Discurso de posse - Marista

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20.04.2013 Views

PRECISAMOS DE IRMÃOS, SANTOS, SÁBIOS E BONS Saudação aos presentes Discurso de posse do Provincial da Província Marista do Rio Grande do Sul, Ir. Inácio Nestor Etges O que eu vou falar para vocês, eu desejo que seja em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Prezado Irmão Joseph Mc Kee, Vigário‐Geral Prezado Ir. Arlindo Corrent, diretor‐presidente da UMBRASIL Prezado Ir. Roberto de Souza Lima, representante da Província Brasil Centro‐ Norte Prezados Irs. Lauro e Conselheiros Provinciais Prezados Irmãos Joaquim Clotet e Evilázio Teixeira, reitor e vice‐reitor da PUCRS Prezados pró‐reitores, coordenadores de organismos, diretores de colégios e obras sociais Estimados sacerdotes, religiosos e religiosas Estimada Irmã Márian Ambrósio, assessora do Capitulo Provincial Estimados Irmãos Capitulares, Leigos/as convidados ao Capítulo Provincial Estimado Pe. Egon Biensfeld, presidente desta celebração Estimado Prefeito Municipal de Veranópolis, Dr. Valdemar De Carli Irmãos, Leigos e Leigas aqui presentes e também todos os que estão conectados ao portal marista e celebram conosco este momento Estimados familiares, sintam‐se todos saudados e bem‐vindos a esta cerimônia. Agradecimentos Em primeiro lugar dou graças a Deus pelo carisma concedido a São Marcelino Champagnat em favor das crianças e jovens. Agradeço a Deus o dom da vida concedido a cada um de nós. Em segundo lugar um agradecimento a todos vocês que se fazem presentes nesta solenidade. Agradecimento especial ao Ir. Lauro Francisco Hochscheidt que termina seu mandato, que com grande esmero conduziu e animou a vida e a missão marista em nossa Província; aos Irmãos Conselheiros Provinciais que terminam seu mandato. Agradecimento especial ao Ir. Vigário Geral, Joseph Mc Kee. Agradecimento a todos quantos se empenharam na preparação desta celebração de

PRECISAMOS DE IRMÃOS, SANTOS, SÁBIOS E BONS<br />

Saudação aos presentes<br />

<strong>Discurso</strong> <strong>de</strong> <strong>posse</strong> do Provincial da<br />

Província <strong>Marista</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />

Ir. Inácio Nestor Etges<br />

O que eu vou falar para vocês, eu <strong>de</strong>sejo que seja em nome do Pai e do Filho e do<br />

Espírito Santo.<br />

Prezado Irmão Joseph Mc Kee, Vigário‐Geral<br />

Prezado Ir. Arlindo Corrent, diretor‐presi<strong>de</strong>nte da UMBRASIL<br />

Prezado Ir. Roberto <strong>de</strong> Souza Lima, representante da Província Brasil Centro‐<br />

Norte<br />

Prezados Irs. Lauro e Conselheiros Provinciais<br />

Prezados Irmãos Joaquim Clotet e Evilázio Teixeira, reitor e vice‐reitor da<br />

PUCRS<br />

Prezados pró‐reitores, coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> organismos, diretores <strong>de</strong> colégios e<br />

obras sociais<br />

Estimados sacerdotes, religiosos e religiosas<br />

Estimada Irmã Márian Ambrósio, assessora do Capitulo Provincial<br />

Estimados Irmãos Capitulares, Leigos/as convidados ao Capítulo Provincial<br />

Estimado Pe. Egon Biensfeld, presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta celebração<br />

Estimado Prefeito Municipal <strong>de</strong> Veranópolis, Dr. Val<strong>de</strong>mar De Carli<br />

Irmãos, Leigos e Leigas aqui presentes e também todos os que estão<br />

conectados ao portal marista e celebram conosco este momento<br />

Estimados familiares, sintam‐se todos saudados e bem‐vindos a esta cerimônia.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Em primeiro lugar dou graças a Deus pelo carisma concedido a São Marcelino<br />

