, 1990a). Dos 26 taxa assinalados até ao momento para este estuário,<br />
apenas 18 têm afini<strong>da</strong>des marinhas, sendo os restantes migradores diádromos ou peixes<br />
dulçaquícolas (Santos et al., 1995).<br />
Além disso, as espécies mais abun<strong>da</strong>ntes dentro do primeiro grupo são aquelas<br />
que toleram salini<strong>da</strong>des mais atenua<strong>da</strong>s, como certos mugilídeos (tainhas) e aterinídeos<br />
(peixe-rei), a solha-<strong>da</strong>s-pedras (Platichthys flesus), o esgana-gata (Gasterosteus<br />
aculeatus), o robalo-legítimo (Dicentrarchus labrax) e os cabozes do género<br />
Pomatoschistus (Santos et al., 1995). Entre as espécies com características<br />
marca<strong>da</strong>mente marinhas, apenas o peixe-aranha-menor (Echiichthys vipera) e o peixe-<br />
pau-lira (Callionymus lyra) exibem na região inferior estuarina densi<strong>da</strong>des eleva<strong>da</strong>s em<br />
certas épocas do ano (Weber, 1988).<br />
Pelo contrário, este rio é extremamente rico em termos de espécies piscícolas<br />
diádromas, sendo claramente o mais importante a nível nacional no que diz respeito a<br />
esta componente biológica. Com efeito, pontificam aqui cinco migradores anádromos e<br />
um catádromo, sendo o único curso de água português de maior dimensão onde o<br />
salmão (Salmo salar) e a truta-marisca (Salmo trutta trutta) penetram ain<strong>da</strong> com alguma<br />
regulari<strong>da</strong>de. Embora menos adun<strong>da</strong>ntes que outrora, a lampreia (Petromyzon marinus),<br />
o sável (Alosa alosa), a savelha (Alosa fallax) e a enguia (Anguilla anguilla) são ain<strong>da</strong><br />
assim frequentes. De entre estes últimos, apenas o sável parece apresentar uma<br />
população em regressão mais acentua<strong>da</strong>, podendo vir a tornar-se num futuro próximo<br />
tão raro como o salmão e a trutra-marisca (Santos et al., 1995).<br />
29
As duas espécies dulçaquícolas assinala<strong>da</strong>s para o local são a boga<br />
(Chondrostoma polylepis) e a truta-de-rio (Salmo trutta fario), surgindo ambas apenas<br />
nas porções superiores do estuário ou nos seus afluentes (Santos et al., 1995).<br />
2.2.4.3. Acções humanas<br />
A população humana residente na bacia hidrográfica nos conceitos limítrofes é<br />
de 75 140 habitantes em Portugal e de cerca de 48 143 na Galiza. A população residente<br />
total na bacia atinge cerca de 991 700 habitantes (Bettencourt et al., 2003).<br />
Os principais usos actuais do sistema serão o turismo, essencialmente balnear, a<br />
pesca desportiva e a agricultura destacando-se do lado português um importante, a<br />
viticultura. A pesca profissional permanece também como uma activi<strong>da</strong>de importante<br />
no estuário do Minho(Bettencourt et al., 2003).<br />
A pesca é ain<strong>da</strong> uma activi<strong>da</strong>de com muita importância a nível local, já que<br />
existem aqui em abundância algumas espécies com valor económico relevante. Em<br />
termos de efectivos destacam-se os peixes migradores que, embora de ocorrência<br />
sazonal, representam os valores em numerário mais significativos <strong>da</strong>s capturas. As<br />
espécies pesca<strong>da</strong>s actualmente em maior abundância são a lampreia e o meixão (juvenis<br />
de enguia), já que o salmão e o sável sofreram um decréscimo acentuado nos<br />
respectivos efectivos populacionais (Santos et al., 1995).<br />
Além dos peixes migradores, merecem ain<strong>da</strong> destaque a solha-<strong>da</strong>s-pedras e os<br />
mugilídeos, que, no período compreendido entre 1970 e 1983 renderam, em média,<br />
cerca de 30 tonela<strong>da</strong>s de pescado ca<strong>da</strong> (Weber, 1988).<br />
Em 1986 as 39 barragens existentes na bacia hidrográfica do Minho (38<br />
espanholas e uma portuguesa) tinham uma capaci<strong>da</strong>de conjunta de armazenamento de 2<br />
819 hm 3 pertencendo ao sistema do Sil cerca de 1 672 hm 3 (60%) (Loureiro et al.,<br />
1986). Estes aproveitamentos são praticamente todos hidroeléctricos (exceptuam-se 3<br />
para abastecimento e 2 que incluem a rega).<br />
Alterando o regime dos rios e diminuindo o transporte sólido e de nutrientes,<br />
estes aproveitamentos contribuem, para a erosão costeira e para a alteração <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des vegetais e animais dos cursos de água doce, estuários e zonas costeiras<br />
adjacentes (Costa, 1999).<br />
30
A reconversão de práticas agrícolas tradicionais (Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994), com<br />
uma crescente utilização de químicos e fertilizantes, será também uma reali<strong>da</strong>de no<br />
Noroeste de Portugal e na Galiza nas últimas déca<strong>da</strong>s (Paz et al., 1996).<br />
A vegetação <strong>da</strong> região esta profun<strong>da</strong>mente altera<strong>da</strong> pela acção do homem,<br />
apresentando actualmente uma estrutura geográfica em mosaico muito complexo e de<br />
difícil caracterização em análise de detalhes. É o caso <strong>da</strong>s matas ribeirinhas, que pelo<br />
interesse agrícola dos solos, foram drasticamente elimina<strong>da</strong>s, muito embora tenham<br />
mantido sebes junto às linhas de água. Estes locais apresentam eleva<strong>da</strong> resiliência, pelo<br />
que se reconstituem rapi<strong>da</strong>mente após o abandono do uso agrícola. Em áreas menos<br />
intervenciona<strong>da</strong>s ocorrem ain<strong>da</strong> com alguma frequência formações ripárias bem<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s (PBH do Rio Minho, 2000).<br />
A extracção de inertes até 1989 foi importante, sobretudo por empresas<br />
espanholas e efectua<strong>da</strong> por sistema de dragagem, ao longo de todo o estuário. São mal<br />
conhecidos os efeitos desta activi<strong>da</strong>de sobre a dinâmica do estuário, sendo-lhe<br />
particularmente atribuí<strong>da</strong> a erosão <strong>da</strong>s margens e ínsuas e a existência localiza<strong>da</strong> de<br />
fundões. O assoreamento que se verifica no canal de navegação entre a Ínsua de<br />
Caminha e o Pinhal do Camarido, tem igualmente sido atribuído à extracção de inertes<br />
no estuário. No entanto, e atendendo a que este assoreamento se deve à entra<strong>da</strong> de<br />
sedimentos provenientes <strong>da</strong> circulação costeira, só será de atribuir o assoreamento<br />
àquela causa, admitindo um rebaixamento acentuado do leito do estuário próximo <strong>da</strong><br />
foz, o que parece não se ter verificado, já que as extracções de inertes se fizeram<br />
sobretudo para montante de Caminha (Alves, 1996).<br />
O rio Minho apresenta alguns problemas de poluição, resultantes sobretudo <strong>da</strong>s<br />
descargas, na maior <strong>da</strong>s vezes sem qualquer tratamento prévio, de efluentes domésticos.<br />
Os resíduos de origem industrial, na margem portuguesa têm pouco significado.<br />
São apenas de salientar os provenientes do Parque Industrial de Vila Nova de Cerveira.<br />
Na margem Espanhola, contudo, a situação é bastante diferente. Em grande parte do seu<br />
percurso e afluentes, o rio Minho recebe os efluentes duma intensa activi<strong>da</strong>de industrial,<br />
sendo de salientar a área fabril de Orense, e já em pleno estuário, o parque industrial de<br />
Porriño (Alves, 1996).<br />
31
2.2.4.4.Valores conservacionistas<br />
O estuário do rio Minho está classificado, segundo a Convenção de Ramsar,<br />
como zona húmi<strong>da</strong> de importância internacional, Important Bird Area in Europe (4017<br />
ha) que sustem regularmente mais de 20 000 aves aquáticas ou mais de 1 % <strong>da</strong><br />
população (Bettencourt et al., 2003).<br />
Nos termos do artigo 4º <strong>da</strong> Directiva Comunitária 79/409/CEE foi também nele<br />
defini<strong>da</strong> uma Área de Protecção Especial de 3 439 ha (Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994).<br />
Com base no código de motivação do Programa Corine-Projecto Biótipos, o<br />
estuário do Minho é considerado área de interesse zoológico geral e de primordial<br />
importância para as aves migradoras (Santos et al., 1995) e proposto para integrar a<br />
Rede Natura 2000 (Anon, 1999).<br />
Das 184 espécies de aves que aqui ocorrem, duas encontram-se “em perigo” de<br />
extinção, onze estão “ vulneráveis”, dez são “raras”, três têm estatuto “indeterminado” e<br />
quatro “insuficientemente conhecido” (Santos et al., 1995).<br />
Entre a ictiofauna, a espécie com maior valor conservacionista é o salmão, já<br />
que as suas populações são considera<strong>da</strong>s “ em perigo” de extinção. A lampreia, o sável,<br />
a savelha e a truta-marisca são também importantes, uma vez que todos têm em<br />
Portugal o estatuto “vulnerável”. Merece ain<strong>da</strong> destaque o esgana-gata, por ter um<br />
estatuto “insuficientemente conhecido”. Finalmente, refira-se o facto de a enguia e<br />
algumas espécies que usam o estuário como viveiro (de que o robalo-legítimo e a solha-<br />
<strong>da</strong>s-pedras são dois bons exemplos) terem as suas populações “comercialmente<br />
ameaça<strong>da</strong>s” (Bettencourt et al., 2003).<br />
Assim, os principais valores conservacionista deste sistema salobro estão<br />
relacionados com a avifauna aquática e os peixes diádromos. Para os primeiros é<br />
particularmente importante a ilha de ínsua e o sapal do Coura; para os segundos as<br />
regiões superiores do estuário e as porções inferiores dos seus afluentes, onde os<br />
anádromos se reproduzem e os juvenis <strong>da</strong>s diversas espécies se desenvolvem<br />
(Bettencourt et al., 2003).<br />
32
3. Material e métodos<br />
No intuito de avaliar a estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados<br />
bentónicos presentes na zona do sapal do estuário do rio Minho, realizaram-se<br />
amostragens para obtenção de material biológico e informação sobre parâmetros físico-<br />
químicos.<br />
3.1. Procedimento de campo<br />
No presente trabalho, escolheu-se para uma breve caracterização <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica, a zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do<br />
rio Minho (Figura 1), incluindo os seus canais. As amostragens de campo foram<br />
realiza<strong>da</strong>s sazonalmente, por estação do ano, em 10 pontos, ao longo de um gradiente de<br />
salini<strong>da</strong>de e sempre em preia-mar nos meses de Setembro de 2005, Dezembro de 2005,<br />
Março de 2006 e Junho de 2006 (Figura 2).<br />
Figura 1- Área do sapal do estuário do rio Minho<br />
33
N<br />
Figura 2- Localização <strong>da</strong>s estações de amostragem na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do Sapal no<br />
estuário do rio Minho, no período de Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />
Para as colheitas <strong>da</strong>s amostras dos organismos macrobentónicos e sedimentos,<br />
utilizou-se como amostrador uma draga do tipo Van Veen com 500 cm 2 de área de<br />
ataque e com volume máximo de 5 dm 3 , sendo operado manualmente a bordo de uma<br />
pequena embarcação.<br />
Em ca<strong>da</strong> ponto de amostragem, foram retira<strong>da</strong>s 4 amostras do substrato e mais 1<br />
amostra adicional para caracterização granulométrica.<br />
As amostras biológicas foram etiqueta<strong>da</strong>s e transporta<strong>da</strong>s para o laboratório em<br />
sacos plásticos contendo solução salina de formalina a10%.<br />
Em ca<strong>da</strong> estação, foram medidos, nos pontos definidos, parâmetros físico-<br />
químicos, como: temperatura, salini<strong>da</strong>de, oxigénio e pH recorrendo-se a uma son<strong>da</strong><br />
multiparamétrica YSI 6820.<br />
Entre as 10 estações de amostragens, as menores profundi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s<br />
foram nas estações 8 e 10, com 1,5 metros e a maior profundi<strong>da</strong>de foi registra<strong>da</strong> na<br />
estação 3, com 3,5 metros (Anexo 6).<br />
34
3.2. Procedimento laboratorial<br />
As amostras foram lava<strong>da</strong>s em água corrente, utilizando-se um crivo com malha<br />
de 1 mm para retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> areia, e em segui<strong>da</strong>, armazena<strong>da</strong>s em potes plásticos com<br />
tampas, devi<strong>da</strong>mente etiquetados, contendo álcool etílico a 70% e corante Rosa de<br />
Bengala.<br />
Após um período mínimo de 24 horas, com o corante, foi realiza<strong>da</strong> uma triagem<br />
e a separação dos animais nos grupos taxonómicos mais abrangentes, como o auxílio de<br />
uma lupa binocular com aumento de 30x e ao microscópio óptico com aumento 400x, e<br />
em segui<strong>da</strong>, sempre que possível, foi realiza<strong>da</strong> uma identificação até níveis mais<br />
específicos com o auxílio de livros especializados (chaves de identificações). Foi ain<strong>da</strong><br />
efectua<strong>da</strong> uma contagem de todos os organismos presentes nas amostras.<br />
Contudo, nem sempre foi possível identificar todos os organismos presentes até<br />
ao nível de espécie, devido a estarem profun<strong>da</strong>mente afectados pela triagem e/ou<br />
fixação, ou pela identificação muito difícil, como por exemplo, os oligoquetas,<br />
sipunculas e insectos.<br />
Devido à grande importância dos sedimentos em relação a interacções destes<br />
com os organismos, por permitir a interpretação de padrões de distribuições <strong>da</strong>s<br />
espécies e comuni<strong>da</strong>des, a sua dinâmica e certas particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> sua biologia foi<br />
realiza<strong>da</strong> uma caracterização granulométrica e analisa<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong>de de matéria<br />
orgânica presente no sedimento.<br />
Para a caracterização <strong>da</strong> textura, a amostra foi leva<strong>da</strong> à estufa a 60 ºC durante<br />
48 h. Em segui<strong>da</strong>, procedeu-se a uma análise dimensional através de um conjunto de<br />
crivos basculante tipo RoTap segundo uma escala dimensional apresenta<strong>da</strong> na Tabela I<br />
e a frequência de ca<strong>da</strong> classe foi expressa em % do peso total.<br />
35
Tamanho <strong>da</strong> classe Diâmetro (mm) Classe dos sedimentos<br />
1 >2 Cascalho<br />
2 1-2 Areia muito grossa<br />
3 0,5 - 1 Areia grossa<br />
4 0,250 - 0,5 Areia média<br />
5 0,125 - 0,250 Areia fina<br />
6 0,063 - 0,125 Areia muito fina<br />
7
CLUSTER e MDS, sendo previamente obti<strong>da</strong>s as matrizes de similari<strong>da</strong>de. De forma a<br />
determinar a extensão que as variáveis abióticas tiveram no agrupamento <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados presentes nos diferentes locais de amostragem, as<br />
matrizes de similari<strong>da</strong>de bióticas a abióticas foram compara<strong>da</strong>s utilizando o<br />
procedimento PCA (Análise dos Componentes Principais) e BIOENV (utilizando o<br />
coeficiente de Spearman).<br />
O coeficiente de Bray-Curtis foi o escolhido para obter as matrizes de<br />
similari<strong>da</strong>de. Das numerosas medi<strong>da</strong>s de similari<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong>s ao longo dos anos,<br />
este coeficiente tornou-se particularmente comum nos estudos ecológicos. Os <strong>da</strong>dos<br />
biológicos foram previamente transformados (a transformação utiliza<strong>da</strong> foi a √y, sendo<br />
y o valor <strong>da</strong> abundância por uni<strong>da</strong>de de área). Esta transformação permitiu baixar a<br />
importância desencadea<strong>da</strong> pelas espécies mais abun<strong>da</strong>ntes fazendo com que as<br />
similari<strong>da</strong>des dependessem não só desses valores mas, também dos valores <strong>da</strong>s espécies<br />
menos comuns. Quanto aos factores abióticos foram, unicamente, transformados os<br />
<strong>da</strong>dos referentes ao sedimento (granulometria e percentagem de matéria orgânica). A<br />
transformação utiliza<strong>da</strong> foi log (1+y), sendo y o valor obtido nos diferentes parâmetros<br />
abióticos.<br />
As curvas de k-dominância (Lambshead, 1983) têm sido muito utiliza<strong>da</strong>s, nos<br />
últimos anos, em estudos de impacto ambiental (Warwick, 1986; Clarke e Warwick,<br />
2001), por isso, fez-se este tipo de análise na área do sapal do estuário do rio Minho de<br />
modo a determinar a extensão provoca<strong>da</strong> destes impactos. Este diagrama/gráfico<br />
envolve a contribuição proporcional de ca<strong>da</strong> espécie na comuni<strong>da</strong>de e a sua<br />
percentagem de dominância populacional.<br />
A análise de todos estes <strong>da</strong>dos (CLUSTER, MDS, PCA, BIOENV e curvas de k-<br />
dominância) foram realiza<strong>da</strong>s após utilização de várias opções conti<strong>da</strong>s no software<br />
PRIMER (segun<strong>da</strong> edição, Plymouth Marine Laboratory, Plymouth, U.K.) (Clarke e<br />
Warwick, 2001).<br />
37
4. Resultados<br />
4.1. Factores físico-químicos <strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio<br />
Minho<br />
4.1.1. Temperatura<br />
Os valores <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água em profundi<strong>da</strong>de (Figura 3 e Anexo 1)<br />
tiveram algumas variações relevantes. Variaram durante as estações do ano e ao longo<br />
<strong>da</strong>s estações de amostragem. As temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s foram encontra<strong>da</strong>s no<br />
Verão e Primavera e as menores no Outono e Inverno. O valor mais alto registado foi<br />
