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TESE Thais Picano 2007.pdf - Repositório Aberto da Universidade ...

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1. Introdução<br />

1.1. A importância <strong>da</strong>s zonas sensíveis em termos tróficos<br />

As zonas costeiras em geral, e estuarinas em particular, são muito produtivas e<br />

complexas em termos ecológicos. Fornecem uma fonte incalculável de recursos para<br />

diversos fins, principalmente para as muitas activi<strong>da</strong>des humanas.<br />

O sapal do estuário do rio Minho localiza-se numa <strong>da</strong>s regiões mais bonitas do<br />

norte de Portugal, sendo deste modo muito importante pelo valor ecológico, económico<br />

e turístico. Infelizmente, existe alguma escassez de informação e de estudos realizados<br />

nesta zona.<br />

Por este motivo neste estudo, utilizando-se metodologia padroniza<strong>da</strong> e<br />

amostragens simultâneas, efectuou-se a caracterização e comparação <strong>da</strong>s associações de<br />

macroinvertebrados bentónicos no intuito de aumentar o conhecimento <strong>da</strong> área.<br />

Esta caracterização é um dos primeiros passos para obter uma perspectiva <strong>da</strong><br />

situação ecológica deste ambiente e a sua melhor compreensão. Sabe-se que estes<br />

grupos faunísticos são uma importante componente <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong>s regiões estuarinas e<br />

costeiras devido às suas inúmeras contribuições para o ambiente, nomea<strong>da</strong>mente por<br />

serem bioindicadores <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água. Neste sentido é fun<strong>da</strong>mental o<br />

conhecimento <strong>da</strong>s suas comuni<strong>da</strong>des, <strong>da</strong> sua riqueza específica e biodiversi<strong>da</strong>de<br />

podendo-se assim compreender as interacções entre este ambiente e a sua biologia. Em<br />

estudos futuros conseguir-se-á gerir melhor este ecossistema e diminuir os impactos<br />

sobre o ambiente. O sapal é considerado um bom indicador de quali<strong>da</strong>de ambiental em<br />

virtude de ser muito sensível às mu<strong>da</strong>nças do seu equilíbrio.<br />

Infelizmente, os sapais estão entre os ecossistemas mais ameaçados do mundo.<br />

Considerado um ambiente pouco atractivo, tem-se menosprezado a sua importância<br />

ecológica, económica e social. A sua preservação é vital para sobrevivência e<br />

reprodução de muitas espécies, uma vez que neste ecossistema se encontram<br />

representantes do elo <strong>da</strong> cadeia alimentar que fornece uma rica alimentação proteica, e<br />

maioria <strong>da</strong>s vezes a principal fonte de subsistência dos moradores do litoral .<br />

Qualquer ameaça no sistema estuarino afecta a sua fauna e consequentemente<br />

colocará em perigo uma <strong>da</strong>s suas principais funções, nomea<strong>da</strong>mente a de "berçário" de<br />

muitas espécies de eleva<strong>da</strong> importância económica.<br />

1


A destruição gratuita, a poluição doméstica e industrial <strong>da</strong>s águas, e aterros<br />

desordenados são exemplos dos grandes inimigos do sapal. É fun<strong>da</strong>mental desenvolver<br />

a preservação destes ambientes, promovendo a consciencialização de um ecossistema<br />

sustentável.<br />

1.2. A zona de estuário<br />

Segundo Perillo (1995) um estuário é um corpo de água costeiro semi-fechado<br />

que se estende até ao limite efectivo <strong>da</strong> influência <strong>da</strong> maré, em que no seu interior<br />

penetra água salga<strong>da</strong> proveniente de uma ou mais conexões livres com o mar aberto, ou<br />

outro qualquer corpo de água salino costeiro, sendo significativamente diluído pela água<br />

doce proveniente <strong>da</strong> drenagem continental e, consegue sustentar espécies biológicas<br />

eurihalinas durante todo ou parte do seu ciclo de vi<strong>da</strong>.<br />

É divido em três sectores: estuário inferior ou marinho, em conexão livre com o<br />

mar; estuário médio, sujeito a forte mistura entre água doce e a água salga<strong>da</strong> e o estuário<br />

superior ou fluvial, caracterizado pela presença de água doce mas, ain<strong>da</strong>, sujeito à acção<br />

<strong>da</strong> maré (Fairbridge, 1980).<br />

São identificados como meios de transição entre o ambiente marinho e<br />

continental, onde os processos morfosedimentares têm grande amplitude e onde suas<br />

formas são altera<strong>da</strong>s constante e extensivamente pela erosão e deposição de sedimentos,<br />

influenciando significativamente a dinâmica sedimentar do litoral (Alves, 1996).<br />

Encontram-se, ain<strong>da</strong>, associados com muitos ambientes de transição, como os sapais,<br />

baías, restingas e praias.<br />

O estuário depende <strong>da</strong> amplitude <strong>da</strong> maré, do volume do cau<strong>da</strong>l fluvial e <strong>da</strong>s<br />

suas variações sazonais, <strong>da</strong> topografia, do volume relativo <strong>da</strong>s massas de água<br />

envolvidos, <strong>da</strong>s diferenças de densi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> rotação <strong>da</strong> Terra, do vento, entre outros<br />

factores (Barnes, 1976; Dyer, 1997).<br />

Essa mesma amplitude de maré, alia<strong>da</strong> muitas vezes à energia <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s que<br />

penetram no estuário, é de grande importância para os organismos, que habitam nestes<br />

sistemas aquáticos. Essa importância reside no transporte contínuo de oxigénio e de<br />

nutrientes bem como na remoção dos produtos metabólicos tóxicos produzidos (Sousa,<br />

2003).<br />

Segundo Day et al. (1989), as marés, on<strong>da</strong>s e correntes mais modera<strong>da</strong>s nas<br />

baías fecha<strong>da</strong>s proporcionam contribuições de energia mais do que pressões, ao passo<br />

2


que as comuni<strong>da</strong>des dos exteriores beneficiam, muita vezes, <strong>da</strong>s grandes quanti<strong>da</strong>des de<br />

matéria orgânica e nutrientes arrastados <strong>da</strong>s zonas férteis e do próprio cau<strong>da</strong>l fluvial.<br />

Um dos gradientes verticais importante nos processos biogeoquímicos, dentro<br />

dos estuários, é o limite de oxigenação/redução. A coluna de água de um estuário é<br />

normalmente aeróbia, mas os sedimentos estuarinos são anaeróbios a pequenas<br />

distâncias abaixo dos sedimentos superficiais. Devido à influência <strong>da</strong> on<strong>da</strong> de maré e<br />

<strong>da</strong>s próprias correntes, os primeiros centímetros dos sedimentos estão normalmente bem<br />

oxigenados, o mesmo não acontece com os sedimentos mais fundos, onde as reacções<br />

redutoras são predominantes. A activi<strong>da</strong>de biológica, também, pode facilitar o<br />

movimento <strong>da</strong> água e consequente oxigenação dos sedimentos (Bella, 1972; Flint e<br />

Kalke, 1986).<br />

São normalmente reconhecidos como áreas de uma importância notável, devido<br />

às condições que oferecem relativamente ao abrigo e/ou protecção <strong>da</strong> acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e,<br />

ain<strong>da</strong>, para deposição de sedimentos finos (Barnes, 1994). Ao longo de muitas zonas<br />

costeiras, são as únicas áreas a oferecer este tipo de condições, por isso, não é de<br />

estranhar que possuam uma grande importância ecológica. O conjunto dos ambientes<br />

estuarinos foram considerados como um domínio autónomo, que se situa entre o<br />

domínio marinho e o <strong>da</strong>s águas continentais, e está, exclusivamente, liga<strong>da</strong> à salini<strong>da</strong>de<br />

(que desempenha um papel determinante) e também a um conjunto de diversos factores<br />

que, devido à sua instabili<strong>da</strong>de, fazem com que estes ambientes sejam extremamente<br />

selectivos.<br />

Na reali<strong>da</strong>de, os estudos sobre a biologia <strong>da</strong>s águas estuarinas demonstram que<br />

os diferentes biótipos, mesmo com características físicas muito pareci<strong>da</strong>s, podem ser na<br />

reali<strong>da</strong>de muito distintos uns dos outros no que se refere às respectivas biocenoses. Por<br />

isso, mais que um domínio autónomo, o ambiente estuarino é referenciado como um<br />

ecotono, sendo assim descrito como um conjunto de ambientes de transição entre o mar<br />

e a água doce, ca<strong>da</strong> um deles com características peculiares e onde existem amplas e<br />

imprevisíveis variações <strong>da</strong>s condições hidrológicas, morfológicas e físico-químicas.<br />

(Day et al., 1989; McLusky, 1989; Cognetti et al., 2001).<br />

As comuni<strong>da</strong>des, que habitualmente colonizam os estuários, são constituí<strong>da</strong>s<br />

tipicamente por um conjunto de espécies endémicas e espécies que neles penetram<br />

vin<strong>da</strong>s do mar, mais um pequeno número de espécies com capaci<strong>da</strong>de osmorreguladora,<br />

que lhes permite entrar ou sair do meio de água doce (Odum, 1997).<br />

3


Contudo, são áreas específicas, onde há mistura de água salga<strong>da</strong> e doce e onde,<br />

quase ou mesmo to<strong>da</strong>s as espécies estuarinas conseguem tolerar as amplitudes de<br />

salini<strong>da</strong>de, de maneira a tirarem o melhor proveito <strong>da</strong>s excelentes condições de<br />

habitabili<strong>da</strong>de ofereci<strong>da</strong>s no que concerne à quanti<strong>da</strong>de de alimento disponível (Bell e<br />

Coull, 1978), ao refúgio e protecção <strong>da</strong> acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s (Barnes, 1994), ao refúgio <strong>da</strong><br />

acção dos pre<strong>da</strong>dores e, ain<strong>da</strong>, como locais de postura e materni<strong>da</strong>de de inúmeras<br />

espécies (Maes et al., 1998; Thiel e Potter, 2001).<br />

Se a fauna estuarina for compara<strong>da</strong> com a fauna existente na zona marinha<br />

adjacente ou com o sistema fluvial a montante, observaremos que é geralmente pobre<br />

em número de espécies, mas poderá ser muito rica em número de indivíduos (Barnes,<br />

1976; Day et al., 1989). O facto de existir baixa diversi<strong>da</strong>de deve-se, sobretudo, à<br />

incapaci<strong>da</strong>de osmorreguladora de muitas espécies fluviais ou marinhas, que não<br />

suportam grandes variações de salini<strong>da</strong>de (Barnes, 1976). O elevado número de<br />

indivíduos, <strong>da</strong>s espécies que conseguem aguentar as condições extremas de stress, pode<br />

ser explicado pela falta de competidores naturais, que suportam essas mesmas<br />

condições.<br />

Uma <strong>da</strong>s razões desse baixo número de espécies é a curta existência dos<br />

estuários, que sugere que os organismos não tiveram tempo suficiente para se a<strong>da</strong>ptarem<br />

e especiarem, isto é, os seres vivos presentes nos estuários, ao longo <strong>da</strong> sua evolução,<br />

ain<strong>da</strong> não tiveram tempo para desenvolverem a<strong>da</strong>ptações morfológicas adeque<strong>da</strong>s a este<br />

tipo de ambientes (McLusky, 1989).<br />

Uma outra varie<strong>da</strong>de comum aos estuários é a varie<strong>da</strong>de de organismos bênticos<br />

que declinam à medi<strong>da</strong> que caminhamos para montante (Remane e Schlieper, 1971;<br />

Wolff, 1983). Mesmo assim, uma vez que a salini<strong>da</strong>de é mais estável junto ao fundo, os<br />

animais bentónicos marinhos penetram em zonas rio acima muito maiores do que, por<br />

exemplo, o plâncton. Além disso a infauna está submeti<strong>da</strong> a menores variações de<br />

salini<strong>da</strong>de que a epifauna, devido ao intercâmbio mais lento <strong>da</strong> água intersticial com a<br />

água situa<strong>da</strong> em cima e isso explica que a sua expansão rio acima seja maior.<br />

Acontece igualmente, nos estuários, as espécies de animais e plantas serem de<br />

menor tamanho do que nas zonas marinhas, sendo também notório que a taxa<br />

reprodutiva <strong>da</strong>s espécies marinhas é, geralmente, mais baixa em condições salobras. Os<br />

organismos de água doce são igualmente semi-estéreis, nos estuários. Estas mu<strong>da</strong>nças<br />

ocorrem em populações que, de outra forma, parecem ser bem sucedi<strong>da</strong>s nos seus<br />

habitats normais, como é evidenciado pela sua abundância e biomassa (Barnes, 1976).<br />

4


Segundo Odum (1961), as razões para a eleva<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de verifica<strong>da</strong> nos<br />

estuários devem-se:<br />

• Um estuário funciona como uma armadilha de nutrientes quer física quer<br />

biologicamente, criando uma espécie de sistema auto-enriquecido em que<br />

existe retenção e reciclagem de nutrientes;<br />

• Os estuários beneficiam de uma grande diversi<strong>da</strong>de de produtores<br />

programados para a fotossíntese realmente anual. Os estuários, em geral,<br />

têm todos ao três tipos de produtores: macrófitos, micrófitos bênticos e<br />

fitoplâncton;<br />

• A acção <strong>da</strong>s marés na criação de um ecossistema subsidiado de nível de<br />

água flutuante. Em geral, quanto maior for a amplitude <strong>da</strong>s marés maior o<br />

potencial de produção, desde que as correntes resultantes não sejam<br />

demasiado abrasivas. O movimento <strong>da</strong> água executa uma boa quanti<strong>da</strong>de de<br />

“trabalho”, removendo resíduos e transportando alimento e nutrientes, de<br />

modo que os organismos podem manter uma existência séssil, a qual não<br />

requer um grande gasto de energia metabólica para a obtenção de alimento e<br />

excreção.<br />

1.3. A Macrofauna bentónica<br />

A macrofauna bentónica representam o biota dos organismos ligados aos fundos<br />

e de interface <strong>da</strong> água com materiais sólido como algas, corais, esponjas, etc., e<br />

constituídos de uma ampla varie<strong>da</strong>de de taxa. São de reconheci<strong>da</strong> importância no fluxo<br />

de energia nas cadeias tróficas e fun<strong>da</strong>mentais na reciclagem <strong>da</strong> matéria orgânica nos<br />

ecossistemas marinhos e estuarinos (Sorbe, 1981; Mees e Hamerlynck, 1992).<br />

Compreendem um grupo de organismos com tamanhos a partir de 1mm, que<br />

devido a apresentarem uma relação directa com o fundo resultam numa certa<br />

uniformi<strong>da</strong>de de modos de vi<strong>da</strong>, apesar <strong>da</strong>s suas distintas origens filogenéticas (Day et<br />

al., 1989).<br />

São importantíssimos em relação a oxigenação e remobilização dos fundos<br />

aquáticos, que acaba acelerando, desta maneira, os processos de remineralização de<br />

nutrientes e consequentemente os próprios processos de produção primária e secundária.<br />

Segundo Day et al. (1989), nos estuários, inúmeras plantas não chegam sequer a<br />

ser consumi<strong>da</strong>s, acabando por morrer, entrando assim em decomposição. Este material<br />

5


em decomposição é chamado de detrito orgânico e a cadeia alimentar que a suporta, é<br />

designa<strong>da</strong> de cadeia alimentar de detritos (Pomeroy, 1980). Este tipo de cadeia<br />

alimentar é considera<strong>da</strong> a mais importante dentro dos sistemas estuarinos (Kennish,<br />

1990).<br />

Estes detritos podem ter várias fontes: descarga fluvial que transporta para o<br />

estuário quanti<strong>da</strong>des de plantas e de animais em suspensão; transporte através <strong>da</strong>s marés<br />

e correntes de macroalgas que mais tarde, acabam por se depositar e, ain<strong>da</strong>, os detritos<br />

produzidos localmente, por exemplo, pelas zonas de sapal. É de referir que a<br />

importância dos detritos nos ecossistemas estuarinos poderá residir nas largas<br />

populações de bactérias que, por sua vez, suportam populações de organismos de<br />

maiores dimensões. Este detrito orgânico constitui o principal componente <strong>da</strong> dieta de<br />

várias espécies de macroinvertebrados e <strong>da</strong> meiofauna, a qual é responsável pelo<br />

importante papel que a comuni<strong>da</strong>de bentónica desempenha nos fluxos de energia em<br />

regiões estuarinas (Day et al., 1989).<br />

Populações de macroinvertebrados bentónicos, coexistindo e interagindo entre<br />

si e com o meio ambiente num determinado habitat, irão constituir associações de<br />

organismos. A estrutura destas associações inclui atributos ou descritores como<br />

composição específica, riqueza de espécie, densi<strong>da</strong>de, biomassa, diversi<strong>da</strong>de e as<br />

relações tróficas dos organismos que as integram (Levinton, 1995). Enquanto que a<br />

dinâmica, relaciona-se com a organização temporal dessas associações, em função de<br />

flutuações nos recrutamentos, na abundância dos organismos ou <strong>da</strong> eficiência na<br />

recolonização do substrato após perturbações naturais ou artificiais.<br />

Uma clara distinção entre o meio marinho de maior profundi<strong>da</strong>de e os ambientes<br />

estuarinos é a ocorrência, nestes últimos, de uma forte interacção entre o meio<br />

bentónico e a coluna d’água. A necessi<strong>da</strong>de de caracterizar a estrutura e a dinâmica <strong>da</strong>s<br />

associações de macroinvertebrados bentónicos de fundos moles e dos processos que as<br />

condicionam, mostra-se de grande relevância na medi<strong>da</strong> em que o meio bentónico<br />

apresenta um forte efeito estruturador, regulando ou modificando a maioria dos<br />

processos físicos, químicos e biológicos em sistemas estuarinos (Day et al., 1989).<br />

As associações de macroinvertebrados bentónicos são enti<strong>da</strong>des biológicas que<br />

têm sofrido a<strong>da</strong>ptações aos seus ambientes e apresentam uma estrutura dinâmica que é<br />

controla<strong>da</strong> por factores abióticos naturais (como as características do substrato,<br />

hidrodinâmica, salini<strong>da</strong>de, temperatura, entre outros), processos bióticos (como<br />

competição, pre<strong>da</strong>ção e interacções adultos-juvenis) e os efeitos introduzidos pelo<br />

6


homem (como o enriquecimento orgânico e a contaminação por compostos tóxicos)<br />

(Woodin, 1982; Brault e Bourget, 1985; Clark et al., 1997); actuando estes factores em<br />

diferentes escalas espaço-temporais (Wolff, 1983).<br />

Entretanto, diversos autores estu<strong>da</strong>ram, em comuni<strong>da</strong>des macrobentónicas, os<br />

efeitos <strong>da</strong> poluição, em geral, e do enriquecimento orgânico em particular, nos<br />

ecossistemas costeiros e estuarinos (Houston et al., 1983; Flint e Kalke, 1986; Costa e<br />

Costa, 1999; Lillebo et al., 1999). Estas comuni<strong>da</strong>des reagem diferentemente ao<br />

enriquecimento orgânico dependendo de seu hábito alimentar, mobili<strong>da</strong>de e ciclo de<br />

vi<strong>da</strong>. Por isso é possível classificar diferentes espécies de acordo com seu grau de<br />

sensibili<strong>da</strong>de à poluição orgânica (Pearson e Rosenberg, 1978; Gray e Pearson, 1982;<br />

Hilly, 1984).<br />

Contudo, a escassez de informações relativas a variabili<strong>da</strong>de temporal <strong>da</strong>s<br />

associações de invertebrados bentónicos pode ser considera<strong>da</strong> a principal limitação<br />

metodológica para a realização de diagnósticos ambientais, uma vez que o<br />

desconhecimento <strong>da</strong>s flutuações "naturais" dos macrobentos impede a correcta<br />

discriminação <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de eventualmente induzi<strong>da</strong> por perturbações (Lana, 1994).<br />

Este problema agrava-se em regiões estuarino-lagunares, que apresentam<br />

flutuações <strong>da</strong>s variáveis ambientais com eleva<strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de e baixo grau de<br />

previsibili<strong>da</strong>de (Kennish, 1990), o que caracteriza a maioria destes sistemas como<br />

ambientes naturalmente perturbados (Wilson e Jeffrey, 1994).<br />

Rosa-Filho e Bemvenuti (1998a) relatam a influência de alguns factores bióticos<br />

e abióticos naturais que estariam influenciando as associações de macroinvertebrados<br />

bentónicos em ambientes estuarinos. Estes autores classificam esses efeitos em três<br />

níveis: 1) os de efeito global como as características biogeográficas, o clima<br />

(precipitação, temperatura e ventos, com suas variações sazonais e inter-anuais); 2) os<br />

que actuam ao nível de ca<strong>da</strong> um dos estuários como a génese, a geomorfologia e a<br />

salini<strong>da</strong>de; 3) e na escala de uni<strong>da</strong>des de habitat os processos hidrodinâmicos, as<br />

características do sedimento, a presença de vegetação macrófita, a competição e a<br />

pre<strong>da</strong>ção.<br />

A análise <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s associações de macroinvertebrados bentónicos, a<br />

partir dos seus atributos, tem sido muito útil na elaboração de estudos ecológicos ou<br />

diagnósticos ambientais (Warwick, 1986), uma vez que os organismos que vivem<br />

dentro ou sobre o substrato reflectem, com maior precisão, as condições ambientais<br />

7


anteriores ao momento <strong>da</strong> amostragem, quando comparados com formas que vivem na<br />

coluna d’água (Lana, 1994). Este facto decorre, principalmente, do modo de vi<strong>da</strong><br />

característico desses organismos junto ao fundo -local de acumulação de contaminantes<br />

- e do predomínio de formas de pouca mobili<strong>da</strong>de entre os macroinvertebrados<br />

bentónicos, o que favorece amplamente a utilização dos mesmos para diagnósticos ou<br />

monitoramentos ambientais (Canfield et al., 1994; Clarke e Warwick, 1994; Weisberg<br />

et al., 1997).<br />

Segundo Rhoads (1974), Pearson e Rosenberg (1978), Boesch e Rosenberg<br />

(1981), Rygg (1985), Reish (1986), Gaston et al. (1998) e Herman et al. (1999), os<br />

sistemas de macroinvertebrados apresentam características que podem ser muito<br />

vantajosas em estudos de monitorização ambiental, tais como:<br />

• Os macroinvertebrados têm reduzidos movimentos de dispersão, quando<br />

comparados com outros grupos faunísticos;<br />

• Têm um longo período de vi<strong>da</strong> aquática, contrariamente, por exemplo, às<br />

algas;<br />

• Podem ser fácil e rapi<strong>da</strong>mente identificados;<br />

• Possibilitam a determinação de vários tipos de impacto, sendo utilizados<br />

em estudos de poluição;<br />

• São geralmente abun<strong>da</strong>ntes;<br />

• Ocupam uma grande varie<strong>da</strong>de de microhabitats;<br />

• Providenciam uma ligação crucial com os níveis tróficos superiores;<br />

• São importantes do ponto de vista económico visto serem a fonte de<br />

alimento de várias espécies de peixes demersais e de invertebrados<br />

epibentónicos consumidos pelos humanos;<br />

• São importantes na reciclagem de nutrientes presentes no sedimento.<br />

8


1.4. Objectivos do trabalho<br />

O objectivo deste trabalho, foi tentar caracterizar a comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna<br />

bentónica e suas relações com os factores ambientais. Tal estudo descritivo é em<br />

primeira parte uma tentativa em clarificar o papel <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des bentónicas na área<br />

do sapal do estuário do rio Minho.<br />

Esta análise foi feita em relação ao espaço e tempo, através de amostragens<br />

sazonais e pontos distribuídos de acordo com gradientes de salini<strong>da</strong>de.<br />