Champagnat em favor das crianças e jovens. Agra<strong>de</strong>ço a Deus o dom da vida concedido<br />

a cada um <strong>de</strong> nós. Em segundo lugar um agra<strong>de</strong>cimento a todos vocês que se fazem<br />

presentes nesta solenida<strong>de</strong>. Agra<strong>de</strong>cimento especial ao Ir. Lauro Francisco<br />

Hochscheidt que termina seu mandato, que com gran<strong>de</strong> esmero conduziu e animou a<br />

vida e a missão marista em nossa Província; aos Irmãos Conselheiros Provinciais que<br />

terminam seu mandato. Agra<strong>de</strong>cimento especial ao Ir. Vigário Geral, Joseph Mc Kee.<br />

Agra<strong>de</strong>cimento a todos quantos se empenharam na preparação <strong>de</strong>sta celebração <strong>de</strong>


hoje (equipe <strong>de</strong> liturgia, pessoal da TI, da comunicação, os músicos, os que elaboraram<br />

os símbolos, pessoal da casa...).<br />

Permitam‐me, em segundo lugar, um agra<strong>de</strong>cimento muito especial ao Ir. Lauro<br />

Francisco Hochscheidt, que termina o seu mandato hoje. A Província <strong>Marista</strong> do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul lhe agra<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> coração todo esmero, esforço com que se <strong>de</strong>dicou em<br />

conduzir, animar a vida e a missão <strong>Marista</strong> nestes últimos quatro anos. Sabemos que<br />

não foi um período fácil. Você, Ir. Lauro, enfrentou muitos e alguns pesados <strong>de</strong>safios.<br />

Você procurou manter vivos a chama e o sonho <strong>de</strong> Champagnat. Ir. Lauro, muito<br />

obrigado por esta entrega e esforço incansável. Aceite o nosso gesto <strong>de</strong> gratidão com<br />

este mimo (Entrega <strong>de</strong> um presente ao Ir. Lauro).<br />

Introdução<br />

Começo citando o documento Vita Consecrata, n. 110: “Não temos apenas uma<br />

história gloriosa para recordar, celebrar e narrar, mas uma gran<strong>de</strong> história para<br />

construir. Olhemos para o futuro para o qual nos projeta o Espírito”.<br />

Acentuamos muito o aspecto da missão e estamos colhendo resultados<br />

formidáveis. Começamos a trabalhar com caráter mais científico e profissional em<br />

nosso labor apostólico, <strong>de</strong>monstrando nossa <strong>de</strong>terminação e força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> em<br />

lograr os objetivos e metas propostas. Avançamos muito em organização, otimização<br />

<strong>de</strong> recursos, em fronteiras novas <strong>de</strong> missão. Atingimos estágios <strong>de</strong> excelência em<br />

muitos campos <strong>de</strong> nossa missão, com reconhecimento dos órgãos públicos na esfera<br />

estadual e nacional. Nisso agimos como cidadãos responsáveis, como queria<br />

Champagnat!<br />

Porém, <strong>de</strong> outra parte, corremos o risco <strong>de</strong> nos tornar <strong>de</strong>masiadamente<br />

pragmáticos. Corremos o risco <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>ixar conduzir pelo Espírito do Senhor. De<br />

nada valeria todo esse enorme esforço e empenho se não for para a razão <strong>de</strong> nosso<br />

ser: AMAR JESUS CRISTO, DEIXARMO‐NOS AMAR POR ELE E MARIA, E TORNÁ‐LOS<br />

CONHECIDOS E AMADOS PELAS CRIANÇAS E JOVENS.<br />

Precisamos estar atentos, tanto Irmãos quanto leigos e leigas, para que uma<br />

anemia espiritual e falta <strong>de</strong> sentido da consagração religiosa e consagração batismal<br />

não tomem conta <strong>de</strong> nós. Seria um gran<strong>de</strong> e grave engano e autoengano confiarmos<br />

mais em nossas forças e energias humanas, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> nossa confiança em<br />

Jesus Cristo e em Maria. Se isso viesse a ocorrer, estagnaríamos a visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

discípulos e consagrados, e nossa Instituição nada mais seria do que uma boa<br />

instituição ao lado <strong>de</strong> tantas outras, sem ser sinal e testemunho vivo <strong>de</strong> Jesus Cristo.