encontrado na estação 6 com 20,2 0 C na Primavera e o valor mais baixo foi nas estações<br />
6 e 10 com 8,7 0 C, no Outono.<br />
Temperatura (ºC)<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
4.1.2. Salini<strong>da</strong>de<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 3 – Variação sazonal <strong>da</strong> temperatura entre Setembro de 2005 e Junho de<br />
2006 nas 10 estações de amostragem.<br />
Os valores de salini<strong>da</strong>de no fundo <strong>da</strong> coluna de água (Figura 4 e Anexo 1)<br />
variaram bastante tanto por estações do ano quanto pelas estações de amostragens. O<br />
maior valor encontrado registrou-se na estação 1 com 34,4 durante o Verão e o menor<br />
na estação 3 com 0 no Outono. Os menores valores foram registados no período do<br />
Outono e Inverno e os maiores no Verão e Primavera. As estações 1, 7 e 8 foram as que<br />
sofreram menores oscilações dos valores em to<strong>da</strong>s as épocas de amostragem.<br />
38
Salini<strong>da</strong>de (psu)<br />
4.1.3. pH<br />
Os valores do pH (Figura 5 e Anexo 1) variaram entre 7 e 8,4. O menor valor (7)<br />
foi encontrado nas estações 5 e 9, ambos na Primavera e o maior valor (8,4) na estação<br />
3 no Verão. Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem os valores do pH foram decrescendo<br />
do Verão para a Primavera, excepto nas estações 1 e 6, que apresentou um aumento no<br />
Inverno.<br />
40,0<br />
35,0<br />
30,0<br />
25,0<br />
20,0<br />
15,0<br />
10,0<br />
5,0<br />
0,0<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 4 – Variação sazonal <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de entre Setembro de 2005 e Junho de 2006<br />
nas 10 estações de amostragem.<br />
pH<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 5 – Variação sazonal do pH nas 10 estações de amostragem.<br />
39
4.1.4. Oxigénio<br />
O maior valor de oxigénio dissolvido na água (Figura 6 e Anexo1) foi 11,86<br />
mg/l na estação 9 no período <strong>da</strong> Primavera e o menor, 7 mg/l, nas estações 1 e 8 no<br />
Outono.<br />
Figura 6 – Variação sazonal do oxigénio nas 10 estações de amostragem.<br />
4.1.5. Granulometria do sedimento<br />
Verificou-se uma grande variação nas curvas cumulativas <strong>da</strong> distribuição do<br />
sedimento ao longo <strong>da</strong>s estações de amostragem e em algumas estações, por épocas do<br />
ano (Figura 7 e Anexo 1). A fracção dominante na maioria destas estações foi a fracção<br />
arenosa.<br />
Oxigénio (O2, mg/l)<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Na estação 1, a fracção dominante no Verão e Outono foi areia grossa e média,<br />
no Inverno foi cascalho e na Primavera foi areia muito grossa e areia grossa. Na estação<br />
2, no período do Verão foi areia muito grossa e areia grossa. Nos restantes períodos<br />
foram cascalho e areia muito grossa. Na estação 3, no Verão foi cascalho e areia muito<br />
grossa, no Outono foi areia grossa e areia média, no Inverno foi areia muito grossa e<br />
areia média e na Primavera foi areia muito grossa e areia grossa. Na estação 4, em to<strong>da</strong>s<br />
as épocas do ano, a fracção dominante foi areia muito grossa e grossa. Na estação 5 no<br />
Verão e Outono foi areia média e areia fina, no Inverno foi areia fina e areia muito fina<br />
e na Primavera foi areia grossa e areia média . Na estação 6 no Verão foi areia muito<br />
grossa e areia grossa, no Outono foi areia média e areia fina, no Inverno foi areia média<br />
40
Cumulativa (%)<br />
Cumulativa (%)<br />
Cumulativa (%)<br />
e areia fina e na Primavera foi areia grossa e areia média. Na estação 7, no Verão foi<br />
areia média e areia fina, no Outono foi areia grossa e areia média, no Inverno foi areia<br />
grossa e areia média e na Primavera foi areia média e areia fina. Na estação 8, no Verão,<br />
Outono e Inverno foi areia média e areia fina e na Primavera foi areia muito fina e silte-<br />
argila. Na estação 9, no Verão foi areia fina e areia muito fina, no Outono foi areia<br />
muito fina e silte-argila, no Inverno foi areia média e areia fina e na Primavera foi areia<br />
fina e areia muito fina. Na estação 10, em todos os períodos sazonais areia média e<br />
areia fina.<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Estação 1<br />
>2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063
Cumulativa (%)<br />
Cumulativa (%)<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
4.1.6. Matéria orgânica no sedimento<br />
A maior percentagem em peso <strong>da</strong> matéria orgânica conti<strong>da</strong> no sedimento<br />
verificou-se na estação 9 no período <strong>da</strong> Primavera (15 %). A menor percentagem em<br />
peso foi encontra<strong>da</strong> nas estações 2, 3 e 4 (1%) durante o Verão; nas estações 2 e 3 (1%)<br />
no Outono; nas estações 1, 3 e 4 (1%) durante o Inverno; e estação 4 (1%) na Primavera<br />
(Figura 8 e Anexo 1).<br />
Matéria Orgânica (%)<br />
16,0<br />
14,0<br />
12,0<br />
10,0<br />
8,0<br />
6,0<br />
4,0<br />
2,0<br />
0,0<br />
Estação 7<br />
>2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063
4.2. Abundância e diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna bentónica do sapal<br />
do rio Minho<br />
Foram identificados 10 185 indivíduos distribuídos por um total de 37 taxa<br />
(Tabela II) . Até ao nível de espécie, os macroinvertebrados bentónicos encontram-se<br />
distribuídos entre 8 poliquetas, 4 moluscos e 11 crustáceos.<br />
Mollusca<br />
Anneli<strong>da</strong><br />
Sipuncula<br />
Arthropo<strong>da</strong><br />
Bivalvia<br />
Polychaeta<br />
Oligochaeta<br />
Malacostraca<br />
Veneroi<strong>da</strong><br />
Mytiloi<strong>da</strong><br />
Terebelli<strong>da</strong><br />
Capitelli<strong>da</strong><br />
Aciculata<br />
Canalipalpata<br />
Lumbriculi<strong>da</strong><br />
Haplotaxi<strong>da</strong><br />
Amphipo<strong>da</strong><br />
Isopo<strong>da</strong><br />
43<br />
Cerastoderma glaucum<br />
Corbicula fluminea<br />
Scrobicularia plana<br />
Mytilus galloprovincialis<br />
Alkmaria romijni<br />
Capitella capitata<br />
Hediste diversicolor<br />
Nephtys hombergi<br />
Polydora ciliata<br />
Scolelepis squamata<br />
Spiophanes bombyx<br />
Streblospio shrubsoli<br />
Lumbriculi<strong>da</strong>e<br />
Naidi<strong>da</strong>e<br />
Sipuncula sp1<br />
Leptocheirus pilosus<br />
Gammarus sp.<br />
Melita palmata<br />
Corophium sp.<br />
Cyathura carinata
Chor<strong>da</strong>ta<br />
Insecta<br />
Actinopterygii<br />
Tanai<strong>da</strong>cea<br />
Decapo<strong>da</strong><br />
Diptera<br />
Coleoptera<br />
Trichoptera<br />
44<br />
Sphaeroma serratum<br />
Heterotanais oerstedi<br />
Carcinus maenas<br />
Crangon crangon<br />
Paragnathia formica<br />
Saduriella losa<strong>da</strong>i<br />
Chironomi<strong>da</strong>e sp1<br />
Chironomidea sp2<br />
Empidi<strong>da</strong>e<br />
Chrysomeli<strong>da</strong>e<br />
Hydraena<br />
Elmi<strong>da</strong>e<br />
Leptoceri<strong>da</strong>e<br />
Limnephili<strong>da</strong>e<br />
Plecoptera Chloroperli<strong>da</strong>e<br />
Chloroperii<strong>da</strong>e Chloroperia<br />
Pleuronectiformes<br />
Platichthys flesus<br />
Tabela II – Lista dos taxa identificados na área do Sapal do estuário do rio<br />
Minho.<br />
A abundância média por uni<strong>da</strong>de de área presente no sapal do estuário do rio<br />
Minho, no conjunto <strong>da</strong>s amostragens foi de 1 273 indivíduos.m -2 (Anexo 2). Quanto às<br />
abundância médias sazonais, o valor máximo atingido foi no período do Verão com 1<br />
977,5 indivíduos. m -2 e o menor com 502 indivíduos.m -2 foi obtido na Primavera (Figura<br />
9 e Anexo 2). O maior valor foi encontrado na estação 4 no Verão, com 6 330<br />
indivíduos.m -2 , correspondendo a 9 espécies, e menor valor registou-se na estação 10 no<br />
período do Inverno com 95 indivíduos.m -2 , o qual apresentou apenas 3 espécies (Anexo<br />
2). A abundância <strong>da</strong>s espécies não demonstrou um padrão em relação a variação<br />
espacial, oscilando os seus valores principalmente por épocas do ano.
Nº indivíduos.m -2<br />
2500<br />
2000<br />
1500<br />
1000<br />
500<br />
0<br />
O número de espécies (Figura 10 e Anexo 3) teve variações espaciais e<br />
principalmente temporais. O maior número de espécies foi encontra<strong>da</strong> na estação 3, no<br />
Outono, com 17 espécies e o menor número verificou-se na estação 10, no Inverno, com<br />
apenas 3 espécies.<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Estações do ano<br />
Figura 9 – Variações sazonais <strong>da</strong> abundância média entre Setembro de 2005 e Junho de<br />
2006 no conjunto <strong>da</strong>s amostragens.<br />
Nº de espécies<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 10 – Variações sazonais do número de espécies nas 10 estações de amostragem entre<br />
Setembro de 2005 e Junho de 2006<br />
45
Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem, o índice de Shannon-Wiener (H´)<br />
mostrou-se com valores baixos. Entretanto, o maior valor deste índice (Figura 11 e<br />
Anexo 3) foi registado na estação 3 no Inverno (H´= 1,94) e o menor foi também na<br />
estação 3, porém na Primavera (H´= 0,72).<br />
H´(loge)<br />
2,50<br />
2,00<br />
1,50<br />
1,00<br />
0,50<br />
0,00<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 11 – Variações sazonais do índice de diversi<strong>da</strong>de de Shannon – Wiener nas 10<br />
estações de amostragem entre Setembro de 2005 e Junho de 2006.<br />
Os índices de equitabili<strong>da</strong>de (J´) (Figura 12 e Anexo 3) apresentaram grandes<br />
diferenças tanto a nível espacial quanto a nível temporal. O maior valor encontrado foi<br />
na estação 10 (J´= 0,90) e o menor foi na estação 3 (J´=0,40), ambos na Primavera.<br />
J´<br />
1,00<br />
0,80<br />
0,60<br />
0,40<br />
0,20<br />
0,00<br />
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />
Estações de amostragem<br />
Verão Outono Inverno Primavera<br />
Figura 12 – Variações sazonais do índice de equitabili<strong>da</strong>de nas 10 estações de amostragem<br />
entre Setembro de 2005 e Junho de 2006.<br />
46
4.3. Análise <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica e dos factores<br />
físico-químicos<br />
4.3.1. Dados biológicos<br />
A verificação <strong>da</strong> similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna bentónica ao longo <strong>da</strong>s 10 estações<br />
de amostragem foi feita através de um dendograma (Figura 13) e uma ordenação<br />
correspondente em MDS em duas dimensões (Figura 14). Sua respectiva matriz de<br />
similari<strong>da</strong>de esta presente no anexo 4 .<br />
E B D C<br />
Figura 13 – Dendograma de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem agrupa<strong>da</strong>s<br />
sazonalmente (V- Verão, O- Outono, I- Inverno e P- Primavera) presentes na área do Sapal do<br />
estuário dos rios Minho e Coura.<br />
47<br />
A
A<br />
Figura 14 – MDS de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem agrupa<strong>da</strong>s sazonalmente (V-<br />
Verão, O- Outono, I- Inverno e P- Primavera) presentes na área do Sapal do estuário dos rios<br />
Minho e Coura.<br />
Verificando-se a ordenação MSD nota-se a presença de 5 grupos faunísticos,<br />
com um stress de 0.19 o qual sugere que existem diferenças entre estes grupos. Para<br />
definir quais espécies que mais contribuíram para a classificação <strong>da</strong>s estações nos 5<br />
grupos faunísticos acima referidos, procedeu-se à análise SIMPER. A tabela III<br />
apresenta os 2 taxa que mais contribuíram para a similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s estações que compõe<br />
ca<strong>da</strong> um dos grupos.<br />
Média similari<strong>da</strong>de % Taxa Contribuição % Contrib. Cumulativa %<br />
Grupo A 34,47% Cyathura carinata 44,68 44,68<br />
Corophium sp. 14,46 59,14<br />
Grupo B _ _ _ _<br />
Grupo C 36,78% Scolelepis squamata 32,37 32,37<br />
Alkmaria romijni 31,32 63,69<br />
Grupo D 39,86% Hediste diversicolor 59,57 59,57<br />
Scolelepis squamata 23,03 82,60<br />
Grupo E 58,37% Hediste diversicolor 65,42 65,42<br />
Cyathura carinata 17,32 82,74<br />
Tabela III – Taxa que mais contribuíram (%) para a similari<strong>da</strong>de intra-grupos (delineados pela<br />
análise de classificação CLUSTER).<br />
B<br />
D<br />
48<br />
C<br />
E
O grupo A é composto por 7 estações (estações 2 e 3 no Verão, Outono e<br />
Inverno e estação 4 apenas na Primavera) tendo uma média de similari<strong>da</strong>de de 34,47%.<br />
A espécie Cyathura carinata contribui em 44,68 % e abundância em 41,29%.<br />
O grupo B é composto por apenas uma estação de amostragem (3 na<br />
Primavera). Devido por aparecer apenas uma estação neste grupo, não foi possível ter<br />
uma média de similari<strong>da</strong>de e nem saber que espécie que a influencia.<br />
O grupo C é composto por 13 estações de amostragem (5, 6 e 8 em to<strong>da</strong>s as<br />
estações do ano, excepto no Inverno para a estação 5, estação 10 no Outono e<br />
Primavera). Este grupo tem uma média de similari<strong>da</strong>de de 36,78%. A espécie que tem<br />
maior contribuição (32,37%) é Scolelepis squamata e abundância em 31,32%.<br />
O grupo D composto por 16 estações (estação 1 em to<strong>da</strong>s as estações do ano,<br />
estação 2 na Primavera, estação 4 no Verão e Inverno, estação 5 no Inverno, 7 e 9 no<br />
Verão, Outono e Inverno, e 10 apenas no Verão). Este grupo tem uma média de<br />
similari<strong>da</strong>de de 39,86% e a espécie que tem a maior contribuição é Hediste diversicolor,<br />
com abundância de 25%.<br />
Grupo E composto por apenas 3 estações de amostragem (estação 7 e 9 na<br />
Primavera e estação 10 no Inverno). Sua média de similari<strong>da</strong>de é de 58,37% e a espécie<br />
Hediste diversicolor contribui com 65,42% e abundância de 3%.<br />
A análise <strong>da</strong>s curvas de K-dominância (Figura 15) permite distinguir grupos de<br />
estações de amostragem quanto ao seu grau de perturbação. O único grupo faunístico<br />
que obteve uma dominância acima dos 80% foi o grupo B em termos de abundância,<br />
por parte de apenas uma espécie. O grupo E obteve uma dominância por parte de apenas<br />
uma espécie de 40%, enquanto que os restantes dos grupos (A, C e D) obtiveram uma<br />
dominância abaixo de 40%.<br />
49
Figura 15 – Curvas de K-dominância para os 5 grupos faunísticos (A, B, C, D e E), presentes<br />
na área do sapal do estuário rio Minho, durante os períodos sazonais.<br />
4.3.2. Dados abióticos<br />
Pela análise do PCA (Figura 16 e Tabela IV) dos factores abióticos, medidos na<br />
área do sapal do estuário do rio Minho versus estações de amostragem durante os<br />
períodos sazonais, verifica-se grandes variações entre as estações de amostragem e, em<br />
algumas estações de amostragem, por época do ano. A variância ao longo do primeiro<br />
eixo PC1(37,5%) no lado positivo do gráfico, é explica<strong>da</strong> maioritariamente pela<br />
presença de componentes mais grosseiros, como cascalho e areia muito grossa. No lado<br />
negativo é explica<strong>da</strong> maioritariamente por sedimentos mais finos como areia muito fina,<br />
silte + argila e conteúdos de matéria orgânica. Contudo, no segundo eixo PC2 (14,6%),<br />
no lado negativo do gráfico, esta variância é explica<strong>da</strong> maioritariamente pela presença<br />
de sedimentos grosseiros como cascalho e também pelo oxigénio. No lado positivo, esta<br />
variância é maioritariamente explica<strong>da</strong> pela salini<strong>da</strong>de e temperatura.<br />
50
Figura 16 – PCA dos factores abióticos medidos na área do sapal do estuário do rio Minho ao<br />
longo <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem e nas quatro estações do ano, com as suas variâncias<br />
representa<strong>da</strong>s no 1º eixo (PC1) e no 2º eixo (PC2).<br />
Variável PC1 PC2<br />
Temperatura 0,036 0,397<br />
Salini<strong>da</strong>de 0,077 0,628<br />
O2 0,042 -0,432<br />
pH 0,105 -0,087<br />
Cascalho 0,307 -0,311<br />
Areia Muito Grossa 0,386 0,072<br />
Areia Grossa 0,192 0,252<br />
Areia Média -0,192 0,238<br />
Areia Fina -0,248 -0,013<br />
Areia muito fina -0,412 -0,101<br />
Silte+Argila -0,362 0,112<br />
Mat. Orgânica -0,382 -0,096<br />
Variância 37,5 14,6<br />
Variância Cumula<strong>da</strong> 37,5 52,1<br />
Tabela IV – Tabela dos valores do PCA.<br />
51
Pela análise de BIOENV (Tabela V) entre as amostras, a variável abiótica que<br />
tem uma maior influência no agrupamento dos organismos bentónicos na área do sapal<br />
são as características do sedimento, ou seja, areia fina (ρ=0,311), em segui<strong>da</strong> a matéria<br />
orgânica (ρ =0,261) e por último a areia média (ρ=0,249). Contudo, para um melhor<br />
entendimento <strong>da</strong> ordenação faunística, uma análise <strong>da</strong> contribuição de mais de uma<br />
variável em conjunto é necessário, <strong>da</strong>do que é de esperar que o agrupamento<br />
evidenciado não seja <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de de apenas 1 variável.<br />
Variável<br />
Combinações <strong>da</strong>s variáveis<br />
1 0,311 Areia fina 0,261 Matéria orgânica 0,249 Areia média<br />
2<br />
3<br />
0,350 Areia grossa<br />
Areia fina<br />
0,382 Areia grossa<br />
Areia fina<br />
Matéria orgânica<br />
0,346 Areia fina<br />
Matéria orgânica<br />
0,379 Areia grossa<br />
Areia média<br />
Matéria orgânica<br />
52<br />
0,331 Areia média<br />
Matéria orgânica<br />
0,363 Areia grossa<br />
Areia média<br />
Areia fina<br />
Tabela V – Resultados <strong>da</strong> análise BIOENV obtidos na área do sapal do estuário dos rios Minho<br />
e Coura durante todos os períodos sazonais.