Parâmetros de comuni<strong>da</strong>de, tais como riqueza específica, abundância e<br />

diversi<strong>da</strong>de foram calculados.<br />

As seguintes questões serão abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s:<br />

• Quais são as espécies dominantes nas comuni<strong>da</strong>des macrobentónicas?<br />

• Quais as densi<strong>da</strong>des atingi<strong>da</strong>s?<br />

• Qual é a distribuição espacial <strong>da</strong>s espécies ao longo do gradiente de<br />

salini<strong>da</strong>de do estuário nesta área de sapal?<br />

• Existe uma variação sazonal na estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des bentónicas nesta<br />

área de sapal?<br />

• Existem possíveis impactos sofridos pelas comuni<strong>da</strong>des de<br />

macroinvertebrados bentónicos confrontando com as variáveis físicas e<br />

químicas do ambiente?<br />

9


2.1. O ecossistema de sapal<br />

2.1.1. Caracterização<br />

2. O ambiente de estudo<br />

Nas margens <strong>da</strong>s regiões estuarinas numa zona sob influência <strong>da</strong>s marés e/ou<br />

inun<strong>da</strong>ções, podem apresentar densas concentrações de gramíneas halófitas emersas.<br />

Este tipo de ambiente, conhecido como sapal, tem como principal elemento estruturador<br />

a presença <strong>da</strong> gramínea do gen. Spartina (Capitoli et al. 1978).<br />

Sapais são frequentemente considerados como ecossistemas aquáticos muito<br />

produtivos, onde raízes <strong>da</strong>s macrófitas, tais como Spartina sp. são capazes de alcançar<br />

alta biomassa durante a estação de crescimento (Teal, 1962; Pozo e Colino, 1992;<br />

Enriques et al., 1993).<br />

São ecossistemas complexos que funcionam como uma interface entre os<br />

habitats terrestre e aquático, ocorrendo ao longo <strong>da</strong>s áreas interti<strong>da</strong>is, onde os valores de<br />

salini<strong>da</strong>de podem variar de água oceânica até água totalmente doce nos sapais <strong>da</strong>s zonas<br />

a montante (Lefeuvre et al., 2003).<br />

Nas áreas coloniza<strong>da</strong>s por Zostera sp. e Spartina sp. verifica-se que as<br />

populações de macroinvertebrados e de outros grupos faunísticos são mais<br />

desenvolvi<strong>da</strong>s apresentando uma maior biodiversi<strong>da</strong>de quando compara<strong>da</strong>s com outras<br />

(Almei<strong>da</strong>, 1988; Whitfield, 1989; Marques et al., 1993b). Estas macrófitas são capazes<br />

de retirar nutrientes do sedimento, tornando o limite de oxi<strong>da</strong>ção/redução mais<br />

profundo, promovendo, assim, boas condições de habitabili<strong>da</strong>de (Whitfield, 1989).<br />

Suas estruturas apresentam condições de flutuações, mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela interacção<br />

entre factores físicos, químicos e biológicos (Knox, 1986). Esta interdependência<br />

mol<strong>da</strong>, não só a estrutura do sistema, mas também as estruturas <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des<br />

biológicas nele existentes (Odum, 1997). Assim, apesar de serem considerados sistemas<br />

de transição entre habitats também de transição, as características físicas e biológicas<br />

dos sapais são bastantes específicas.<br />

As espécies que constituem as comuni<strong>da</strong>des variam de espécies generalistas<br />

(provenientes dos sistemas adjacentes) a espécies especializa<strong>da</strong>s que estão a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s às<br />

condições ecológicas prevalecentes (Lefeuvre et al., 2003).<br />

10


As mu<strong>da</strong>nças rápi<strong>da</strong>s na salini<strong>da</strong>de, temperatura e exposição criam condições de<br />

stress e por isso limitam o modo como muitas espécies de invertebrados ocorrem neste<br />

habitat. Os caranguejos, caracóis, mexilhões e ostras são espécies típicas de<br />

invertebrados que vivem nos sapais. Os caranguejos e os caracóis do sapal partilham o<br />

material de plantas mortas durante a alimentação, acelerando o processo de<br />

decomposição (Wenner, 2003).<br />

Os insectos também são abun<strong>da</strong>ntes nos sapais. A maioria destes invertebrados<br />

consome plantas vivas ou os seus fluidos. Alguns também se alimentam de detritos,<br />

embora a importância do seu papel na cadeia alimentar como destruidor de detritos seja<br />

pequena, quando compara<strong>da</strong> com a sua importância na abundância de aves, que<br />

dependem deles para se alimentarem. Também muitas <strong>da</strong>s espécies de peixe que vivem<br />

perto do sapal dependem dos insectos como alimento durante parte do ano (Packham et<br />

al., 1997).<br />

Muitas espécies vivem nos sapais onde os caules, folhas e raízes fornecem,<br />

simultaneamente, alimento, abrigo dos pre<strong>da</strong>dores e até "berçário". Sem a abundância<br />

de alimento e protecção <strong>da</strong><strong>da</strong> pelas plantas de sapal, poucos juvenis conseguiriam<br />

sobreviver até à fase adulta. Muitos peixes que habitam os sapais entram e saem do<br />

sapal com a maré. Assim que saem <strong>da</strong> protecção do sapal tornam-se mais susceptíveis<br />

de serem comidos por um vasto número de pre<strong>da</strong>dores. Alguns peixes e camarões<br />

permanecem no sapal após a maré descer, vivendo em pequenos buracos e poças de<br />

água (Packham et. al., 1997).<br />

Os juvenis de espécies “invasoras” vindos de ambientes de águas mais profun<strong>da</strong>s<br />

adjacentes alcançam taxas de crescimento rápi<strong>da</strong>s nos sapais dos estuários. Uma<br />

consequência adicional do papel de “berçário” <strong>da</strong>s zonas húmi<strong>da</strong>s é que o movimento<br />

dos juvenis mais velhos para águas mais profun<strong>da</strong>s permite exportar matéria orgânica de<br />

alta quali<strong>da</strong>de para as águas costeiras revelando-se, assim, vital para os peixes<br />

marinhos, especialmente aqueles de valor económico (Deegan, 1993).<br />

As aves (incluindo muitas espécies migratórias que repousam nos sapais durante<br />

o Inverno) contribuem com importantes nutrientes para os sapais através <strong>da</strong>s suas fezes<br />

que se acumulam em grandes quanti<strong>da</strong>des nas colónias de nidificação. Por outro lado, as<br />

fezes fertilizam a vegetação do sapal, uma importante função na cadeia alimentar do<br />

ecossistema (Packham et. al., 1997).<br />

As espécies estão normalmente distribuí<strong>da</strong>s de acordo com a altura <strong>da</strong> maré. A<br />

zonação é por vezes dinâmica, reflectindo um processo sucessional no qual à superfície<br />

11


a vegetação pode acumular sedimentos, provocando o aumento <strong>da</strong> altura relativo aos<br />

valores <strong>da</strong>s marés. Esta situação leva a uma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s condições ambientais,<br />

favorecendo outras espécies. Por vezes, a planta do género Spartina aumenta as áreas<br />

pantanosas, devido a permitir a agregação de sedimentos finos (Ipieca, 1994).<br />

Outro factor que influência a distribuição <strong>da</strong>s espécies é a salini<strong>da</strong>de. Os casos<br />

extremos são os sapais de água doce ou canaviais que ocorrem nas zonas superiores de<br />

alguns estuários. As baixas salini<strong>da</strong>des podem também ser causa<strong>da</strong>s pela infiltração de<br />

água doce <strong>da</strong>s zonas interiores (Ipieca, 1994).<br />

Diversos autores têm mostrado que somente uma pequena fracção <strong>da</strong> produção<br />

<strong>da</strong> planta é consumi<strong>da</strong> por herbívoros (Teal, 1962; Enriques et al., 1993) uma vez que<br />

folhas que caem com o envelhecimento, ou o movimento <strong>da</strong> maré fracciona-as<br />

mecanicamente. Assim, muito <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> Spartina entra nos caminhos dos detritos<br />

e permanece dentro do sapal, ou são exporta<strong>da</strong>s para águas costeiras adjacentes (Flint et<br />

al., 1999).<br />

Os sapais são importantes em numerosas pescas comerciais e recreativas por ser<br />

depósitos de berçários, refúgios, ou recursos de comi<strong>da</strong> (Daiber, 1982; Williams, 1984,<br />

Kneib, 1997; Minton, 1999), e similarmente, fornecem alimentos e habitats de<br />

nidificação para muitos pássaros e mamíferos (Daiber, 1982; Bertness, 1999).<br />

Em alguns locais, a sua vegetação pode ser utiliza<strong>da</strong> como feno para alimentar o<br />

gado e como protecção horticultural. São também utilizados em projectos de<br />

aquacultura, por suas águas serem ricas em nutrientes. Nestes projectos, usam-se stocks<br />

de mariscos e bivalves em grandes densi<strong>da</strong>des, porque são considerados uma ferramenta<br />

para melhorar ou restaurar a transparência <strong>da</strong>s águas (Cloern, 1982; Ulanowicz e Tuttle,<br />

1992).<br />

Porém, uma <strong>da</strong>s preocupações desta opção de gestão é a produção dos seus<br />

resíduos, adicionando mais matéria orgânica aos sedimentos, e também estes<br />

organismos acabam consumindo mais oxigénio perto do fundo (Roman e Tenore, 1984).<br />

Nestas zonas, ocorre também a retenção de vários tipos de contaminantes,<br />

incluindo metais pesados (Teal, 1986), hidrocarbonetos clorados e derivados de<br />

petróleo. Esta acumulação pode ocorrer também em rizoconcreções e não somente nos<br />

sedimentos e nos tecidos biológicos dos animais (Vale et al., 1990).<br />

12


2.1.2. Ecologia<br />

Actualmente, uma <strong>da</strong>s mais importantes coberturas de publicações de biólogos e<br />

ecologistas em conservação, é a estimação do rápido aumento do transporte de<br />

nutrientes em todos os ambientes, terrestres e aquáticos (Vitousek, 1994; Soulé e<br />

Orians, 2001).<br />

Embora os efeitos <strong>da</strong> adição do azoto ain<strong>da</strong>, de modo geral, é desconhecido, por<br />

ser razoavelmente um fenómeno recente, estes efeitos incluem alterações químicas na<br />

atmosfera (óxido de azoto na troposfera) (Schlesinger et al., 2001; Paerl et al., 2002),<br />

redução na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água em sistemas aquáticos (Rabalais et al., 2002), e ocasiona<br />

mu<strong>da</strong>nças nos processos ecológicos ao nível <strong>da</strong> população e comuni<strong>da</strong>de (Vitousek,<br />

1994; Heip 1995, Micheli et al., 2001).<br />

Numerosos estudos tem confirmado o azoto como o melhor nutriente limitante<br />

para produção de plantas no sapal (Valiela e Teal, 1974; Gallagher, 1975 ; Valiela et al.,<br />

1975; Haines e Dunn, 1976; Jeffries, 1977; Mendelssohn, 1979). Sabe-se também que o<br />

azoto é um nutriente limitante em muitos ambientes, por exemplo, costa marinha, mar<br />

aberto, prados terrestre e florestas montanhosas. Impactos na adição de azoto não afecta<br />

somente os produtores, mas também afecta positivamente ou negativamente outros<br />

níveis tróficos (Tober et al., 1996, Nixon e Buckley, 2002). Consequências na estrutura<br />

<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de seria substancial.<br />

Os sapais podem ser um dos mais sensíveis ambientes em relação ao aumento de<br />

nutrientes, porque recebem a água final circun<strong>da</strong>nte (Peierls et al., 1991, McClelland et<br />

al., 1997; Bowen e Valiela, 2001; Valiela e Browen, 2002), e filtram as águas dos rios<br />

e canais influenciados pela maré (Bertness, 1999; Pennings e Bertness, 2001; Valiela e<br />

Cole, 2002). Isto é vital para compreender como os sapais são afectados pela<br />

eutrofização, porque eles fornecem muitos serviços de ecossistema valiosos para a<br />

socie<strong>da</strong>de. Como, proteger a linha <strong>da</strong> costa <strong>da</strong> erosão do sedimento (Redfield, 1972;<br />

Niering e Warren, 1980) e amortecer os efeitos de inun<strong>da</strong>ções pela absorção do solo<br />

(Beatley et al., 2002).<br />

Processos naturais de sedimentação e desnitrificação em sapais protegem águas<br />

costeiras de excessos de nutrientes que contribuem para a per<strong>da</strong> de habitat, reduzindo a<br />

clari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, florescimento nocivo de algas, e morte de peixes (Bertness, 1999;<br />

Anderson et al., 2002; Breitburg, 2002; Rabalais et al., 2002).<br />

13


Assim, as plantas dos sapais podem ter a habili<strong>da</strong>de de sobreviverem com altos<br />

solos salinos devido a evaporação de água salga<strong>da</strong>; erosão do solo devido às correntes<br />

oceânicas e movimentos de marés; submersão completa ou parcial durante inun<strong>da</strong>ções<br />

<strong>da</strong> maré; anoxia do solo devido aos sedimentos inun<strong>da</strong>dos, e sulfeto tóxico que aparece<br />

como um metabolito pós produto <strong>da</strong> redução de sulfato por bactérias no solo (Niering e<br />

Warren,1980; Wieget e Freeman, 1990, Pennings e Bertness, 2001).<br />

Para muitos cientistas, um dos mais importantes aspectos do sapal é a sua<br />

simplici<strong>da</strong>de, pois fornece um prestável modelo para as comuni<strong>da</strong>des ecológicas para<br />

estudos, e além disso, sugerem teorias que podem também ser aplica<strong>da</strong>s em outros<br />

ecossistemas. Fortes gradientes físicos ocorrem sobre uma pequena distância dentro dos<br />

sapais, devido às inun<strong>da</strong>ções bidirecionais <strong>da</strong>s marés sobre um gradiente elevacional. E<br />

são menos vulneráveis às mu<strong>da</strong>nças do nível do mar, devido ao grande transporte de<br />

sedimentos (Niering e Warren, 1980; Wiegert e Freeman, 1990; Bertness, 1999).<br />

Visto que muitas plantas não sobreviveriam em tais habitats estridentes, estas<br />

desenvolveram especializações físicas, metabólicas e a<strong>da</strong>ptações estruturais que<br />

permitiram-lhes colonizar este raro nicho. A<strong>da</strong>ptações fisiológicas incluem tecidos<br />

aerênquima bem desenvolvidos, que são uma séries de passagens de ar para transportar<br />

oxigénio <strong>da</strong>s folhas <strong>da</strong>s plantas até as raízes, e glândulas de sal nas folhas que excretam<br />

sal (Bertness, 1999). A<strong>da</strong>ptações metabólicas incluem um caminho envolvendo<br />

metabolismo anaeróbico (Koch et al., 1990), e a capaci<strong>da</strong>de de produzir altas<br />

concentrações de soluções orgânicas para manter um alto potencial osmótico (Cavalieri<br />

e Huang, 1981; Bertness, 1999, Mulholland e Otte, 2001). As a<strong>da</strong>ptações estruturais<br />

incluem aberturas dos estómatos que fecham quando inun<strong>da</strong>m, e uma extensa rede de<br />

raiz e rizoma próximo <strong>da</strong> superfície do solo que facilita a oxigenação <strong>da</strong>s raízes<br />

Contudo, estas densas raízes e rizomas <strong>da</strong>s plantas dos sapais a<strong>da</strong>ptam-se ao tipo de<br />

sedimentos existentes. Através delas, as macrófitas consoli<strong>da</strong>m os sedimentos soltos,<br />

diminuindo a erosão dos sedimentos (Wiegert e Freeman, 1990).<br />

Estudos e modelos na diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de nos sapais são incalculáveis<br />

devido relativamente a poucas plantas poderem habitar os sapais (Pennings e Bertness,<br />

2001) e por gradientes físicos conduzirem para uma zonação notável destas plantas<br />

(Niering e Warren, 1980).<br />

Este ecossistema tem também recebido atenção por ser entre dos mais<br />

produtivos ambientes do mundo. A produção <strong>da</strong> rede primária nos sapais domina<strong>da</strong> por<br />

14


Spartina altemiflora tem sido estima<strong>da</strong> em aproxima<strong>da</strong>mente 3.000g/m 2 /ano,<br />

concorrendo com os recifes de corais e florestas tropicais (Valiela, 1995).<br />

Segundo Teal (1962), em algumas vezes a marés removem 45% <strong>da</strong> produção<br />

antes dos consumidores do sapal terem a chance de usá-la, permitindo, assim, os<br />

estuários suportar uma abundância de animais e as águas costeiras suportar a<br />

produtivi<strong>da</strong>de oceânica. O conceito de sapais como “ecossistemas exportadores” no<br />

começo dos anos 60 rapi<strong>da</strong>mente tornou-se uma ideia aceite (Nixon, 1980).<br />

Ocorrem em muitas latitudes, excepto nas temperaturas géli<strong>da</strong>s que não<br />

permitem o seu desenvolvimento ou nos trópicos onde os mangues substituem-nos<br />

(Wiegert e Freeman, 1990; Pennings e Bertness, 2001). Os produtores primários mais<br />

notáveis são as macrófitas, especialmente Spartina altemiflora e Juncus roemerians<br />

(Wieget e Freeman, 1990), embora filamentos de alga verde, diatomáceas,<br />

cianobactéria, e bactéria quimiosintética também contribuem para o ciclo do carbono<br />

em extensão variável (Zimba, 1991; Valiela, 1995; Goni e Thomas 2000).<br />

Dependendo <strong>da</strong> latitude, a vegetação pode estar inactiva no Inverno ou crescer<br />

todo o ano. Isto tem a vantagem de se prever o que poderá acontecer à vegetação em<br />

caso de contaminação. Por exemplo, em sapais de regiões tempera<strong>da</strong>s e frias uma<br />

contaminação no Outono ou Inverno pode demorar meses a recuperar, simplesmente<br />

devido a não ser uma época de crescimento (Ipieca, 1994).<br />

Produção nos sapais são exporta<strong>da</strong>s para ambientes marinhos circun<strong>da</strong>ntes.<br />

Porém, estudos subsequentes tem encontrado que os sapais variam nesta exportação<br />

(Odum, 1980). Alguns investigadores europeus e americanos afirmam que os sapais são<br />

uma rede de importadores em vez de rede exportadoras de matéria orgânica, e<br />

eventualmente, nutrientes (Vegter, 1975; Hackney, 1977; Lammens e Van Eeden, 1977;<br />

Haines et al., 1977; Wolff, 1977; Wolff et al., 1979; Dankers et al., 1984).<br />

Muitos estudos têm focado no controle <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de primária, que é, o<br />

abastecimento de recursos, tais como nutrientes que regulam a performance do<br />

crescimento de produtores na base <strong>da</strong> rede alimentar (Bertness, 1999).<br />

A salini<strong>da</strong>de limita a produção de plantas dos sapais devido ao stress <strong>da</strong> água,<br />

toxi<strong>da</strong>de do sal, e inibição competitiva por sódio por admissão de importantes catiões, a<br />

saber amónio e potássio (Phleger, 1971; Levitt, 1972; Haines e Dunn, 1976;<br />

Mendelssohn e Morris, 2000). Além disso, o aumento de salini<strong>da</strong>de permite a algumas<br />

plantas, usar nitrogénio disponível para produção de compostos osmoreguladores ao<br />

invés para o crescimento (Cavalieri e Huang, 1981).<br />

15


Em adição, onde solos estão pobremente drenados (anaeróbicos), ocorre<br />

aumento de sulfeto devido a redução microbial e suprime o crescimento <strong>da</strong> planta<br />

(Howes et al., 1981; King et al., 1982). Tem sido mostrado a diminuição <strong>da</strong> biomassa<br />

<strong>da</strong> planta (altura, folhas, caules, e sistemas de raízes) com o aumento do sulfeto acima<br />

de 0.5 mM, e nenhum crescimento ocorre em to<strong>da</strong>s as concentrações acima de 2.0 mM<br />

(DeLaune et al., 1983, Bradley e Dunn, 1989). Mecanismos pelo qual sulfeto conduz a<br />

diminuição <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong> planta incluem toxici<strong>da</strong>de do sulfeto (Allam e Hollis, 1972)<br />

e efeitos inibidores no metabolismo <strong>da</strong> raiz (Mendelssohn e Morris, 2000). O sulfeto<br />

afecta negativamente o metabolismo <strong>da</strong> raiz nas concentrações abaixo de 0.5 mM por<br />

reduzir activi<strong>da</strong>de desidrogenase álcool (ADH), a enzima responsável pela fermentação<br />

alcoólica na alta redução dos solos anaeróbicos, desta maneira a produção <strong>da</strong> redução de<br />

carbono pela planta (Koch et al., 1990).<br />

2.1.3. Interacções bióticas<br />

Embora gradientes físicos possam explanar a performance do crescimento <strong>da</strong>s<br />

espécies em monocultura, eles sozinho não podem explanar padrões de comuni<strong>da</strong>de<br />

(Callaway e Walker, 1997; Huckle et al., 2000; Greiner La Peyre, 2001; Pennings e<br />

Bertness, 2001).Controles bióticos, particularmente interações planta-planta e animal-<br />

planta, também facilitam ou inibem a produção, influenciando sucessos e diversi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s plantas na comuni<strong>da</strong>de (Pennings e Bertness, 2001).<br />

Importantes interacções planta-planta no sapal incluem parasitismo e<br />

competição. Parasitismo epífito tem recebido mais atenção em ambientes terrestres do<br />

que nos sapais (Press e Graves, 1995). Embora parasitismo e facilitação podem ser<br />

restritos em certos sapais e sítios latitudinais, respectivamente, competição aparece ser<br />

universal para todos os sapais e podem ser mais importantes na estruturação de<br />

comuni<strong>da</strong>des.<br />

A competição é o principal factor na determinação <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e padrões<br />

de distribuição de invertebrados marinhos (Connell 1961; Paine 1974; Menge, 1976), e<br />

plantas (Harper, 1977; Grime 1979; Keddly, 2001).<br />

Recursos como nutrientes, luz, água, e competição interespecífica podem<br />

diminuir a germinação de semente, sobrevivência, e crescimento (Bertness e Ellison,<br />