Precisamos <strong>de</strong> Irmãos santos, sábios e bons! Precisamos <strong>de</strong> Irmãos<br />

profundamente centrados em Jesus Cristo e apaixonados por Ele! Precisamos <strong>de</strong><br />

Leigos profundamente comprometidos com a consagração batismal. A gran<strong>de</strong> crise<br />

atual do laicato está ancorada na perda do sentido da consagração batismal, com<br />

sérias e graves consequências. Precisamos visibilizar, por meio <strong>de</strong> sinais clarivi<strong>de</strong>ntes,<br />

que somos chamados a ser consciência e memória <strong>de</strong> Deus no mundo. O mundo está<br />

carente <strong>de</strong> sinais do eterno, do duradouro. A Vida Consagrada é chamada a ser sinal.<br />

Sendo sinal, ela é profecia e terapia para o mundo, segundo as palavras do<br />

autor Ame<strong>de</strong>o Cencini. É urgente ressignificar o sentido da consagração religiosa e<br />

batismal, do contrário corremos o risco, como afirma o teólogo Garcia Pare<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><br />

sermos meros burocratas do Reino. Essencialmente precisamos ser sinais; é o convite<br />

constante da Igreja, da CRB, do 21º Capitulo Geral.<br />

De outra parte, vivemos em tempos líquidos, como <strong>de</strong>fine Bauman:<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida; valores líquidos; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> liquida; medo líquido; tempo <strong>de</strong><br />

instabilida<strong>de</strong> contínua. Vivendo permanentemente nessa instabilida<strong>de</strong>, corre‐se o risco<br />

da fragmentação da vida, das pessoas, <strong>de</strong> si mesmo e da fé. Dá‐nos a sensação <strong>de</strong><br />

precisar correr sempre para acompanhar o ritmo da história. Nesse contexto, Bauman<br />

vê a comunida<strong>de</strong>, a família, o grupo, como espaço <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção da fragmentação da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da personalida<strong>de</strong>, das crenças e das convicções. Em outras palavras, lugar<br />

<strong>de</strong> se reestabelecer, <strong>de</strong> se fortificar, lugar <strong>de</strong> cultivar o segredo <strong>de</strong> vida.<br />

Na Igreja, com o evento do Concílio Vaticano II, fomos sacudidos. Para muitos<br />

cristãos e religiosos foi um verda<strong>de</strong>iro abalo sísmico. Muitas pessoas fragilizadas se<br />

fragmentaram <strong>de</strong> tal modo que não encontraram mais sentido e nem mesmo<br />

conseguiram ressignificar suas vidas e ressignificar a consagração religiosa, e acabaram<br />

abandonando tudo. Na Circular sobre Pastoral Vocacional, do Ir. Charles Howard, <strong>de</strong><br />

1987, há um gráfico que impressiona:<br />

Mostra‐nos que até 1967 o Instituto <strong>Marista</strong> cresceu em número <strong>de</strong> membros,<br />

chegando próximo dos 10.000 Irmãos. Desse período em diante, a curva estatística<br />

mudou <strong>de</strong> rumo. Começou uma acentuada curva <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Hoje continuamos<br />

nessa curva <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, não obstante os enormes esforços dos Capítulos Gerais,<br />

Provinciais e <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> formação permanente. Somos hoje menos <strong>de</strong> 4.000<br />

membros. E em 2017, quantos seremos?<br />

O mesmo traçado po<strong>de</strong>r‐se‐ia fazer em nossa Província! Hoje somos 185<br />

Irmãos. Quantos seremos em 2017? Muitas iniciativas, reflexões e ações foram<br />

propostas para estancar essa sangria. Apesar <strong>de</strong> todos esses esforços, continuamos<br />

diminuindo! O que <strong>de</strong> fato está acontecendo? O que Deus está querendo nos dizer<br />

com esses fenômenos?