5. Discussão<br />
5.1. Factores abióticos <strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal dos estuários do rio<br />
Minho<br />
Durante o período de amostragem, Setembro de 2005 a Junho de 2006, fez-se<br />
uma análise <strong>da</strong> temperatura na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio Minho a<br />
qual obteve grandes variações em relação ao tempo e espaço. Comparando-se as<br />
temperaturas entre as estações de amostragem verifica-se que o factor determinante para<br />
a sua variação foi a época do ano, pois em uma mesma estação de amostragem, como a<br />
6, obteve-se tanto a menor quanto a maior temperatura regista<strong>da</strong>. Esta influência poderá<br />
ter sido devido à hidrodinâmica <strong>da</strong>s forças <strong>da</strong>s correntes de marés diferentes ao longo<br />
<strong>da</strong>s estações do ano, pois esta estação localiza-se em uma zona de relativa baixa<br />
profundi<strong>da</strong>de. Contudo, a estação em que se obteve os valores de temperatura mais<br />
constantes foi a estação 1, localiza<strong>da</strong> na foz do Coura. No geral, os valores <strong>da</strong><br />
temperatura na zona do sapal não apresentou um padrão em relação à profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
coluna <strong>da</strong> água, ou seja, o factor que preponderou neste ecossistema foi o período do<br />
ano.<br />
Em relação à salini<strong>da</strong>de obteve-se uma acentua<strong>da</strong> oscilação tanto à nível de<br />
estação de amostragem quanto à época do ano, sendo que em algumas estações de<br />
amostragem, esta oscilação foi muito importante. Isto deve-se tanto à localização <strong>da</strong><br />
estação de amostragem quanto à época do ano, a qual influencia muito nos factores<br />
abióticos, corrente, ventos, temperatura, pluviometria etc. Em alguns canais do sapal em<br />
épocas diferentes do ano, água salina pode ter tido dificul<strong>da</strong>des em penetrar pela<br />
influência <strong>da</strong> drenagem de água doce. As estações próximas <strong>da</strong> foz do Coura, às quais<br />
têm uma maior influência <strong>da</strong>s águas marinhas, obtiveram os seus valores elevados<br />
relativamente constantes durante todos os períodos sazonais.<br />
Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem e em todos os períodos sazonais, o pH<br />
mostrou-se constante, não tendo assim flutuações relevantes.<br />
O oxigénio dissolvido na água não sofreu grandes variações em relação às<br />
estações de amostragem, mas algumas em relação à época do ano, porém não muito<br />
acentua<strong>da</strong>s. As variações de saturação do oxigénio dissolvido são seguramente mais<br />
afecta<strong>da</strong>s pela natureza do sedimento e pela fauna e flora que os habitam que pela<br />
temperatura e salini<strong>da</strong>de (Anadón, 1977).<br />
53
Uma <strong>da</strong>s principais variáveis a estu<strong>da</strong>r dentro dos trabalhos bentónicos em<br />
substratos móveis, constitui a textura do sedimento e seu conteúdo em matéria orgânica.<br />
A interacção entre os organismos e o sedimento permite interpretar os padrões de<br />
distribuição <strong>da</strong>s espécies e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, a dinâmica de ambos e certas<br />
particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> biologia <strong>da</strong>s espécies. Segundo Buchanan e Kain (1971) a correlação<br />
que existe entre esta e os animais constitui a chave <strong>da</strong> ecologia bentónica.<br />
No presente trabalho, a granulometria do sedimento na área do sapal não<br />
apresentou muita estabili<strong>da</strong>de temporal nem espacial. Em algumas estações de<br />
amostragem houve oscilações bastante acentua<strong>da</strong>s em períodos diferentes do ano. A<br />
maioria <strong>da</strong>s estações de amostragem localiza<strong>da</strong>s mais internas e/ou abriga<strong>da</strong>s dos canais<br />
do sapal, permaneceram com suas fracções de areias mais finas e de finos relativamente<br />
constantes, variando assim só em determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Os sedimentos mais<br />
grosseiros estão melhor representados nas estações na foz do Coura e nas suas<br />
proximi<strong>da</strong>des. A característica de algumas estações de amostragem em ter muito<br />
assentamento de finos deve-se a origem continental destas fracções, que são arrasta<strong>da</strong>s<br />
pelas correntes fluviais, sedimentam enquanto a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de transporte<br />
destas e o contacto com as águas salinas o favorecem (Diez, 1980). A localização destas<br />
estações de amostragem foi um factor preponderante, pois quanto mais internas<br />
estivessem, ou seja, mais para dentro dos canais do sapal, mais depósitos de sedimentos<br />
finos estiveram propícios a sedimentarem e possíveis biomassa de raízes <strong>da</strong>s plantas do<br />
sapal, contribuíram para a formação de uma barreira natural, a qual poderá ter<br />
amenizado as veloci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> corrente. Contudo, este tipo de distribuição, com<br />
sedimentos mais finos na parte mais fluvial e areias na parte mais marinha, é, por<br />
demais, comum em rías e estuários (Mora, 1980; Asensio e Gómez, 1984). A<br />
distribuição dos sedimentos presentes no estuário resulta, essencialmente, <strong>da</strong>s correntes<br />
ti<strong>da</strong>is, <strong>da</strong> influência e interacção <strong>da</strong>s águas continentais versus águas oceânicas e <strong>da</strong><br />
profundi<strong>da</strong>de (Sousa, 2003).<br />
Uma <strong>da</strong>s variáveis mais informativas sobre a distribuição <strong>da</strong>s espécies e <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des é a matéria orgânica. Constitui um elemento essencial como alimento para<br />
determina<strong>da</strong>s espécies e comuni<strong>da</strong>des tróficas, actuando em alguns casos como<br />
contaminante em zonas organicamente enriqueci<strong>da</strong>s. Ca<strong>da</strong> estação de amostragem pode<br />
apresentar suas particulari<strong>da</strong>des próprias, que favorecem o enriquecimento orgânico.<br />
Uma destas pode ser pelo facto de estarem localiza<strong>da</strong>s em zonas onde há um certo<br />
acúmulo local de algas e/ou plantas do sapal em decomposição. Há um gradiente de<br />
54
enriquecimento orgânico desde as estações mais externas aos canais, na foz do Coura ou<br />
próximas desta até o interior dos canais. O gradiente de decréscimo desde as áreas mais<br />
internas até as mais externas é devido à origem fluvial <strong>da</strong> matéria orgânica. A<br />
importância dos rios na hora de fornecer matéria orgânica nos estuários tem sido<br />
assinalados por diversos autores (Anderson, 1983).<br />
Existe uma correlação entre os conteúdos de matéria orgânica e fracções finas<br />
em algumas estações de amostragens em determinados períodos do ano. Este tipo de<br />
correlação é normal nos fundos marinhos, onde a matéria orgânica se deposita nas<br />
mesmas condições energéticas que favorecem a deposição de finos, bem como a<br />
eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de adsorção destas (Planas, 1986).<br />
Uma outra hipótese que contribui para a eutrofização, devido ao aumento <strong>da</strong><br />
concentração de nutrientes, de algumas zonas, deve-se também à influência de acções<br />
humanas, como alguns tipos de efluentes urbanos e/ou industriais e navegação.<br />
5.2. Comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica na zona subti<strong>da</strong>l do sapal no estuário<br />
do rio Minho<br />
A escolha de um período sazonal na amostragem foi para tentar verificar se<br />
existia uma variação na densi<strong>da</strong>de e estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />
bentónicos. Como as estações de amostragens se localizavam na zona subti<strong>da</strong>l dos<br />
canais do sapal e nas suas proximi<strong>da</strong>des, a dinâmica <strong>da</strong>s plantas do sapal poderá ter<br />
contribuído também para esta variação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de. Sabe-se que em épocas diferentes<br />
do ano, as plantas do sapal tem mu<strong>da</strong>nças fisiológicas e anatómicas notáveis, as quais<br />
interferem em to<strong>da</strong> a rede trófica do ecossistema em estudo. No Outono, Spartina verde<br />
começa a torna-se castanha consoante as folhas morrem e a decomposição começa. A<br />
água, on<strong>da</strong>s, vento e tempestades transportam as folhas em decomposição para os<br />
lamaçais e outras zonas à volta do sapal. Esta matéria de plantas mortas, ou detritos,<br />
permite o desenvolvimento de organismos microscópicos como as bactérias, fungos e<br />
pequenas algas. Estes organismos colonizam pequenos pe<strong>da</strong>ços de material de plantas e<br />
decompõem porções de detritos (Wenner, 2003). Diversos autores têm demonstrado que<br />
a maior parte <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> plantas entra no caminho dos detritos e permanecem<br />
dentro dos sapais ou são exporta<strong>da</strong>s para águas costeiras (Pozo e Colino, 1992; Flint et<br />
al, 1999; Peterson, 1999). Entretanto, de acordo com Lillebo et al. (1999) a macrofauna<br />
bentónica tem um importante papel no fluxo dos nutrientes no ecossistema do sapal e o<br />
55
qual pode funcionar como escoadouro para excessos destes nutrientes, que de outra<br />
maneira seria exporta<strong>da</strong> para a água costeiras.<br />
Segundo alguns autores (Barnes, 1976; Gray, 1981; Baker e Wolff, 1987;<br />
Kramer et al., 1994), existem vários métodos para recolher amostras de comuni<strong>da</strong>des de<br />
macroinvertebrados, com especifici<strong>da</strong>de próprias, tendo em conta o material disponível<br />
e o tipo de estudo de análise requeri<strong>da</strong> (qualitativa ou quantitativa), <strong>da</strong>s características<br />
do local (tipo de substrato, profundi<strong>da</strong>de, veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> corrente) e o objectivo do<br />
estudo (inventário <strong>da</strong>s espécies, determinação de densi<strong>da</strong>des populacionais, estimativas<br />
de produtivi<strong>da</strong>de ou cálculo de índices bióticos).<br />
De acordo com Hackney et al.(1976) e Hackney (1977), os sapais podem ser<br />
divididos em diversos subhabitats adjacentes importantes, tais como, a superfície do<br />
sapal irregularmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>, incluindo as poças; superfície interti<strong>da</strong>l do sapal<br />
regularmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>; ensea<strong>da</strong> interdital do sapal; ensea<strong>da</strong> subti<strong>da</strong>l do sapal e margem<br />
<strong>da</strong> baía do sapal (por exemplo áreas de banco de areia <strong>da</strong> baía directamente limita<strong>da</strong>s<br />
com o sapal).<br />
Para as amostragens dos sedimentos na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal, sempre<br />
em maré cheia (preia-mar), escolheu-se uma draga tipo van Veen, contudo a sua<br />
utilização pode desencadear uma série de problemas, devido à sua pressão ser,<br />
geralmente, assimétrica e sua profundi<strong>da</strong>de de penetração variar, consideravelmente,<br />
conforme o tipo de sedimento envolvido (se o substrato for excessivamente fino, a<br />
draga é usa<strong>da</strong> na sua máxima capaci<strong>da</strong>de; por outro lado, se o substrato for demasiado<br />
grosseiro, volume menores podem ser colhidos. Assim, devido aos vários tipos de<br />
sedimentos, nem sempre o volume <strong>da</strong>s amostras foram os mesmos, podendo assim,<br />
influenciar na caracterização dos animais bentónicos.<br />
A estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados bentónicos é um reflexo<br />
dos numerosos processos e factores operando no espaço e no tempo (Barnes e Hughes,<br />
1999). Para se fazer uma breve comparação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />
bentónicos, escolheu-se o estuário do rio Mondego por este apresentar algumas<br />
características pareci<strong>da</strong>s com a zona do sapal do presente estudo, como por exemplo<br />
uma área coberta com macrófitas. Este estuário localiza-se mais a sul de Portugal, com<br />
uma área de 3,3 km 2 . Está inserido em uma zona muito conturba<strong>da</strong> a qual recebe muitas<br />
descargas de nutrientes e químicos de áreas de agricultura. Há ain<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>des de<br />
dragagens, causando distúrbios no fundo, activi<strong>da</strong>des industriais e muitas salinas,<br />
estando assim vulnerável aos fenómenos de eutrofização (Marques et al., 1993). Para<br />
56
além <strong>da</strong> existência de zonas de sapal com Spartina maritima e Zostera noltii, que em<br />
determina<strong>da</strong>s épocas do ano podem cobrir uma parte significante <strong>da</strong> zona eulitoral, em<br />
determina<strong>da</strong>s épocas do ano, acontece também blooms de macroalgas de Enteromorpha<br />
spp. provavelmente como resultado <strong>da</strong> influência de nutrientes provenientes do vale do<br />
rio para o interior do estuário.<br />
Ao longo de um ciclo sazonal de amostragem, a zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal<br />
do estuário do rio Minho apresentou na totali<strong>da</strong>de 37 taxa. Estes estão distribuídos em<br />
11 Crustáceos (30%), 10 Anelídeos (27%), 10 Insectos (27%), 4 Moluscos (11%), 1<br />
sipuncula (3%) e 1 Peixe (3%). Para se ter uma análise mais realista, a comparação<br />
entre os estuários foi realiza<strong>da</strong> apenas com os mesmos períodos realizados em comum<br />
(Verão e Inverno) e nas estações de amostragens caracteriza<strong>da</strong>s exclusivamente com<br />
sedimentos moles. Porém, o método de amostragem utilizado no trabalho do estuário do<br />
Mondego foi diferente do utilizado do estudo actual. Foi uma técnica a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> descrita<br />
por Dexter (1979; 1983) para areias de praia, utilizando-se em ca<strong>da</strong> nível um corer<br />
manual, ca<strong>da</strong> um correspondendo a 141 cm 2 e aproxima<strong>da</strong>mente e 3 litros de sedimento.<br />
É de referir que no estuário do Mondego, foram identificados 24 taxa (27%), de<br />
90 taxa no total, encontrados exclusivamente em substratos moles (Marques et al.,<br />
1993), enquanto que na área do sapal do Minho foram identificados 30 taxa (81%),<br />
ambos nos períodos do Verão e Inverno, apresentando assim uma maior riqueza<br />
específica, o que sugere que nos fundos moles <strong>da</strong> zona do sapal do Minho caracterizou-<br />
se por apresentar mais tipos de substratos disponíveis, disponibilizando assim um maior<br />
número de nichos capazes de abrigar um maior número de taxa, já que a granulometria<br />
do sedimento é um factor determinante na distribuição <strong>da</strong>s espécies de<br />
macroinvertebrados bentónicos (Buchanan e Kain, 1971; Boesch, 1973; MacCall, 1977;<br />
Warwick et al., 1991; Meire et al., 1994). Dos 24 taxa recolhidos nos sedimentos moles,<br />
somente 10 taxa (42%) foram encontrados em comum nos dois estuários, tais como<br />
Hediste diversicolor, Capitela capitata, Melita palmata, Carcinus maenas, Crangon<br />
crangon, entre outras. No período do Inverno, no estuário do Mondego encontrou-se 34<br />
taxa (38%), enquanto que no Verão foi 19 taxa (21%) e na zona do sapal do Minho<br />
encontrou-se 27 taxa (73%) no período do Verão e 26 taxa (70%) no período do<br />
Inverno, o que sugere que no sapal do Minho, entre estes dois períodos, não houve uma<br />
variação sazonal <strong>da</strong> composição <strong>da</strong>s espécies tão significativa quanto reflectiu o estuário<br />
do Mondego (Marques et al., 1993).<br />
57
As estações de amostragens mais profun<strong>da</strong>s na zona do sapal do Minho foram as<br />
estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura. Devido às diferentes<br />
profundi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s entre to<strong>da</strong>s as estações de amostragens, as estações de<br />
amostragens mais profun<strong>da</strong>s, estiveram mais propícias a penetração <strong>da</strong> maré mais rápi<strong>da</strong><br />
e dependendo do cau<strong>da</strong>l do rio, estas estações estiveram também mais propícias às<br />
influências <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> de água doce. As estações localiza<strong>da</strong>s mais internas (nos canais<br />
do sapal) foram caracteriza<strong>da</strong>s por serem de menor profundi<strong>da</strong>de e por tais influências<br />
serem menores. Comparando estas estações de amostragem com as encontra<strong>da</strong>s no<br />
estuário do Mondego, este também obteve o mesmo padrão hidrodinâmico. Ou seja, as<br />
estações localiza<strong>da</strong>s no braço norte, onde há um porto de grande importância comercial<br />