1987; Bertness, 1991b; Bertness e Yeh, 1994), e plantas que sobrevivem através <strong>da</strong><br />

germinação podem ter menor biomassa, redução na produção de folha, e caules mais<br />

16


finos (Harley e Bertness, 1996). A competição intraespecífica é facilmente vista em<br />

produção de monoculturas: com menor aumento de densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s plantas (Keddy,<br />

2001).<br />

Os animais podem também controlar o crescimento <strong>da</strong> planta e vice-versa,<br />

ambos positivamente ou negativamente. Muitas <strong>da</strong>s interacções animal-planta no sapal<br />

tem importantes simbioses facultativas (A<strong>da</strong>m, 1990; Bertness, 1999).<br />

Caranguejos escavadores, tais como o Uçá (Ucides cor<strong>da</strong>tus), facilitam o<br />

crescimento <strong>da</strong> planta por aerificação do solo, aumentem decomposição no solo e<br />

mineralização por remodelar o solo, e adicionam nutrientes (por exemplo azoto) ao solo<br />

através dos seus desperdícios (Montague, 1980).<br />

Há estimativas que os herbívoros removem aproxima<strong>da</strong>mente 10 % <strong>da</strong> biomassa<br />

do sapal vivo (Smalley, 1960; Teal, 1962; Pfeiffer e Wiegert, 1981; Montague e<br />

Wiegert, 1990), que eles podem, assim, afectar a avaliação <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> planta,<br />

especialmente no caso de espécies raras (Gough e Grace, 1998).<br />

Mamíferos grandes e pássaros podem ser capazes de remover grandes porções<br />

de biomassa (Smith e Odum, 1981; Furbish e Albano, 1994; Kerbes et al., 1990; Ford e<br />

Grace, 1998), mas insectos tais como gafanhotos e besouros podem também ser mais<br />

importantes do que alguma vez se pensou. Porque herbívoros tendem focar em<br />

particular, espécies de plantas preferi<strong>da</strong>s, e quali<strong>da</strong>des particulares <strong>da</strong> planta,<br />

promovendo assim o sucesso de menos plantas preferi<strong>da</strong>s (Ellison, 1987; Foster 1984,<br />

Rand, 2000). As suas preferências são media<strong>da</strong>s pela química <strong>da</strong> planta, resistência, e<br />

concentração de azoto (Pennings et al., 1998, Pennings et al., 2001).<br />

Muitas plantas produzem uma varie<strong>da</strong>de de compostos que atraem os<br />

herbívoros. Outras, resistem devido aos teores em sílica e sais. Embora o conteúdo de<br />

azoto foliar usualmente não prediz a preferência de herbívoros destacado entre espécies<br />

de plantas (Pennings et al., 1998), muitos estudos têm reportado que isto afecta a<br />

escolha dos herbívoros dentro <strong>da</strong>s espécies de plantas (Denno et al., 1986, Gratton e<br />

Denno, 2003). Assim, eutrofização comumente altera relacionamentos entre uma planta<br />

e seus herbívoros por fazer com que a planta seja má palatável aos consumidores.<br />

Nos sapais, a maioria do material do sapal mais alto entra na rede de comi<strong>da</strong> de<br />

detritos (Teal, 1962; Odum e de la Cruz, 1967), permitindo a colonização por<br />

micróbios (Newell et al., 1989, Newell, 1993).<br />

Condições ambientais, tais como, acesso a luz, água (orvalho e marés) e<br />

nutrientes orgânicos e inorgânicos, influencia activi<strong>da</strong>de do consumidor e exposição a<br />

17


produtos tóxicos de fermentação e/ou zonas anaeróbicas, entre várias plantas decaem<br />

em cobertura versus a superfície do solo, assim influencia a composição <strong>da</strong> dominância<br />

de decompositores no sistema (Newell et al., 1989, 1991, 1998; Newell, 1993, 1996;<br />

Graca et al., 2000)<br />

Fungos ascomicetos são os maiores decompositores <strong>da</strong> situação de morte <strong>da</strong><br />

Spartina, compondo por 98% <strong>da</strong> situação de colheita microbial nas folhas. São capazes<br />

de rapi<strong>da</strong>mente limpar o azoto <strong>da</strong> planta e romper abaixo a matéria orgânica dentro <strong>da</strong>s<br />

células (Bergbauer e Newell, 1992; Newell, 1993, 1996).<br />

Através de vários estudos de laboratório tem-se apontado o aumento do<br />

crescimento dos detritívoros, reprodução, e/ou palatabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comi<strong>da</strong> com o aumento<br />

<strong>da</strong> biomassa fungal <strong>da</strong> comi<strong>da</strong> de detritos, mas nenhum estudo tem investigado como<br />

aumentos na disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> plantas podem finalmente afectar estes detritívoros no<br />

campo (Bärlocher et al., 1989b; Newell e Bärlocher, 1993; Kneib et al., 1997; Graca et<br />

al., 2000).<br />

2.2. Bacia hidrográfica do rio Minho<br />

A bacia hidrográfica do rio Minho tem cerca de 850 km 2 em Portugal e 16 235<br />

km 2 em Espanha, cobrindo uma área total de aproxima<strong>da</strong>mente 17 081 km 2 (Farinha e<br />

Trin<strong>da</strong>de, 1994). Sendo, em Portugal, a segun<strong>da</strong> mais pequena bacia internacional, logo<br />

depois <strong>da</strong> bacia do rio Lima (Gamboa, 1999; Santos e Gamboa, 1999; Alves, 2000).<br />

A parte portuguesa <strong>da</strong> bacia hidrográfica localiza-se no extremo noroeste de<br />

Portugal, entre as coordena<strong>da</strong>s 41º 45` e 43º 40` de latitude N e 06º10` e 08º55`de<br />

longitude W. A rede hidrográfica caracteriza-se pela existência de duas linhas de água<br />

principais, o rio Minho propriamente dito e o rio Sil, sendo este o maior afluente do rio<br />

Minho. Os principais afluentes <strong>da</strong> bacia portuguesa são, de montante para jusante:<br />

Trancoso (26 km 2 ), Mouro (141 km 2 ), Gadenha (82 km 2 ) e Coura (268 km 2 ) (Gamboa,<br />

1999; Santos e Gamboa, 1999; Alves, 2000).<br />

Os limites <strong>da</strong> bacia são: a sul a bacia do rio Lima e as ribeirinhas <strong>da</strong> costa<br />

atlântica, a sudoeste a bacia do Douro e a norte as bacias hidrográficas <strong>da</strong> costa norte de<br />

Espanha (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

A área geográfica abrange 6 concelhos pertencentes ao distrito de Viana do<br />

Castelo: Caminha, Melgaço, Monção, Paredes do Coura, Valença e Vila Nova de<br />

Cerveira.<br />

18


O Minho inferior, o qual corresponde à região drena<strong>da</strong> pelo troço final do rio<br />

Minho, é onde inicia-se o estuário. Esta uni<strong>da</strong>de desenvolve-se em um vale com formas<br />

bastante mais suaves do que aqueles que caracterizam as zonas de montante <strong>da</strong> bacia.<br />

Esta zona do rio apresenta eleva<strong>da</strong>s deposições de sedimentos e correntes muito lentas,<br />

<strong>da</strong>ndo origem a formações de bancos de areia e ilhas (Gamboa, 1999; Santos e Gamboa,<br />

1999; Alves, 2000).<br />

Contudo, a parte portuguesa <strong>da</strong> bacia, mesmo sendo relativamente pequena,<br />

enquadra um complexo diversificado de ecossistemas a que se associam habitats e<br />

espécies florísticas e faunísticas de elevado valor conservacionista.<br />

2.2.1. Caracterização geológica<br />

A bacia hidrográfica do rio Minho encontra-se dividi<strong>da</strong>, do ponto de vista<br />

geológico, em duas partes, as quais são separa<strong>da</strong>s pelo cisalhamento dúctil de Vigo-<br />

Régua que tem orientação Varisca – NW-SE a N-S - e que intercepta quase<br />

perpendicularmente a neo-tectónica Alpina dominante (ENE-WSW a NESW). Na área<br />

<strong>da</strong> bacia, denomina-se carreamento de Vila Verde. A Oeste do cisalhamento afloram<br />

terrenos para-autóctones, de i<strong>da</strong>de Câmbrica a Silúrica, intensamente metamorfizados (e<br />

intruídos) por granitos. A Este, a área é essencialmente constituí<strong>da</strong> por maciços<br />

granitóides autóctones ou para-autóctones, provavelmente ultrametamórficos, ocorrendo<br />

como excepção a mancha alóctone de Valença (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

Na bacia ocorrem três uni<strong>da</strong>des litológicas: rochas sedimentares, rochas<br />

eruptivas e rochas metamórficas. Geomorfologicamente, a bacia é marca<strong>da</strong> pela<br />

oposição entre relevos elevados, culminando em planaltos descontínuos preservados no<br />

topo de blocos individualizados entre vales. Esta morfologia resulta num reticulado<br />

rígido que sugere um controlo por fracturas geralmente de difícil identificação no<br />

terreno e vales mais largos, de fundo aplanado (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

19


2.2.2. Caracterização climatológica<br />

O clima <strong>da</strong> região é resultado <strong>da</strong> sua posição geográfica ocidental do continente<br />

Europeu, proximi<strong>da</strong>de do Atlântico e a forma e disposição dos principais conjuntos<br />

montanhosos do noroeste de Portugal. Este clima varia entre fresco, húmido e muito<br />

chuvoso nos sectores a montante abrangidos pela Serra <strong>da</strong> Pene<strong>da</strong> e na Serra de Arga, e<br />

temperado, húmido e chuvoso ao litoral e no sector intermédio. A classificação<br />

climática é do tipo A B1’ s a’. O clima pode considerar-se como super-húmido do tipo<br />

A, mesotérmico do tipo B1, com modera<strong>da</strong> falta de água no Verão do tipo s e com<br />

pequena eficiência térmica no Verão do tipo a’ nas regiões mais a montante <strong>da</strong> bacia<br />

(PBH do Rio Minho, 2000).<br />

No sector intermédio o clima é húmido, em Monção, e muito húmido em<br />

Valinha e Melgaço, com modera<strong>da</strong> falta de água no Verão (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

A insolação anual na bacia do Minho situa-se entre as 1700 horas na região mais<br />

setentrional e as 2 400 horas junto à foz (Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1995).<br />

Segundo registos <strong>da</strong>s estações climatológicas, a precipitação anual média varia<br />

entre 1 070 mm em Âncora, 1268 mm em Melgaço e 1 235 mm em Monção/Valinha.<br />

Janeiro constitui o mês mais pluvioso, com 434 mm em Cerdeira. Junto ao vale do rio<br />

Minho, no sector intermédio, os maiores valores de precipitação verifica-se em Janeiro,<br />

com 210 mm em Monção/Valinha. Na foz é em Dezembro que se regista, em média, o<br />

valor mais elevado de precipitação, com 150 mm. As áreas abriga<strong>da</strong>s dos vales e do<br />

litoral são as que apresentam os maiores valores de temperatura e os menores valores<br />

são observados nos locais mais elevados <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Pene<strong>da</strong>. A temperatura anual média<br />

do ar ron<strong>da</strong> 14 ºC nos sectores de jusante e intermédios <strong>da</strong> bacia. Devido ao afastamento<br />

do litoral e <strong>da</strong> alta altitude, a temperatura nos sectores mais afastados do litoral fica em<br />

torno de 9,5ºC (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

Ocorrem em média 60 dias com orvalho nas regiões de montante <strong>da</strong> bacia; no<br />

sector intermédio apenas se registaram estas ocorrências em cerca de 9 dias, junto à foz,<br />

as manhãs com orvalho são muito pouco frequentes, apenas se verificando, em média,<br />

em cerca de 1 dias anualmente. Nos dias mais frios e de estabili<strong>da</strong>de atmosférica em que<br />

a temperatura desce a valores negativos, forma-se gea<strong>da</strong>, sobretudo nas áreas mais<br />

abriga<strong>da</strong>s, registrando-se em cerca de 90 dias, em média, anualmente, com destaque<br />

para Dezembro, mês em que ocorre em cerca de 14 dias nos sectores de montante <strong>da</strong><br />

bacia. Na parte intermédia, a gea<strong>da</strong> forma-se entre 13 dias e 19 dias, em média,<br />

20


anualmente, e junto ao litoral, em Âncora, não atinge sequer um dia anualmente, devido<br />

à influência que o mar exerce na moderação <strong>da</strong> temperatura do ar (PBH do Rio Minho,<br />

2000).<br />

2.2.3. Caracterização física<br />

O rio Minho é um rio internacional partilhado por Portugal e Espanha. Nasce em<br />

Espanha na Irimia Alta, na serra <strong>da</strong> Meira, a cerca de 750m de altitude, e corre de Leste<br />

para Oeste. Depois de banhar Ourense (100m), entra em Portugal à cota de 60m para, 77<br />

km a jusante, desaguar no Oceano Atlântico. O seu comprimento total é de 300 km, dos<br />

quais 223 km inteiramente na Galiza; 70 km servem de fronteira até à vila de Caminha,<br />

perto <strong>da</strong> sua foz (Loureiro et al., 1986; Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994).<br />

O percurso do rio Minho apresenta desde a entra<strong>da</strong> em território nacional uma<br />

largura que varia entre os 100 m e os 2,5 km, pouco antes <strong>da</strong> foz (Vilas e Somoza, 1984,<br />

Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1995, Ezequiel e López, 2000), podendo ser subdividido em três partes:<br />

• Troço a montante, do tipo rochoso com depressões fun<strong>da</strong>s, escarpas abruptas<br />

de mato, afloramentos rochosos e pequenos depósitos aluvionares.<br />

• Sector médio, entre Monção e Valença, apresentando depósitos sedimentares<br />

e correntes lentas, com algumas ilhas e praias fluviais nas margens.<br />

• Troço inferior, que inclui o estuário, apresentando deposição significativa de<br />

sedimentos, correntes mais lentas e deposição de areias com formação de<br />

bancos. A influência <strong>da</strong> maré é marcante nesta zona. São de destacar as ilhas<br />

<strong>da</strong> Boega, dos Amores, de S. Pedro, de Canosa, <strong>da</strong>s Arenas e de Morraceira.<br />

A veloci<strong>da</strong>de média anual do vento varia entre 10 km/h na parte intermédia<br />

(Monção/Valinha) e 7,2 km/h à montante, em Lamas de Mouro. Um pouco a sul <strong>da</strong> foz<br />

do rio Minho, a veloci<strong>da</strong>de média é aproxima<strong>da</strong>mente 8 km/h (PBH do Rio Minho,<br />

2000).<br />

21


2.2.4. O estuário do rio Minho<br />

2.2.4.1. Regime de marés<br />

O estuário do Minho é mesoti<strong>da</strong>l (Vilas e Somoza, 1984), caracterizado por um<br />

regime de maré predominantemente semi-diurno, com uma amplitude que varia entre 2<br />

m (1.5-2 m na secção de Caminha – Camposancos) em marés mortas e 4 m em marés<br />

vivas (Vilas e Somoza, 1984; Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1994).<br />

A influência <strong>da</strong> água do mar faz-se sentir, como referido, até uma distância de<br />

35 km a montante <strong>da</strong> embocadura. A maré apresenta uma assimetria diurna pronuncia<strong>da</strong><br />

de cerca de 0.5m (Vilas e Somoza, 1984). Não se dispõe de informação relativa às<br />

características <strong>da</strong> sua propagação. O prisma de maré variará entre 30hm 3 para uma maré<br />

de 1.5 m e 80 hm 3 para uma maré de 4m.<br />

Vilas e Somoza (1984) observaram variações de salini<strong>da</strong>de em estiagem de 5-20<br />

em baixa-mar a 32-35 em preia-mar. Observaram também variações de temperatura de<br />

16-24ºC em estiagem e 10-16ºC em invernia.<br />

Estes <strong>da</strong>dos revelam que a estratificação não é muito acentua<strong>da</strong> em baixa-mar.<br />

Em preia-mar verifica-se um ligeiro aumento do gradiente vertical de salini<strong>da</strong>de, sendo<br />

mais clara a sua estratificação (Bettencourt et al., 2003).<br />

Nas marés vivas, a maré tende a dominar, favorecendo a mistura <strong>da</strong> coluna <strong>da</strong><br />

água e sendo o estuário do Tipo C, ou verticalmente homogéneo (Bettencourt et al.,<br />

2003).<br />

No entanto, de Dezembro a Março, o estuário será do Tipo A ou em cunha<br />

salina, formando plumas que correspondem a um transporte significativo de sedimentos<br />

finos para a plataforma continental. Durante a maior parte do ano, o estuário encontrar-<br />

se-á parcialmente estratificado com um gradiente horizontal importante (Bettencourt et<br />

al., 2003).<br />

Segundo estudos realizados no ano 1990, em períodos de marés vivas e marés<br />

mortas, em época estival, na região compreendi<strong>da</strong> entre a foz e Seixas, verificou-se que<br />

as correntes de vazante, cujo valor máximo determinado atingiu 1.8 m/seg., têm<br />

veloci<strong>da</strong>des pouco superiores às correntes de enchente, veloci<strong>da</strong>de máxima determina<strong>da</strong><br />

1.4 m/seg., o que revela o carácter pouco cau<strong>da</strong>loso do rio nesta época do ano (Alves,<br />

1996).<br />

22


As maiores veloci<strong>da</strong>des, como aliás já foi reconhecido anteriormente noutros<br />

estuários, em vazante ocorrem próximo do mínimo <strong>da</strong> baixa-mar, e em enchente<br />

ocorrem próximo do máximo <strong>da</strong> preia-mar, situação que, sem contar com o efeito do<br />

cau<strong>da</strong>l fluvial, é justifica<strong>da</strong> pela diminuição <strong>da</strong> secção do “canal” constituinte do<br />

estuário, muito maior em preia-mar que em baixa-mar (Alves, 1996).<br />

Durante as marés mortas as correntes têm um comportamento semelhante em<br />

direcção e na relação <strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong>des entre a enchente e a vazante; os valores <strong>da</strong>s<br />

veloci<strong>da</strong>des são contudo, e naturalmente, bastante inferiores, tendo-se determinado o<br />

valor máximo de 0.89 m/seg. na vazante e o valor 0.52 m/seg. na enchente (Alves,<br />

1996).<br />

2.2.4.2. Caracterização do estuário<br />

O estuário do rio Minho estende-se desde Valença até a foz do rio em Caminha.<br />

Localiza-se na costa Noroeste de Portugal com ligação com o Oceano Atlântico e<br />

termina a jusante <strong>da</strong> secção <strong>da</strong> ilha de Ínsua que o separa do Oceano Atlântico (Fi<strong>da</strong>lgo<br />

et al., 1995).<br />

Tem influência de marés em cerca de 35 km, penetração que se deve não só à<br />

amplitude de marés, que em épocas de marés vivas atinge quase os 4m, mas<br />

principalmente à suavi<strong>da</strong>de de declive do leito actual. Em grande parte <strong>da</strong> sua extensão,<br />

primeiros 25 km em Portugal, é estreito, com largura inferior a 500m, apresentando um<br />

só canal. Nos últimos 15 km, a partir de Vila Nova de Cerveira, aumenta de largura que<br />

é máxima, pouco superior a 2 km, a montante <strong>da</strong> confluência com o rio Couro, junto a<br />

Caminha (Alves, 1996).<br />

A profundi<strong>da</strong>de máxima na barra é de -4 m e a profundi<strong>da</strong>de máxima no troço<br />

estuarino de -11 m abaixo do nível médio <strong>da</strong> água do mar e a sua área será assim<br />

realmente de 2000 a 3000 h a (Fi<strong>da</strong>lgo et al., 1994).<br />

Localmente ocorrem fundões, dos quais é de destacar um que existe junto a uma<br />

pequena ilha (Castelinho), em Vila Nova de Cerveira, que no espaço de cerca de 80 m<br />

de largura se desce de 2 a 3 m (cota geral do fundo do rio), para uma profundi<strong>da</strong>de<br />

superior a 20 m (Alves, 1996).<br />

Ao estuário afluem os rios, Coura na margem portuguesa a Louro e Tamuxe, na<br />

margem galega, constituindo significativos contribuintes de cau<strong>da</strong>is líquidos e sólidos<br />

para o estuário. Além destes, muitos outros pequenos cursos de água, drenam para o<br />

23


estuário, podendo considerar-se no geral uma rede de drenagem bastante densa.<br />

Contudo o aporte lateral de sedimentos são pouco importante devido sobretudo à<br />

densi<strong>da</strong>de do coberto vegetal, sendo fun<strong>da</strong>mentalmente resultante do desmantelamento<br />

dos depósitos quaternários de terraços e de vertente (Alves, 1996).<br />

A desembocadura do rio Minho é algo complexa, mercê <strong>da</strong> existência <strong>da</strong> ínsua<br />

de Caminha, no exterior. A ligação com o mar faz-se por dois canais, um de ca<strong>da</strong> lado<br />

<strong>da</strong> Ínsua, sendo de profundi<strong>da</strong>de mais uniforme o do lado Sul, chamado “Barra<br />

Portuguesa”, em parte devido à existência de afloramentos rochosos submarinos, cujas<br />

cristas atingem em alguns pontos a superfície <strong>da</strong> água, no canal do lado Norte “ Barra<br />

Espanhola”. No seu conjunto poderá considerar-se do tipo embocadura estreita com<br />

barra, uma vez que em qualquer dos canais se verificam profundi<strong>da</strong>des, em fundo<br />

arenoso, bastante inferiores (respectivamente cerca de -1m do lado Sul e -2m do lado<br />

Norte), às que ocorrem no interior, onde existem cotas de – 6m. Na margem<br />

propriamente dita do estuário, desenvolve-se uma pequena restinga, na margem Sul, de<br />

fraco crescimento para Norte, devido ao efeito combinado de agitação que entra no<br />

estuário através dos dois referidos canais (Alves, 1996).<br />

No interior do estuário existem alguns bancos arenosos ou areno-argilosos<br />

alguns dos quais constituem ilhas, também designa<strong>da</strong>s localmente por ínsuas ou<br />

morraceiras, com vegetação que, em alguns casos, é a típica vegetação de sapal,<br />

morraça, salicórnia e junco, entre outras, mas em algumas ilhas existem árvores com o<br />

amieiro, salgueiro, choupo, etc. Algumas ilhas têm dimensões apreciáveis, sendo de<br />

destacar as ilhas Canossa e Morraceira <strong>da</strong>s Varan<strong>da</strong>s com aproxima<strong>da</strong>mente 2000 m de<br />

extensão, Boega com 1600 m e Morraceira com 1200 m. A cota <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong>s ínsuas<br />

