INVESTIGANDO A PRODUÇÃO DE CHUVA ÁCIDA - Rived
INVESTIGANDO A PRODUÇÃO DE CHUVA ÁCIDA - Rived
INVESTIGANDO A PRODUÇÃO DE CHUVA ÁCIDA - Rived
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Prática sobre Chuva Ácida<br />
Em um trabalho interdisciplinar, alunos paulistas descobrem a chuva ácida, uma das causas<br />
da destruição da mata que cerca a escola<br />
Carlos Fioravanti<br />
Fonte: http://novaescola.abril.com.br/ed/114_ago98/html/educamb.htm<br />
Normalmente, as perguntas que iniciam os trabalhos em sala de aula partem dos alunos. Desta vez, elas partiram<br />
da própria professora. Regina Andrade Barros, que leciona Geografia no Colégio Mopyatã, em São Paulo, queria<br />
detalhar os mecanismos que fazem a mata que cerca a escola ter uma temperatura sempre 2 ou 3 graus Celsius<br />
abaixo da do ambiente externo. No ano passado, ela pôde não só compartilhar sua curiosidade com os alunos<br />
como também estudar as chances de sobrevivência daquele trecho de Mata Atlântica, que ocupa mais da metade<br />
do terreno de 96 mil m2 onde fica o colégio.<br />
A ocasião surgiu com um projeto interdisciplinar, desenvolvido no próprio bosque da escola, com os alunos da 1ª<br />
série do ensino médio, reunindo Geografia, Biologia e Química. Os professores pretendiam explicar como os<br />
fatores climáticos e ambientais influem sobre o solo, o relevo e a vegetação. Depois de estudarem os conceitos<br />
envolvidos e planejarem os fatores críticos a observar, foram à primeira atividade prática de medição, num<br />
inesquecível 19 de maio.<br />
Resultados: a acidez da chuva foi<br />
comprovada indiretamente por análises<br />
seguidas de pH do solo, que indicam<br />
uma acidez contínua, principalmente<br />
em regiões próximas à superfície<br />
Na véspera, havia chovido muito. Foi, portanto, em meio a muita lama que<br />
os expedicionários organizados em grupos embrenharam-se na mata,<br />
munidos de pranchetas, bússolas, termômetros, barômetros, higrômetros e<br />
máquinas fotográficas. A cada meia hora, das sete e meia da manhã às<br />
quatro da tarde, mediram a temperatura e umidade do ar e do solo, a<br />
intensidade e a direção dos ventos e a pressão atmosférica em sete<br />
pontos diferentes, que representavam áreas preservadas ou desmatadas.<br />
Para completar a sondagem, recolheram amostras do solo.<br />
Nos meses seguintes, as informações coletadas durante o trabalho de<br />
campo se transformaram em gráficos, relatórios e exposições.<br />
Esclareceram como interagem os elementos da mata e qual o papel da<br />
vegetação na manutenção da temperatura. Como ela reflete a luz e,<br />
portanto, faz sombra, diminui o volume de luz solar que chega ao solo e,<br />
conseqüentemente, o volume de calor absorvido pela terra e depois<br />
refletido para o ar.<br />
A maior surpresa veio com a análise química do solo. O resultado foi uma<br />
acentuada acidez, associada à chuva da véspera do dia das medições.<br />
Descobriu-se assim a chuva ácida, cujo impacto sobre o solo e a<br />
vegetação ajudava a explicar as transformações do bosque verificadas nos<br />
últimos anos. "Cada vez que entramos na mata, encontramos menos árvores", diz a aluna Vanessa Cardoso<br />
Antunes, 16 anos.<br />
Adolescentes mobilizados<br />
Recolher amostras de solo para análise tornou-se hábito. As coletas são feitas pelo menos uma vez por mês, de<br />
preferência após chuva forte. Os resultados, mesmo que possam ter influência da acidez natural do solo, são<br />
sempre os mesmos. "A acidez não abaixa", diz a professora. O pH (índice da acidez ou da alcalinidade das<br />
substâncias) da água fica quase sempre entre 5 e 6.<br />
Preocupados, os alunos formaram o Grupo de Educação Ambiental do Mopyatã (Geam), para pesquisar como<br />
recuperar a vitalidade da mata. O senso de preservação fermentou. "A Floresta Amazônica queimou em Roraima<br />
no início deste ano e nada pudemos fazer", recorda a professora. "Mas aqui estamos preocupados, buscando<br />
saídas."<br />
O problema tem solução<br />
Como preencher as clareiras deixadas pelas árvores que caem, dando lugar a uma vegetação rala, como a<br />
formada por imbaúbas? Uma medida de emergência, que vem ajudando a recuperar florestas alemãs destruídas<br />
pela chuva ácida é a calagem — o recobrimento da terra com cal. Extremamente alcalina, a cal reequilibra o pH