para a região, foram caracteriza<strong>da</strong>s por serem mais profun<strong>da</strong>s em relação as estações do<br />
braço sul, estando assim mais propícias a uma penetração mais rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maré e o braço<br />
sul com pouca entra<strong>da</strong> de água doce (Marques, 1989). Além disso, as estações<br />
localiza<strong>da</strong>s no braço norte e áreas próximas <strong>da</strong> boca, obtiveram os valores <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de<br />
mais uniformes (embora baixos por terem sido durante a maré baixa), o que tem<br />
semelhanças com as estações de amostragens localiza<strong>da</strong>s no canal do rio Coura e<br />
próximas <strong>da</strong> influência <strong>da</strong>s águas salinas, por apresentaram os valores de salini<strong>da</strong>de<br />
também uniformes em todos os períodos sazonais, embora com valores altos.<br />
Comparando-se ain<strong>da</strong> os valores <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água no período do Verão<br />
em ambos os estuários, verifica-se que o estuário do Mondego apresentou uma<br />
correlação mais directa com a profundi<strong>da</strong>de, ou seja, as estações de amostragens mais<br />
internas e de menores profundi<strong>da</strong>des obtiveram os valores mais elevados, contudo esta<br />
mesma correlação não foi encontra<strong>da</strong> no sapal do Minho, o qual não obteve este tipo de<br />
padrão tanto no Verão quanto nos outros períodos do ano.<br />
No estuário do Mondego, as fracções do sedimento obtiveram resultados<br />
similares em consideração aos períodos de Inverno e Verão, o que não aconteceu com<br />
os resultados obtidos na área do sapal do Minho, os quais obtiveram maiores oscilações<br />
em todos os períodos sazonais do ano, principalmente entre as estações de amostragens.<br />
Na área do sapal do Minho, os maiores conteúdos de matéria orgânica foram nas<br />
estações de amostragens mais internas (localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal), o mesmo<br />
acontece com as estações de amostragens em ambos os braços no estuário do Mondego.<br />
Algumas destas estações de amostragens são nas áreas do sapal cobertas pelas<br />
vegetações de Spartina maritima e Zostera noltii no braço sul.<br />
58
Ao caracterizar as estações de amostragem <strong>da</strong> zona do sapal do Minho, verifica-<br />
se que as estações mais próximas <strong>da</strong>s influências <strong>da</strong>s águas salinas, como a estação 1 e<br />
7, foram coloniza<strong>da</strong>s por espécies com características marinhas, uma vez que a<br />
salini<strong>da</strong>de manteve-se com valores altos e relativamente constantes em todos os<br />
períodos sazonais do ano. Esta influência <strong>da</strong> maré fez-se notar principalmente no<br />
período do Verão, onde o cau<strong>da</strong>l do rio é menor. A espécie com características<br />
eurihalinas e euritérmicas, Scrobicularia plana, registou a maior densi<strong>da</strong>de na estação 1<br />
(125 indivíduos.m -2 ) em relação às outras estações de amostragem, durante o período do<br />
Verão, e na estação 7, S. plana obteve a maior densi<strong>da</strong>de no período do Outono (105<br />
indivíduos.m -2 ) e Inverno (30 indivíduos.m -2 ) em relação às outras estações de<br />
amostragem. Para esta espécie, nos períodos do Inverno e <strong>da</strong> Primavera, não se<br />
obtiveram densi<strong>da</strong>des muito significativas em nenhuma <strong>da</strong>s estações de amostragem.<br />
Populações de Hediste diversicolor (estação 1), em todos os períodos sazonais,<br />
apresentou densi<strong>da</strong>des maiores em relação as outras espécies e na estação 7, obteve-se<br />
uma maior densi<strong>da</strong>de apenas no Verão. Para Scolelepis squamata obteve-se a segun<strong>da</strong><br />
maior densi<strong>da</strong>de (estação 1) em relação as outras espécies no Verão. Esta espécie obteve<br />
uma densi<strong>da</strong>de maior (1495 indivíduos.m -2 ) no período do Outono (estação 7) em<br />
relação às outras espécies. A espécie C. carinata, nesta mesma estação, exibiu as<br />
maiores densi<strong>da</strong>des no Inverno (420 indivíduos.m -2 ) e Primavera (90 indivíduos.m -2 ).<br />
As estações 1 e 7 foram caracteriza<strong>da</strong>s por fracções arenosas e pouco conteúdos de<br />
matéria orgânica.<br />
Nas estações 2 e 3 localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura, são<br />
caracteriza<strong>da</strong>s pela maior profundi<strong>da</strong>de em relação às estações de amostragens mais<br />
internas, onde a influência <strong>da</strong> maré ain<strong>da</strong> se faz sentir com preponderância em<br />
determina<strong>da</strong>s épocas do ano, principalmente no período do Verão. Algumas espécies<br />
marinhas oportunistas, como Capitella capitata esteve presente, que se dominantes, são<br />
reconheci<strong>da</strong>s como indicadoras de comuni<strong>da</strong>des perturba<strong>da</strong>s (Pearson e Rosenberg,<br />
1978; Rygg, 1985). Populações de C. carinata exibiu uma grande densi<strong>da</strong>de na estação<br />
2 em todos os períodos sazonais, excepto na Primavera, a qual foi ultrapassa<strong>da</strong> por H.<br />
diversicolor (1145 indivíduos. m -2 ). A maior densi<strong>da</strong>de para C. carinata (estação 2) foi<br />
no Verão com 1545 indivíduos.m -2 . Taxa típicos de ambientes de água doce como<br />
Chironomi<strong>da</strong>e, Elmi<strong>da</strong>e, Lumbriculi<strong>da</strong>e e Naidi<strong>da</strong>e estiveram presentes em<br />
determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Chironomi<strong>da</strong>e, apareceu em todos os períodos sazonais<br />
(estações 2 e 3); Elmi<strong>da</strong>e, no Outono e Inverno (estação 2) e no Verão e Outono<br />
59
(estação 3); Lumbriculi<strong>da</strong>e, no Outono e Primavera (estação 2) e no Outono e<br />
Primavera (estação 3) e Naidi<strong>da</strong>e somente no Outono (estação 2 e 3). Tanto na estação<br />
2 quanto na 3, os crustáceos foram mais representativos (mais números de taxa) em<br />
relação às outras estações de amostragens. Na estação 3, populações de C. carinata<br />
exibiu as maiores densi<strong>da</strong>des em relação às outras espécies, principalmente no Verão<br />
(1270 indivíduos.m -2 ). Contudo, no Inverno, foi ultrapassa<strong>da</strong> por populações de Melita<br />
palmata (290 indivíduos.m -2 ). Também na estação 3, foi coloniza<strong>da</strong> pelos mesmos taxa<br />
típicos de água doce encontrados na estação 2. Os Insectos foram mais representados na<br />
estação 3 no período do Outono, em relação a to<strong>da</strong>s as outras estações de amostragens<br />
na zona do sapal. Populações de Corbicula fluminea (espécie invasora de água doce)<br />
apareceram exclusivamente na estação 3 nos períodos de Verão (35 indivíduos.m -2 ),<br />
Outono (55 indivíduos.m -2 ) e Inverno (55 indivíduos.m -2 ). A salini<strong>da</strong>de, nas estações 2 e<br />
3, teve oscilações bastantes relevantes durante o ciclo <strong>da</strong>s estações do ano, apresentando<br />
valores em torno de 0 nos períodos mais frios (Outono e Inverno), sugerindo que os<br />
valores <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de influenciou substancialmente estas duas estações de amostragens.<br />
As texturas de sedimentos foram na maior parte do ano representa<strong>da</strong>s por cascalho e<br />
areias com texturas grossas (consequentemente baixos teores de matéria orgânica), o<br />
que pode ter influenciado para uma maior colonização de taxa de crustáceos em relação<br />
às outras estações de amostragens.<br />
A estação 4 localiza-se em uma <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s dos canais do sapal e esta muito<br />
próxima <strong>da</strong>s influências <strong>da</strong>s águas salinas, principalmente no período do Verão.<br />
Contudo, seus valores oscilaram de acordo com a época do ano. As espécies que mais<br />
representaram esta estação foram C. carinata, C. capitata, Lumbriculi<strong>da</strong>e, S. squamata<br />
e H. diversicolor no períodos do Verão e Outono. No Inverno C. carinata, H.<br />
diversicolor, S. squamata e Lumbriculi<strong>da</strong>e. Na Primavera foram somente os taxa<br />
Corophium sp. e Chironomi<strong>da</strong>e. Esta estação teve uma características muito particular,<br />
<strong>da</strong>do que os organismos não seguiram os mesmos padrões de distribuições <strong>da</strong>s outras<br />
estações que estiveram mais influencia<strong>da</strong>s pelas águas salinas. O tipo de sedimento<br />
predominante foi arenoso com fracções mais grossas.<br />
No geral, as estações de amostragens mais internas, nos canais dos sapais<br />
(nomea<strong>da</strong>mente as estações 5, 6, 8, 9 e 10), foram caracteriza<strong>da</strong>s pela presença de<br />
sedimentos com fracções mais finas e altos conteúdos de matéria orgânica, contudo tais<br />
características oscilaram de acordo com a época do ano. A maioria destas estações<br />
apresentaram profundi<strong>da</strong>des menores em relação às outras estações de amostragens e<br />
60
com uma concentração maior <strong>da</strong>s plantas do sapal, o que sugere correntes mais suaves<br />
nestes canais. Segundo Stumpf (1983) e Stevenson et al.(1988), a cobertura vegetal<br />
sobre a superfície do sapal tem um papel duplo, primeiramente, a vegetação poderá<br />
reduzir a veloci<strong>da</strong>de do fluxo <strong>da</strong> água próximo <strong>da</strong> superfície, o que aumentará a<br />
oportuni<strong>da</strong>de do seu crescimento e secun<strong>da</strong>riamente, a biomassa de suas próprias raízes<br />
aju<strong>da</strong>rá no aumento <strong>da</strong> estabilização do material que já tenha sido depositado. Há<br />
também uma relação próxima entre a altura <strong>da</strong> vegetação e a retar<strong>da</strong>mento do fluxo de<br />
água (Boorman, et al., 1998). Em relação aos factores abióticos, a salini<strong>da</strong>de e textura<br />
do sedimento sofreram grandes oscilações tanto nestas estações de amostragens quanto<br />
pela época do ano. Comparando-se estas estações de amostragens (5, 6, 8, 9 e 10), no<br />
Verão, a maior densi<strong>da</strong>de foi para as populações de S. squamata (1080 indivíduos.m -2 )<br />
na estação 5. No Outono, a maior densi<strong>da</strong>de foi para populações de H. diversicolor (780<br />
indivíduos.m -2 ) na estação 9. No Inverno foi S. squamata (210 indivíduos.m -2 ) na<br />
estação 8 e na Primavera Alkmaria romijni (120 indivíduos.m -2 ) na estação 6. As<br />
espécies mais representativas para estas estações de amostragens foram: H. diversicolor,<br />
S. squamata, A . romijni e Streblospio shrubsoli.<br />
Verifica-se uma abundância média de 1273,125 indivíduos.m -2 na área do sapal<br />
do Minho em todos os períodos sazonais, com uma maior abundância no período do<br />
Verão (1 977,5 indivíduos.m -2 ). No Inverno abundância foi de 744 indivíduos.m -2 . Já no<br />
estuário do Mondego, no Verão foi 2287,4 indivíduos.m -2 e 3801,5 indivíduos.m -2 no<br />
Inverno (Marques et al., 1993). Estes valores mais altos no estuário do Mondego pode<br />
ser devido ao número de estações de amostragens terem sido quase o dobro (19<br />
estações) em relação ao sapal do Minho (com apenas 10 estações de amostragens) e no<br />
Período do Inverno, teve uma alta contribuição <strong>da</strong> espécie Hydrobia ulvae. As espécies<br />
que tiveram as maiores abundância no estuário do Mondego, foi Hediste diversicolor<br />
(890 indivíduos.m -2 ) no Verão e H. ulvae (1980 indivíduos.m -2 ) no Inverno, o que difere<br />
com o estuário em estudo, o qual apresentou a espécie Scolelepis squamata (427<br />
indivíduos.m -2 ) no Verão e Cyathura carinata (286 indivíduos.m -2 ) no Inverno.<br />
Em to<strong>da</strong> a zona do sapal do estuário do rio Minho, as espécies que obtiveram as<br />
maiores abundâncias, foram: S. squamata (427 indivíduos.m -2 ) no Verão e 473<br />
indivíduos.m -2 no Outono, a espécie C. carinata (286 indivíduos.m -2 ) no Inverno e a<br />
espécie e H. diversicolor na Primavera (162,5 indivíduos.m -2 ). Populações de S.<br />
squamata ocupa todo tipo de sedimento, mas parece estar liga<strong>da</strong> a zonas pobres em<br />
matéria orgânica. Trata-se ain<strong>da</strong> de uma espécie euriahalina, cujos valores inferiores de<br />
61
salini<strong>da</strong>de podem situar na escala mesohalina. Preferem fundos bem oxigenados e a sua<br />
época <strong>da</strong> reprodução é na Primavera e Verão (Amoureux, 1967; Maze,1987; López et<br />
al., 1989). Para Amoureux (1967) a ligeira tolerância às partículas finas é o factor mais<br />
determinante na sua distribuição. Segundo Michaelis et al. (1992) C. carinata e H.<br />
diversicolor são espécies considera<strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>deiramente, estuarinas. De acordo com<br />
Ferreira et al. (2004), C. carinata é mais abun<strong>da</strong>nte em áreas eutróficas, onde blooms de<br />
macroalgas usualmente ocorrem. Sua reprodução é estendi<strong>da</strong> através de todo o Verão.<br />
Os valores do índice de Shannon-Wiener mantiveram-se sempre baixos e em<br />
to<strong>da</strong>s as estações de amostragens, variando em relação à época do ano. Este índice<br />
demonstrou, ain<strong>da</strong>, que em determina<strong>da</strong>s épocas do ano, a estação de amostragem mais<br />
a montante (estação 3), ou seja, a que teve mais influência <strong>da</strong>s águas doces, obteve<br />
oscilações significativas em relação a sua biodiversi<strong>da</strong>de. No período <strong>da</strong> Primavera, esta<br />
estação, teve um domínio quase completo de uma única espécie (C. carinata). Contudo,<br />
no geral, este índice de diversi<strong>da</strong>de não teve um padrão a seguir. Tanto os maiores<br />
valores quanto os menores foram representados nos mesmos períodos do ano, só<br />
variando em determina<strong>da</strong>s estações de amostragens. O período do Verão apresentou-se<br />
com os valores do índice em geral constantes, excepto na estação 9 que teve um relativo<br />
declínio. Esta estação, em todos os períodos do ano, excepto na Primavera, sempre<br />
declinou em relação a sua biodiversi<strong>da</strong>de.<br />
Segundo o gráfico MSD verificou-se a presença de 5 grupos faunísticos<br />
diferentes entre si. Porém, a similari<strong>da</strong>de interna entre as estações de amostragem nestes<br />
grupos faunísticos foi baixa, devido à diferenças abióticas a nível sazonal ou entre as<br />
diferentes estações de amostragem. O grupo A caracterizou-se pelas estações 2 e 3<br />
localiza<strong>da</strong>s no rio Coura mais a montante em relação às outras estações deste mesmo<br />
rio, as quais como já foram menciona<strong>da</strong>s anteriormente foram caracteriza<strong>da</strong>s pela alta<br />
profundi<strong>da</strong>de em relação às outras estações de amostragem e com condições<br />
hidrodinâmicas menos estáveis. E pela estação 4 localiza<strong>da</strong> em uma <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s dos<br />
canais do sapal, relativamente menos profun<strong>da</strong> do que estas duas anteriores. O grupo B,<br />
de acordo com a curva de k-dominância, teve uma contribuição de mais de 80% do<br />
crustáceo C. carinata. Esta estação de amostragem é de referir que encontrou-se num<br />
sítio onde ocorrem grandes oscilações hidrodinâmicas, principalmente em relação à<br />
salini<strong>da</strong>de, a qual apresentou um maior valor na Primavera do que em relação aos outros<br />
períodos do ano. Comparando-se esta estação de amostragem neste período com<br />
períodos diferentes, verifica-se que na Primavera ocorre uma redução do número de<br />
62
espécies, quase pela metade. O grupo C caracterizou-se por apresentar to<strong>da</strong>s as estações<br />
localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal e com uma baixa veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s correntes de marés o<br />
que acabou contribuindo para que na maioria destas estações ocorresse depósitos de<br />
finos e consequentemente de matéria orgânica. O grupo D foi caracterizado por algumas<br />
estações de amostragens com grande instabili<strong>da</strong>de hidrodinâmica, alguma sob<br />
influências <strong>da</strong>s águas salinas e por fracções de sedimentos mais grosseiros, por motivos<br />
já mencionados anteriormente e por outras estações localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal e<br />
com características de sedimentos mais finos; Grupo E foram caracteriza<strong>da</strong>s por<br />
estações com fracções de sedimentos finos e localiza<strong>da</strong>s no canal do sapal.<br />
A distribuição padrão <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de macrobentónica pareceu ter modificações<br />
espaciais e principalmente sazonais, mu<strong>da</strong>ndo de uma comuni<strong>da</strong>de rica em termos de<br />