Esse mesmo fenômeno ocorre em gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> famílias. Parece que<br />

estamos numa encruzilhada histórica. Precisamos criar processos profundos e radicais<br />

<strong>de</strong> conversão! Precisamos, urgentemente, resgatar e ressignificar o sentido <strong>de</strong> nossa<br />

consagração. Parece‐me que vivemos uma global e estável instabilida<strong>de</strong>. Parece que<br />

o normal hoje é viver uma permanente instabilida<strong>de</strong>. Porém as ciências humanas,<br />

sobretudo a Antropologia, nos mostram que isso é uma impossibilida<strong>de</strong> existencial.<br />

Cada ser humano necessita <strong>de</strong> um núcleo <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, do contrário haverá uma<br />

fragmentação da própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como pessoa, com a agravante perda <strong>de</strong> sentido<br />

da vida.<br />

Os Montagnes <strong>de</strong> hoje são todos os que per<strong>de</strong>ram o sentido e o significado <strong>de</strong><br />

suas vidas, dizia o Irmão Benito Arbués, na abertura do 20.° Capítulo Geral. Nesta<br />

conjuntura, compreen<strong>de</strong>‐se a atualida<strong>de</strong> e a urgência <strong>de</strong> nossa missão como Irmãos e<br />

leigos/as <strong>Marista</strong>s <strong>de</strong> Champagnat. Fomentar, reavivar criativamente o núcleo estável<br />

que abre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar o sentido pleno da vida. Temos a missão<br />

profética <strong>de</strong> afirmar os valores estáveis da vida. Promover a vida, segundo o sonho do<br />

Criador. Isso significa, <strong>de</strong> certa forma, ser contra a cultura atual.<br />

Neste contexto, que perfil <strong>de</strong> Província queremos construir? Na minha<br />

nomeação como Provincial, foram apontadas várias características que gostariam <strong>de</strong><br />

ver na pessoa do animador da Província. Cito o que o Ir. Seán, então Superior‐Geral,<br />

sintetizou:<br />

a) “60% das respostas dadas afirmam que queriam um homem <strong>de</strong><br />

Deus, ou alguma expressão similar. Vocês buscam um Irmão cuja<br />

vida esteja centrada em Jesus Cristo e em sua Boa‐Nova, e cuja<br />

espiritualida<strong>de</strong> seja profundamente marista.<br />

b) Vocês querem um Provincial que encarne as qualida<strong>de</strong>s do nosso<br />

Fundador: autoconhecimento, humilda<strong>de</strong>, espírito <strong>de</strong> oração, zelo<br />

pela missão e paixão pelas crianças e jovens pobres. Sim, vocês<br />

<strong>de</strong>sejam um lí<strong>de</strong>r cuja compreensão <strong>de</strong> sua autorida<strong>de</strong> moral esteja<br />

enraizada em todas essas qualida<strong>de</strong>s, bem como em seu amor pela<br />

Vida Consagrada e numa clara visão sobre o seu lugar em nossa<br />

Igreja.<br />

c) Ao mesmo tempo, vocês <strong>de</strong>sejam um Irmão que seja uma pessoa<br />

que transmite confiança e alegria, amor aos Irmãos e à nossa<br />

fraternida<strong>de</strong>. Vocês esperam um pastor, uma pessoa <strong>de</strong> bom<br />

relacionamento com Irmãos, Leigos e Leigas, com nossos Irmãos<br />

idosos e também com aqueles que estão apenas começando sua<br />

aventura na vida consagrada.


d) Como parte <strong>de</strong> suas responsabilida<strong>de</strong>s, vocês acreditam que o novo<br />