é cerca acima do nível médio, o que origina a sua submersão parcial, durante a maré-<br />

alta, em períodos de marés vivas equinociais ou quando ocorrem temporais (Alves,<br />

1996).<br />

Sob a designação de sapal, são incluí<strong>da</strong>s também as várias ilhas e algumas zonas<br />

<strong>da</strong> margem, cuja cota <strong>da</strong> superfície, praticamente constante, se situa a cerca de 3.5 a 3.8<br />

m, com vegetação característica deste tipo de ambiente. A principal zona de sapal no<br />

estuário do rio Minho, corresponde à região envolvente <strong>da</strong> foz do rio Coura, com uma<br />

área aproxima<strong>da</strong> de 160 ha, as ilhas Canossa, Morraceira do Grilo e Morraceira <strong>da</strong>s<br />

Varan<strong>da</strong>s e uma pequena área na foz do rio Tamuxe, to<strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>mentalmente do alto<br />

sapal. O baixo sapal tem pequena expressão relativamente à área total, limitando-se<br />

parte aos canais de maré que sulcam o alto sapal (Alves, 1996).<br />

24


Os sedimentos do estuário do Minho são caracterizados como sendo<br />

essencialmente compostos por areias médias e grossas, terrígenas. O teor em carbonatos<br />

é indefectível ou muito baixo com excepção na embocadura do estuário onde atinge<br />

apenas 1-3%. O teor em matéria orgânica é também bastante baixo, variando entre<br />

0,25% e 0,624% (Maze et al., 1993).<br />

O cau<strong>da</strong>l sólido transportado pelo rio foi estimado em 806 000 m 3 /ano (ou cerca<br />

de 2 100 000 t/ano) dos quais cerca de 15% são areias (Oliveira, 1990). Este contribui<br />

para a estabilização de pequenas ilhas e bancos de areia onde uma varie<strong>da</strong>de de espécies<br />

depende deste tipo de habitat para complementarem o seu ciclo de vi<strong>da</strong>.<br />

Na generali<strong>da</strong>de, o grau de oxigenação <strong>da</strong> água no estuário do Minho é elevado,<br />

oscilando o oxigénio dissolvido (OD) em percentagem de saturação, entre 75 e 131%<br />

(Fi<strong>da</strong>lgo e Barbosa, 1994; Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995; Fi<strong>da</strong>lgo, 1998). Os teores de CBO5<br />

são de um modo geral bastante baixos variando entre 1,1 e 4,8 mg O2/L (Fi<strong>da</strong>lgo e<br />

Correia 1995; Fi<strong>da</strong>lgo, 1998).<br />

De um modo geral o teor de nutrientes é também baixo, atingindo em baixa-mar<br />

valores mais altos (0,027 mg NH4/L e 1,5 mg NO3/L) do que em preia-mar (0,009 mg<br />

NH4/L e 0,96 mg NO3/L) (Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995).<br />

O estuário com os seus vastos mouchões e margens vasosas, funciona como<br />

habitat natural de uma importante fauna de macroinvertebrados aquáticos, os quais<br />

constituem, por sua vez, níveis fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s cadeias tróficas deste ecossistema,<br />

onde pontificam comuni<strong>da</strong>des interessantes de peixes e aves marinhas. Os povoamentos<br />

de sapal aqui existentes são também muito relevantes em termos ecológicos (Fi<strong>da</strong>lgo e<br />

Correia, 1995).<br />

Segundo Nuñez (1995) in Bettencourt et al. (2003), a zona terrestre adjacente ao<br />

estuário do Minho é dividi<strong>da</strong> em três grandes zonas, de acordo com as suas<br />

características ecológicas:<br />

• A zona de influência marítima compreende a ilha de Ínsua e as margens do<br />

estuário até Ponta Grossa, sendo a sua componente vegetal caracteriza<strong>da</strong> por<br />

Halófitas. No interior <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> ilha a vegetação é domina<strong>da</strong> pelo chorão<br />

Carpobrotus edulis, tanto dentro como fora <strong>da</strong> fortaleza que aí existe, e que<br />

ocupa uma porção muito significativa de to<strong>da</strong> esta área com um total de 1,8 h a .<br />

• A zona fluvial engloba o conjunto <strong>da</strong>s margens do estuário propriamente dito, e<br />

ain<strong>da</strong> as pequenas ilhas e os bancos de areia dispersos, os quais são banhados<br />

25


por água de salini<strong>da</strong>de muito variável, consoante a sua distância à foz e a época<br />

do ano. As margens, tanto do lado português como do espanhol, estão sobre<br />

forte pressão humana. A vegetação aqui existente é essencialmente constituí<strong>da</strong><br />

por Juncacea e Ciperacea.<br />

• A zona de sapal presente na confluência do Coura com o Minho é uma área<br />

húmi<strong>da</strong> com especifici<strong>da</strong>de muito particulares. Apresenta mais de 200 ha e uma<br />

eleva<strong>da</strong> importância ecológica, nela pontificando uma vegetação halófita<br />

característica deste tipo de habitats.<br />

Até ao momento não existem trabalhos sobre o fitobentos deste sistema, nem<br />

sobre a composição florística e faunística <strong>da</strong>s zonas de sapal que aqui ocorrem. As<br />

informações sobre os macroinvertebrados bentónicos e os peixes são mais numerosas,<br />

embora relativamente limita<strong>da</strong>s, se compara<strong>da</strong>s com outros sistemas. A avifauna do<br />

estuário do Minho encontra-se bastante bem caracteriza<strong>da</strong>.<br />

A compilação <strong>da</strong>s informações forneci<strong>da</strong>s por Weber (1988) e Maze et al.<br />

(1993) permitiram identificar a presença de cerca de 50 espécies de macroinvertebrados<br />

bentónicos no estuário do Minho. Segundo o último autor, os crustáceos são o grupo<br />

melhor representado no local, tanto em termos do número de espécies que aí ocorrem,<br />

como no que concerne à abundância geral apresenta<strong>da</strong>. Os poliquetas, os gastrópodes e<br />

os bivalves exibem também valores elevados no que diz respeito a estes dois<br />

parâmetros, embora nunca atinjam a relevância do grupo dos crustáceos.<br />

O estuário do Minho é o local mais importante na costa norte de Portugal para o<br />

grupo <strong>da</strong>s aves aquáticas, já que no Outono e Inverno serve de local de refúgio e abrigo<br />

para um elevado número de espécies migradoras com origem na porção setentrional do<br />

continente europeu (Nuñez, 1985). Os locais mais importantes para estes animais são o<br />

sapal localizado na foz do Coura e a ilha de ínsua, esta última considera<strong>da</strong> um santuário<br />

ornitológico não só para as aves invernantes, mas também para aquelas que residem<br />

todo o ano nesta região (Nuñez, 1981).<br />

O total de espécies de aves observa<strong>da</strong>s neste estuário é de 184, muitas <strong>da</strong>s quais<br />

se encontram na região associa<strong>da</strong>s em exclusivo a este local (Fi<strong>da</strong>lgo e Correia, 1995),<br />

tais como o pato-real (Anas crecca), o zarro-negrinha (Aythya fuligula), o pilrito-<br />

comum (Calidris canutus), o maçarico-real (Numenius arquata), o galeirão (Fulica<br />

atra), a galinha-de-água (Gallinula chloropus) e o mergulhão-pequeno (Tachybaptus<br />

rufidcollis).<br />

26


Vários factores segundo Oliveira (1980), contribuem de forma decisiva para que<br />

esta zona apresente grandes concentrações de aves, nomea<strong>da</strong>mente:<br />

• O estabelecimento <strong>da</strong> fronteira luso-espanhola ao longo de todo o<br />

estuário e do rio, numa longa extensão, desfavorece a prática cinegética e<br />

permite salvaguar<strong>da</strong>r estas comuni<strong>da</strong>des dos impactos gerados por esta<br />

activi<strong>da</strong>de.<br />

• A presença de inúmeros bancos de areia no meio curso de água constitui<br />

um abrigo contra as perturbações de natureza climatérica.<br />

• A inexistência de qualquer ponte a unir as duas margens até muitos<br />

quilómetros de distância para montante tem permitido às aves circular<br />

livremente nesta região.<br />

• Os níveis de poluição relativamente reduzidos destas águas, aliados à<br />

riqueza de macroinvertebrados que aqui ocorre, cria boas condições<br />

tróficas e de sobrevivência para estes animais.<br />

Foi ain<strong>da</strong> inventariado no estuário um total de 188 espécies de vertebrados<br />

terrestres. Entre as 24 espécies de mamíferos, 5 são mencionados pela Directiva<br />

Habitats (cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação e<br />

outras protecção rigorosa) <strong>da</strong>s quais se destacam as espécies dependentes de água e com<br />

estatuto de ameaça<strong>da</strong>s, como a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) com estatuto de<br />

vulnerável e a lontra (Lutra lutra) com estatuto de insuficientemente conheci<strong>da</strong>.<br />

Relativamente à herpetofauna, foram identificados um total de 52 espécies, 42 répteis e<br />

10 anfíbios. Entre os répteis é de destacar a presença de dois endemismos ibéricos o<br />

lagarto-de-água (Lacer<strong>da</strong> shreiberi) e a víbora de Seoane (Vipera seonaei) (PBH do Rio<br />

Minho, 2000).<br />

Tendo em conta a distribuição <strong>da</strong>s diferentes espécies de macroinvertebrados<br />

bentónicos podemos considerar o estuário do Minho dividido em quatro zonas distintas<br />

(Maze et al., 1993):<br />

• A boca do estuário, caracteriza<strong>da</strong> pela presença de um número<br />

reduzido de espécies. O relativo empobrecimento biológico do local<br />

está relacionado com o forte hidrodinamismo que aí se faz sentir e<br />

com as características do sedimento, maioritariamente constituído por<br />

areias grossas e médias.<br />

27


• A zona marinha inferior estende-se desde a embocadura até cerca de<br />

2 km para montante. O substrato é aqui mais heterogéneo, existindo<br />

áreas revesti<strong>da</strong>s por areias médias com eleva<strong>da</strong> percentagem de<br />

elementos finos e teores de matéria orgânica relativamente elevados,<br />

e outras onde os fundos são predominantemente constituídos por<br />

areias grossas. As primeiras, situa<strong>da</strong>s na região interti<strong>da</strong>l junto às<br />

margens do estuário, são domina<strong>da</strong>s por povoamentos mistos dos<br />

bivalves Cerastoderma edule (berbigão-vulgar) e Scrobicularia<br />

plana (lambujinha), mas onde ocorrem igualmente populações<br />

importantes de poliquetas oportunistas, como Streblospio benedicti e<br />

Pygospio elegans. A biodiversi<strong>da</strong>de específica é aqui relativamente<br />

eleva<strong>da</strong>, atingindo os valores mais altos deste sistema salobro. Na<br />

parte central do canal, onde o substrato é dominado por areias. To<strong>da</strong><br />

esta zona marinha interior é povoa<strong>da</strong> por espécies com afini<strong>da</strong>des<br />

oceânicas ou relativamente eurialinas e oportunistas.<br />

• A região estuarina de transição localiza-se, grosso modo, entre os 2<br />

km e os 5 km a contar <strong>da</strong> foz. Predominam aqui areias médias,<br />

coloniza<strong>da</strong>s por nemertinos e pelo anfípode Bathyporeia pilosa e o<br />

isópode Saduriella losa<strong>da</strong>i. Pode denominar-se como zona de<br />

transição, já que se encontram nesta área espécies capazes de suportar<br />

grandes flutuações de salini<strong>da</strong>de, como são os casos do poliqueta<br />

Hediste diversicolor e dos taxa referenciados anteriormente.<br />

• A zona interior compreende a região situa<strong>da</strong> entre os 5 k e os 12 km<br />

finais do curso de água, já que <strong>da</strong>qui para cima tem início a fácies<br />

lótica deste rio. O sedimento é maioritariamente composto por areias<br />

grossas, por vezes com percentagens eleva<strong>da</strong>s de elementos<br />

cascalhentos. No que diz respeito à macrofauna associa<strong>da</strong>, destacam-<br />

se os pequenos crustáceos Saduriella losa<strong>da</strong>i, Gammarus chevreuxi e<br />

Corophium multisetosum, pela sua frequência e abundância. To<strong>da</strong>s<br />

estas espécies, embora suportem amplitudes halinas relativamente<br />

amplas, parecem preferir normalmente salini<strong>da</strong>des inferiores a 10. A<br />

partir do sétimo quilómetro o grupo dos gastrópodes torna-se<br />

gradualmente mais importante, de tal modo que a 10 km <strong>da</strong> foz<br />

domina em definitivo os povoamentos bentónicos. São<br />

28


particularmente abun<strong>da</strong>ntes as espécies típicas de água doce, como<br />

Potamopyrgus jenkinsi e Bithynia tentaculata.<br />

No que diz respeito aos crustáceos decápodes, na zona superior do estuário<br />

abun<strong>da</strong> o camarão-de-água-doce Atyaephyra desmaresti, enquanto que a jusante<br />

dominam o caranguejo Carcinus maenas e os camarões Crangon crangon e Palaemon<br />

serratus (Weber, 1988).<br />

Tendo em conta o que foi referido a propósito dos povoamentos de<br />

macroinvertebrados bentónicos, o troço deste curso de água com características<br />

tipicamente estuarinas é muito pequeno, não admirando, por isso, que o número de<br />

espécies piscícolas típicas destes ambientes seja aqui bastante reduzido (Weber, 1988;<br />

Antunes e Weber, 1990a). Dos 26 taxa assinalados até ao momento para este estuário,<br />

apenas 18 têm afini<strong>da</strong>des marinhas, sendo os restantes migradores diádromos ou peixes<br />

dulçaquícolas (Santos et al., 1995).<br />

Além disso, as espécies mais abun<strong>da</strong>ntes dentro do primeiro grupo são aquelas<br />

que toleram salini<strong>da</strong>des mais atenua<strong>da</strong>s, como certos mugilídeos (tainhas) e aterinídeos<br />

(peixe-rei), a solha-<strong>da</strong>s-pedras (Platichthys flesus), o esgana-gata (Gasterosteus<br />

aculeatus), o robalo-legítimo (Dicentrarchus labrax) e os cabozes do género<br />

Pomatoschistus (Santos et al., 1995). Entre as espécies com características<br />

marca<strong>da</strong>mente marinhas, apenas o peixe-aranha-menor (Echiichthys vipera) e o peixe-<br />

pau-lira (Callionymus lyra) exibem na região inferior estuarina densi<strong>da</strong>des eleva<strong>da</strong>s em<br />

certas épocas do ano (Weber, 1988).<br />

Pelo contrário, este rio é extremamente rico em termos de espécies piscícolas<br />

diádromas, sendo claramente o mais importante a nível nacional no que diz respeito a<br />

esta componente biológica. Com efeito, pontificam aqui cinco migradores anádromos e<br />

um catádromo, sendo o único curso de água português de maior dimensão onde o<br />

salmão (Salmo salar) e a truta-marisca (Salmo trutta trutta) penetram ain<strong>da</strong> com alguma<br />

regulari<strong>da</strong>de. Embora menos adun<strong>da</strong>ntes que outrora, a lampreia (Petromyzon marinus),<br />

o sável (Alosa alosa), a savelha (Alosa fallax) e a enguia (Anguilla anguilla) são ain<strong>da</strong><br />

assim frequentes. De entre estes últimos, apenas o sável parece apresentar uma<br />

população em regressão mais acentua<strong>da</strong>, podendo vir a tornar-se num futuro próximo<br />

tão raro como o salmão e a trutra-marisca (Santos et al., 1995).<br />

29


As duas espécies dulçaquícolas assinala<strong>da</strong>s para o local são a boga<br />

(Chondrostoma polylepis) e a truta-de-rio (Salmo trutta fario), surgindo ambas apenas<br />

nas porções superiores do estuário ou nos seus afluentes (Santos et al., 1995).<br />

2.2.4.3. Acções humanas<br />

A população humana residente na bacia hidrográfica nos conceitos limítrofes é<br />

de 75 140 habitantes em Portugal e de cerca de 48 143 na Galiza. A população residente<br />

total na bacia atinge cerca de 991 700 habitantes (Bettencourt et al., 2003).<br />

Os principais usos actuais do sistema serão o turismo, essencialmente balnear, a<br />

pesca desportiva e a agricultura destacando-se do lado português um importante, a<br />

viticultura. A pesca profissional permanece também como uma activi<strong>da</strong>de importante<br />

no estuário do Minho(Bettencourt et al., 2003).<br />

A pesca é ain<strong>da</strong> uma activi<strong>da</strong>de com muita importância a nível local, já que<br />

existem aqui em abundância algumas espécies com valor económico relevante. Em<br />

termos de efectivos destacam-se os peixes migradores que, embora de ocorrência<br />

sazonal, representam os valores em numerário mais significativos <strong>da</strong>s capturas. As<br />

espécies pesca<strong>da</strong>s actualmente em maior abundância são a lampreia e o meixão (juvenis<br />

de enguia), já que o salmão e o sável sofreram um decréscimo acentuado nos<br />

respectivos efectivos populacionais (Santos et al., 1995).<br />

Além dos peixes migradores, merecem ain<strong>da</strong> destaque a solha-<strong>da</strong>s-pedras e os<br />

mugilídeos, que, no período compreendido entre 1970 e 1983 renderam, em média,<br />

cerca de 30 tonela<strong>da</strong>s de pescado ca<strong>da</strong> (Weber, 1988).<br />

Em 1986 as 39 barragens existentes na bacia hidrográfica do Minho (38<br />

espanholas e uma portuguesa) tinham uma capaci<strong>da</strong>de conjunta de armazenamento de 2<br />

819 hm 3 pertencendo ao sistema do Sil cerca de 1 672 hm 3 (60%) (Loureiro et al.,<br />

1986). Estes aproveitamentos são praticamente todos hidroeléctricos (exceptuam-se 3<br />

para abastecimento e 2 que incluem a rega).<br />

Alterando o regime dos rios e diminuindo o transporte sólido e de nutrientes,<br />

estes aproveitamentos contribuem, para a erosão costeira e para a alteração <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des vegetais e animais dos cursos de água doce, estuários e zonas costeiras<br />

adjacentes (Costa, 1999).<br />

30


A reconversão de práticas agrícolas tradicionais (Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994), com<br />

uma crescente utilização de químicos e fertilizantes, será também uma reali<strong>da</strong>de no<br />

Noroeste de Portugal e na Galiza nas últimas déca<strong>da</strong>s (Paz et al., 1996).<br />

A vegetação <strong>da</strong> região esta profun<strong>da</strong>mente altera<strong>da</strong> pela acção do homem,<br />

apresentando actualmente uma estrutura geográfica em mosaico muito complexo e de<br />

difícil caracterização em análise de detalhes. É o caso <strong>da</strong>s matas ribeirinhas, que pelo<br />

interesse agrícola dos solos, foram drasticamente elimina<strong>da</strong>s, muito embora tenham<br />

mantido sebes junto às linhas de água. Estes locais apresentam eleva<strong>da</strong> resiliência, pelo<br />

que se reconstituem rapi<strong>da</strong>mente após o abandono do uso agrícola. Em áreas menos<br />

intervenciona<strong>da</strong>s ocorrem ain<strong>da</strong> com alguma frequência formações ripárias bem<br />

desenvolvi<strong>da</strong>s (PBH do Rio Minho, 2000).<br />

A extracção de inertes até 1989 foi importante, sobretudo por empresas<br />

espanholas e efectua<strong>da</strong> por sistema de dragagem, ao longo de todo o estuário. São mal<br />

conhecidos os efeitos desta activi<strong>da</strong>de sobre a dinâmica do estuário, sendo-lhe<br />

particularmente atribuí<strong>da</strong> a erosão <strong>da</strong>s margens e ínsuas e a existência localiza<strong>da</strong> de<br />

fundões. O assoreamento que se verifica no canal de navegação entre a Ínsua de<br />

Caminha e o Pinhal do Camarido, tem igualmente sido atribuído à extracção de inertes<br />

no estuário. No entanto, e atendendo a que este assoreamento se deve à entra<strong>da</strong> de<br />

sedimentos provenientes <strong>da</strong> circulação costeira, só será de atribuir o assoreamento<br />

àquela causa, admitindo um rebaixamento acentuado do leito do estuário próximo <strong>da</strong><br />

foz, o que parece não se ter verificado, já que as extracções de inertes se fizeram<br />

sobretudo para montante de Caminha (Alves, 1996).<br />

O rio Minho apresenta alguns problemas de poluição, resultantes sobretudo <strong>da</strong>s<br />

descargas, na maior <strong>da</strong>s vezes sem qualquer tratamento prévio, de efluentes domésticos.<br />

Os resíduos de origem industrial, na margem portuguesa têm pouco significado.<br />

São apenas de salientar os provenientes do Parque Industrial de Vila Nova de Cerveira.<br />

Na margem Espanhola, contudo, a situação é bastante diferente. Em grande parte do seu<br />

percurso e afluentes, o rio Minho recebe os efluentes duma intensa activi<strong>da</strong>de industrial,<br />

sendo de salientar a área fabril de Orense, e já em pleno estuário, o parque industrial de<br />

Porriño (Alves, 1996).<br />

31


2.2.4.4.Valores conservacionistas<br />

O estuário do rio Minho está classificado, segundo a Convenção de Ramsar,<br />

como zona húmi<strong>da</strong> de importância internacional, Important Bird Area in Europe (4017<br />

ha) que sustem regularmente mais de 20 000 aves aquáticas ou mais de 1 % <strong>da</strong><br />

população (Bettencourt et al., 2003).<br />

Nos termos do artigo 4º <strong>da</strong> Directiva Comunitária 79/409/CEE foi também nele<br />

defini<strong>da</strong> uma Área de Protecção Especial de 3 439 ha (Farinha e Trin<strong>da</strong>de, 1994).<br />

Com base no código de motivação do Programa Corine-Projecto Biótipos, o<br />

estuário do Minho é considerado área de interesse zoológico geral e de primordial<br />

importância para as aves migradoras (Santos et al., 1995) e proposto para integrar a<br />

Rede Natura 2000 (Anon, 1999).<br />

Das 184 espécies de aves que aqui ocorrem, duas encontram-se “em perigo” de<br />

extinção, onze estão “ vulneráveis”, dez são “raras”, três têm estatuto “indeterminado” e<br />

quatro “insuficientemente conhecido” (Santos et al., 1995).<br />

Entre a ictiofauna, a espécie com maior valor conservacionista é o salmão, já<br />

que as suas populações são considera<strong>da</strong>s “ em perigo” de extinção. A lampreia, o sável,<br />

a savelha e a truta-marisca são também importantes, uma vez que todos têm em<br />

Portugal o estatuto “vulnerável”. Merece ain<strong>da</strong> destaque o esgana-gata, por ter um<br />

estatuto “insuficientemente conhecido”. Finalmente, refira-se o facto de a enguia e<br />

algumas espécies que usam o estuário como viveiro (de que o robalo-legítimo e a solha-<br />