abundância e diversi<strong>da</strong>de durante os períodos Verão e Outono (1977,5 indivíduos.m -2 e<br />
1869 indivíduos.m -2 , respectivamente) e em algumas estações de amostragens, tais<br />
como a 2, 3 e 4 para uma comuni<strong>da</strong>de menos ricas em termos de abundância e<br />
diversi<strong>da</strong>de nos períodos do Inverno e Primavera e nas estações 9 e 10. Estas diferenças<br />
poderão estar relaciona<strong>da</strong>s com fenómenos de recrutamento que segundo Gray (1981),<br />
no final <strong>da</strong> Primavera e início do Verão tem-se uma relativa estabili<strong>da</strong>de, não só em<br />
termos hidrológicos, mas também em termos biológicos. Esta relativa estabili<strong>da</strong>de<br />
resulta, essencialmente, <strong>da</strong> constância do meio e do facto de se tratar de um período<br />
estável, no que diz respeito aos povoamentos de macroinvertebrados bentónicos, depois<br />
<strong>da</strong> fase de instabili<strong>da</strong>de, tem termos temporais e espaciais, associa<strong>da</strong> ao recrutamento e<br />
às correspondentes condições ambientais. Também pode ser aos fenómenos de<br />
eutrofização, o qual o aumento do decaimento <strong>da</strong>s folhas do sapal nos meses mais frios,<br />
aumentará os conteúdos de matéria orgânica no meio, tornando o meio organicamente<br />
enriquecido e diminuindo assim as condições propícias a vi<strong>da</strong> dos organismos<br />
bentónicos. O aumento <strong>da</strong> concentração de nutrientes no meio pode levar à proliferação<br />
de macroalgas verdes oportunistas, que podem cobrir vastas áreas interditais presentes<br />
nos estuários (Lillebo et al., 1999). O aumento <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong>s macroalgas e possível<br />
mu<strong>da</strong>nça dos outros produtores primários presentes no sistema, como resultado <strong>da</strong><br />
eutrofização, podem ter efeitos profundos nas populações dos organismos bênticos,<br />
devido à desoxigenação dos sedimentos (Desprez et al., 1992; Tapp et al., 1993; Everett<br />
et al., 1994; Azeiteiro et al., 1999). Nos canais do sapal mais para o interior junto as<br />
reentrâncias são mais susceptíveis a mu<strong>da</strong>nças ambientais, provoca<strong>da</strong>s pelo excesso de<br />
nutrientes.<br />
63
Existem numerosos factores abióticos que determinam a diversi<strong>da</strong>de e<br />
distribuição espaço-temporal dos macroinvertebrados bentónicos. Estes factores podem<br />
ser divididos em três principais grupos: aqueles de escala global afectando a distribuição<br />
biogeográfica; aqueles de média escala, relacionados com estuários, como água,<br />
salini<strong>da</strong>de, saturação do oxigénio, acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, condições de poluição, etc, e<br />
finalmente aqueles de pequena escala como profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
corrente, características do sedimento etc. (Woff, 1983). Pelas análises do CLUSTER e<br />
MDS <strong>da</strong>s figuras 12 e 13, verifica-se que as comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />
bentónicos presentes na zona subti<strong>da</strong>l do sapal do estuário do rio Minho são controla<strong>da</strong>s<br />
pelos factores abióticos, principalmente associados ao tipo de textura do sedimento.<br />
Estas características podem ter influências <strong>da</strong>s condições hidrodinâmicas do local.<br />
Segundo Zajac e Whitlach (1982) em pequena escala, as características do sedimento<br />
são factores abióticos com grande capaci<strong>da</strong>de de controlar os processos ecológicos <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des bentónicas. Um outro factor abiótico que também contribuiu para a<br />
distribuição dos organismos foi a salini<strong>da</strong>de.<br />
Pelas as análises <strong>da</strong>s curvas de K-dominância verificou-se que as comuni<strong>da</strong>des<br />
bênticas, presentes na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio Minho, foram<br />
domina<strong>da</strong>s pelas espécies Cyathura carinata, Hediste diversicolor e Scolelepis<br />
squamata.<br />
64
6. Conclusão<br />
Foram identificados 37 taxa, ao longo dos diferentes períodos do ano (2005-<br />
2006). Os principais grupos representativos foram os Crustáceos (30%), Anelídeos<br />
(27%), Insectos (27%) e Moluscos (11%).<br />
Houve diferenças entre grupos de estações localiza<strong>da</strong>s em três situações<br />
hidrodinâmicas diferentes, tais como: 1) estações localiza<strong>da</strong>s na foz do rio Coura e nas<br />
suas proximi<strong>da</strong>des; 2) estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura; 3)<br />
estações localiza<strong>da</strong>s no interior dos canais do sapal. As principais diferenças foram<br />
regista<strong>da</strong>s na abundância, biodiversi<strong>da</strong>de, textura de sedimento e influência <strong>da</strong> água<br />
costeira.<br />
A salini<strong>da</strong>de foi o factor controlador mais importante <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des bentónicas nas estações mais influencia<strong>da</strong>s pela maré, enquanto que a<br />
textura do sedimento pareceu ser o factor mais importante nas estações mais internas<br />
dos canais do sapal, enquanto que a influência do oxigénio dissolvido, pH e temperatura<br />
foi menos clara na distribuição <strong>da</strong> macrofauna bentónica.<br />
As estações de amostragens com grande influência <strong>da</strong> maré, foram coloniza<strong>da</strong>s<br />
pela espécie Scrobicularia plana com uma maior abundância em comparação às outras<br />
estações de amostragens em determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Outras espécies<br />
representativas foram: H. diversicolor, Scolelepis squamata e Cyathura carinata.<br />
As espécies representativas nas estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do<br />
rio Coura, foram C. carinata, H. diversicolor e M. Palmata. Em determina<strong>da</strong>s épocas<br />
do ano, estas estações foram coloniza<strong>da</strong>s por espécies típicas de ambientes de água doce<br />
tais como: Chironomi<strong>da</strong>e, Elmi<strong>da</strong>e, Lumbriculi<strong>da</strong>e e Naidi<strong>da</strong>e. Indivíduos<br />
pertencentes à espécie Corbicula fluminea apareceram exclusivamente na estação 3 nos<br />
períodos do Verão, Outono e Inverno.<br />
As espécies mais representativas nas estações no canal do sapal foram: S.<br />
squamata, H. diversicolor, Alkmaria romijni e Streblospio shrubsoli. No geral,<br />
caracterizaram-se pela fracções mais finas e altos conteúdos de matéria orgânica,<br />
oscilando de acordo com a época do ano.<br />
A abundância média anual foi de 1273 indivíduos.m -2 , tendo a abundância média<br />
máxima sido regista<strong>da</strong> no Verão com 1977,5 indivíduos.m -2 . As espécies mais<br />
abun<strong>da</strong>ntes foram: 1) Scolelepis squamata com uma abundância média de 427<br />
indivíduos.m -2 no Verão e 473 indivíduos.m -2 no Outono; 2) Cyathura carinata com<br />
65
uma abundância média de 286 indivíduos.m -2 no Inverno; 3) Hediste diversicolor uma<br />
abundância média de 162, 5 indivíduos.m -2 na Primavera.<br />
Os valores do índice de Shannon-Wiener mantiveram-se sempre baixos e<br />
variaram em relação à época do ano, em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem. Contudo, no<br />
geral, este índice de diversi<strong>da</strong>de não teve um padrão regular.<br />
A distribuição padrão <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de macrobentónica teve modificações<br />
espaciais e principalmente sazonais, mu<strong>da</strong>ndo de uma comuni<strong>da</strong>de rica em termos de<br />
abundância e diversi<strong>da</strong>de durante os períodos Verão e Outono (1977,5 indivíduos.m -2 e<br />
1869 indivíduos.m -2 , respectivamente) para uma comuni<strong>da</strong>de menos ricas em termos de<br />
abundância e diversi<strong>da</strong>de nos períodos do Inverno e Primavera (744 indivíduos.m -2 e<br />
502 indivíduos.m -2 ).<br />
Verificou-se que a maioria <strong>da</strong>s estações de amostragens não estavam ain<strong>da</strong> tão<br />
afecta<strong>da</strong>s pelas activi<strong>da</strong>des humanas e apresentaram condições favoráveis ao<br />
desenvolvimento de populações ver<strong>da</strong>deiramente estuarinas, tais como H. diversicolor e<br />
C. carinata.<br />
Algumas espécies encontra<strong>da</strong>s poderão desempenhar funções ecológicas<br />
fun<strong>da</strong>mentais dentro do sapal dos rios Minho e Coura. Espécies como H. diversicolor,<br />
C. carinata são uma fonte de alimento importante para níveis tróficos superiores,<br />
nomea<strong>da</strong>mente peixes bentónicos (e.g. Platichthys flesus) e para aves limícolas (e.g.<br />
Numenius arquata; Calidris canutus). Adicionalmente, estas espécies poderão servir<br />
como espécies sentinela em futuros trabalhos de ecotoxicologia.<br />
Será relevante em trabalhos futuros realizar estudos adicionais em todos os<br />
outros tipos de habitats desta área do sapal, tais como os habitats interti<strong>da</strong>is com e sem<br />
cobertura vegetal, para obter uma compreensão e caracterização mais completa deste<br />
ecossistema.<br />
Os resultados deste trabalho poderão ser um ponto de referência para trabalhos<br />
futuros, pois caracterizou-se as suas principais espécies e suas abundância.<br />
66
NY.<br />
7. Bibliografia<br />
A<strong>da</strong>m P: Salt Marsh Ecology. Cambridge University Press, 1990, New York,<br />
Allam AI, Hollis JP: Sulfide inhibition of oxi<strong>da</strong>ses in rice roots. Phytopathology,<br />
1972, 62: 634-639.<br />
Almei<strong>da</strong> AJT: Estrutura dinâmica e produção <strong>da</strong> macrofauna acompanhante dos<br />
povoamentos de Zostera boltii e Zostera marina do estuário do rio Mira. Tese de<br />
doutoramento. Facul<strong>da</strong>de de Ciências <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Lisboa, 1988: 1-363.<br />
Alves AM: Causas e processos <strong>da</strong> dinâmica sedimentar na evolução actual do<br />
litoral do Alto Minho. Tese de doutoramento. Universi<strong>da</strong>de do Minho, 1996: 1-442.<br />
Alves E: Plano de Bacia Hidrográfica do rio Minho: Análise e Diagnóstico <strong>da</strong><br />
Situação Actual. Anexo 11 - Situações Hidrológicas Extremas - Cheias. Relatório<br />
53/00-NHE, 2000, Lisboa, LNEC.<br />
Amoureux L: Etude bionomique et écologique de quelques Annélides<br />
Polychètes des sables interti<strong>da</strong>ux des côtes Ouest de la France. Archives de Zoologie<br />
Experimentale Generale, 1967, 107 (1): 1-218.<br />
Anadón R: Estudio ecológico de la playa de La Foz, Ría de Vigo, España,<br />
durante los años 1973-1975. Tesis Doctoral. Universi<strong>da</strong>d Complutense de Madrid,<br />
1977:1-192.<br />
Anderson FE: The Northern muddy interti<strong>da</strong>l: a seasonally changing source of<br />
suspended sediments to estuarine waters. A review. Canadian Journal of Fisheries and<br />
Aquatic Sciences, 1983, 40(1): 143-159.<br />
Anderson DA, Glibert PM, Burkholder JM: Harmful algal blooms and<br />
eutrophication: Nutrient sources, composition, and consequences. Estuaries 2002,<br />
25(4B): 704-726.<br />
Anon: Interpretation manual of European Unior habitas. EUR 15/2 October.<br />
European Commision, 1999, Brussels.<br />
Antunes JC, Weber M: Abun<strong>da</strong>nce and distribution of eels (A. anguilla) in rio<br />
Minho. Internationale Revue fuer Hydrobiologie, 1990a, 75 (6): 1-795.<br />
67
Asensio AI, Gómez Miran<strong>da</strong> MMJ: Oceanografía física: Factores que<br />
condicionan la dinámica litoral en la Ría del Eo. Cuadernos <strong>da</strong> Area de Ciencias<br />
Mariñas. Seminario de Estudos Galegos, 1984, 1:79-90.<br />
Azeiteiro UMM, Marques JC: Temporal and spatial structure in the suprabenthic<br />
community of a shallow estuary (Western Portugal: Mondego river estuary). Acta<br />
Oecologica. International Journal of Ecology, 1999, 20:333-342.<br />
Baker JM, Wolff WJ: Biological surveys of estuarines and coats. EBSA<br />
Handbook. Cambridge Univ. Press, 1987: 1-449.<br />
Bärlocher F, Newell SY e Arsuffi TL: Digestion of Spartina alterniflora Loisel<br />
material with and without fungal constituents by the periwinkle Littorina irrorata Say<br />
(Mollusca: Gastropo<strong>da</strong>). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 1989b,<br />
130: 45-53.<br />
Barnes RSK: Estuarine Biology. London. Edward Arnold Ld. (ed), 1976: 1-77.<br />
Barnes RSK: The brackish-water fauna of Northwestern Europe. Cambridge<br />
University Press, 1994, 1-287.<br />
Barnes RSK, Hughes RN: An introduction to marine ecology. Oxford (3rd ed.).<br />
Blackwell Scientific Publications, 1999: 1-286.<br />
Beatley T, Brower DJ, Schwab AK: An Introduction to Coastal Zone<br />
Management. Second edition. Island Press, 2002, Washington.<br />
Bell SS, Coull BC: Field evidence that shrimp pre<strong>da</strong>tion regulates meiofauna.<br />
Oecologia 1978, 35:141-148.<br />
Bella DA: Environmental considerations for estuarine benthal systems. Water<br />
Research, 1972, 6: 1409-1418.<br />
Bergbauer M, Newell SY: Contribution to lignocellulose degra<strong>da</strong>tion and DOC<br />
formation from a salt marsh macrophyte by the ascomycete Phaeosphaeria spartinicola.<br />
FEMS Microbiology Ecology 1992, 86: 341-348.<br />
Bertness MD, Ellison AM: Determinants of pattern in a New England salt marsh<br />
plant community. Ecological Monographs 1987, 57(2): 129-147.<br />
Bertness MD: Zonation of Spartina patens and Spartina alterniflora in a New<br />
England salt marsh. Ecology, 1991b, 72(1): 138-148.<br />
Bertness MD, Yeh SM: Cooperative and competitive interactions in the<br />
recruitment of marsh elders. Ecology, 1994, 75: 2416-2429.<br />
Bertness MD: The Ecology of Atlantic Shorelines. Sinauer Associates Inc.,1999,<br />
Sunderland, MA.<br />
68
Bettencourt A, Gomes V, Dias A, Ferreira G, Silva MC, Linho C: Estuários<br />
Portugueses. Ministério <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, ordenamento do território e ambiente. Instituto <strong>da</strong><br />
água. Tema tratado no âmbito do plano nacional <strong>da</strong> água. Direcção de Serviços do<br />
Planeamento, 2003.<br />
Boesch DF, Rosenberg R: Response to stress in marine benthic communities. In<br />
G. W. Barrett e R. Rosenberg (ed), Stress effects on natural ecosystems, Chichester.<br />
Hohn Wiley & Sons, 1981: 179-198.<br />
Boorman LA, Garbutt A, Barratt D: The role of vegetation in determining<br />
patterns of the accretion of salt marsh sediment. In: Sedimentary Processes in the<br />
Interti<strong>da</strong>l Zone. Geological Society of London Special Publication, 1998:(139) 389-399.<br />
Bradley PM, Dunn EL: Effects of sulfide on the growth of three salt marsh<br />
halophytes of the southeastern United States. American Journal of Botany, 1989,<br />
76(12): 1707-1713.<br />
Braul TS, Bourget E: Structural changes in an estuarine subti<strong>da</strong>l epibenthic<br />
community: biotic and physical causes. Marine Ecology Progress Series, 1985, 21: 63-<br />
73.<br />
Boesch DF: Classification and community structure of macrobenthos Hampton<br />
Roads area, Virginia. Marine Biology, 1973, 21:226-244.<br />
Bowen JL, Valiela I: The ecological effects of urbanization of coastal<br />
watersheds: historical increases in nitrogen loads and eutrophications of Waquoit Bay<br />
estuaries. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 2001, 58: 1489-1500.<br />
Breitburg D: Effects of hypoxia, and the balance between hypoxia and<br />
enrichment, on coastal fishes and fisheries. Estuaries, 2002, 25(4B): 767-781.<br />
Buchanan JB, Kain JM: Measurement of the physical and chemical<br />
environment. In Holme N. A. & McIntyre A. D. (ed), Methods for the study of marine<br />
benthos. Oxford and Edinburgh. Blackwell Scientific Publications, 1971: 30-58.<br />
Callaway RM, Walker LR: Competition and facilitation: A synthetic approach to<br />
interactions in plant communities. Ecology, 1997, 78(7): 1958-1965.<br />
Canfield TJ, Kemble NE, Brumnaugh WG, Dwyer FJ, Ingersoll JF, Fairchild<br />
CG: Use of benthic invertebrates community structure and the Sediment Quality Triad<br />
to evaluate metal-contaminated sediment in the upper Clark Fork River, Montana.<br />
Environmental Toxicology and Chemistry, 1994, 13(12): 1999-2012.<br />
69
Capitoli RR, Bemvenuti CE, Gianuca NM: Estudos de ecologia bentónica na<br />
região estuarina <strong>da</strong> Lagoa dos Patos. I- As comuni<strong>da</strong>des bentónicas. Rio Grande.<br />
Atlântica, 1978, 3: 5-22.<br />
Cavalieri AJ, Huang AHC: Evaluation of proline accumulation in the a<strong>da</strong>ptation<br />
of diverse species of marsh halophytes to the saline environment. American Journal of<br />
Botany 1981, 66(3): 307-312.<br />
161.<br />
Clarck RB, Frid C, Attrill M: Marine Pollution. Oxfrod. Claredon Press, 1997:1-<br />