Provincial <strong>de</strong>ve reservar tempo para a animação da vida<br />

comunitária na Província.<br />

e) Como Província, vocês <strong>de</strong>sejam ter comunida<strong>de</strong>s vibrantes que<br />

sejam centros <strong>de</strong> oração e <strong>de</strong> apoio mútuo, lugares aos quais dá<br />

gosto voltar ao final do dia, sabendo aí encontrar um espírito <strong>de</strong><br />

fraternida<strong>de</strong> e um grau <strong>de</strong> apoio humano e espiritual que ajudará a<br />

amar e seguir vivendo nosso estilo <strong>de</strong> vida com entusiasmo e<br />

esperança.<br />

f) Resumindo, vocês se imaginam trabalhando juntos com um<br />

Provincial que continuará a construção <strong>de</strong> sua nova Província e<br />

alimentará em seu coração um sentido <strong>de</strong> vida e fé.<br />

g) Vocês esperam po<strong>de</strong>r contar sempre com o melhor das duas<br />

Unida<strong>de</strong>s Administrativas anteriores e, recorrendo ao carisma do<br />

nosso Fundador, construir uma Província renovada que possa fazer a<br />

diferença na vida <strong>de</strong> seu país, em nosso Instituto e na Igreja, ao levar<br />

a Boa‐Nova <strong>de</strong> Deus a uma nova geração <strong>de</strong> crianças e jovens<br />

pobres.<br />

Sua Província foi abençoada com muitos recursos, a começar pelos próprios<br />

Irmãos que a constituem, assim como os Leigos e Leigas que são seus parceiros. Vocês<br />

têm também uma notável re<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições educativas, incluindo uma excelente<br />

universida<strong>de</strong>, e uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> programas sociais que aten<strong>de</strong>m a necessida<strong>de</strong>s<br />

urgentes na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje. Nossos Irmãos do Brasil sempre foram conhecidos por<br />

estar na vanguarda dos esforços <strong>de</strong> renovação do nosso Instituto, <strong>de</strong> sua vida e<br />

missão”.<br />

Em síntese, é a projeção, o sonho do que estamos dispostos a construir juntos nos<br />

próximos três anos.<br />

Qual o apelo fundamental e quais as urgências? Parece‐me que o apelo<br />

fundamental e as urgências são as mesmas apontadas pelo 21º Capitulo Geral: Com<br />

Maria, i<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressa para uma nova terra.<br />

Isto é, sentimo‐nos impulsionados por Deus a sair para uma nova terra, que facilite<br />

o nascimento <strong>de</strong> uma nova época para o carisma marista. Isso pressupõe disposição<br />

para a mobilida<strong>de</strong>, para o <strong>de</strong>sprendimento, para assumir um itinerário <strong>de</strong> conversão<br />

tanto pessoal quanto institucional; este caminho percorremo‐lo com Maria, guia e<br />

companheira. A “nova terra” <strong>de</strong> uma autêntica renovação do Instituto exige‐nos uma<br />

verda<strong>de</strong>ira mudança <strong>de</strong> coração. É preciso instaurar uma revolução do coração que se<br />

traduz nestas urgências:<br />

a) Uma vida consagrada nova, arraigada firmemente no Evangelho,<br />

que promova um novo modo <strong>de</strong> ser Irmão.


) Uma nova relação entre Irmãos e Leigos/as, baseada na comunhão,<br />

buscando juntos maior vitalida<strong>de</strong> do carisma marista para o nosso<br />

mundo.<br />

c) Uma presença fortemente significativa entre as crianças e jovens<br />

pobres.<br />

Consi<strong>de</strong>rações e consequências para nossa Província:<br />

Precisamos <strong>de</strong> Irmãos e Leigos/as maristas santos, sábios e bons; que sejam<br />

apaixonados por Jesus Cristo e que tenham misericórdia e compaixão sobretudo para<br />

com as crianças e jovens.<br />

“Prezadíssimos Irmãos, sejam fiéis à sua vocação, prezem‐na e nela perseverem<br />

corajosamente. Para viver como bom religioso exige‐se sacrifício; mas a graça suaviza<br />

tudo” (Testamento <strong>de</strong> S. Marcelino Champagnat).<br />

Estimados Irmãos e Leigos/as, vocacionados maristas: estabeleçamos uma<br />

dinâmica <strong>de</strong> conversão pessoal, comunitária, familiar, e institucional – garantindo que<br />

o espírito marista reine em todas as Unida<strong>de</strong>s da Província. Que sejamos memória e<br />