<strong>da</strong>s-pedras são dois bons exemplos) terem as suas populações “comercialmente<br />

ameaça<strong>da</strong>s” (Bettencourt et al., 2003).<br />

Assim, os principais valores conservacionista deste sistema salobro estão<br />

relacionados com a avifauna aquática e os peixes diádromos. Para os primeiros é<br />

particularmente importante a ilha de ínsua e o sapal do Coura; para os segundos as<br />

regiões superiores do estuário e as porções inferiores dos seus afluentes, onde os<br />

anádromos se reproduzem e os juvenis <strong>da</strong>s diversas espécies se desenvolvem<br />

(Bettencourt et al., 2003).<br />

32


3. Material e métodos<br />

No intuito de avaliar a estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados<br />

bentónicos presentes na zona do sapal do estuário do rio Minho, realizaram-se<br />

amostragens para obtenção de material biológico e informação sobre parâmetros físico-<br />

químicos.<br />

3.1. Procedimento de campo<br />

No presente trabalho, escolheu-se para uma breve caracterização <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica, a zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do<br />

rio Minho (Figura 1), incluindo os seus canais. As amostragens de campo foram<br />

realiza<strong>da</strong>s sazonalmente, por estação do ano, em 10 pontos, ao longo de um gradiente de<br />

salini<strong>da</strong>de e sempre em preia-mar nos meses de Setembro de 2005, Dezembro de 2005,<br />

Março de 2006 e Junho de 2006 (Figura 2).<br />

Figura 1- Área do sapal do estuário do rio Minho<br />

33


N<br />

Figura 2- Localização <strong>da</strong>s estações de amostragem na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do Sapal no<br />

estuário do rio Minho, no período de Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />

Para as colheitas <strong>da</strong>s amostras dos organismos macrobentónicos e sedimentos,<br />

utilizou-se como amostrador uma draga do tipo Van Veen com 500 cm 2 de área de<br />

ataque e com volume máximo de 5 dm 3 , sendo operado manualmente a bordo de uma<br />

pequena embarcação.<br />

Em ca<strong>da</strong> ponto de amostragem, foram retira<strong>da</strong>s 4 amostras do substrato e mais 1<br />

amostra adicional para caracterização granulométrica.<br />

As amostras biológicas foram etiqueta<strong>da</strong>s e transporta<strong>da</strong>s para o laboratório em<br />

sacos plásticos contendo solução salina de formalina a10%.<br />

Em ca<strong>da</strong> estação, foram medidos, nos pontos definidos, parâmetros físico-<br />

químicos, como: temperatura, salini<strong>da</strong>de, oxigénio e pH recorrendo-se a uma son<strong>da</strong><br />

multiparamétrica YSI 6820.<br />

Entre as 10 estações de amostragens, as menores profundi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s<br />

foram nas estações 8 e 10, com 1,5 metros e a maior profundi<strong>da</strong>de foi registra<strong>da</strong> na<br />

estação 3, com 3,5 metros (Anexo 6).<br />

34


3.2. Procedimento laboratorial<br />

As amostras foram lava<strong>da</strong>s em água corrente, utilizando-se um crivo com malha<br />

de 1 mm para retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> areia, e em segui<strong>da</strong>, armazena<strong>da</strong>s em potes plásticos com<br />

tampas, devi<strong>da</strong>mente etiquetados, contendo álcool etílico a 70% e corante Rosa de<br />

Bengala.<br />

Após um período mínimo de 24 horas, com o corante, foi realiza<strong>da</strong> uma triagem<br />

e a separação dos animais nos grupos taxonómicos mais abrangentes, como o auxílio de<br />

uma lupa binocular com aumento de 30x e ao microscópio óptico com aumento 400x, e<br />

em segui<strong>da</strong>, sempre que possível, foi realiza<strong>da</strong> uma identificação até níveis mais<br />

específicos com o auxílio de livros especializados (chaves de identificações). Foi ain<strong>da</strong><br />

efectua<strong>da</strong> uma contagem de todos os organismos presentes nas amostras.<br />

Contudo, nem sempre foi possível identificar todos os organismos presentes até<br />

ao nível de espécie, devido a estarem profun<strong>da</strong>mente afectados pela triagem e/ou<br />

fixação, ou pela identificação muito difícil, como por exemplo, os oligoquetas,<br />

sipunculas e insectos.<br />

Devido à grande importância dos sedimentos em relação a interacções destes<br />

com os organismos, por permitir a interpretação de padrões de distribuições <strong>da</strong>s<br />

espécies e comuni<strong>da</strong>des, a sua dinâmica e certas particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> sua biologia foi<br />

realiza<strong>da</strong> uma caracterização granulométrica e analisa<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong>de de matéria<br />

orgânica presente no sedimento.<br />

Para a caracterização <strong>da</strong> textura, a amostra foi leva<strong>da</strong> à estufa a 60 ºC durante<br />

48 h. Em segui<strong>da</strong>, procedeu-se a uma análise dimensional através de um conjunto de<br />

crivos basculante tipo RoTap segundo uma escala dimensional apresenta<strong>da</strong> na Tabela I<br />

e a frequência de ca<strong>da</strong> classe foi expressa em % do peso total.<br />

35


Tamanho <strong>da</strong> classe Diâmetro (mm) Classe dos sedimentos<br />

1 >2 Cascalho<br />

2 1-2 Areia muito grossa<br />

3 0,5 - 1 Areia grossa<br />

4 0,250 - 0,5 Areia média<br />

5 0,125 - 0,250 Areia fina<br />

6 0,063 - 0,125 Areia muito fina<br />

7


CLUSTER e MDS, sendo previamente obti<strong>da</strong>s as matrizes de similari<strong>da</strong>de. De forma a<br />

determinar a extensão que as variáveis abióticas tiveram no agrupamento <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados presentes nos diferentes locais de amostragem, as<br />

matrizes de similari<strong>da</strong>de bióticas a abióticas foram compara<strong>da</strong>s utilizando o<br />

procedimento PCA (Análise dos Componentes Principais) e BIOENV (utilizando o<br />

coeficiente de Spearman).<br />

O coeficiente de Bray-Curtis foi o escolhido para obter as matrizes de<br />

similari<strong>da</strong>de. Das numerosas medi<strong>da</strong>s de similari<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong>s ao longo dos anos,<br />

este coeficiente tornou-se particularmente comum nos estudos ecológicos. Os <strong>da</strong>dos<br />

biológicos foram previamente transformados (a transformação utiliza<strong>da</strong> foi a √y, sendo<br />

y o valor <strong>da</strong> abundância por uni<strong>da</strong>de de área). Esta transformação permitiu baixar a<br />

importância desencadea<strong>da</strong> pelas espécies mais abun<strong>da</strong>ntes fazendo com que as<br />

similari<strong>da</strong>des dependessem não só desses valores mas, também dos valores <strong>da</strong>s espécies<br />

menos comuns. Quanto aos factores abióticos foram, unicamente, transformados os<br />

<strong>da</strong>dos referentes ao sedimento (granulometria e percentagem de matéria orgânica). A<br />

transformação utiliza<strong>da</strong> foi log (1+y), sendo y o valor obtido nos diferentes parâmetros<br />

abióticos.<br />

As curvas de k-dominância (Lambshead, 1983) têm sido muito utiliza<strong>da</strong>s, nos<br />

últimos anos, em estudos de impacto ambiental (Warwick, 1986; Clarke e Warwick,<br />

2001), por isso, fez-se este tipo de análise na área do sapal do estuário do rio Minho de<br />

modo a determinar a extensão provoca<strong>da</strong> destes impactos. Este diagrama/gráfico<br />

envolve a contribuição proporcional de ca<strong>da</strong> espécie na comuni<strong>da</strong>de e a sua<br />

percentagem de dominância populacional.<br />

A análise de todos estes <strong>da</strong>dos (CLUSTER, MDS, PCA, BIOENV e curvas de k-<br />

dominância) foram realiza<strong>da</strong>s após utilização de várias opções conti<strong>da</strong>s no software<br />

PRIMER (segun<strong>da</strong> edição, Plymouth Marine Laboratory, Plymouth, U.K.) (Clarke e<br />

Warwick, 2001).<br />

37


4. Resultados<br />

4.1. Factores físico-químicos <strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio<br />

Minho<br />

4.1.1. Temperatura<br />

Os valores <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água em profundi<strong>da</strong>de (Figura 3 e Anexo 1)<br />

tiveram algumas variações relevantes. Variaram durante as estações do ano e ao longo<br />

<strong>da</strong>s estações de amostragem. As temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s foram encontra<strong>da</strong>s no<br />

Verão e Primavera e as menores no Outono e Inverno. O valor mais alto registado foi<br />

encontrado na estação 6 com 20,2 0 C na Primavera e o valor mais baixo foi nas estações<br />

6 e 10 com 8,7 0 C, no Outono.<br />

Temperatura (ºC)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

4.1.2. Salini<strong>da</strong>de<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 3 – Variação sazonal <strong>da</strong> temperatura entre Setembro de 2005 e Junho de<br />

2006 nas 10 estações de amostragem.<br />

Os valores de salini<strong>da</strong>de no fundo <strong>da</strong> coluna de água (Figura 4 e Anexo 1)<br />

variaram bastante tanto por estações do ano quanto pelas estações de amostragens. O<br />

maior valor encontrado registrou-se na estação 1 com 34,4 durante o Verão e o menor<br />

na estação 3 com 0 no Outono. Os menores valores foram registados no período do<br />

Outono e Inverno e os maiores no Verão e Primavera. As estações 1, 7 e 8 foram as que<br />

sofreram menores oscilações dos valores em to<strong>da</strong>s as épocas de amostragem.<br />

38


Salini<strong>da</strong>de (psu)<br />

4.1.3. pH<br />

Os valores do pH (Figura 5 e Anexo 1) variaram entre 7 e 8,4. O menor valor (7)<br />

foi encontrado nas estações 5 e 9, ambos na Primavera e o maior valor (8,4) na estação<br />

3 no Verão. Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem os valores do pH foram decrescendo<br />

do Verão para a Primavera, excepto nas estações 1 e 6, que apresentou um aumento no<br />

Inverno.<br />

40,0<br />

35,0<br />

30,0<br />

25,0<br />

20,0<br />

15,0<br />

10,0<br />

5,0<br />

0,0<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 4 – Variação sazonal <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de entre Setembro de 2005 e Junho de 2006<br />

nas 10 estações de amostragem.<br />

pH<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 5 – Variação sazonal do pH nas 10 estações de amostragem.<br />

39


4.1.4. Oxigénio<br />

O maior valor de oxigénio dissolvido na água (Figura 6 e Anexo1) foi 11,86<br />

mg/l na estação 9 no período <strong>da</strong> Primavera e o menor, 7 mg/l, nas estações 1 e 8 no<br />

Outono.<br />

Figura 6 – Variação sazonal do oxigénio nas 10 estações de amostragem.<br />

4.1.5. Granulometria do sedimento<br />

Verificou-se uma grande variação nas curvas cumulativas <strong>da</strong> distribuição do<br />

sedimento ao longo <strong>da</strong>s estações de amostragem e em algumas estações, por épocas do<br />

ano (Figura 7 e Anexo 1). A fracção dominante na maioria destas estações foi a fracção<br />

arenosa.<br />

Oxigénio (O2, mg/l)<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Na estação 1, a fracção dominante no Verão e Outono foi areia grossa e média,<br />

no Inverno foi cascalho e na Primavera foi areia muito grossa e areia grossa. Na estação<br />

2, no período do Verão foi areia muito grossa e areia grossa. Nos restantes períodos<br />

foram cascalho e areia muito grossa. Na estação 3, no Verão foi cascalho e areia muito<br />

grossa, no Outono foi areia grossa e areia média, no Inverno foi areia muito grossa e<br />

areia média e na Primavera foi areia muito grossa e areia grossa. Na estação 4, em to<strong>da</strong>s<br />

as épocas do ano, a fracção dominante foi areia muito grossa e grossa. Na estação 5 no<br />

Verão e Outono foi areia média e areia fina, no Inverno foi areia fina e areia muito fina<br />

e na Primavera foi areia grossa e areia média . Na estação 6 no Verão foi areia muito<br />

grossa e areia grossa, no Outono foi areia média e areia fina, no Inverno foi areia média<br />

40


Cumulativa (%)<br />

Cumulativa (%)<br />

Cumulativa (%)<br />

e areia fina e na Primavera foi areia grossa e areia média. Na estação 7, no Verão foi<br />

areia média e areia fina, no Outono foi areia grossa e areia média, no Inverno foi areia<br />

grossa e areia média e na Primavera foi areia média e areia fina. Na estação 8, no Verão,<br />

Outono e Inverno foi areia média e areia fina e na Primavera foi areia muito fina e silte-<br />

argila. Na estação 9, no Verão foi areia fina e areia muito fina, no Outono foi areia<br />

muito fina e silte-argila, no Inverno foi areia média e areia fina e na Primavera foi areia<br />

fina e areia muito fina. Na estação 10, em todos os períodos sazonais areia média e<br />

areia fina.<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Estação 1<br />

>2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063


Cumulativa (%)<br />

Cumulativa (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

4.1.6. Matéria orgânica no sedimento<br />

A maior percentagem em peso <strong>da</strong> matéria orgânica conti<strong>da</strong> no sedimento<br />

verificou-se na estação 9 no período <strong>da</strong> Primavera (15 %). A menor percentagem em<br />

peso foi encontra<strong>da</strong> nas estações 2, 3 e 4 (1%) durante o Verão; nas estações 2 e 3 (1%)<br />

no Outono; nas estações 1, 3 e 4 (1%) durante o Inverno; e estação 4 (1%) na Primavera<br />

(Figura 8 e Anexo 1).<br />

Matéria Orgânica (%)<br />

16,0<br />

14,0<br />

12,0<br />

10,0<br />

8,0<br />

6,0<br />

4,0<br />

2,0<br />

0,0<br />

Estação 7<br />

>2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063 2 1 0,5 0,25 0,125 0,063


4.2. Abundância e diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna bentónica do sapal<br />

do rio Minho<br />

Foram identificados 10 185 indivíduos distribuídos por um total de 37 taxa<br />

(Tabela II) . Até ao nível de espécie, os macroinvertebrados bentónicos encontram-se<br />

distribuídos entre 8 poliquetas, 4 moluscos e 11 crustáceos.<br />

Mollusca<br />

Anneli<strong>da</strong><br />

Sipuncula<br />

Arthropo<strong>da</strong><br />

Bivalvia<br />

Polychaeta<br />

Oligochaeta<br />

Malacostraca<br />

Veneroi<strong>da</strong><br />

Mytiloi<strong>da</strong><br />

Terebelli<strong>da</strong><br />

Capitelli<strong>da</strong><br />

Aciculata<br />

Canalipalpata<br />

Lumbriculi<strong>da</strong><br />

Haplotaxi<strong>da</strong><br />

Amphipo<strong>da</strong><br />

Isopo<strong>da</strong><br />

43<br />

Cerastoderma glaucum<br />

Corbicula fluminea<br />

Scrobicularia plana<br />

Mytilus galloprovincialis<br />

Alkmaria romijni<br />

Capitella capitata<br />

Hediste diversicolor<br />

Nephtys hombergi<br />

Polydora ciliata<br />

Scolelepis squamata<br />

Spiophanes bombyx<br />

Streblospio shrubsoli<br />

Lumbriculi<strong>da</strong>e<br />

Naidi<strong>da</strong>e<br />

Sipuncula sp1<br />

Leptocheirus pilosus<br />

Gammarus sp.<br />

Melita palmata<br />

Corophium sp.<br />

Cyathura carinata


Chor<strong>da</strong>ta<br />

Insecta<br />

Actinopterygii<br />

Tanai<strong>da</strong>cea<br />

Decapo<strong>da</strong><br />

Diptera<br />

Coleoptera<br />

Trichoptera<br />

44<br />

Sphaeroma serratum<br />

Heterotanais oerstedi<br />

Carcinus maenas<br />

Crangon crangon<br />

Paragnathia formica<br />

Saduriella losa<strong>da</strong>i<br />

Chironomi<strong>da</strong>e sp1<br />

Chironomidea sp2<br />

Empidi<strong>da</strong>e<br />

Chrysomeli<strong>da</strong>e<br />

Hydraena<br />

Elmi<strong>da</strong>e<br />

Leptoceri<strong>da</strong>e<br />

Limnephili<strong>da</strong>e<br />

Plecoptera Chloroperli<strong>da</strong>e<br />

Chloroperii<strong>da</strong>e Chloroperia<br />

Pleuronectiformes<br />

Platichthys flesus<br />

Tabela II – Lista dos taxa identificados na área do Sapal do estuário do rio<br />

Minho.<br />

A abundância média por uni<strong>da</strong>de de área presente no sapal do estuário do rio<br />

Minho, no conjunto <strong>da</strong>s amostragens foi de 1 273 indivíduos.m -2 (Anexo 2). Quanto às<br />

abundância médias sazonais, o valor máximo atingido foi no período do Verão com 1<br />

977,5 indivíduos. m -2 e o menor com 502 indivíduos.m -2 foi obtido na Primavera (Figura<br />

9 e Anexo 2). O maior valor foi encontrado na estação 4 no Verão, com 6 330<br />

indivíduos.m -2 , correspondendo a 9 espécies, e menor valor registou-se na estação 10 no<br />

período do Inverno com 95 indivíduos.m -2 , o qual apresentou apenas 3 espécies (Anexo<br />

2). A abundância <strong>da</strong>s espécies não demonstrou um padrão em relação a variação<br />

espacial, oscilando os seus valores principalmente por épocas do ano.


Nº indivíduos.m -2<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

O número de espécies (Figura 10 e Anexo 3) teve variações espaciais e<br />

principalmente temporais. O maior número de espécies foi encontra<strong>da</strong> na estação 3, no<br />

Outono, com 17 espécies e o menor número verificou-se na estação 10, no Inverno, com<br />

apenas 3 espécies.<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Estações do ano<br />

Figura 9 – Variações sazonais <strong>da</strong> abundância média entre Setembro de 2005 e Junho de<br />

2006 no conjunto <strong>da</strong>s amostragens.<br />

Nº de espécies<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 10 – Variações sazonais do número de espécies nas 10 estações de amostragem entre<br />

Setembro de 2005 e Junho de 2006<br />

45


Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem, o índice de Shannon-Wiener (H´)<br />

mostrou-se com valores baixos. Entretanto, o maior valor deste índice (Figura 11 e<br />

Anexo 3) foi registado na estação 3 no Inverno (H´= 1,94) e o menor foi também na<br />

estação 3, porém na Primavera (H´= 0,72).<br />

H´(loge)<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 11 – Variações sazonais do índice de diversi<strong>da</strong>de de Shannon – Wiener nas 10<br />

estações de amostragem entre Setembro de 2005 e Junho de 2006.<br />

Os índices de equitabili<strong>da</strong>de (J´) (Figura 12 e Anexo 3) apresentaram grandes<br />

diferenças tanto a nível espacial quanto a nível temporal. O maior valor encontrado foi<br />

na estação 10 (J´= 0,90) e o menor foi na estação 3 (J´=0,40), ambos na Primavera.<br />

J´<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

0,00<br />

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10<br />

Estações de amostragem<br />

Verão Outono Inverno Primavera<br />

Figura 12 – Variações sazonais do índice de equitabili<strong>da</strong>de nas 10 estações de amostragem<br />

entre Setembro de 2005 e Junho de 2006.<br />

46


4.3. Análise <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica e dos factores<br />

físico-químicos<br />

4.3.1. Dados biológicos<br />

A verificação <strong>da</strong> similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> macrofauna bentónica ao longo <strong>da</strong>s 10 estações<br />

de amostragem foi feita através de um dendograma (Figura 13) e uma ordenação<br />

correspondente em MDS em duas dimensões (Figura 14). Sua respectiva matriz de<br />

similari<strong>da</strong>de esta presente no anexo 4 .<br />

E B D C<br />

Figura 13 – Dendograma de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem agrupa<strong>da</strong>s<br />

sazonalmente (V- Verão, O- Outono, I- Inverno e P- Primavera) presentes na área do Sapal do<br />

estuário dos rios Minho e Coura.<br />

47<br />

A


A<br />

Figura 14 – MDS de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem agrupa<strong>da</strong>s sazonalmente (V-<br />

Verão, O- Outono, I- Inverno e P- Primavera) presentes na área do Sapal do estuário dos rios<br />

Minho e Coura.<br />

Verificando-se a ordenação MSD nota-se a presença de 5 grupos faunísticos,<br />

com um stress de 0.19 o qual sugere que existem diferenças entre estes grupos. Para<br />

definir quais espécies que mais contribuíram para a classificação <strong>da</strong>s estações nos 5<br />

grupos faunísticos acima referidos, procedeu-se à análise SIMPER. A tabela III<br />

apresenta os 2 taxa que mais contribuíram para a similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s estações que compõe<br />

ca<strong>da</strong> um dos grupos.<br />

Média similari<strong>da</strong>de % Taxa Contribuição % Contrib. Cumulativa %<br />

Grupo A 34,47% Cyathura carinata 44,68 44,68<br />

Corophium sp. 14,46 59,14<br />

Grupo B _ _ _ _<br />

Grupo C 36,78% Scolelepis squamata 32,37 32,37<br />

Alkmaria romijni 31,32 63,69<br />

Grupo D 39,86% Hediste diversicolor 59,57 59,57<br />

Scolelepis squamata 23,03 82,60<br />

Grupo E 58,37% Hediste diversicolor 65,42 65,42<br />

Cyathura carinata 17,32 82,74<br />

Tabela III – Taxa que mais contribuíram (%) para a similari<strong>da</strong>de intra-grupos (delineados pela<br />

análise de classificação CLUSTER).<br />

B<br />

D<br />

48<br />

C<br />

E


O grupo A é composto por 7 estações (estações 2 e 3 no Verão, Outono e<br />

Inverno e estação 4 apenas na Primavera) tendo uma média de similari<strong>da</strong>de de 34,47%.<br />

A espécie Cyathura carinata contribui em 44,68 % e abundância em 41,29%.<br />

O grupo B é composto por apenas uma estação de amostragem (3 na<br />

Primavera). Devido por aparecer apenas uma estação neste grupo, não foi possível ter<br />

uma média de similari<strong>da</strong>de e nem saber que espécie que a influencia.<br />

O grupo C é composto por 13 estações de amostragem (5, 6 e 8 em to<strong>da</strong>s as<br />

estações do ano, excepto no Inverno para a estação 5, estação 10 no Outono e<br />

Primavera). Este grupo tem uma média de similari<strong>da</strong>de de 36,78%. A espécie que tem<br />

maior contribuição (32,37%) é Scolelepis squamata e abundância em 31,32%.<br />

O grupo D composto por 16 estações (estação 1 em to<strong>da</strong>s as estações do ano,<br />

estação 2 na Primavera, estação 4 no Verão e Inverno, estação 5 no Inverno, 7 e 9 no<br />