Clarke KR, Warwick RM: Changes in marine communities: an approach to<br />
statistical analysis and interpretation. Plymouth. Natural Environmetal Research<br />
Council 1994, 1 – 234.<br />
Clarke KR, Warwick RM: Changes in marine communities: An Approach to<br />
Statistical Analysis and Interpretation, 2 nd edition. PRIMER-E Ltd, Phymouth Marine<br />
Laboratory, 2001,UK.<br />
Cloern JE: Does the benthos phytoplankton biomass in South San Francisco<br />
Bay. Marine Ecology Progress Series, 1982: 191-202.<br />
Barcelona.<br />
Cognetti G, Sarà M, Magazzù G: Biologia marinha. Ariel Ciencia, 2001: 609,<br />
Connell JH: The influence of interspecific competition and other factors on the<br />
distribution of the barnacle Chthamalus stellatus. Ecology, 1961, 42: 710-723.<br />
Costa MJ: O estuário do Tejo. Livros Cotovia, 1999.<br />
Costa FO, Costa MH: Life history of the amphipod Gammarus locusta in the<br />
Sado estuary (Portugal). Acta Oecologica. International Journal of Ecology, 1999, 20:<br />
305-314.<br />
York.<br />
Daiber FC: Animals of the Ti<strong>da</strong>l Marsh. Van Nostrand Reinhold Co, 1982, New<br />
Dankers N, Binshergen K, Zegers, Laane R, Van der Loeff M R: Transportation<br />
of water, particulate and dissolved organic and inorganic: water between a salt marsh<br />
and the Ems-Dollard estuary, the Netherlands. Estuarine Coastal and Shelf Science,<br />
1984, 19: 143-165.<br />
Day W, Hall AS, Kemp W, Yánez-Arancibia A: Estuarine Ecology. Wiley-<br />
Interscience Publication, 1989: 1-558, New York.<br />
70
Deegan L: Nutrient and energy transport between estuaries and coastal marine<br />
ecosystems by fish migration. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences,<br />
1993, 50: 74-79.<br />
DeLaune RD, Smith CJ, Patrick WH: Relationship of marsh elevation, redox<br />
potential and sulfide to Spartina alterniflora productivity. Soil Science Society of<br />
America Journal, 1983, 47: 930-935.<br />
Denno RF, Douglass LW, Jacobs D: Effects of crowding and host plant nutrition<br />
on a wing-dimorphic planthopper. Ecology, 1986, 67: 116-123.<br />
Desprez R, Rybarczyk H, Wilson JG, Ducrotoy P, Sueur F, Olivesi R, Elkaim B:<br />
Biological impact of eutrophication in the Bay of Somme and the induction and impact<br />
anoxia. Neth. Sea Research, 1992, 30:149-159.<br />
Dexter DM: Community structure and seasonal variation in interti<strong>da</strong>l Panamian<br />
sandy beaches. Estuarine and Coastal Marine Science, 1979, 9:543-558.<br />
Dexter DM: Community structure of interti<strong>da</strong>l sandy beaches in New South<br />
Wales, Australia. In Sandy beaches as ecosystems. A. McLachlan and T. Erasmus Ed.,<br />
W. Junk Publishers, The Hague, 1983: 461-472.<br />
Diez J: Introducción al estudio geomorfológico y de los procesos litorales en la<br />
Ría de Foz. Revista de Obras Públicas,1980: 941-952.<br />
1997: 1-191.<br />
Dyer K: Estuaries a Physical introduction. New York. John Wiley & Sons,<br />
Ellison AM: Effects of competition, disturbance, and herbivory on Salicornia<br />
europea. Ecology, 1987, 68: 576-586.<br />
Enriques E, Duarte CM, Sand-Jensen K: Partterns in decomposition rates among<br />
photosynthetic organisms: the importance of detritus C:N:P. Oecologia,1993, 94: 457-<br />
471.<br />
Everett RA: Macroalgae in marine soft-sediment communities: effects on<br />
benthic faunal assemblages. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology,<br />
1994, 175: 253-274.<br />
Ezequiel AM, López GG: Assoreamento do Estuário do Rio Minho. Definição<br />
de Estuários a Realizar, GT Técnico Misto para o Estudo do Assoreamento do Estuário<br />
do Rio Minho. Comissão Internacional de Limites entre Portugal e Espanha, 2000.<br />
Fairbridge RW: The estuary: its definition and geodynamic cycle. In Olausson E.<br />
& Cato I. (ed), Chemistry and Biogeochemistry of Estuaries, 1980: 1-35, Wieley New<br />
York<br />
71
Farinha JC, Trin<strong>da</strong>de A: Contribuição para o inventário e caracterização de<br />
zonas húmi<strong>da</strong>s em Portugal continental. Medwet, ICN, 1994.<br />
Ferreira SM, Par<strong>da</strong>l MA, Lillebo AI, Cardoso PG, Marques JC: Population<br />
dynamic of Cyathura carinata (Isopo<strong>da</strong>) in eutrophic temperate estuary. Estuarine,<br />
Coastal and Shelf Science, 2004, 61: 669-677.<br />
Fi<strong>da</strong>lgo ML, Barbosa I: Estuário do Minho. Principais Características <strong>da</strong>s suas<br />
Águas, in 4ª Conferência Nacional sobre Quali<strong>da</strong>de do Ambiente, Lisboa, 6 a 8 de<br />
Abril. Vol. III, FC&T Universi<strong>da</strong>de Nova de Lisboa, 1994.<br />
Fi<strong>da</strong>lgo ML, Barbosa I, Santos MT: Bacteriological Characterization of the<br />
Minho Estuary: Preliminary Data. Litoral 94, 1994: 26-29, Lisboa.<br />
Fi<strong>da</strong>lgo ML, Correia ML: Estudo de avaliação <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />
de recepção <strong>da</strong>s águas e zonas costeiras em Portugal. Meios receptores e suas<br />
características. Estuários e sistemas lagunares. Região Norte. IZAN & ICBAS, 1995,<br />
Porto, Portugal.<br />
Fi<strong>da</strong>lgo ML: Contribution to the Ecological Characterization of the River Minho<br />
estuary (Northern Portugal). Marz. Verh. International Limmologie, 1998, 26: 1448-<br />
1451.<br />
Flint RW, Kalke RD: Biological enhancement of estuarine benthic community<br />
structure. Marine Ecology Progress Series, 1986, 36: 251-262.<br />
Flint MR, Par<strong>da</strong>l MA, Lillebo AI, Martins I Marques JC: Nutrient cycling and<br />
plant dynamic in estuaries: A brief review. Acta Oecologica. International Journal of<br />
Ecology, 1999, 20: 237-248.<br />
Ford MA, Grace JB: Effects of vertebrate herbivores on soil processes, plant<br />
biomass, litter accumulation and soil elevational changes in a coastal marsh. Journal of<br />
Ecology, 1998, 86: 974-982.<br />
Foster WA: The distribution of the sealavender aphid Staticobium staticis on a<br />
marine saltmarsh and its effect on host plant fitness. Oikos, 1984, 42: 97-104.<br />
Furbish CE, Albano M: Selective herbivory and plant community structure in a<br />
Mid-Atlantic salt marsh. Ecology, 1994, 75(4): 1015-1022.<br />
Gallagher JL: Effect of an ammonium nitrate pulse on the growth and elemental<br />
composition of natural stands of Spartina alterniflora and Juncus roemerianus.<br />
American Journal of Botany, 1975, 62(6): 644-648.<br />
72
Gamboa M: Plano de Bacia Hidrográfica do rio Minho: Análise e Diagnóstico<br />
<strong>da</strong> Situação Actual, Anexo 1 - Análise Biofísica, Parte III - Clima. Relatório 318/99-<br />
GHi, LNEC, 1999, Dezembro, Lisboa.<br />
Gaston GR, Nasci JC: Trophic structure of macrobenthic communities in the<br />
Calcasieu Estuary, Louisiana. Estuaries, 1998, 3: 201-211.<br />
Goni MA, Thomas KA: Sources and Transformations of Organic Matter in<br />
Surface Soils and Sediments from a Ti<strong>da</strong>l Estuary (North Inlet, South Carolina, USA).<br />
Estuaries, 2000, 4: 548-564.<br />
Gough L, Grace JB: Herbivore effects on plant species density at varying<br />
productivity levels. Ecology, 1998, 79(5): 1586-1594.<br />
Graca MA, Newell SY, Kneib RT: Grazing rates of organic matter and living<br />
fungal biomass of decaying Spartina alterniflora by three species of salt-marsh<br />
invertebrates. Marine Biology, 2000, 136: 281-289.<br />
Gray JS: The ecology of marine sediments. An introduction to the structure and<br />
fuction of benthic communities. Cambridge Studies in Modern Biology, 1981, 2: 1-185.<br />
Gray JS, Pearson TH: Objective selection of sensitive species indicative of<br />
pollution-induced change in benthic communities. I. Comparative methodology. Marine<br />
Ecology Progress Series, 1982, 9: 111-119.<br />
Gratton C, Denno RF: Inter-year carryover effects of a nutrient pulse on<br />
Spartina plants, herbivores, and natural enemies. Ecology, 2003, 84(10): 2692-2707.<br />
Greiner La Peyre, MK, Grace JB, Hahn E, Mendelssohn IA: The importance of<br />
competition in regulating plant species abun<strong>da</strong>nce along a salinity gradient. Ecology,<br />
2001, 82(1): 62-69.<br />
Sons, 1979.<br />
Grime JP: Plant Strategies and Vegetation Processes. New York. John Wiley &<br />
Hackney CT, Burbanck WD, Hackney OP: Biological and physical dynamics of<br />
a Georgia ti<strong>da</strong>l creek. Chesapeake Science, 1976, 17: 271-280.<br />
Hackney CT: Energy flux in a ti<strong>da</strong>l creek draining an irregularly flooded Juncus<br />
Marsh. Ph. D. Thesis, Mississippi State University, 1977.<br />
Haines BL, Dunn EL: Growth and resource allocation responses of Spartina<br />
Alterniflora Loisel to three levels of NH4-N, Fe, and NaCl in solution culture. Botanical<br />
Gazette, 1976, 137(3): 224-230.<br />
73
Haines EB, Chalmers RB, Hanson RB, Sherr B: Nitrogen pools and fluxes in a<br />
Georgia Salt marsh. In: Wiley, M. (ed.), Estuarine Processes. Academic Press, 1977, 2:<br />
241-254, New York.<br />
Harley CDG, Bertness MD: Structural interdependence: An ecological<br />
consequence of morphological responses to crowding in marsh plants. Functional<br />
Ecology, 1996, 10: 654-661.<br />
1977.<br />
Harper JL: Population Biology of Plants. New York, NY. A<strong>da</strong>demic Press,<br />
Heip C: Eutrophication and zoobenthos dynamics. Ophelia 1995, 41: 113-136.<br />
Herman PMJ, Middelburg JJ, van de Koppel J, Heio CHR: Ecology of estuarine<br />
macrobenthos. Advances in Ecological Research, 1999, 29: 195-240.<br />
Hilly C : Variabilité de la macrofauna benthique <strong>da</strong>ns les milieux hyper-<br />
trophiques de la Rade de Brest. Ph.D, Tesis, Univ. Bretagne Occidentable, 1984:1-359,<br />
France.<br />
Howes BL, Howarth RW, Valiela I, Teal JM: Oxi<strong>da</strong>tion-reduction potentials in a<br />
salt marsh; spatial patterns and interactions with primary production. Limnology and<br />
Oceanography, 1981, 26: 350-360.<br />
Houston M., Lowthion D, Soulsby PG: The identification and evaluation of<br />
benthic macroinvertebrate assemblages in an industrialised estuary – Southampton<br />
Water, U.K., using a longterm, low level sampling strategy. Marine Environmental<br />
Research, 1983, 10: 189-207.<br />
Huckle JM, Potter JA, Marrs RH: Influence of environmental factors on the<br />
growth and interaction between salt marsh plants: effects of salinity, sediment and<br />
waterlogging. Journal of Ecology, 2000, 88: 492-505.<br />
Ipieca: International Petroleum Industry Environmental Conservation<br />
Associaion Biological Impacts of Oil Pollution: Salmarshes. 1994: 1-22.<br />
Jeffries RL: Growth responses of coastal halophytes to inorganic nitrogen.<br />
Journal of Ecology, 1977, 65(3): 847-865.<br />
Boston, MA.<br />
Keddy PA: Competition. Second edition. Kluwer Academic Publishers, 2001,<br />
Kennish MJ: Ecology of estuaries. Flori<strong>da</strong>, Vol. II: 1-391. Biological Aspects.<br />
CRC Press, 1990<br />
74
Kerbes RH, Kotanen PM, Jeffries RL: Destruction of wetland habitats by lesser<br />
snow geese: A keystone species on the west coast of Hudson Bay. Journal of Applied<br />
Ecology, 1990, 27: 242-258.<br />
King GM, Klug MJ, Wiegert RG, Chalmers AG: Relation of soil water<br />
movement and sulfide concentration to Spartina alterniflora production in a Georgia<br />
salt marsh. Science, 1982, 218: 61-63.<br />
Kneib RT: The Role of Ti<strong>da</strong>l Marshes in the Ecology of Estuarine Nekton. In:<br />
A.D. Ansell, R.N. Gibson, and M. Barnes (eds), Oceanography and Marine Biology: an<br />
Annual Review. UCL Press, 1997, 35: 163-220.<br />
Kneib RT, Newell SY, Hermeno ET: Survival, growth and reproduction of the<br />
salt-marsh amphipod Uhlorchestia spartinophila reared on natural diets of senescent<br />
and dead Spartina alterniflora leaves. Marine Biology, 1997, 128: 423-431.<br />
Koch MS, Mendelssohn IA, McKee KL: Mechanism for the hydrogen sulfide-<br />
induced growth limitation in wetland macrophytes. Limnology and Oceanography,<br />
1990, 35: 399-408.<br />
1986:1- 289.<br />
Knox GA: Estuarine Ecosystems: A systems Approach. Vol.1. CRC Press Inc,<br />
Kramer KLM, Brockmann UH, Warwick RM: Ti<strong>da</strong>l estuarines. A. Balkema<br />
Rotter<strong>da</strong>m. Manual of sampling and analytical procedure, 1994: 1-304.<br />
Lambshead PJD, Platt HM, Shaw KM: The detection of differences among<br />
assemblages of marine benthic species based on an assessment of dominance and<br />
diversity. Journal of Natural History, 1983, 17: 859 – 874.<br />
Lammens EJ, Van Eeden MJ: Waardebepaling van een schor langs de<br />
Oosterschelde met betrekking tot zijn moglijke voor voedset bijdrage tot het estuarium<br />
in de vorm van detritus Studentenvershag DI. Delta Intitut voor Hydrobiologische<br />
Onderzoek, 1977: 1-41, Yerseke<br />
Lana PC: Organismos bénticos e activi<strong>da</strong>des de monitoramento. In:<br />
Oceanografia Biológica Bentos. Diagnóstico Ambiental Oceânico e Costeiro <strong>da</strong>s<br />
Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Vol. VI. Convénio PETROBRÁS-FUNDESPA.<br />
Coordenador: Ike<strong>da</strong>, 1994:10-21.<br />
Lefeuvre JC, Laffaille P, Feunteun E, Bouchard V, Radureau A: Biodiversity in<br />
salt marshes: from patrimonial value to ecosystem functioning. The case study of the<br />
Mont-Saint-Michel Bay. Comptes Rendus Biologies, 2003, 326 : 125-131.<br />
75
Levinton JS: Biotic Diversity in the Ocean. In: Marine Biology. Function,<br />
Biodiversity, Ecology. Oxford University Press, 1995, 1-420, New York.<br />
Press, 1972.<br />
Levitt J: Responses of Plants to Environmental Stresses. New York, Academic<br />
Lillebo AI, Par<strong>da</strong>l MA, Marques JC: Populations structure, dynamics and<br />
production of Hydobia ulvae (Pennant) (Mollusca: Prosobranchia) along an<br />
eutrophication gradient in the Mondego estuary (Portugal). Acta Oecologica.<br />
International Journal of Ecology, 1999, 20: 289-304.<br />
López CI, Viéitez JM, Díaz PF: Tipos de comuni<strong>da</strong>des bentónicas de la playa<br />
del Puntal (Bahia de Santander). Cahiers de Biologie Marine, 1989, 23:53-69.<br />
Loureiro JM et al : Monografias Hidrológicas dos Principais Cursos de Água de<br />
Portugal Continental, DGRAH, SEARN, MPAT, 1986.<br />
Maes J, Taillieu A, Van Damme PA, Cottenie K, Ollevier F: Seasonal patterns in<br />
the fish and crustacean community of a turbid temperate estuary (Zeeschelde Estuary,<br />
Belgium). Estuarine and Coastal Marine Science, 1998, 47: 143-151.<br />
Marques JC: Importância dos Anfípodes nas comuni<strong>da</strong>des bentónicas do<br />
estuário do Mondego. In Amphipo<strong>da</strong> (Crustacea) bentonicos <strong>da</strong> Costa Portuguesa:<br />
Estudo taxonómico, ecológico e biogeográfico. Tese Doutor. Ecologia Animal. Univ.<br />
Coimbra, 1989, 57-187.<br />
Marques JC, Maranhão P, Par<strong>da</strong>l MA: Human impact assessment on the subti<strong>da</strong>l<br />
macrobenthic community structure in the Mondego estuary (Western Portugal).<br />
Estuarine, Coastal and Shelf Science, 1993b, 37: 403-419.<br />
Marques JC, Rodrigues LB, Nogueira AJA: Interdital macrobenthic<br />
communities structure in the Mondego estuary (Western Portugal): Reference situation.<br />
Vie Milieu, 1993, 43 (2-3): 177-187.<br />
Marques RP, Valério P, Araújo MF: Avaliação <strong>da</strong> Contaminação por Cobre,<br />
Zinco e Chumbo em Sedimentos dos Rios Minho, Lima, Cávado, Ave e Douro, in 1º<br />
Simpósio Interdisciplinar de Processos Estuarinos. Universi<strong>da</strong>de do Algarve,1998, Faro.<br />
MacCall PL: Community patterns and a<strong>da</strong>ptive strategies of the infaunal benthos<br />
of Long Island Sound. Journal of Marine Research, 1977, 35 (2): 221-266.<br />
Maze RA: Estudio ecológico de la macrofauna bentônica intermareal y del<br />
banco natural de Donax trunculus L. en la Ría del Barquero. Tesis Doctoral,<br />
Universi<strong>da</strong>d de León, 1987:1-209.<br />
76
Maze RA, Lastra M, Mora J: Macrozoobenthos del estuario del Miño (NO de<br />
España), Publ. Espec. Instituto Español de Oceanografía, 1993, 11: 283-290.<br />
McClelland JW, Valiela I, Robert HM: Nitrogen-stable isotope signatures in<br />
estuarine food webs: A record of increasing urbanization in coastal watersheds.<br />
Limnology and Oceanography, 1997, 42(5): 930-937.<br />
McLusky D: The estuarine ecosystem. Blackie & Son (ed), Glasgow and<br />
London, 1989: 1-250.<br />
Mees J, Hamerlynck O: Spatial community structure of the winter hyperbenthos<br />
of the Schelde-estuary, The Netherlands, and adjacent coastal waters. Netherlands<br />
Journal of Sea Research, 1992, 29: 357-370.<br />
Meire PM, Seys JJ, Buijs J, Coosen J: Spatial and temporal patterns of interti<strong>da</strong>l<br />
macrobenthic populations in the Oosterschelde: are they influenced by the construction<br />
of the storm-surge barrier? Hydrobiologia, 1994, 282/283: 157-182.<br />
Mendelssohn IA: Nitrogen metabolism in the height forms of Spartina<br />