consciência <strong>de</strong> Deus no mundo.<br />

Queremos construir uma Província parábola; que nossas escolas, universida<strong>de</strong><br />

e centros sociais sejam parábolas vivas do evangelho, sejam lugares on<strong>de</strong> se vivem as<br />

bem‐aventuranças; que nossas comunida<strong>de</strong>s sejam profecia da fraternida<strong>de</strong>,<br />

humanizadas e humanizadoras, escolas <strong>de</strong> oração, centros <strong>de</strong> mestres espirituais; que<br />

as famílias sejam lugar <strong>de</strong> aprendizagem dos valores cristãos, da formação do caráter<br />

das crianças e dos jovens; que todas as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossa Província sejam centros <strong>de</strong><br />

excelência <strong>de</strong> vida, promotoras <strong>de</strong> vida; centros <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> fé da realida<strong>de</strong> e dos<br />

acontecimentos; sejam centros <strong>de</strong> excelência evangelizadora e acadêmica.<br />

Todos comprometidos com a mesma causa<br />

Precisamos <strong>de</strong> um forte sentido <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> pertença. Representamos<br />

<strong>de</strong>sta forma todo o programa do triênio no símbolo do barco, tendo ao fundo o Sol,<br />

como horizonte, e que visibiliza Jesus Cristo, razão <strong>de</strong> nossa vida e a quem queremos<br />

seguir na radicalida<strong>de</strong>. Este seguimento se faz em comunida<strong>de</strong>, em que cada um dá o<br />

melhor <strong>de</strong> si mesmo em profundo sinal <strong>de</strong> pertença e <strong>de</strong> comunhão. De outra parte, os<br />

remos significam um profundo e total comprometimento <strong>de</strong> todos no que Deus nos<br />

está pedindo neste momento histórico da presença marista no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.


Vivemos o tempo dos novos tempos! É o Advento que chega como prenúncio<br />

<strong>de</strong> vida nova. O Natal que se aproxima, leva‐nos ao presépio para que revisitemos<br />

Jesus, centro <strong>de</strong> nossas vidas. Estamos iniciando uma nova etapa no Instituto e<br />

também na Província na qual somos <strong>de</strong>safiados a empreen<strong>de</strong>r a mais <strong>de</strong>safiadora<br />

viagem <strong>de</strong> nossas vidas. Ela po<strong>de</strong>rá ser, ao mesmo tempo, longa ou breve, calma ou<br />

agitada, exaustiva ou relaxante, monótona ou estimulante; tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />

exclusivamente <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós, visto que, com a graça <strong>de</strong> Deus, sempre<br />

po<strong>de</strong>remos contar.<br />

Percebo diante <strong>de</strong> nós um imenso oceano <strong>de</strong> riscos e oportunida<strong>de</strong>s. Um<br />

horizonte aberto a nos esperar. Um oceano tão gran<strong>de</strong> em possibilida<strong>de</strong>s que me sinto<br />

incapaz <strong>de</strong> imaginar, sozinho, tudo o que nele existe ou tudo o que po<strong>de</strong>ríamos<br />

<strong>de</strong>scobrir se reivindicássemos o espírito do Padre. Champagnat. Essas águas calmas,<br />

irmãos e irmãs, são para nós um belo convite a um mergulho revigorante. Todavia não<br />

po<strong>de</strong>mos nos enganar. Na viagem da qual falei, não enfrentaremos somente calmarias.<br />

Certamente, em alguns momentos, enfrentaremos águas caudalosas que nos <strong>de</strong>ixarão<br />

com medo.<br />

Possivelmente ficaremos inertes e paralisados diante <strong>de</strong> muitas situações, e,<br />

por alguns instantes, po<strong>de</strong>remos cair na tentação <strong>de</strong> permanecer à <strong>de</strong>riva ou retornar<br />

ao ponto <strong>de</strong> partida. Mas, Irmãos, precisamos avançar! Permaneceremos juntos no<br />

mesmo barco e avançaremos! Nossa fé e nossa fraternida<strong>de</strong> marista nos sustentarão a<br />

bordo para que continuemos nossa viagem. Permaneceremos todos juntos, Irmãos e<br />