Verão, Outono e Inverno, e 10 apenas no Verão). Este grupo tem uma média de<br />

similari<strong>da</strong>de de 39,86% e a espécie que tem a maior contribuição é Hediste diversicolor,<br />

com abundância de 25%.<br />

Grupo E composto por apenas 3 estações de amostragem (estação 7 e 9 na<br />

Primavera e estação 10 no Inverno). Sua média de similari<strong>da</strong>de é de 58,37% e a espécie<br />

Hediste diversicolor contribui com 65,42% e abundância de 3%.<br />

A análise <strong>da</strong>s curvas de K-dominância (Figura 15) permite distinguir grupos de<br />

estações de amostragem quanto ao seu grau de perturbação. O único grupo faunístico<br />

que obteve uma dominância acima dos 80% foi o grupo B em termos de abundância,<br />

por parte de apenas uma espécie. O grupo E obteve uma dominância por parte de apenas<br />

uma espécie de 40%, enquanto que os restantes dos grupos (A, C e D) obtiveram uma<br />

dominância abaixo de 40%.<br />

49


Figura 15 – Curvas de K-dominância para os 5 grupos faunísticos (A, B, C, D e E), presentes<br />

na área do sapal do estuário rio Minho, durante os períodos sazonais.<br />

4.3.2. Dados abióticos<br />

Pela análise do PCA (Figura 16 e Tabela IV) dos factores abióticos, medidos na<br />

área do sapal do estuário do rio Minho versus estações de amostragem durante os<br />

períodos sazonais, verifica-se grandes variações entre as estações de amostragem e, em<br />

algumas estações de amostragem, por época do ano. A variância ao longo do primeiro<br />

eixo PC1(37,5%) no lado positivo do gráfico, é explica<strong>da</strong> maioritariamente pela<br />

presença de componentes mais grosseiros, como cascalho e areia muito grossa. No lado<br />

negativo é explica<strong>da</strong> maioritariamente por sedimentos mais finos como areia muito fina,<br />

silte + argila e conteúdos de matéria orgânica. Contudo, no segundo eixo PC2 (14,6%),<br />

no lado negativo do gráfico, esta variância é explica<strong>da</strong> maioritariamente pela presença<br />

de sedimentos grosseiros como cascalho e também pelo oxigénio. No lado positivo, esta<br />

variância é maioritariamente explica<strong>da</strong> pela salini<strong>da</strong>de e temperatura.<br />

50


Figura 16 – PCA dos factores abióticos medidos na área do sapal do estuário do rio Minho ao<br />

longo <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem e nas quatro estações do ano, com as suas variâncias<br />

representa<strong>da</strong>s no 1º eixo (PC1) e no 2º eixo (PC2).<br />

Variável PC1 PC2<br />

Temperatura 0,036 0,397<br />

Salini<strong>da</strong>de 0,077 0,628<br />

O2 0,042 -0,432<br />

pH 0,105 -0,087<br />

Cascalho 0,307 -0,311<br />

Areia Muito Grossa 0,386 0,072<br />

Areia Grossa 0,192 0,252<br />

Areia Média -0,192 0,238<br />

Areia Fina -0,248 -0,013<br />

Areia muito fina -0,412 -0,101<br />

Silte+Argila -0,362 0,112<br />

Mat. Orgânica -0,382 -0,096<br />

Variância 37,5 14,6<br />

Variância Cumula<strong>da</strong> 37,5 52,1<br />

Tabela IV – Tabela dos valores do PCA.<br />

51


Pela análise de BIOENV (Tabela V) entre as amostras, a variável abiótica que<br />

tem uma maior influência no agrupamento dos organismos bentónicos na área do sapal<br />

são as características do sedimento, ou seja, areia fina (ρ=0,311), em segui<strong>da</strong> a matéria<br />

orgânica (ρ =0,261) e por último a areia média (ρ=0,249). Contudo, para um melhor<br />

entendimento <strong>da</strong> ordenação faunística, uma análise <strong>da</strong> contribuição de mais de uma<br />

variável em conjunto é necessário, <strong>da</strong>do que é de esperar que o agrupamento<br />

evidenciado não seja <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de de apenas 1 variável.<br />

Variável<br />

Combinações <strong>da</strong>s variáveis<br />

1 0,311 Areia fina 0,261 Matéria orgânica 0,249 Areia média<br />

2<br />

3<br />

0,350 Areia grossa<br />

Areia fina<br />

0,382 Areia grossa<br />

Areia fina<br />

Matéria orgânica<br />

0,346 Areia fina<br />

Matéria orgânica<br />

0,379 Areia grossa<br />

Areia média<br />

Matéria orgânica<br />

52<br />

0,331 Areia média<br />

Matéria orgânica<br />

0,363 Areia grossa<br />

Areia média<br />

Areia fina<br />

Tabela V – Resultados <strong>da</strong> análise BIOENV obtidos na área do sapal do estuário dos rios Minho<br />

e Coura durante todos os períodos sazonais.


5. Discussão<br />

5.1. Factores abióticos <strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal dos estuários do rio<br />

Minho<br />

Durante o período de amostragem, Setembro de 2005 a Junho de 2006, fez-se<br />

uma análise <strong>da</strong> temperatura na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio Minho a<br />

qual obteve grandes variações em relação ao tempo e espaço. Comparando-se as<br />

temperaturas entre as estações de amostragem verifica-se que o factor determinante para<br />

a sua variação foi a época do ano, pois em uma mesma estação de amostragem, como a<br />

6, obteve-se tanto a menor quanto a maior temperatura regista<strong>da</strong>. Esta influência poderá<br />

ter sido devido à hidrodinâmica <strong>da</strong>s forças <strong>da</strong>s correntes de marés diferentes ao longo<br />

<strong>da</strong>s estações do ano, pois esta estação localiza-se em uma zona de relativa baixa<br />

profundi<strong>da</strong>de. Contudo, a estação em que se obteve os valores de temperatura mais<br />

constantes foi a estação 1, localiza<strong>da</strong> na foz do Coura. No geral, os valores <strong>da</strong><br />

temperatura na zona do sapal não apresentou um padrão em relação à profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

coluna <strong>da</strong> água, ou seja, o factor que preponderou neste ecossistema foi o período do<br />

ano.<br />

Em relação à salini<strong>da</strong>de obteve-se uma acentua<strong>da</strong> oscilação tanto à nível de<br />

estação de amostragem quanto à época do ano, sendo que em algumas estações de<br />

amostragem, esta oscilação foi muito importante. Isto deve-se tanto à localização <strong>da</strong><br />

estação de amostragem quanto à época do ano, a qual influencia muito nos factores<br />

abióticos, corrente, ventos, temperatura, pluviometria etc. Em alguns canais do sapal em<br />

épocas diferentes do ano, água salina pode ter tido dificul<strong>da</strong>des em penetrar pela<br />

influência <strong>da</strong> drenagem de água doce. As estações próximas <strong>da</strong> foz do Coura, às quais<br />

têm uma maior influência <strong>da</strong>s águas marinhas, obtiveram os seus valores elevados<br />

relativamente constantes durante todos os períodos sazonais.<br />

Em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem e em todos os períodos sazonais, o pH<br />

mostrou-se constante, não tendo assim flutuações relevantes.<br />

O oxigénio dissolvido na água não sofreu grandes variações em relação às<br />

estações de amostragem, mas algumas em relação à época do ano, porém não muito<br />

acentua<strong>da</strong>s. As variações de saturação do oxigénio dissolvido são seguramente mais<br />

afecta<strong>da</strong>s pela natureza do sedimento e pela fauna e flora que os habitam que pela<br />

temperatura e salini<strong>da</strong>de (Anadón, 1977).<br />

53


Uma <strong>da</strong>s principais variáveis a estu<strong>da</strong>r dentro dos trabalhos bentónicos em<br />

substratos móveis, constitui a textura do sedimento e seu conteúdo em matéria orgânica.<br />

A interacção entre os organismos e o sedimento permite interpretar os padrões de<br />

distribuição <strong>da</strong>s espécies e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, a dinâmica de ambos e certas<br />

particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> biologia <strong>da</strong>s espécies. Segundo Buchanan e Kain (1971) a correlação<br />

que existe entre esta e os animais constitui a chave <strong>da</strong> ecologia bentónica.<br />

No presente trabalho, a granulometria do sedimento na área do sapal não<br />

apresentou muita estabili<strong>da</strong>de temporal nem espacial. Em algumas estações de<br />

amostragem houve oscilações bastante acentua<strong>da</strong>s em períodos diferentes do ano. A<br />

maioria <strong>da</strong>s estações de amostragem localiza<strong>da</strong>s mais internas e/ou abriga<strong>da</strong>s dos canais<br />

do sapal, permaneceram com suas fracções de areias mais finas e de finos relativamente<br />

constantes, variando assim só em determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Os sedimentos mais<br />

grosseiros estão melhor representados nas estações na foz do Coura e nas suas<br />

proximi<strong>da</strong>des. A característica de algumas estações de amostragem em ter muito<br />

assentamento de finos deve-se a origem continental destas fracções, que são arrasta<strong>da</strong>s<br />

pelas correntes fluviais, sedimentam enquanto a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de transporte<br />

destas e o contacto com as águas salinas o favorecem (Diez, 1980). A localização destas<br />

estações de amostragem foi um factor preponderante, pois quanto mais internas<br />

estivessem, ou seja, mais para dentro dos canais do sapal, mais depósitos de sedimentos<br />

finos estiveram propícios a sedimentarem e possíveis biomassa de raízes <strong>da</strong>s plantas do<br />

sapal, contribuíram para a formação de uma barreira natural, a qual poderá ter<br />

amenizado as veloci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> corrente. Contudo, este tipo de distribuição, com<br />

sedimentos mais finos na parte mais fluvial e areias na parte mais marinha, é, por<br />

demais, comum em rías e estuários (Mora, 1980; Asensio e Gómez, 1984). A<br />

distribuição dos sedimentos presentes no estuário resulta, essencialmente, <strong>da</strong>s correntes<br />

ti<strong>da</strong>is, <strong>da</strong> influência e interacção <strong>da</strong>s águas continentais versus águas oceânicas e <strong>da</strong><br />

profundi<strong>da</strong>de (Sousa, 2003).<br />

Uma <strong>da</strong>s variáveis mais informativas sobre a distribuição <strong>da</strong>s espécies e <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des é a matéria orgânica. Constitui um elemento essencial como alimento para<br />

determina<strong>da</strong>s espécies e comuni<strong>da</strong>des tróficas, actuando em alguns casos como<br />

contaminante em zonas organicamente enriqueci<strong>da</strong>s. Ca<strong>da</strong> estação de amostragem pode<br />

apresentar suas particulari<strong>da</strong>des próprias, que favorecem o enriquecimento orgânico.<br />

Uma destas pode ser pelo facto de estarem localiza<strong>da</strong>s em zonas onde há um certo<br />

acúmulo local de algas e/ou plantas do sapal em decomposição. Há um gradiente de<br />

54


enriquecimento orgânico desde as estações mais externas aos canais, na foz do Coura ou<br />

próximas desta até o interior dos canais. O gradiente de decréscimo desde as áreas mais<br />

internas até as mais externas é devido à origem fluvial <strong>da</strong> matéria orgânica. A<br />

importância dos rios na hora de fornecer matéria orgânica nos estuários tem sido<br />

assinalados por diversos autores (Anderson, 1983).<br />

Existe uma correlação entre os conteúdos de matéria orgânica e fracções finas<br />

em algumas estações de amostragens em determinados períodos do ano. Este tipo de<br />

correlação é normal nos fundos marinhos, onde a matéria orgânica se deposita nas<br />

mesmas condições energéticas que favorecem a deposição de finos, bem como a<br />

eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de adsorção destas (Planas, 1986).<br />

Uma outra hipótese que contribui para a eutrofização, devido ao aumento <strong>da</strong><br />

concentração de nutrientes, de algumas zonas, deve-se também à influência de acções<br />

humanas, como alguns tipos de efluentes urbanos e/ou industriais e navegação.<br />

5.2. Comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> macrofauna bentónica na zona subti<strong>da</strong>l do sapal no estuário<br />

do rio Minho<br />

A escolha de um período sazonal na amostragem foi para tentar verificar se<br />

existia uma variação na densi<strong>da</strong>de e estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />

bentónicos. Como as estações de amostragens se localizavam na zona subti<strong>da</strong>l dos<br />

canais do sapal e nas suas proximi<strong>da</strong>des, a dinâmica <strong>da</strong>s plantas do sapal poderá ter<br />

contribuído também para esta variação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de. Sabe-se que em épocas diferentes<br />

do ano, as plantas do sapal tem mu<strong>da</strong>nças fisiológicas e anatómicas notáveis, as quais<br />

interferem em to<strong>da</strong> a rede trófica do ecossistema em estudo. No Outono, Spartina verde<br />

começa a torna-se castanha consoante as folhas morrem e a decomposição começa. A<br />

água, on<strong>da</strong>s, vento e tempestades transportam as folhas em decomposição para os<br />

lamaçais e outras zonas à volta do sapal. Esta matéria de plantas mortas, ou detritos,<br />

permite o desenvolvimento de organismos microscópicos como as bactérias, fungos e<br />

pequenas algas. Estes organismos colonizam pequenos pe<strong>da</strong>ços de material de plantas e<br />

decompõem porções de detritos (Wenner, 2003). Diversos autores têm demonstrado que<br />

a maior parte <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> plantas entra no caminho dos detritos e permanecem<br />

dentro dos sapais ou são exporta<strong>da</strong>s para águas costeiras (Pozo e Colino, 1992; Flint et<br />

al, 1999; Peterson, 1999). Entretanto, de acordo com Lillebo et al. (1999) a macrofauna<br />

bentónica tem um importante papel no fluxo dos nutrientes no ecossistema do sapal e o<br />

55


qual pode funcionar como escoadouro para excessos destes nutrientes, que de outra<br />

maneira seria exporta<strong>da</strong> para a água costeiras.<br />

Segundo alguns autores (Barnes, 1976; Gray, 1981; Baker e Wolff, 1987;<br />

Kramer et al., 1994), existem vários métodos para recolher amostras de comuni<strong>da</strong>des de<br />

macroinvertebrados, com especifici<strong>da</strong>de próprias, tendo em conta o material disponível<br />

e o tipo de estudo de análise requeri<strong>da</strong> (qualitativa ou quantitativa), <strong>da</strong>s características<br />

do local (tipo de substrato, profundi<strong>da</strong>de, veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> corrente) e o objectivo do<br />

estudo (inventário <strong>da</strong>s espécies, determinação de densi<strong>da</strong>des populacionais, estimativas<br />

de produtivi<strong>da</strong>de ou cálculo de índices bióticos).<br />

De acordo com Hackney et al.(1976) e Hackney (1977), os sapais podem ser<br />

divididos em diversos subhabitats adjacentes importantes, tais como, a superfície do<br />

sapal irregularmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>, incluindo as poças; superfície interti<strong>da</strong>l do sapal<br />

regularmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>; ensea<strong>da</strong> interdital do sapal; ensea<strong>da</strong> subti<strong>da</strong>l do sapal e margem<br />

<strong>da</strong> baía do sapal (por exemplo áreas de banco de areia <strong>da</strong> baía directamente limita<strong>da</strong>s<br />

com o sapal).<br />

Para as amostragens dos sedimentos na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal, sempre<br />

em maré cheia (preia-mar), escolheu-se uma draga tipo van Veen, contudo a sua<br />

utilização pode desencadear uma série de problemas, devido à sua pressão ser,<br />

geralmente, assimétrica e sua profundi<strong>da</strong>de de penetração variar, consideravelmente,<br />

conforme o tipo de sedimento envolvido (se o substrato for excessivamente fino, a<br />

draga é usa<strong>da</strong> na sua máxima capaci<strong>da</strong>de; por outro lado, se o substrato for demasiado<br />

grosseiro, volume menores podem ser colhidos. Assim, devido aos vários tipos de<br />

sedimentos, nem sempre o volume <strong>da</strong>s amostras foram os mesmos, podendo assim,<br />

influenciar na caracterização dos animais bentónicos.<br />

A estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de macroinvertebrados bentónicos é um reflexo<br />

dos numerosos processos e factores operando no espaço e no tempo (Barnes e Hughes,<br />

1999). Para se fazer uma breve comparação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />

bentónicos, escolheu-se o estuário do rio Mondego por este apresentar algumas<br />

características pareci<strong>da</strong>s com a zona do sapal do presente estudo, como por exemplo<br />

uma área coberta com macrófitas. Este estuário localiza-se mais a sul de Portugal, com<br />

uma área de 3,3 km 2 . Está inserido em uma zona muito conturba<strong>da</strong> a qual recebe muitas<br />

descargas de nutrientes e químicos de áreas de agricultura. Há ain<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>des de<br />

dragagens, causando distúrbios no fundo, activi<strong>da</strong>des industriais e muitas salinas,<br />

estando assim vulnerável aos fenómenos de eutrofização (Marques et al., 1993). Para<br />

56


além <strong>da</strong> existência de zonas de sapal com Spartina maritima e Zostera noltii, que em<br />

determina<strong>da</strong>s épocas do ano podem cobrir uma parte significante <strong>da</strong> zona eulitoral, em<br />

determina<strong>da</strong>s épocas do ano, acontece também blooms de macroalgas de Enteromorpha<br />

spp. provavelmente como resultado <strong>da</strong> influência de nutrientes provenientes do vale do<br />

rio para o interior do estuário.<br />

Ao longo de um ciclo sazonal de amostragem, a zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal<br />

do estuário do rio Minho apresentou na totali<strong>da</strong>de 37 taxa. Estes estão distribuídos em<br />

11 Crustáceos (30%), 10 Anelídeos (27%), 10 Insectos (27%), 4 Moluscos (11%), 1<br />

sipuncula (3%) e 1 Peixe (3%). Para se ter uma análise mais realista, a comparação<br />

entre os estuários foi realiza<strong>da</strong> apenas com os mesmos períodos realizados em comum<br />

(Verão e Inverno) e nas estações de amostragens caracteriza<strong>da</strong>s exclusivamente com<br />

sedimentos moles. Porém, o método de amostragem utilizado no trabalho do estuário do<br />

Mondego foi diferente do utilizado do estudo actual. Foi uma técnica a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> descrita<br />

por Dexter (1979; 1983) para areias de praia, utilizando-se em ca<strong>da</strong> nível um corer<br />

manual, ca<strong>da</strong> um correspondendo a 141 cm 2 e aproxima<strong>da</strong>mente e 3 litros de sedimento.<br />

É de referir que no estuário do Mondego, foram identificados 24 taxa (27%), de<br />

90 taxa no total, encontrados exclusivamente em substratos moles (Marques et al.,<br />

1993), enquanto que na área do sapal do Minho foram identificados 30 taxa (81%),<br />

ambos nos períodos do Verão e Inverno, apresentando assim uma maior riqueza<br />

específica, o que sugere que nos fundos moles <strong>da</strong> zona do sapal do Minho caracterizou-<br />

se por apresentar mais tipos de substratos disponíveis, disponibilizando assim um maior<br />

número de nichos capazes de abrigar um maior número de taxa, já que a granulometria<br />

do sedimento é um factor determinante na distribuição <strong>da</strong>s espécies de<br />

macroinvertebrados bentónicos (Buchanan e Kain, 1971; Boesch, 1973; MacCall, 1977;<br />

Warwick et al., 1991; Meire et al., 1994). Dos 24 taxa recolhidos nos sedimentos moles,<br />

somente 10 taxa (42%) foram encontrados em comum nos dois estuários, tais como<br />

Hediste diversicolor, Capitela capitata, Melita palmata, Carcinus maenas, Crangon<br />

crangon, entre outras. No período do Inverno, no estuário do Mondego encontrou-se 34<br />

taxa (38%), enquanto que no Verão foi 19 taxa (21%) e na zona do sapal do Minho<br />

encontrou-se 27 taxa (73%) no período do Verão e 26 taxa (70%) no período do<br />

Inverno, o que sugere que no sapal do Minho, entre estes dois períodos, não houve uma<br />

variação sazonal <strong>da</strong> composição <strong>da</strong>s espécies tão significativa quanto reflectiu o estuário<br />

do Mondego (Marques et al., 1993).<br />

57


As estações de amostragens mais profun<strong>da</strong>s na zona do sapal do Minho foram as<br />

estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura. Devido às diferentes<br />

profundi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s entre to<strong>da</strong>s as estações de amostragens, as estações de<br />

amostragens mais profun<strong>da</strong>s, estiveram mais propícias a penetração <strong>da</strong> maré mais rápi<strong>da</strong><br />

e dependendo do cau<strong>da</strong>l do rio, estas estações estiveram também mais propícias às<br />

influências <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> de água doce. As estações localiza<strong>da</strong>s mais internas (nos canais<br />

do sapal) foram caracteriza<strong>da</strong>s por serem de menor profundi<strong>da</strong>de e por tais influências<br />

serem menores. Comparando estas estações de amostragem com as encontra<strong>da</strong>s no<br />

estuário do Mondego, este também obteve o mesmo padrão hidrodinâmico. Ou seja, as<br />

estações localiza<strong>da</strong>s no braço norte, onde há um porto de grande importância comercial<br />

para a região, foram caracteriza<strong>da</strong>s por serem mais profun<strong>da</strong>s em relação as estações do<br />

braço sul, estando assim mais propícias a uma penetração mais rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maré e o braço<br />

sul com pouca entra<strong>da</strong> de água doce (Marques, 1989). Além disso, as estações<br />

localiza<strong>da</strong>s no braço norte e áreas próximas <strong>da</strong> boca, obtiveram os valores <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de<br />

mais uniformes (embora baixos por terem sido durante a maré baixa), o que tem<br />

semelhanças com as estações de amostragens localiza<strong>da</strong>s no canal do rio Coura e<br />

próximas <strong>da</strong> influência <strong>da</strong>s águas salinas, por apresentaram os valores de salini<strong>da</strong>de<br />

também uniformes em todos os períodos sazonais, embora com valores altos.<br />

Comparando-se ain<strong>da</strong> os valores <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água no período do Verão<br />

em ambos os estuários, verifica-se que o estuário do Mondego apresentou uma<br />

correlação mais directa com a profundi<strong>da</strong>de, ou seja, as estações de amostragens mais<br />

internas e de menores profundi<strong>da</strong>des obtiveram os valores mais elevados, contudo esta<br />

mesma correlação não foi encontra<strong>da</strong> no sapal do Minho, o qual não obteve este tipo de<br />

padrão tanto no Verão quanto nos outros períodos do ano.<br />

No estuário do Mondego, as fracções do sedimento obtiveram resultados<br />

similares em consideração aos períodos de Inverno e Verão, o que não aconteceu com<br />

os resultados obtidos na área do sapal do Minho, os quais obtiveram maiores oscilações<br />

em todos os períodos sazonais do ano, principalmente entre as estações de amostragens.<br />