alterniflora in North Carolina. Ecology, 1979, 60(3): 574-584.<br />
Mendelssohn IA, Morris JT: Eco-physiological controls on the productivity of<br />
Spartina alterniflora Loisel. In: M.P. Weinstein and D.A. Kreeger, Concepts and<br />
Controversies in Ti<strong>da</strong>l Marsh Ecology. Boston Kluwer Academic Publishers, 2000.<br />
Menge BA: Organization of the New England rocky interti<strong>da</strong>l community: role<br />
of pre<strong>da</strong>tion, competition, and environmental heterogeneity. Ecological Monographs,<br />
1976, 46: 355-393.<br />
Michaelis H, Fock H, Grotjahn M, Post D: The status of the interti<strong>da</strong>l zoobenthic<br />
brackish-water in estuaries of the German Bight. Netherlands Journal of Sea Research,<br />
1992, 30: 201-207.<br />
Micheli F, Polis GA, Boersma PD., Hixon MA, Norse EA, Snelgrove PVR,<br />
Soulé ME: Human Alteration of Food Webs, Chapter 3. In: M.E. Soulé and G.H. Orians<br />
(eds), Conservation Biology: Research Priorities for the Next Decade: 31-51.<br />
Washington. Island Press, 2001.<br />
Minton MD: Coastal wetland restoration and its potential impact on fishery<br />
resources in the Northeastern United States. American Fisheries Society Symposium,<br />
1999, 22: 405-420.<br />
Mora J: Poblaciones bentônicas de la Ría de Arosa. Tesis Doctoral. Universi<strong>da</strong>d<br />
de Santiago de Compostela, 1980: 1-335.<br />
77
Montague CL: A natural history of temperate western Atlantic fiddler crabs with<br />
reference to their impact on salt marshes. Contributions in Marine Science, 1980, 23:<br />
25-55.<br />
Montague CL, Wiegert RG: Salt marshes. In: R.L. Myers and J.J. Ewel (eds.),<br />
Ecosystems of Flori<strong>da</strong>: 481-516. Orlando. University of Central Flori<strong>da</strong> Press, 1990.<br />
Mulholland MM, Otte ML: The effects of nitrogen supply and salinity on<br />
[DMSP], [glycine betaine], and [proline] concentrations in leaves of Spartina anglica.<br />
Aquatic Botany, 2001, 71: 63-70.<br />
Newell SY, Fallon RD, Miller JD: Decomposition and microbial dynamics for<br />
standing, naturally positioned leaves of the salt-marsh grass Spartina alterniflora.<br />
Marine Biology, 1989, 101: 471-481.<br />
Newell SY, Fallon RD: Toward a method for measuring instantaneous fungal<br />
growth rates in field samples. Ecology, 1991, 72 (5): 1547-1559.<br />
Newell SY: Decomposition of Shoots of a Salt-Marsh Grass: Methodology and<br />
Dynamics of Microbial Assemblages. In: J.G. Jones (ed). Advances in Microbial<br />
Ecology. Plenum Press, 1993, 13: 301-326, New York.<br />
Newell SY, Bärlocher F: Removal of fungal and total organic matter from<br />
decaying cordgrass leaves by shredder snails. Journal of Experimental Marine Biology<br />
and Ecology, 1993, 171: 39-49.<br />
Newell SY: Established and potential impacts of eukaryotic mycelial<br />
decomposers in marine/terrestrial ecotones. Journal of Experimental Marine Biology<br />
and Ecology, 1996, 200: 187-206.<br />
Newell SY, Arsuffi TL, Palm LA: Seasonal and vertical demography of dead<br />
portions of shoots of smooth cordgrass in a south-temperate saltmarsh. Aquatic Botany,<br />
1998, 60: 325-335.<br />
Niering WA, Warren RS: Vegetation patterns and processes in New England salt<br />
marshes. BioScience, 1980, 30(5): 301-307.<br />
Nixon SW: Between coastal marshes and waters – a review of twenty years of<br />
speculation and research on the role of salt marsh in estuarine productivity and water<br />
chemistry. In: Hamilton, P. and MacDonald, K. B. (eds). Estuarine and Wetland<br />
Processes, 1980: 437-525, New York.<br />
Nixon SW: Between coastal marshes and waters: A review of twenty years of<br />
marshes in estuarine productivity and water chemistry. In: P. Hamilton and K.B, 1981.<br />
78
Nixon SW, Buckley BA: “A Strikingly Rich Zone” – Nutrient enrichment and<br />
secon<strong>da</strong>ry production in coastal marine ecosystems. Estuaries, 2002, 25(4B): 782-796.<br />
Nuñez E: La importancia ornitológica del estuario del Rio Miño. Cyanopica,<br />
1981, 3: 351-373.<br />
Nuñez E: Observações de aves na Ínsua. Cyanopica, 1985, 2: 58-61.<br />
Odum EP: The role of ti<strong>da</strong>l marshes in estuarine production. The N. Y. State<br />
Conservationist, 1961, 15: 12-15.<br />
Odum EP, de la Cruz A: Particulate organic detritus in a Georgia salt marsh-<br />
estuarine system. In: G.H. Lauff (ed.), AAAS Publication 83, Wahington. Estuaries,<br />
1967: 383-385.<br />
Odum EP: The status of three ecosystem level hypotheses regarding salt<br />
marshes: ti<strong>da</strong>l subsidy, outwelling, and the detritus based food chain. In: V.S. Kennedy<br />
(ed), Estuarine Perspectives. Academic Press, 1980, NY.<br />
Odum EP: Fun<strong>da</strong>mentals of Ecology, 5º ed. Fun<strong>da</strong>ção Gulbenkian, 1997: 1-925.<br />
Oliveira NG: Contagens de aves aquáticas no Norte de Portugal. Notas e<br />
Relatórios do NPEPVS, 1980, (1): 5-18.<br />
Oliveira IBM: Erosão Costeira no Litoral Norte. Considerações sobre a sua<br />
Génese e Controlo. Actas do 1º Simpósio sobre protecção e revalorização f<strong>da</strong> faixa<br />
costeira do Minho ao Liz, 1990: 167-177, Porto.<br />
Packham JR, Willis AJ: Ecology of Dunes, Salt Marsh and Shingle. Chapman &<br />
Hall, 1997, UK.<br />
Paerl HW, Dennis RL, Whitall DR: Atmospheric deposition of nitrogen:<br />
Implications for nutrient over-enrichment of coastal waters. Estuaries, 2002, 25(4B):<br />
677-693.<br />
Paine RT: Interti<strong>da</strong>l community structure: experimental studies on the<br />
relationship between a dominant competitor and its principle pre<strong>da</strong>tor. Oecologia, 1974,<br />
15: 93-120.<br />
Paz A, Taboa<strong>da</strong> MT, Neira X, Gonzalez MA, Dafone J: The influence of climate<br />
and soil water content on supplementary irrigation requirements in Galicia (Spain). In<br />
Hydrologie <strong>da</strong>ns les Pays Celtiques, Rennes (France), 8-11 Juillet. Eds INRA (Les<br />
Colloques nº 79), 1996: 409, Paris.<br />
Pearson TH, Rosenberg R: Macrobenthic succession in relation to organic<br />
enrichment and pollution of marine environment. Oceanography and Marine Biology.<br />
An Annual Review, 1978, 16: 229-311.<br />
79
Peierls BL, Caraco NF, Pace ML, Cole JJ: Human influence on river nitrogen.<br />
Nature, 1991, 350: 386-387.<br />
Pennings SC, Richards CL: Effects of wrack burial in salt-stressed habitats:<br />
Batis maritima in a southwest Atlantic salt marsh. Ecography, 1998, 21: 630-638.<br />
Pennings SC, Bertness MD: Salt Marsh Communities. Chapter 11: 289-316. In:<br />
M.D. Bertness, S.D. Gaines, and M.D. Hay (eds.), Marine Community Ecology. Sinauer<br />
Associates Inc., 2001, Sunderland, MA.<br />
Perillo G: Geomorphology and Sedimentology of Estuaries. Elsevier, 1995: 1-<br />
471, Amster<strong>da</strong>m.<br />
Peterson BJ: Stable isotopes as tracers of organic matter input and transfer in<br />
benthic food webs: A review. Acta Oecologica. International Journal of Ecology, 1999,<br />
20: 479- 487.<br />
Pfeiffer WJ, Wiegert RG: Grazers on Spartina and their pre<strong>da</strong>tors. In: L.R.<br />
Pomeroy and R.G. Wiegert (eds.), Springer-Verlag, New York. The Ecology of a Salt<br />
Marsh, 1981: 87-112.<br />
52: 908-911.<br />
Phleger CF: Effect of salinity on growth of a salt marsh grass. Ecology, 1971,<br />
Planas M: Dinámica de las poblaciones de la macrofauna bentônica intermareal<br />
de la ensena<strong>da</strong> de Lourizán-Ría de Pontevedra. Tesis Doctoral. Universi<strong>da</strong>d de Santiago<br />
de Compostela, 1986: 1-532.<br />
Plano <strong>da</strong> Bacia Hidrográfica do rio Minho. Instituto <strong>da</strong> Água. Ministério do<br />
Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. INAG, 2000.<br />
Pomeroy LR: Detritus and its role as a Food Source. In Barnes R. K. & Mann K.<br />
H. (ed), Fun<strong>da</strong>mentals of Aquatic Ecology. Brackwell Scientific Publications, 1980: 1-<br />
225.<br />
Pozo J, Colino R: Decomposition processes of Spartina marítima in a salt marsh<br />
of the Basque Country. Hydrobiologia, 1992, 231: 165-175.<br />
Press MC, Graves JD (eds): Parasitic Plants. Chapman and Hall, 1995, London.<br />
Rabalais NN, Turner RE, Wiseman WJ: The Gulf of Mexico Hypoxia, a.k.a.<br />
“The Dead Zone”. The Annual Review of Ecology and Systematic, 2002,33: 235-263.<br />
Rand TA: Seed dispersal, habitat suitability and the distribution of halophytes<br />
across a salt marsh ti<strong>da</strong>l gradient. Journal of Ecology, 2000, 88: 608-621.<br />
Redfield AC: Development of a New England salt marsh. Ecological<br />
Monographs, 1972, 42: 201-237.<br />
80
Reish DJ: Benthic invertebrates as indicators of marine pollution. Oceans, 1986,<br />
86 (3): 885-888.<br />
Remane A, Schlieper C: Biology of brackish water. New York. John Wiley and<br />
Sons, Inc., 1971: 1-372.<br />
Rhoads DC: Organism-sediment relations on the muddy sea floor.<br />
Oceanography and Marine Biology. An Annual Review, 1974, 12: 263-300.<br />
Roman M, Tenore KR: Detritus dynamics in aquatic ecosystems: an overview.<br />
Bull Mar Sci, 1984, 35:257–260.<br />
Rosa Filho JS, Bemvenuti CE: Caracterización de las comuni<strong>da</strong>des<br />
macrobentónicas de fondos blandos en regiones estuarinas de Rio Grande do Sul<br />
(Brasil). Thalassas, 1998a, 14: 43-56.<br />
Rygg B: Distribution of species along pollution induced diversity gradients in<br />
benthic communities in Norwegian Fjords. Marine Pollution Bulletin, 1985, 16 (12):<br />
469-474.<br />
Santos et al. (1995) – Cit.º in Fi<strong>da</strong>lgo et al (1995).<br />
Santos MA, Gamboa M: Plano de Bacia Hidrográfica do rio Minho: Análise e<br />
Diagnóstico <strong>da</strong> Situação Actual, Anexo 11 - Situações Hidrológicas Extremas - Secas.<br />
Relatório 287/99-GHi, LNEC, 1999, Lisboa.<br />
Schlesinger WH, Clark JS, Mohan CD, Reid: Global Environmental Change,<br />
Chapter 9. In: M.E. Soulé and G.H. Orians (eds), Conservtion Biology: Research<br />
Priorities for the Next Decade. Island Press, 2001, Washington.<br />
Smalley AE: Energy flow of a salt marsh grasshopper population. Ecology,<br />
1960, 41: 785-790.<br />
Smith TJIII, Odum WE: The effects of grazing by snow geese on coastal salt<br />
marshes. Ecology, 1981, 62: 98-106.<br />
Soulé ME, Orians GH: Introduction, Chapter 1. In: M.E. Soulé and G.H. Orians<br />
(eds), Conservation Biology: Research Priorities for the Next Decade. Island Press,<br />
2001: 1-9, Washington.<br />
Sousa RG: Estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados bentónicos<br />
presentes no estuário do rio Lima. Tese de mestrado. Universi<strong>da</strong>de do Porto, 2003:1-<br />
148.<br />
Sorbe JC : La macrofaune vagile de l`estuaire de la Gironde. Distribution et<br />
migration des espèces. Modes de reproduction. Régimes alimentares. Oceanis. 1981, 6:<br />
579-592.<br />
81
Stevenson JC, Ward LG, Kearney MS: Sediment transport and trapping in marsh<br />
systems: implications of ti<strong>da</strong>l flow studies. Marine Geology, 1988, 80: 37–59.<br />
Stumpf RJ: The process of sedimentation on the surface of a salt marsh.<br />
Estuarine, Coastal and Shelf Science, 1983,17:495–508.<br />
Tapp JF, Shilabeer N, Ashman CM: Continued observations of the benthic of<br />
industrialized Tees estuary 1979-1990. Journal of Experimental Marine Biology and<br />
Ecology, 1993, 172: 67-80.<br />
43: 614-624.<br />
Teal JM: Energy flow in the salt marsh ecosystem of Georgia. Ecology, 1962,<br />
Teal JM: The ecology of regularly flooded salt marshes of New England: A<br />
community profile. Fish and Wildlife Service, Division of Biological Services.<br />
Washington. D. C. Biological Repon, 1986, 85(7.4).<br />
Thiel R, Potter IC: The ichthyofaunal composition of the Elbe estuary: an<br />
analysis in space and time. Marine Biology, 2001,138: 603-616.<br />
Tober J, Fritz C, LaBrecque E, Behr PJ, Valiela I: Abun<strong>da</strong>nce, biomass, and<br />
species richness of fish communities in relation to nitrogen-loading rates of Waquoit<br />
Bay Estuaries. Biological Bulletin, 1996, 191: 321-322.<br />
Ulanowicz RE, Tuttle JH: The trophic consequences of oyster stock<br />
rehabilitation in Chesapeake Bay. Estuaries, 1992, 15: 298-306.<br />
Valiela I, Teal JM: Nutrient limitation in salt marsh vegetation. In: R.J. Reimold<br />
and W.H. Queen (eds.), Ecology of Halophytes: 547-563. New York: Academic Press,<br />
1974.<br />
Vale C, Catarino FM, Cortesão C, Caçador MI: Presence of metal-rich<br />
rhizoconcretions on the roots os Spartina marítima from the salt marshes of Tagus<br />
estuary, Portugal. Science of the Total Environment, 1990, 97/98-617-26.<br />
Valiela I, Teal JM, Sass WJ: Production and dynamics of salt marsh vegetation<br />
and the effects of experimental treatment with sewage sludge. Biomass, production and<br />
species composition. Journal of Applied Ecology, 1975, 12(3): 973-981.<br />
York.<br />
Valiela I: Marine Ecological Processes. Second edition. Springer, 1995, New<br />
Valiela I, Bowen JL: Nitrogen sources to watersheds and estuaries: role of land<br />
cover mosaics and losses within watersheds. Environmental Pollution, 2002, 118: 239-<br />
248.<br />
82
Valiela I, Cole ML: Comparative evidence that salt marshes may protect<br />
seagrass meadows from land-derived nitrogen loads. Ecosystems, 2002, 5: 92-102.<br />
Vegter F: Phytoplankton production in the Grevelingen estuary in relation to<br />
nutrient cycles. 10 th European Symposium on Marine Biology, 1975, Ostende.<br />
Vilas F, Somoza L: El Estudo del Miño: Observaciones previas de su dinamica.<br />
Thalassas, 1984, 2: 87-92.<br />
Vitousek PM: Beyond global warming: Ecology and global change. Ecology,<br />
1994, 75(7): 1861-1876.<br />
Warwick RM: A new method for detecting pollution effects on marine<br />
macrobenthic communties. Marine Biology, 1986, 92: 557-562.<br />
Warwick RM, Goss-Custard JD, Kirby R, George CL, Pope ND, Rowden AA:<br />
Static and dynamic environmental factors determining the community structure of<br />
estuarine macrobenthos in SW Britain: why is the Severn estuary dufferent? Journal of<br />
Applied Ecology, 1991, 28:329-345.<br />
Weber M: Para a estrutura do ecossistema do Estuário do Rio Minho. Resumo<br />
de Tese de Doutoramento, ICBAS,1988, Porto.<br />
Weisberg SB, Ranasingue JA, Dauer DM., Scaffner LC., Diaz RJ, Frithsen JB:<br />
An estuarine benthic index of biotic integrity (B-IBI) for Chesapeake Bay. Estuaries,<br />
1997, 20 (1): 149-158.<br />
2003: 1-8.<br />
Wenner E: Dynamics of the salt marsh. Marine Resources Research Institute,<br />
Whitfield AK: The benthic invertebrate community of a southern cape estuary:<br />
Structure and possible food sources. Transactions of the Royal Society of South Africa,<br />
1989, 47 (2): 159-179.<br />
Wiegert RG, Freeman BJ: Ti<strong>da</strong>l Salt Marshes of the Southeast Atlantic Coast: A<br />
Community Profile. U.S. Fish and Wildlife Service Biological Report, 1990, 85 (7.29).<br />
Williams AB: Shrimps, Lobsters, and Crabs of the Atlantic Coast of the Eastern<br />
United States, Maine to Flori<strong>da</strong>. Smithsonian Institution Press, 1984, Washington, D.C.<br />
Wilson JG, Jeffrey DW: Benthic biological pollution indices in estuaries. In:<br />
KRAMER, K.J.M. (Ed.). Biomonitoring of coastal waters and estuaries. Boca Raton.<br />
CRC Press, 1994: 311-327.<br />
Wolff W: Estuarine benthos. In Ketchum B. H. (ed), Ecosystems oh the world.<br />
Estuaries and enclosed seas. Elsevier, 1983, 26: 337-374, Amster<strong>da</strong>m.<br />
83
Wolff WJ: A benthic food bridget for the Grevelinger estuary, the Netherlands,<br />
and a conservation of the mechanisms causing high benthic secon<strong>da</strong>ry production in<br />
estuaries. In: Cool, J. C. The Ecology of Marine Benthos. University of South Carolina<br />
Press, 1977.<br />
Wolff WJ, Van Deen, MJ, Lammers E: Primary production and import<br />
particulate organic matter on a salt marsh in the Netherlands. Netherlands Journal of Sea<br />
Research, 1979,13: 242-255.<br />
Woodin S: Browsing: importance in marine sedimentary environments? Spionid<br />
polychaete examples. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 1982, 60:<br />
35-45.<br />
Zajac RN, Whitlatch RB: Responses of estuarine infauna to disturbance. 1.<br />
Spatial and temporal variation of initial recolonization. Marine Ecology Progress Series,<br />
1982, 10: 1-14.<br />
Zimba PV: Production dynamics, community structure, and carbon metabolism<br />
of phytoplankton and subti<strong>da</strong>l microalgae in a Mississippi salt marsh. Dissertation.<br />
Mississippi State University, 1991: 1-174, Starkville, USA.<br />
84
Anexo 1<br />
Tabelas sazonais dos factores físico-químicos do sedimento na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong><br />
área do sapal no estuário do rio Minho.<br />
Verão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Matéria orgânica (%) 3,0 1,2 1,2 1,2 10 4,4 2,1 4,0 8,0 2,8<br />
Cascalho (%) 2,4 38,6 60,9 21,9 4,1 51,9 8,7 4,1 0,1 5,0<br />