Leigos, pois é o Senhor que nos chama a viver essa aventura em fraternida<strong>de</strong>.<br />

Esse barco não é meu, não é do Provincial, não é do Conselho, não é seu. Ele<br />

não tem um único proprietário. Ele pertence a todos os que querem viver seu batismo<br />

do jeito que Marcelino ensinou: consagrando nossas vidas a Deus na educação das<br />

crianças e dos jovens. Esse barco marista serviu <strong>de</strong> veículo para que todas as gerações<br />

<strong>de</strong> <strong>Marista</strong>s pu<strong>de</strong>ssem navegar nos mares <strong>de</strong>sta vida. Como não tem um único dono,<br />

ao longo <strong>de</strong>stes 192 anos ele sofreu diversos reparos e reformas.<br />

Chegou a nossa vez! É hora <strong>de</strong> escovarmos o casco, repregarmos algumas<br />

tábuas e arrumarmos o convés, pois seguir adiante é preciso! Quero <strong>de</strong>safiar a todos:<br />

meus Irmãos, os Leigos <strong>Marista</strong>s e também todos os colaboradores, a empreen<strong>de</strong>rmos<br />

essa restauração em meio à nossa viagem. Consertar, reformar, restaurar não são<br />

tarefas ou privilégios exclusivamente nossos. Todos os que nos antece<strong>de</strong>ram<br />

empenharam suas vidas nessa tarefa, para tornar esse barco cada vez mais apropriado<br />

às águas que mudam com os tempos e os ventos.<br />

Temos ao fundo o Sol. Um novo horizonte. Uma nova terra, meus amigos, que<br />

tem mais força do que terra nova. Porque se ajustarmos o curso para uma terra nova,<br />

chegaremos lá e teremos a impressão que não há nada <strong>de</strong> novo. Se, contudo,<br />

ajustarmos o rumo <strong>de</strong> nosso coração, perceberemos que todas as coisas se farão<br />

novas. Convido‐os para que embarquem comigo nesta aventura. Saberei respeitar a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um, mas preciso <strong>de</strong>safiá‐los: o barco é amplo, e o mar é imenso.


Como Champagnat, repito agora: precisamos <strong>de</strong> Irmãos! Precisamos <strong>de</strong> Irmãos<br />

apaixonados pela sua consagração! Precisamos <strong>de</strong> Leigos apaixonados pela vida e pela<br />

sua consagração batismal. Convido‐os para criarmos a dinâmica <strong>de</strong> comunhão. As<br />

crianças, <strong>de</strong>stinatárias prediletas <strong>de</strong> nossa missão, nos entregarão um símbolo que nos<br />

acompanhará em todo este triênio, como forma <strong>de</strong> comprometimento (Crianças<br />

entregam aos presentes a imagem da logo com o remo). Tomem seus remos como<br />

sinal <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, esforço e compromisso nesta aventura! Animem‐se! Inspirem‐se!<br />

Todos estão convocados para construir comunhão! É tempo <strong>de</strong> cultura da<br />

comunhão. Deixemos para trás a cultura da reclamação, da queixa, da reivindicação,<br />

<strong>de</strong> atribuir a culpa aos outros. É tempo <strong>de</strong> corresponsabilida<strong>de</strong>; é tempo <strong>de</strong> discernir<br />

priorida<strong>de</strong>s emanadas do essencial, da experiência nuclear <strong>de</strong> nossa vida. Por fim, é<br />

preciso implantar a dinâmica <strong>de</strong> comunhão: escutar‐se, escutar‐nos, escutá‐LO.<br />

Discernir qual o melhor caminho e <strong>de</strong>cidir‐me a trilhar por ele para sermos fiéis à<br />

missão que Deus nos legou. O futuro da Província <strong>Marista</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul está<br />

em nossas mãos! Obrigado!<br />

Convido‐os a rezar comigo a Oração do Discipulado <strong>Marista</strong>.<br />

Veranópolis, 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009.<br />

Ir. Inácio Nestor Etges

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