Na área do sapal do Minho, os maiores conteúdos de matéria orgânica foram nas<br />

estações de amostragens mais internas (localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal), o mesmo<br />

acontece com as estações de amostragens em ambos os braços no estuário do Mondego.<br />

Algumas destas estações de amostragens são nas áreas do sapal cobertas pelas<br />

vegetações de Spartina maritima e Zostera noltii no braço sul.<br />

58


Ao caracterizar as estações de amostragem <strong>da</strong> zona do sapal do Minho, verifica-<br />

se que as estações mais próximas <strong>da</strong>s influências <strong>da</strong>s águas salinas, como a estação 1 e<br />

7, foram coloniza<strong>da</strong>s por espécies com características marinhas, uma vez que a<br />

salini<strong>da</strong>de manteve-se com valores altos e relativamente constantes em todos os<br />

períodos sazonais do ano. Esta influência <strong>da</strong> maré fez-se notar principalmente no<br />

período do Verão, onde o cau<strong>da</strong>l do rio é menor. A espécie com características<br />

eurihalinas e euritérmicas, Scrobicularia plana, registou a maior densi<strong>da</strong>de na estação 1<br />

(125 indivíduos.m -2 ) em relação às outras estações de amostragem, durante o período do<br />

Verão, e na estação 7, S. plana obteve a maior densi<strong>da</strong>de no período do Outono (105<br />

indivíduos.m -2 ) e Inverno (30 indivíduos.m -2 ) em relação às outras estações de<br />

amostragem. Para esta espécie, nos períodos do Inverno e <strong>da</strong> Primavera, não se<br />

obtiveram densi<strong>da</strong>des muito significativas em nenhuma <strong>da</strong>s estações de amostragem.<br />

Populações de Hediste diversicolor (estação 1), em todos os períodos sazonais,<br />

apresentou densi<strong>da</strong>des maiores em relação as outras espécies e na estação 7, obteve-se<br />

uma maior densi<strong>da</strong>de apenas no Verão. Para Scolelepis squamata obteve-se a segun<strong>da</strong><br />

maior densi<strong>da</strong>de (estação 1) em relação as outras espécies no Verão. Esta espécie obteve<br />

uma densi<strong>da</strong>de maior (1495 indivíduos.m -2 ) no período do Outono (estação 7) em<br />

relação às outras espécies. A espécie C. carinata, nesta mesma estação, exibiu as<br />

maiores densi<strong>da</strong>des no Inverno (420 indivíduos.m -2 ) e Primavera (90 indivíduos.m -2 ).<br />

As estações 1 e 7 foram caracteriza<strong>da</strong>s por fracções arenosas e pouco conteúdos de<br />

matéria orgânica.<br />

Nas estações 2 e 3 localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura, são<br />

caracteriza<strong>da</strong>s pela maior profundi<strong>da</strong>de em relação às estações de amostragens mais<br />

internas, onde a influência <strong>da</strong> maré ain<strong>da</strong> se faz sentir com preponderância em<br />

determina<strong>da</strong>s épocas do ano, principalmente no período do Verão. Algumas espécies<br />

marinhas oportunistas, como Capitella capitata esteve presente, que se dominantes, são<br />

reconheci<strong>da</strong>s como indicadoras de comuni<strong>da</strong>des perturba<strong>da</strong>s (Pearson e Rosenberg,<br />

1978; Rygg, 1985). Populações de C. carinata exibiu uma grande densi<strong>da</strong>de na estação<br />

2 em todos os períodos sazonais, excepto na Primavera, a qual foi ultrapassa<strong>da</strong> por H.<br />

diversicolor (1145 indivíduos. m -2 ). A maior densi<strong>da</strong>de para C. carinata (estação 2) foi<br />

no Verão com 1545 indivíduos.m -2 . Taxa típicos de ambientes de água doce como<br />

Chironomi<strong>da</strong>e, Elmi<strong>da</strong>e, Lumbriculi<strong>da</strong>e e Naidi<strong>da</strong>e estiveram presentes em<br />

determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Chironomi<strong>da</strong>e, apareceu em todos os períodos sazonais<br />

(estações 2 e 3); Elmi<strong>da</strong>e, no Outono e Inverno (estação 2) e no Verão e Outono<br />

59


(estação 3); Lumbriculi<strong>da</strong>e, no Outono e Primavera (estação 2) e no Outono e<br />

Primavera (estação 3) e Naidi<strong>da</strong>e somente no Outono (estação 2 e 3). Tanto na estação<br />

2 quanto na 3, os crustáceos foram mais representativos (mais números de taxa) em<br />

relação às outras estações de amostragens. Na estação 3, populações de C. carinata<br />

exibiu as maiores densi<strong>da</strong>des em relação às outras espécies, principalmente no Verão<br />

(1270 indivíduos.m -2 ). Contudo, no Inverno, foi ultrapassa<strong>da</strong> por populações de Melita<br />

palmata (290 indivíduos.m -2 ). Também na estação 3, foi coloniza<strong>da</strong> pelos mesmos taxa<br />

típicos de água doce encontrados na estação 2. Os Insectos foram mais representados na<br />

estação 3 no período do Outono, em relação a to<strong>da</strong>s as outras estações de amostragens<br />

na zona do sapal. Populações de Corbicula fluminea (espécie invasora de água doce)<br />

apareceram exclusivamente na estação 3 nos períodos de Verão (35 indivíduos.m -2 ),<br />

Outono (55 indivíduos.m -2 ) e Inverno (55 indivíduos.m -2 ). A salini<strong>da</strong>de, nas estações 2 e<br />

3, teve oscilações bastantes relevantes durante o ciclo <strong>da</strong>s estações do ano, apresentando<br />

valores em torno de 0 nos períodos mais frios (Outono e Inverno), sugerindo que os<br />

valores <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de influenciou substancialmente estas duas estações de amostragens.<br />

As texturas de sedimentos foram na maior parte do ano representa<strong>da</strong>s por cascalho e<br />

areias com texturas grossas (consequentemente baixos teores de matéria orgânica), o<br />

que pode ter influenciado para uma maior colonização de taxa de crustáceos em relação<br />

às outras estações de amostragens.<br />

A estação 4 localiza-se em uma <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s dos canais do sapal e esta muito<br />

próxima <strong>da</strong>s influências <strong>da</strong>s águas salinas, principalmente no período do Verão.<br />

Contudo, seus valores oscilaram de acordo com a época do ano. As espécies que mais<br />

representaram esta estação foram C. carinata, C. capitata, Lumbriculi<strong>da</strong>e, S. squamata<br />

e H. diversicolor no períodos do Verão e Outono. No Inverno C. carinata, H.<br />

diversicolor, S. squamata e Lumbriculi<strong>da</strong>e. Na Primavera foram somente os taxa<br />

Corophium sp. e Chironomi<strong>da</strong>e. Esta estação teve uma características muito particular,<br />

<strong>da</strong>do que os organismos não seguiram os mesmos padrões de distribuições <strong>da</strong>s outras<br />

estações que estiveram mais influencia<strong>da</strong>s pelas águas salinas. O tipo de sedimento<br />

predominante foi arenoso com fracções mais grossas.<br />

No geral, as estações de amostragens mais internas, nos canais dos sapais<br />

(nomea<strong>da</strong>mente as estações 5, 6, 8, 9 e 10), foram caracteriza<strong>da</strong>s pela presença de<br />

sedimentos com fracções mais finas e altos conteúdos de matéria orgânica, contudo tais<br />

características oscilaram de acordo com a época do ano. A maioria destas estações<br />

apresentaram profundi<strong>da</strong>des menores em relação às outras estações de amostragens e<br />

60


com uma concentração maior <strong>da</strong>s plantas do sapal, o que sugere correntes mais suaves<br />

nestes canais. Segundo Stumpf (1983) e Stevenson et al.(1988), a cobertura vegetal<br />

sobre a superfície do sapal tem um papel duplo, primeiramente, a vegetação poderá<br />

reduzir a veloci<strong>da</strong>de do fluxo <strong>da</strong> água próximo <strong>da</strong> superfície, o que aumentará a<br />

oportuni<strong>da</strong>de do seu crescimento e secun<strong>da</strong>riamente, a biomassa de suas próprias raízes<br />

aju<strong>da</strong>rá no aumento <strong>da</strong> estabilização do material que já tenha sido depositado. Há<br />

também uma relação próxima entre a altura <strong>da</strong> vegetação e a retar<strong>da</strong>mento do fluxo de<br />

água (Boorman, et al., 1998). Em relação aos factores abióticos, a salini<strong>da</strong>de e textura<br />

do sedimento sofreram grandes oscilações tanto nestas estações de amostragens quanto<br />

pela época do ano. Comparando-se estas estações de amostragens (5, 6, 8, 9 e 10), no<br />

Verão, a maior densi<strong>da</strong>de foi para as populações de S. squamata (1080 indivíduos.m -2 )<br />

na estação 5. No Outono, a maior densi<strong>da</strong>de foi para populações de H. diversicolor (780<br />

indivíduos.m -2 ) na estação 9. No Inverno foi S. squamata (210 indivíduos.m -2 ) na<br />

estação 8 e na Primavera Alkmaria romijni (120 indivíduos.m -2 ) na estação 6. As<br />

espécies mais representativas para estas estações de amostragens foram: H. diversicolor,<br />

S. squamata, A . romijni e Streblospio shrubsoli.<br />

Verifica-se uma abundância média de 1273,125 indivíduos.m -2 na área do sapal<br />

do Minho em todos os períodos sazonais, com uma maior abundância no período do<br />

Verão (1 977,5 indivíduos.m -2 ). No Inverno abundância foi de 744 indivíduos.m -2 . Já no<br />

estuário do Mondego, no Verão foi 2287,4 indivíduos.m -2 e 3801,5 indivíduos.m -2 no<br />

Inverno (Marques et al., 1993). Estes valores mais altos no estuário do Mondego pode<br />

ser devido ao número de estações de amostragens terem sido quase o dobro (19<br />

estações) em relação ao sapal do Minho (com apenas 10 estações de amostragens) e no<br />

Período do Inverno, teve uma alta contribuição <strong>da</strong> espécie Hydrobia ulvae. As espécies<br />

que tiveram as maiores abundância no estuário do Mondego, foi Hediste diversicolor<br />

(890 indivíduos.m -2 ) no Verão e H. ulvae (1980 indivíduos.m -2 ) no Inverno, o que difere<br />

com o estuário em estudo, o qual apresentou a espécie Scolelepis squamata (427<br />

indivíduos.m -2 ) no Verão e Cyathura carinata (286 indivíduos.m -2 ) no Inverno.<br />

Em to<strong>da</strong> a zona do sapal do estuário do rio Minho, as espécies que obtiveram as<br />

maiores abundâncias, foram: S. squamata (427 indivíduos.m -2 ) no Verão e 473<br />

indivíduos.m -2 no Outono, a espécie C. carinata (286 indivíduos.m -2 ) no Inverno e a<br />

espécie e H. diversicolor na Primavera (162,5 indivíduos.m -2 ). Populações de S.<br />

squamata ocupa todo tipo de sedimento, mas parece estar liga<strong>da</strong> a zonas pobres em<br />

matéria orgânica. Trata-se ain<strong>da</strong> de uma espécie euriahalina, cujos valores inferiores de<br />

61


salini<strong>da</strong>de podem situar na escala mesohalina. Preferem fundos bem oxigenados e a sua<br />

época <strong>da</strong> reprodução é na Primavera e Verão (Amoureux, 1967; Maze,1987; López et<br />

al., 1989). Para Amoureux (1967) a ligeira tolerância às partículas finas é o factor mais<br />

determinante na sua distribuição. Segundo Michaelis et al. (1992) C. carinata e H.<br />

diversicolor são espécies considera<strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>deiramente, estuarinas. De acordo com<br />

Ferreira et al. (2004), C. carinata é mais abun<strong>da</strong>nte em áreas eutróficas, onde blooms de<br />

macroalgas usualmente ocorrem. Sua reprodução é estendi<strong>da</strong> através de todo o Verão.<br />

Os valores do índice de Shannon-Wiener mantiveram-se sempre baixos e em<br />

to<strong>da</strong>s as estações de amostragens, variando em relação à época do ano. Este índice<br />

demonstrou, ain<strong>da</strong>, que em determina<strong>da</strong>s épocas do ano, a estação de amostragem mais<br />

a montante (estação 3), ou seja, a que teve mais influência <strong>da</strong>s águas doces, obteve<br />

oscilações significativas em relação a sua biodiversi<strong>da</strong>de. No período <strong>da</strong> Primavera, esta<br />

estação, teve um domínio quase completo de uma única espécie (C. carinata). Contudo,<br />

no geral, este índice de diversi<strong>da</strong>de não teve um padrão a seguir. Tanto os maiores<br />

valores quanto os menores foram representados nos mesmos períodos do ano, só<br />

variando em determina<strong>da</strong>s estações de amostragens. O período do Verão apresentou-se<br />

com os valores do índice em geral constantes, excepto na estação 9 que teve um relativo<br />

declínio. Esta estação, em todos os períodos do ano, excepto na Primavera, sempre<br />

declinou em relação a sua biodiversi<strong>da</strong>de.<br />

Segundo o gráfico MSD verificou-se a presença de 5 grupos faunísticos<br />

diferentes entre si. Porém, a similari<strong>da</strong>de interna entre as estações de amostragem nestes<br />

grupos faunísticos foi baixa, devido à diferenças abióticas a nível sazonal ou entre as<br />

diferentes estações de amostragem. O grupo A caracterizou-se pelas estações 2 e 3<br />

localiza<strong>da</strong>s no rio Coura mais a montante em relação às outras estações deste mesmo<br />

rio, as quais como já foram menciona<strong>da</strong>s anteriormente foram caracteriza<strong>da</strong>s pela alta<br />

profundi<strong>da</strong>de em relação às outras estações de amostragem e com condições<br />

hidrodinâmicas menos estáveis. E pela estação 4 localiza<strong>da</strong> em uma <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s dos<br />

canais do sapal, relativamente menos profun<strong>da</strong> do que estas duas anteriores. O grupo B,<br />

de acordo com a curva de k-dominância, teve uma contribuição de mais de 80% do<br />

crustáceo C. carinata. Esta estação de amostragem é de referir que encontrou-se num<br />

sítio onde ocorrem grandes oscilações hidrodinâmicas, principalmente em relação à<br />

salini<strong>da</strong>de, a qual apresentou um maior valor na Primavera do que em relação aos outros<br />

períodos do ano. Comparando-se esta estação de amostragem neste período com<br />

períodos diferentes, verifica-se que na Primavera ocorre uma redução do número de<br />

62


espécies, quase pela metade. O grupo C caracterizou-se por apresentar to<strong>da</strong>s as estações<br />

localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal e com uma baixa veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s correntes de marés o<br />

que acabou contribuindo para que na maioria destas estações ocorresse depósitos de<br />

finos e consequentemente de matéria orgânica. O grupo D foi caracterizado por algumas<br />

estações de amostragens com grande instabili<strong>da</strong>de hidrodinâmica, alguma sob<br />

influências <strong>da</strong>s águas salinas e por fracções de sedimentos mais grosseiros, por motivos<br />

já mencionados anteriormente e por outras estações localiza<strong>da</strong>s nos canais do sapal e<br />

com características de sedimentos mais finos; Grupo E foram caracteriza<strong>da</strong>s por<br />

estações com fracções de sedimentos finos e localiza<strong>da</strong>s no canal do sapal.<br />

A distribuição padrão <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de macrobentónica pareceu ter modificações<br />

espaciais e principalmente sazonais, mu<strong>da</strong>ndo de uma comuni<strong>da</strong>de rica em termos de<br />

abundância e diversi<strong>da</strong>de durante os períodos Verão e Outono (1977,5 indivíduos.m -2 e<br />

1869 indivíduos.m -2 , respectivamente) e em algumas estações de amostragens, tais<br />

como a 2, 3 e 4 para uma comuni<strong>da</strong>de menos ricas em termos de abundância e<br />

diversi<strong>da</strong>de nos períodos do Inverno e Primavera e nas estações 9 e 10. Estas diferenças<br />

poderão estar relaciona<strong>da</strong>s com fenómenos de recrutamento que segundo Gray (1981),<br />

no final <strong>da</strong> Primavera e início do Verão tem-se uma relativa estabili<strong>da</strong>de, não só em<br />

termos hidrológicos, mas também em termos biológicos. Esta relativa estabili<strong>da</strong>de<br />

resulta, essencialmente, <strong>da</strong> constância do meio e do facto de se tratar de um período<br />

estável, no que diz respeito aos povoamentos de macroinvertebrados bentónicos, depois<br />

<strong>da</strong> fase de instabili<strong>da</strong>de, tem termos temporais e espaciais, associa<strong>da</strong> ao recrutamento e<br />

às correspondentes condições ambientais. Também pode ser aos fenómenos de<br />

eutrofização, o qual o aumento do decaimento <strong>da</strong>s folhas do sapal nos meses mais frios,<br />

aumentará os conteúdos de matéria orgânica no meio, tornando o meio organicamente<br />

enriquecido e diminuindo assim as condições propícias a vi<strong>da</strong> dos organismos<br />

bentónicos. O aumento <strong>da</strong> concentração de nutrientes no meio pode levar à proliferação<br />

de macroalgas verdes oportunistas, que podem cobrir vastas áreas interditais presentes<br />

nos estuários (Lillebo et al., 1999). O aumento <strong>da</strong> biomassa <strong>da</strong>s macroalgas e possível<br />

mu<strong>da</strong>nça dos outros produtores primários presentes no sistema, como resultado <strong>da</strong><br />

eutrofização, podem ter efeitos profundos nas populações dos organismos bênticos,<br />

devido à desoxigenação dos sedimentos (Desprez et al., 1992; Tapp et al., 1993; Everett<br />

et al., 1994; Azeiteiro et al., 1999). Nos canais do sapal mais para o interior junto as<br />

reentrâncias são mais susceptíveis a mu<strong>da</strong>nças ambientais, provoca<strong>da</strong>s pelo excesso de<br />

nutrientes.<br />

63


Existem numerosos factores abióticos que determinam a diversi<strong>da</strong>de e<br />

distribuição espaço-temporal dos macroinvertebrados bentónicos. Estes factores podem<br />

ser divididos em três principais grupos: aqueles de escala global afectando a distribuição<br />

biogeográfica; aqueles de média escala, relacionados com estuários, como água,<br />

salini<strong>da</strong>de, saturação do oxigénio, acção <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, condições de poluição, etc, e<br />

finalmente aqueles de pequena escala como profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

corrente, características do sedimento etc. (Woff, 1983). Pelas análises do CLUSTER e<br />

MDS <strong>da</strong>s figuras 12 e 13, verifica-se que as comuni<strong>da</strong>des dos macroinvertebrados<br />

bentónicos presentes na zona subti<strong>da</strong>l do sapal do estuário do rio Minho são controla<strong>da</strong>s<br />

pelos factores abióticos, principalmente associados ao tipo de textura do sedimento.<br />

Estas características podem ter influências <strong>da</strong>s condições hidrodinâmicas do local.<br />

Segundo Zajac e Whitlach (1982) em pequena escala, as características do sedimento<br />

são factores abióticos com grande capaci<strong>da</strong>de de controlar os processos ecológicos <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des bentónicas. Um outro factor abiótico que também contribuiu para a<br />

distribuição dos organismos foi a salini<strong>da</strong>de.<br />

Pelas as análises <strong>da</strong>s curvas de K-dominância verificou-se que as comuni<strong>da</strong>des<br />

bênticas, presentes na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal do estuário do rio Minho, foram<br />

domina<strong>da</strong>s pelas espécies Cyathura carinata, Hediste diversicolor e Scolelepis<br />

squamata.<br />

64


6. Conclusão<br />

Foram identificados 37 taxa, ao longo dos diferentes períodos do ano (2005-<br />

2006). Os principais grupos representativos foram os Crustáceos (30%), Anelídeos<br />

(27%), Insectos (27%) e Moluscos (11%).<br />

Houve diferenças entre grupos de estações localiza<strong>da</strong>s em três situações<br />

hidrodinâmicas diferentes, tais como: 1) estações localiza<strong>da</strong>s na foz do rio Coura e nas<br />

suas proximi<strong>da</strong>des; 2) estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do rio Coura; 3)<br />

estações localiza<strong>da</strong>s no interior dos canais do sapal. As principais diferenças foram<br />

regista<strong>da</strong>s na abundância, biodiversi<strong>da</strong>de, textura de sedimento e influência <strong>da</strong> água<br />

costeira.<br />

A salini<strong>da</strong>de foi o factor controlador mais importante <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des bentónicas nas estações mais influencia<strong>da</strong>s pela maré, enquanto que a<br />

textura do sedimento pareceu ser o factor mais importante nas estações mais internas<br />

dos canais do sapal, enquanto que a influência do oxigénio dissolvido, pH e temperatura<br />

foi menos clara na distribuição <strong>da</strong> macrofauna bentónica.<br />

As estações de amostragens com grande influência <strong>da</strong> maré, foram coloniza<strong>da</strong>s<br />

pela espécie Scrobicularia plana com uma maior abundância em comparação às outras<br />

estações de amostragens em determina<strong>da</strong>s épocas do ano. Outras espécies<br />

representativas foram: H. diversicolor, Scolelepis squamata e Cyathura carinata.<br />

As espécies representativas nas estações localiza<strong>da</strong>s no canal de navegação do<br />

rio Coura, foram C. carinata, H. diversicolor e M. Palmata. Em determina<strong>da</strong>s épocas<br />

do ano, estas estações foram coloniza<strong>da</strong>s por espécies típicas de ambientes de água doce<br />

tais como: Chironomi<strong>da</strong>e, Elmi<strong>da</strong>e, Lumbriculi<strong>da</strong>e e Naidi<strong>da</strong>e. Indivíduos<br />

pertencentes à espécie Corbicula fluminea apareceram exclusivamente na estação 3 nos<br />

períodos do Verão, Outono e Inverno.<br />

As espécies mais representativas nas estações no canal do sapal foram: S.<br />

squamata, H. diversicolor, Alkmaria romijni e Streblospio shrubsoli. No geral,<br />

caracterizaram-se pela fracções mais finas e altos conteúdos de matéria orgânica,<br />

oscilando de acordo com a época do ano.<br />

A abundância média anual foi de 1273 indivíduos.m -2 , tendo a abundância média<br />

máxima sido regista<strong>da</strong> no Verão com 1977,5 indivíduos.m -2 . As espécies mais<br />

abun<strong>da</strong>ntes foram: 1) Scolelepis squamata com uma abundância média de 427<br />

indivíduos.m -2 no Verão e 473 indivíduos.m -2 no Outono; 2) Cyathura carinata com<br />