Areia muito grosseira (%) 7,8 35,5 22,2 29,4 9,9 16,7 10,3 8,2 0,5 8,0<br />
Areia grossa (%) 34,4 20,7 13,7 23,9 24,3 15,9 27,1 26,3 9,7 8,5<br />
Areia média (%) 20,6 4,1 2,5 21,5 19,6 12,9 39,7 35,8 27,1 29,9<br />
Areia fina(%) 19,3 0,7 0,4 2,2 11,5 0,9 6,3 13,9 23,6 10,3<br />
Areia muito fina (%) 13,6 0,2 0,1 0,6 15,5 0,2 4,2 5,2 18,3 1,5<br />
Silte+Argila (%) 2,0 0,2 0,2 0,5 15,1 1,3 3,6 6,5 20,6 36,9<br />
Outono 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Matéria orgânica (%) 1,7 1,4 1,3 2,7 3,3 6,9 1,9 5,2 11,2 8,2<br />
Cascalho (%) 8,1 77 3,6 38,7 11,6 5,9 16,6 4,6 0,8 0,9<br />
Areia muito grosseira (%) 24,9 9 11,8 25,0 14,0 15,0 26,0 15,4 1,0 4,5<br />
Areia grossa (%) 49,3 3 60,6 16,6 20,4 25,2 25,8 18,8 3,0 20,2<br />
Areia média (%) 10,5 0 19,9 10,5 36,2 30,9 18,2 23,0 8,8 44,0<br />
Areia fina(%) 4,1 1 2,7 4,2 10,7 12,8 7,9 17,8 35,2 18,5<br />
Areia muito fina (%) 2,3 5 1,0 2,2 3,5 6,2 3,8 7,5 35,0 6,8<br />
Silte+Argila (%) 0,8 5 0,4 2,8 3,7 4,1 1,6 13,0 16,2 4,9<br />
Inverno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Matéria orgânica (%) 1,3 1,5 1,1 1,2 11,3 11 1,5 3,8 5,1 2,2<br />
Cascalho (%) 70,3 81,8 9,9 38,3 1,6 9,7 15,1 7,0 0,2 4,9<br />
Areia muito grosseira (%) 15,6 9,8 46,4 33,6 4,6 7,9 21,0 10,7 1,5 6,2<br />
Areia grossa (%) 10,8 6,0 39,4 18,1 7,9 17,7 22,3 21,8 19,6 10,7<br />
Areia média (%) 1,9 1,3 3,8 8,1 15,5 23,6 19,8 38,3 44,8 49,8<br />
Areia fina(%) 0,5 0,4 0,2 1,3 22,9 16,9 15,5 12,4 16,9 20,0<br />
Areia muito fina (%) 0,5 0,3 0,2 0,3 29,6 13,0 4,6 4,7 9,4 4,8<br />
Silte+Argila (%) 0,4 0,4 0,2 0,3 18,0 11,3 1,6 5,1 7,5 3,6<br />
Primavera 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Matéria orgânica (%) 1,9 1,7 1,5 1,1 7,9 4,9 1,6 7,0 14,8 3,6<br />
Cascalho (%) 18,0 64,6 37,5 8,3 27,6 13,0 1,9 0,1 0,5 14,3<br />
Areia muito grosseira (%) 36,9 21,2 36,1 32,5 18,4 19,8 7,4 0,4 1,6 8,8<br />
Areia grossa (%) 34,5 9,8 14,7 50,0 20,3 27,6 21,8 3,8 16,8 20,1<br />
Areia média (%) 6,8 2,8 7,8 8,0 13,8 21,3 47,7 22,0 19,0 33,2<br />
Areia fina(%) 2,6 1,2 2,2 0,7 6,3 5,7 15,7 14,4 17,3 11,5<br />
Areia muito fina (%) 1,0 0,3 1,0 0,3 5,6 5,1 4,2 21,9 18,5 5,4<br />
Silte+Argila (%) 0,3 0,2 0,8 0,2 8,0 7,5 1,2 37,3 26,3 6,7<br />
85
Temperatura<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Verão 14,2 16 19,2 14,3 14,9 15,4 15,9 17,2 15,7 17,6<br />
Outono 13,4 9,9 10,7 12,1 9 8,7 13 11,6 9,1 8,7<br />
Inverno 13,15 12,3 12,04 11,7 12,82 12,93 13,1 12,51 11,68 12,43<br />
Primavera 14,3 16,3 15 15 16,5 20,2 15,2 16,8 18 16<br />
Salini<strong>da</strong>de<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Verão 34,4 29,4 16,9 33,5 33,4 32 31 29 31 24,7<br />
Outono 33,5 0,5 0 26 5 7,5 31,8 25 4,4 1,9<br />
Inverno 32,8 0,06 0,03 3,6 0,32 0,8 32,6 25 1,09 0,59<br />
Primavera 34 26 31 15 25,5 10,9 32 24,2 15,1 29,8<br />
pH<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Verão 7,8 8,2 8,4 8,3 7,7 7,7 8,3 8 8,3 8,3<br />
Outono 7,5 8,1 8,2 8,3 7,5 7,5 8 8 8,2 8,1<br />
Inverno 7,7 8 8,1 8 7,4 7,8 7,4 7,5 7,5 7,7<br />
Primavera 7,3 7,8 7,2 7,5 7 7,5 7,2 7,1 7 7,3<br />
Oxigénio<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Verão 9 10 9,5 8,3 8,2 8,4 8 8,2 8,2 7,5<br />
Outono 7 11 9,9 11,1 10,8 9,8 9,5 7 7,6 7,4<br />
Inverno 9,1 10,75 10,8 11 10,9 11 9 9,6 11,54 11,1<br />
Primavera 7,1 10 10,5 11,6 11,2 11,8 10 9,9 11,86 11,7<br />
86
Anexo 2<br />
Tabelas de abundância por uni<strong>da</strong>de de área e riqueza específica nas 10 estações de<br />
amostragem ao longo dos períodos sazonais na área do sapal do estuário do rio<br />
Minho.<br />
S – Riqueza específica; V –Verão, O – Outono, I – Inverno e P – Primavera.<br />
N – Número médio de indivíduos em uni<strong>da</strong>de de amostragem; N.m -2 – Número médio<br />
de indivíduos por uni<strong>da</strong>de de área.<br />
Estações N Nº Ind.m -2 S<br />
1V 58,25 1165 13<br />
2V 181 3620 10<br />
3V 164,75 3295 14<br />
4V 316,5 6330 9<br />
5V 90 1800 13<br />
6V 51,75 1035 11<br />
7V 31 620 9<br />
8V 24,5 490 8<br />
9V 39 780 6<br />
10V 32 640 10<br />
1O 18,25 365 10<br />
2O 146,5 2930 13<br />
3O 136,25 2725 17<br />
4O 286,75 5735 11<br />
5O 32 640 11<br />
6O 40,75 815 7<br />
7O 160,25 3205 9<br />
8O 53,5 1070 8<br />
9O 52 1040 6<br />
10O 8,25 165 5<br />
1I 48,25 965 13<br />
2I 91,75 1835 14<br />
3I 42 840 14<br />
4I 79 1580 8<br />
5I 11,5 230 9<br />
6I 7,75 155 6<br />
7I 38,75 775 7<br />
8I 36 720 11<br />
9I 12,25 245 6<br />
10I 4,75 95 3<br />
1P 20,25 405 7<br />
2P 87,25 1745 10<br />
3P 24,5 490 6<br />
4P 45 900 10<br />
5P 19,5 390 8<br />
6P 18,25 365 9<br />
7P 10,25 205 5<br />
8P 7,25 145 6<br />
9P 7,75 155 6<br />
10P 11 220 8<br />
87
Tabela <strong>da</strong> abundância média entre as estações do ano<br />
Verão Outono Inverno Primavera Média<br />
Nº Ind.m -2 1977,5 1869 744 502 1273,125<br />
88
Tabelas de abundância <strong>da</strong>s espécies de macroinvertebrados bentónicos <strong>da</strong>s 10<br />
estações de amostragem ao longo dos períodos sazonais na área do sapal do<br />
estuário do rio Minho.<br />
Verão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />
Cyathura carinata 15,0 1545,0 1270,0 660,0 0,0 35,0 20,0 100,0 0,0 10,0 365,50<br />
Carcinus maenas 5,0 0,0 5,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />
Corophium 0,0 0,0 325,0 0,0 5,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 34,0<br />
Heterotanais oerstedi 0,0 760,0 725,0 0,0 15,0 5,0 0,0 0,0 0,0 5,0 151,0<br />
Sphaeroma serratum 0,0 5,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,50<br />
Gammarus sp. 0,0 0,0 30,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Leptocheirus pilosus 0,0 790,0 505,0 0,0 5,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 131,0<br />
Melita palmata 0,0 145,0 270,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,50<br />
Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Paragnathia formica 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Cerastoderma glaucum 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Scrobicularia plana 125,0 0,0 10,0 10,0 30,0 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 19,50<br />
Corbicula fluminea 0,0 0,0 35,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hediste diversicolor 700,0 210,0 65,0 920,0 70,0 70,0 295,0 55,0 455,0 335,0 317,50<br />
Scolelepis squamata 155,0 30,0 0,0 1975,0 1080,0 520,0 130,0 30,0 245,0 105,0 427,0<br />
Alkmaria romijni 5,0 0,0 0,0 0,0 255,0 355,0 0,0 180,0 5,0 0,0 80,0<br />
Streblospio shrubsoli 25,0 0,0 0,0 20,0 100,0 10,0 5,0 80,0 10,0 30,0 28,0<br />
Polydora ciliata 20,0 0,0 0,0 70,0 200,0 0,0 50,0 25,0 0,0 25,0 39,0<br />
Capitella capitata 25,0 125,0 10,0 1120,0 5,0 0,0 90,0 0,0 10,0 90,0 138,50<br />
Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />
Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Lumbriculi<strong>da</strong>e 75,0 0,0 0,0 1550,0 0,0 10,0 0,0 5,0 55,0 25,0 181,0<br />
Naidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 1,0<br />
Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chironomi<strong>da</strong>e sp1 5,0 5,0 15,0 0,0 15,0 5,0 0,0 15,0 0,0 5,0 6,50<br />
Chironomidea sp2 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Elmi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />
Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Total 1165,0 3620,0 3295,0 6330,0 1800,0 1035,0 620,0 490,0 780,0 640,0 1977,50<br />
89
Outono 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />
Cyathura carinata 25,0 1325,0 355,0 205,0 5,0 15,0 635,0 195,0 15,0 0,0 277,50<br />
Carcinus maenas 0,0 55,0 0,0 10,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 7,50<br />
Corophium 0,0 475,0 130,0 0,0 15,0 0,0 10,0 0,0 0,0 5,0 63,50<br />
Heterotanais oerstedi 0,0 310,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 31,50<br />
Sphaeroma serratum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Gammarus sp. 0,0 55,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,0<br />
Leptocheirus pilosus 0,0 30,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Melita palmata 0,0 20,0 5,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Paragnathia formica 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Scrobicularia plana 15,0 0,0 35,0 30,0 0,0 45,0 105,0 0,0 40,0 0,0 27,0<br />
Corbicula fluminea 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />
Mytilus galloprovincialis 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Hediste diversicolor 110,0 150,0 10,0 920,0 130,0 85,0 830,0 430,0 780,0 70,0 351,50<br />
Scolelepis squamata 95,0 115,0 35,0 1765,0 415,0 330,0 1485,0 255,0 165,0 75,0 473,50<br />
Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 5,0 30,0 235,0 0,0 140,0 0,0 0,0 41,0<br />
Streblospio shrubsoli 20,0 0,0 0,0 10,0 5,0 45,0 25,0 35,0 0,0 0,0 14,0<br />
Polydora ciliata 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 1,50<br />
Capitella capitata 75,0 0,0 1045,0 30,0 10,0 0,0 100,0 0,0 10,0 5,0 117,50<br />
Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Lumbriculi<strong>da</strong>e 5,0 235,0 260,0 2745,0 0,0 0,0 0,0 5,0 30,0 0,0 338,0<br />
Naidi<strong>da</strong>e 10,0 85,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,50<br />
Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 45,0 735,0 10,0 5,0 60,0 0,0 5,0 0,0 10,0 87,0<br />
Chironomidea sp2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Elmi<strong>da</strong>e 5,0 30,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0<br />
Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />
Chloroperia 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />
Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Total 365,0 2930,0 2725,0 5735,0 640,0 815,0 3205,0 1070,0 1040,0 165,0 1869,0<br />
90
Inverno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />
Cyathura carinata 45,0 1265,0 20,0 1005,0 5,0 0,0 420,0 90,0 0,0 15,0 286,50<br />
Carcinus maenas 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 5,0 0,0 5,0 0,0 1,50<br />
Corophium 10,0 30,0 130,0 40,0 0,0 5,0 0,0 80,0 0,0 0,0 29,50<br />
Heterotanais oerstedi 10,0 225,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 23,50<br />
Sphaeroma serratum 5,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />
Gammarus sp. 35,0 50,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0<br />
Leptocheirus pilosus 0,0 35,0 10,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />
Melita palmata 0,0 80,0 290,0 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38,50<br />
Saduriella losa<strong>da</strong>i 5,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />
Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,50<br />
Paragnathia formica 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Scrobicularia plana 5,0 0,0 30,0 0,0 10,0 0,0 35,0 10,0 5,0 0,0 9,50<br />
Corbicula fluminea 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />
Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hediste diversicolor 650,0 15,0 30,0 160,0 85,0 30,0 125,0 125,0 190,0 60,0 147,0<br />
Scolelepis squamata 125,0 40,0 0,0 300,0 90,0 35,0 130,0 210,0 35,0 20,0 98,50<br />
Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 65,0 0,0 140,0 0,0 0,0 21,50<br />
Streblospio shrubsoli 5,0 10,0 0,0 5,0 5,0 0,0 15,0 10,0 0,0 0,0 5,0<br />
Polydora ciliata 5,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 45,0 40,0 0,0 0,0 9,50<br />
Capitella capitata 20,0 0,0 40,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 6,50<br />
Spiophanes bombyx 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Lumbriculi<strong>da</strong>e 45,0 10,0 0,0 60,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 11,50<br />
Naidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 30,0 185,0 5,0 0,0 10,0 0,0 5,0 5,0 0,0 24,0<br />
Chironomidea sp2 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,50<br />
Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,50<br />
Elmi<strong>da</strong>e 0,0 15,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Total 965,0 1835,0 840,0 1580,0 230,0 155,0 775,0 720,0 245,0 95,0 744,0<br />
91
Primavera 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />
Cyathura carinata 10,0 435,0 405,0 0,0 5,0 15,0 90,0 0,0 15,0 50,0 102,50<br />
Carcinus maenas 5,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />
Corophium 0,0 35,0 0,0 365,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0<br />
Heterotanais oerstedi 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Sphaeroma serratum 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />
Gammarus sp. 0,0 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />
Leptocheirus pilosus 0,0 0,0 0,0 35,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />
Melita palmata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Paragnathia formica 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Scrobicularia plana 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0 55,0 5,0 10,50<br />
Corbicula fluminea 0,0 0,0 0,0 10,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />
Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hediste diversicolor 300,0 1145,0 0,0 5,0 20,0 5,0 65,0 5,0 55,0 25,0 162,50<br />
Scolelepis squamata 30,0 15,0 25,0 0,0 55,0 75,0 0,0 20,0 10,0 0,0 23,0<br />
Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 0,0 115,0 120,0 5,0 25,0 0,0 50,0 31,50<br />
Streblospio shrubsoli 0,0 0,0 25,0 0,0 5,0 40,0 0,0 15,0 5,0 25,0 11,50<br />
Polydora ciliata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 55,0 0,0 25,0 0,0 0,0 8,0<br />
Capitella capitata 50,0 0,0 15,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 7,50<br />
Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Lumbriculi<strong>da</strong>e 0,0 60,0 15,0 25,0 5,0 35,0 0,0 0,0 0,0 20,0 16,0<br />
Naidi<strong>da</strong>e 5,0 0,0 0,0 0,0 180,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 18,50<br />
Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 15,0 0,0 1,50<br />
Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 10,0 5,0 390,0 5,0 15,0 0,0 55,0 0,0 40,0 52,0<br />
Chironomidea sp2 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0<br />
Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Elmi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />
Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />
Total 405,0 1745,0 490,0 900,0 390,0 365,0 205,0 145,0 155,0 220,0 502,0<br />
92
Anexo 3<br />
Tabelas sazonais dos índices de diversi<strong>da</strong>de nas 10 estações de amostragem na área<br />
do sapal do estuário do rio Minho entre Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />
S – Número de espécies<br />
J´- Índice de equitabili<strong>da</strong>de<br />
H´- Índice de diversi<strong>da</strong>de de Shannon-Wiener<br />
Estação 1<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 13 0,55 1,40<br />
Outono 10 0,78 1,79<br />
Inverno 13 0,49 1,25<br />
Primavera 7 0,48 0,93<br />
Estação 2<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 10 0,65 1,50<br />
Outono 13 0,71 1,82<br />
Inverno 14 0,47 1,25<br />
Primavera 10 0,44 1,01<br />
Estação 3<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 14 0,65 1,71<br />
Outono 17 0,60 1,70<br />
Inverno 14 0,74 1,94<br />
Primavera 6 0,40 0,72<br />
Estação 4<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 9 0,73 1,61<br />
Outono 11 0,51 1,23<br />
Inverno 8 0,53 1,11<br />
Primavera 10 0,56 1,29<br />
Estação 5<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 13 0,53 1,37<br />
Outono 11 0,49 1,18<br />
Inverno 9 0,69 1,52<br />
Primavera 8 0,66 1,37<br />
93
Estação 6<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 11 0,53 1,27<br />
Outono 7 0,79 1,55<br />
Inverno 6 0,83 1,48<br />
Primavera 9 0,83 1,82<br />
Estação 7<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 9 0,68 1,50<br />
Outono 9 0,61 1,33<br />
Inverno 7 0,69 1,34<br />
Primavera 5 0,76 1,23<br />
Estação 8<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 8 0,82 1,71<br />
Outono 8 0,71 1,47<br />
Inverno 11 0,78 1,87<br />
Primavera 6 0,89 1,60<br />
Estação 9<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 6 0,56 1,01<br />
Outono 6 0,47 0,84<br />
Inverno 6 0,44 0,79<br />
Primavera 6 0,82 1,47<br />
Estação 10<br />
S J' H'(loge)<br />
Verão 10 0,66 1,51<br />
Outono 5 0,69 1,10<br />
Inverno 3 0,83 0,91<br />
Primavera 8 0,90 1,87<br />
94
Anexo 4<br />
Matriz de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem na área do sapal do estuário<br />
do rio Minho entre Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />
95
Anexo 5<br />
Localização geográfica e valores <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragens<br />
<strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal no estuário do rio Minho.<br />
Estações Posição Geográfica H (m)<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
41º 52' 51N 3,0<br />
008º 50' 09W<br />
41º 52' 28N 3,0<br />
008º 49' 34W<br />
41º 52' 24N 3,5<br />
008º 48' 25W<br />
41º 52' 36N 3,0<br />
008º 49' 45W<br />
41º 52' 42N 2,0<br />
008º 49' 31W<br />
41º 52' 43N 2,7<br />
008º 49' 20W<br />
41º 52' 51N 2,0<br />
008º 49' 55N<br />
41º 52' 52N 1,5<br />
008º 49' 38W<br />
41º 53' 18N 1,5<br />
008º 49' 27W<br />
41º 53' 15N 1,7<br />
008º 49' 26W<br />
97