65


uma abundância média de 286 indivíduos.m -2 no Inverno; 3) Hediste diversicolor uma<br />

abundância média de 162, 5 indivíduos.m -2 na Primavera.<br />

Os valores do índice de Shannon-Wiener mantiveram-se sempre baixos e<br />

variaram em relação à época do ano, em to<strong>da</strong>s as estações de amostragem. Contudo, no<br />

geral, este índice de diversi<strong>da</strong>de não teve um padrão regular.<br />

A distribuição padrão <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de macrobentónica teve modificações<br />

espaciais e principalmente sazonais, mu<strong>da</strong>ndo de uma comuni<strong>da</strong>de rica em termos de<br />

abundância e diversi<strong>da</strong>de durante os períodos Verão e Outono (1977,5 indivíduos.m -2 e<br />

1869 indivíduos.m -2 , respectivamente) para uma comuni<strong>da</strong>de menos ricas em termos de<br />

abundância e diversi<strong>da</strong>de nos períodos do Inverno e Primavera (744 indivíduos.m -2 e<br />

502 indivíduos.m -2 ).<br />

Verificou-se que a maioria <strong>da</strong>s estações de amostragens não estavam ain<strong>da</strong> tão<br />

afecta<strong>da</strong>s pelas activi<strong>da</strong>des humanas e apresentaram condições favoráveis ao<br />

desenvolvimento de populações ver<strong>da</strong>deiramente estuarinas, tais como H. diversicolor e<br />

C. carinata.<br />

Algumas espécies encontra<strong>da</strong>s poderão desempenhar funções ecológicas<br />

fun<strong>da</strong>mentais dentro do sapal dos rios Minho e Coura. Espécies como H. diversicolor,<br />

C. carinata são uma fonte de alimento importante para níveis tróficos superiores,<br />

nomea<strong>da</strong>mente peixes bentónicos (e.g. Platichthys flesus) e para aves limícolas (e.g.<br />

Numenius arquata; Calidris canutus). Adicionalmente, estas espécies poderão servir<br />

como espécies sentinela em futuros trabalhos de ecotoxicologia.<br />

Será relevante em trabalhos futuros realizar estudos adicionais em todos os<br />

outros tipos de habitats desta área do sapal, tais como os habitats interti<strong>da</strong>is com e sem<br />

cobertura vegetal, para obter uma compreensão e caracterização mais completa deste<br />

ecossistema.<br />

Os resultados deste trabalho poderão ser um ponto de referência para trabalhos<br />

futuros, pois caracterizou-se as suas principais espécies e suas abundância.<br />

66


NY.<br />

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Anexo 1<br />

Tabelas sazonais dos factores físico-químicos do sedimento na zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong><br />

área do sapal no estuário do rio Minho.<br />

Verão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Matéria orgânica (%) 3,0 1,2 1,2 1,2 10 4,4 2,1 4,0 8,0 2,8<br />

Cascalho (%) 2,4 38,6 60,9 21,9 4,1 51,9 8,7 4,1 0,1 5,0<br />

Areia muito grosseira (%) 7,8 35,5 22,2 29,4 9,9 16,7 10,3 8,2 0,5 8,0<br />

Areia grossa (%) 34,4 20,7 13,7 23,9 24,3 15,9 27,1 26,3 9,7 8,5<br />

Areia média (%) 20,6 4,1 2,5 21,5 19,6 12,9 39,7 35,8 27,1 29,9<br />

Areia fina(%) 19,3 0,7 0,4 2,2 11,5 0,9 6,3 13,9 23,6 10,3<br />

Areia muito fina (%) 13,6 0,2 0,1 0,6 15,5 0,2 4,2 5,2 18,3 1,5<br />

Silte+Argila (%) 2,0 0,2 0,2 0,5 15,1 1,3 3,6 6,5 20,6 36,9<br />

Outono 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Matéria orgânica (%) 1,7 1,4 1,3 2,7 3,3 6,9 1,9 5,2 11,2 8,2<br />

Cascalho (%) 8,1 77 3,6 38,7 11,6 5,9 16,6 4,6 0,8 0,9<br />

Areia muito grosseira (%) 24,9 9 11,8 25,0 14,0 15,0 26,0 15,4 1,0 4,5<br />

Areia grossa (%) 49,3 3 60,6 16,6 20,4 25,2 25,8 18,8 3,0 20,2<br />

Areia média (%) 10,5 0 19,9 10,5 36,2 30,9 18,2 23,0 8,8 44,0<br />

Areia fina(%) 4,1 1 2,7 4,2 10,7 12,8 7,9 17,8 35,2 18,5<br />

Areia muito fina (%) 2,3 5 1,0 2,2 3,5 6,2 3,8 7,5 35,0 6,8<br />

Silte+Argila (%) 0,8 5 0,4 2,8 3,7 4,1 1,6 13,0 16,2 4,9<br />

Inverno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Matéria orgânica (%) 1,3 1,5 1,1 1,2 11,3 11 1,5 3,8 5,1 2,2<br />

Cascalho (%) 70,3 81,8 9,9 38,3 1,6 9,7 15,1 7,0 0,2 4,9<br />

Areia muito grosseira (%) 15,6 9,8 46,4 33,6 4,6 7,9 21,0 10,7 1,5 6,2<br />

Areia grossa (%) 10,8 6,0 39,4 18,1 7,9 17,7 22,3 21,8 19,6 10,7<br />

Areia média (%) 1,9 1,3 3,8 8,1 15,5 23,6 19,8 38,3 44,8 49,8<br />

Areia fina(%) 0,5 0,4 0,2 1,3 22,9 16,9 15,5 12,4 16,9 20,0<br />

Areia muito fina (%) 0,5 0,3 0,2 0,3 29,6 13,0 4,6 4,7 9,4 4,8<br />

Silte+Argila (%) 0,4 0,4 0,2 0,3 18,0 11,3 1,6 5,1 7,5 3,6<br />

Primavera 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Matéria orgânica (%) 1,9 1,7 1,5 1,1 7,9 4,9 1,6 7,0 14,8 3,6<br />

Cascalho (%) 18,0 64,6 37,5 8,3 27,6 13,0 1,9 0,1 0,5 14,3<br />

Areia muito grosseira (%) 36,9 21,2 36,1 32,5 18,4 19,8 7,4 0,4 1,6 8,8<br />

Areia grossa (%) 34,5 9,8 14,7 50,0 20,3 27,6 21,8 3,8 16,8 20,1<br />

Areia média (%) 6,8 2,8 7,8 8,0 13,8 21,3 47,7 22,0 19,0 33,2<br />

Areia fina(%) 2,6 1,2 2,2 0,7 6,3 5,7 15,7 14,4 17,3 11,5<br />

Areia muito fina (%) 1,0 0,3 1,0 0,3 5,6 5,1 4,2 21,9 18,5 5,4<br />

Silte+Argila (%) 0,3 0,2 0,8 0,2 8,0 7,5 1,2 37,3 26,3 6,7<br />

85


Temperatura<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Verão 14,2 16 19,2 14,3 14,9 15,4 15,9 17,2 15,7 17,6<br />

Outono 13,4 9,9 10,7 12,1 9 8,7 13 11,6 9,1 8,7<br />

Inverno 13,15 12,3 12,04 11,7 12,82 12,93 13,1 12,51 11,68 12,43<br />

Primavera 14,3 16,3 15 15 16,5 20,2 15,2 16,8 18 16<br />

Salini<strong>da</strong>de<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Verão 34,4 29,4 16,9 33,5 33,4 32 31 29 31 24,7<br />

Outono 33,5 0,5 0 26 5 7,5 31,8 25 4,4 1,9<br />

Inverno 32,8 0,06 0,03 3,6 0,32 0,8 32,6 25 1,09 0,59<br />

Primavera 34 26 31 15 25,5 10,9 32 24,2 15,1 29,8<br />

pH<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Verão 7,8 8,2 8,4 8,3 7,7 7,7 8,3 8 8,3 8,3<br />

Outono 7,5 8,1 8,2 8,3 7,5 7,5 8 8 8,2 8,1<br />

Inverno 7,7 8 8,1 8 7,4 7,8 7,4 7,5 7,5 7,7<br />

Primavera 7,3 7,8 7,2 7,5 7 7,5 7,2 7,1 7 7,3<br />

Oxigénio<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Verão 9 10 9,5 8,3 8,2 8,4 8 8,2 8,2 7,5<br />

Outono 7 11 9,9 11,1 10,8 9,8 9,5 7 7,6 7,4<br />

Inverno 9,1 10,75 10,8 11 10,9 11 9 9,6 11,54 11,1<br />

Primavera 7,1 10 10,5 11,6 11,2 11,8 10 9,9 11,86 11,7<br />

86


Anexo 2<br />

Tabelas de abundância por uni<strong>da</strong>de de área e riqueza específica nas 10 estações de<br />

amostragem ao longo dos períodos sazonais na área do sapal do estuário do rio<br />

Minho.<br />

S – Riqueza específica; V –Verão, O – Outono, I – Inverno e P – Primavera.<br />

N – Número médio de indivíduos em uni<strong>da</strong>de de amostragem; N.m -2 – Número médio<br />

de indivíduos por uni<strong>da</strong>de de área.<br />

Estações N Nº Ind.m -2 S<br />

1V 58,25 1165 13<br />

2V 181 3620 10<br />

3V 164,75 3295 14<br />

4V 316,5 6330 9<br />

5V 90 1800 13<br />

6V 51,75 1035 11<br />

7V 31 620 9<br />

8V 24,5 490 8<br />

9V 39 780 6<br />

10V 32 640 10<br />

1O 18,25 365 10<br />

2O 146,5 2930 13<br />

3O 136,25 2725 17<br />

4O 286,75 5735 11<br />

5O 32 640 11<br />

6O 40,75 815 7<br />

7O 160,25 3205 9<br />

8O 53,5 1070 8<br />

9O 52 1040 6<br />

10O 8,25 165 5<br />

1I 48,25 965 13<br />

2I 91,75 1835 14<br />

3I 42 840 14<br />

4I 79 1580 8<br />

5I 11,5 230 9<br />

6I 7,75 155 6<br />

7I 38,75 775 7<br />

8I 36 720 11<br />

9I 12,25 245 6<br />

10I 4,75 95 3<br />

1P 20,25 405 7<br />

2P 87,25 1745 10<br />

3P 24,5 490 6<br />

4P 45 900 10<br />

5P 19,5 390 8<br />

6P 18,25 365 9<br />

7P 10,25 205 5<br />

8P 7,25 145 6<br />

9P 7,75 155 6<br />

10P 11 220 8<br />

87


Tabela <strong>da</strong> abundância média entre as estações do ano<br />

Verão Outono Inverno Primavera Média<br />

Nº Ind.m -2 1977,5 1869 744 502 1273,125<br />

88


Tabelas de abundância <strong>da</strong>s espécies de macroinvertebrados bentónicos <strong>da</strong>s 10<br />

estações de amostragem ao longo dos períodos sazonais na área do sapal do<br />

estuário do rio Minho.<br />

Verão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />

Cyathura carinata 15,0 1545,0 1270,0 660,0 0,0 35,0 20,0 100,0 0,0 10,0 365,50<br />

Carcinus maenas 5,0 0,0 5,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />

Corophium 0,0 0,0 325,0 0,0 5,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 34,0<br />

Heterotanais oerstedi 0,0 760,0 725,0 0,0 15,0 5,0 0,0 0,0 0,0 5,0 151,0<br />

Sphaeroma serratum 0,0 5,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,50<br />

Gammarus sp. 0,0 0,0 30,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Leptocheirus pilosus 0,0 790,0 505,0 0,0 5,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 131,0<br />

Melita palmata 0,0 145,0 270,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,50<br />

Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Paragnathia formica 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Cerastoderma glaucum 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Scrobicularia plana 125,0 0,0 10,0 10,0 30,0 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 19,50<br />

Corbicula fluminea 0,0 0,0 35,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hediste diversicolor 700,0 210,0 65,0 920,0 70,0 70,0 295,0 55,0 455,0 335,0 317,50<br />

Scolelepis squamata 155,0 30,0 0,0 1975,0 1080,0 520,0 130,0 30,0 245,0 105,0 427,0<br />

Alkmaria romijni 5,0 0,0 0,0 0,0 255,0 355,0 0,0 180,0 5,0 0,0 80,0<br />

Streblospio shrubsoli 25,0 0,0 0,0 20,0 100,0 10,0 5,0 80,0 10,0 30,0 28,0<br />

Polydora ciliata 20,0 0,0 0,0 70,0 200,0 0,0 50,0 25,0 0,0 25,0 39,0<br />

Capitella capitata 25,0 125,0 10,0 1120,0 5,0 0,0 90,0 0,0 10,0 90,0 138,50<br />

Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />

Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Lumbriculi<strong>da</strong>e 75,0 0,0 0,0 1550,0 0,0 10,0 0,0 5,0 55,0 25,0 181,0<br />

Naidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 1,0<br />

Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chironomi<strong>da</strong>e sp1 5,0 5,0 15,0 0,0 15,0 5,0 0,0 15,0 0,0 5,0 6,50<br />

Chironomidea sp2 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Elmi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />

Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Total 1165,0 3620,0 3295,0 6330,0 1800,0 1035,0 620,0 490,0 780,0 640,0 1977,50<br />

89


Outono 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />

Cyathura carinata 25,0 1325,0 355,0 205,0 5,0 15,0 635,0 195,0 15,0 0,0 277,50<br />

Carcinus maenas 0,0 55,0 0,0 10,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 7,50<br />

Corophium 0,0 475,0 130,0 0,0 15,0 0,0 10,0 0,0 0,0 5,0 63,50<br />

Heterotanais oerstedi 0,0 310,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 31,50<br />

Sphaeroma serratum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Gammarus sp. 0,0 55,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,0<br />

Leptocheirus pilosus 0,0 30,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Melita palmata 0,0 20,0 5,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Paragnathia formica 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Scrobicularia plana 15,0 0,0 35,0 30,0 0,0 45,0 105,0 0,0 40,0 0,0 27,0<br />

Corbicula fluminea 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />

Mytilus galloprovincialis 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Hediste diversicolor 110,0 150,0 10,0 920,0 130,0 85,0 830,0 430,0 780,0 70,0 351,50<br />

Scolelepis squamata 95,0 115,0 35,0 1765,0 415,0 330,0 1485,0 255,0 165,0 75,0 473,50<br />

Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 5,0 30,0 235,0 0,0 140,0 0,0 0,0 41,0<br />

Streblospio shrubsoli 20,0 0,0 0,0 10,0 5,0 45,0 25,0 35,0 0,0 0,0 14,0<br />

Polydora ciliata 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 1,50<br />

Capitella capitata 75,0 0,0 1045,0 30,0 10,0 0,0 100,0 0,0 10,0 5,0 117,50<br />

Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Lumbriculi<strong>da</strong>e 5,0 235,0 260,0 2745,0 0,0 0,0 0,0 5,0 30,0 0,0 338,0<br />

Naidi<strong>da</strong>e 10,0 85,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,50<br />

Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 45,0 735,0 10,0 5,0 60,0 0,0 5,0 0,0 10,0 87,0<br />

Chironomidea sp2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Elmi<strong>da</strong>e 5,0 30,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0<br />

Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />

Chloroperia 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />

Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Total 365,0 2930,0 2725,0 5735,0 640,0 815,0 3205,0 1070,0 1040,0 165,0 1869,0<br />

90


Inverno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />

Cyathura carinata 45,0 1265,0 20,0 1005,0 5,0 0,0 420,0 90,0 0,0 15,0 286,50<br />

Carcinus maenas 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 5,0 0,0 5,0 0,0 1,50<br />

Corophium 10,0 30,0 130,0 40,0 0,0 5,0 0,0 80,0 0,0 0,0 29,50<br />

Heterotanais oerstedi 10,0 225,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 23,50<br />

Sphaeroma serratum 5,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />

Gammarus sp. 35,0 50,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0<br />

Leptocheirus pilosus 0,0 35,0 10,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />

Melita palmata 0,0 80,0 290,0 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38,50<br />

Saduriella losa<strong>da</strong>i 5,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0<br />

Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,50<br />

Paragnathia formica 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Scrobicularia plana 5,0 0,0 30,0 0,0 10,0 0,0 35,0 10,0 5,0 0,0 9,50<br />

Corbicula fluminea 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />

Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hediste diversicolor 650,0 15,0 30,0 160,0 85,0 30,0 125,0 125,0 190,0 60,0 147,0<br />

Scolelepis squamata 125,0 40,0 0,0 300,0 90,0 35,0 130,0 210,0 35,0 20,0 98,50<br />

Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 65,0 0,0 140,0 0,0 0,0 21,50<br />

Streblospio shrubsoli 5,0 10,0 0,0 5,0 5,0 0,0 15,0 10,0 0,0 0,0 5,0<br />

Polydora ciliata 5,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 45,0 40,0 0,0 0,0 9,50<br />

Capitella capitata 20,0 0,0 40,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 6,50<br />

Spiophanes bombyx 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Lumbriculi<strong>da</strong>e 45,0 10,0 0,0 60,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 11,50<br />

Naidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 30,0 185,0 5,0 0,0 10,0 0,0 5,0 5,0 0,0 24,0<br />

Chironomidea sp2 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,50<br />

Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,50<br />

Elmi<strong>da</strong>e 0,0 15,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Total 965,0 1835,0 840,0 1580,0 230,0 155,0 775,0 720,0 245,0 95,0 744,0<br />

91


Primavera 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N.m -2<br />

Cyathura carinata 10,0 435,0 405,0 0,0 5,0 15,0 90,0 0,0 15,0 50,0 102,50<br />

Carcinus maenas 5,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />

Corophium 0,0 35,0 0,0 365,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0<br />

Heterotanais oerstedi 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Sphaeroma serratum 0,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />

Gammarus sp. 0,0 0,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,50<br />

Leptocheirus pilosus 0,0 0,0 0,0 35,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,50<br />

Melita palmata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Saduriella losa<strong>da</strong>i 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Crangon crangon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Paragnathia formica 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Cerastoderma glaucum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Scrobicularia plana 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0 55,0 5,0 10,50<br />

Corbicula fluminea 0,0 0,0 0,0 10,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,50<br />

Mytilus galloprovincialis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hediste diversicolor 300,0 1145,0 0,0 5,0 20,0 5,0 65,0 5,0 55,0 25,0 162,50<br />

Scolelepis squamata 30,0 15,0 25,0 0,0 55,0 75,0 0,0 20,0 10,0 0,0 23,0<br />

Alkmaria romijni 0,0 0,0 0,0 0,0 115,0 120,0 5,0 25,0 0,0 50,0 31,50<br />

Streblospio shrubsoli 0,0 0,0 25,0 0,0 5,0 40,0 0,0 15,0 5,0 25,0 11,50<br />

Polydora ciliata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 55,0 0,0 25,0 0,0 0,0 8,0<br />

Capitella capitata 50,0 0,0 15,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 7,50<br />

Spiophanes bombyx 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Nephtys hombergi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Lumbriculi<strong>da</strong>e 0,0 60,0 15,0 25,0 5,0 35,0 0,0 0,0 0,0 20,0 16,0<br />

Naidi<strong>da</strong>e 5,0 0,0 0,0 0,0 180,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 18,50<br />

Sipuncula 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 15,0 0,0 1,50<br />

Chironomi<strong>da</strong>e sp1 0,0 10,0 5,0 390,0 5,0 15,0 0,0 55,0 0,0 40,0 52,0<br />

Chironomidea sp2 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0<br />

Chloroperli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Hydraena 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Elmi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Limnephili<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,50<br />

Leptoceri<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Empidi<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chloroperia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Chrysomeli<strong>da</strong>e 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Platichthys flesus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0<br />

Total 405,0 1745,0 490,0 900,0 390,0 365,0 205,0 145,0 155,0 220,0 502,0<br />

92


Anexo 3<br />

Tabelas sazonais dos índices de diversi<strong>da</strong>de nas 10 estações de amostragem na área<br />

do sapal do estuário do rio Minho entre Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />

S – Número de espécies<br />

J´- Índice de equitabili<strong>da</strong>de<br />

H´- Índice de diversi<strong>da</strong>de de Shannon-Wiener<br />

Estação 1<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 13 0,55 1,40<br />

Outono 10 0,78 1,79<br />

Inverno 13 0,49 1,25<br />

Primavera 7 0,48 0,93<br />

Estação 2<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 10 0,65 1,50<br />

Outono 13 0,71 1,82<br />

Inverno 14 0,47 1,25<br />

Primavera 10 0,44 1,01<br />

Estação 3<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 14 0,65 1,71<br />

Outono 17 0,60 1,70<br />

Inverno 14 0,74 1,94<br />

Primavera 6 0,40 0,72<br />

Estação 4<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 9 0,73 1,61<br />

Outono 11 0,51 1,23<br />

Inverno 8 0,53 1,11<br />

Primavera 10 0,56 1,29<br />

Estação 5<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 13 0,53 1,37<br />

Outono 11 0,49 1,18<br />

Inverno 9 0,69 1,52<br />

Primavera 8 0,66 1,37<br />

93


Estação 6<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 11 0,53 1,27<br />

Outono 7 0,79 1,55<br />

Inverno 6 0,83 1,48<br />

Primavera 9 0,83 1,82<br />

Estação 7<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 9 0,68 1,50<br />

Outono 9 0,61 1,33<br />

Inverno 7 0,69 1,34<br />

Primavera 5 0,76 1,23<br />

Estação 8<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 8 0,82 1,71<br />

Outono 8 0,71 1,47<br />

Inverno 11 0,78 1,87<br />

Primavera 6 0,89 1,60<br />

Estação 9<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 6 0,56 1,01<br />

Outono 6 0,47 0,84<br />

Inverno 6 0,44 0,79<br />

Primavera 6 0,82 1,47<br />

Estação 10<br />

S J' H'(loge)<br />

Verão 10 0,66 1,51<br />

Outono 5 0,69 1,10<br />

Inverno 3 0,83 0,91<br />

Primavera 8 0,90 1,87<br />

94


Anexo 4<br />

Matriz de similari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragem na área do sapal do estuário<br />

do rio Minho entre Setembro de 2005 a Junho de 2006.<br />

95


Anexo 5<br />

Localização geográfica e valores <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s 10 estações de amostragens<br />

<strong>da</strong> zona subti<strong>da</strong>l <strong>da</strong> área do sapal no estuário do rio Minho.<br />

Estações Posição Geográfica H (m)<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

41º 52' 51N 3,0<br />

008º 50' 09W<br />

41º 52' 28N 3,0<br />

008º 49' 34W<br />

41º 52' 24N 3,5<br />

008º 48' 25W<br />

41º 52' 36N 3,0<br />

008º 49' 45W<br />

41º 52' 42N 2,0<br />

008º 49' 31W<br />

41º 52' 43N 2,7<br />

008º 49' 20W<br />

41º 52' 51N 2,0<br />

008º 49' 55N<br />

41º 52' 52N 1,5<br />

008º 49' 38W<br />

41º 53' 18N 1,5<br />

008º 49' 27W<br />

41º 53' 15N 1,7<br />

008º 49' 26W<br />

97

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