Manual de Viveiros Florestais - Município Ecunha
Manual de Viveiros Florestais - Município Ecunha
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MANUAL DO VIVEIRO<br />
FLORESTAL<br />
Raul Manuel <strong>de</strong> Albuquerque Sardinha<br />
Projecto <strong>de</strong> Desenvolvimento dos Recursos Naturais<br />
<strong>Município</strong> da <strong>Ecunha</strong>, Província do Huambo<br />
(CE-FOOD/2006/130444)
FICHA TÉCNICA<br />
Coor<strong>de</strong>nação e Autoria do Estudo<br />
Raul Manuel <strong>de</strong> Albuquerque Sardinha<br />
Revisão<br />
Instituto Marquês <strong>de</strong> Valle Flôr<br />
(Diogo Ferreira, Gonçalo Marques e Rita Caetano)<br />
Composição e Edição<br />
Instituto Marquês <strong>de</strong> Valle Flôr<br />
Concepção Gráfica<br />
Matrioska Design, Lda<br />
Impressão e Acabamento<br />
Europam, Lda<br />
Co-Financiamento<br />
Comissão Europeia<br />
Depósito Legal<br />
Tiragem<br />
1
Índice<br />
ÍNDICE DE FIGURAS E QUADROS 4<br />
PREFÁCIO 7<br />
1. INTRODUÇÃO 11<br />
1.1 O problema da savanização 11<br />
1.2 Como utilizar o manual 11<br />
1.3 Porquê plantar uma árvore 12<br />
1.4 Porquê conservar e proteger a floresta 12<br />
2. VIVEIRO 12<br />
2.1 Porquê um viveiro 12<br />
2.2 Parâmetros morfológicos <strong>de</strong> avaliação<br />
da qualida<strong>de</strong> das plântulas 13<br />
2.3 Métodos <strong>de</strong> produção 17<br />
2.4 On<strong>de</strong> instalar o viveiro 21<br />
2.5 Como proteger o viveiro 23<br />
2.6 Como montar o viveiro 23<br />
2.7 Os alfobres 30<br />
3. AS SEMENTES 34<br />
3.1 A selecção das espécies 34<br />
3.2 A informação necessária 35<br />
3.3 A recolha das sementes 35<br />
3.4 Extracção das sementes 39<br />
3.5 Selecção das sementes 41<br />
3.6 Conservação das sementes 41<br />
3.7 Pré-tratamento das sementes 44<br />
3.8 Preparação das sementes 46<br />
3.9 Estado das sementes 49<br />
3.10 Informações sumárias sobre ensaios <strong>de</strong> sementes<br />
e sua terminologia 49<br />
3.11 Sementeira directa nos canteiros 50<br />
3.12 Sementeira directa em vasos 51<br />
3.13 Época <strong>de</strong> sementeira 51<br />
4. TRATAMENTOS CULTURAIS 52<br />
4.1 A rega 52<br />
4.2 A nutrição das plantas 53<br />
4.3 Cuidados sanitários 56<br />
5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS<br />
PARA PLANTAÇÃO 64<br />
6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER<br />
INSECTOS E DOENÇAS NOS VIVEIROS 66<br />
7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO 67<br />
8.INSTALAÇÕES DO VIVEIRO 69<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70<br />
3
4<br />
Índice<br />
figuras e quadros<br />
FIGURAS<br />
1. Exemplos <strong>de</strong> diferentes sistemas radiculares 13<br />
2. Planta com bom sistema radicular 13<br />
3. Exemplos <strong>de</strong> plantas com <strong>de</strong>feitos 14<br />
4. Pequenos <strong>Viveiros</strong> Comunitários 17<br />
5. Pequenos <strong>Viveiros</strong> Comunitários 17<br />
6. Exemplo <strong>de</strong> recipientes usados na produção 19<br />
<strong>de</strong> plantas florestais<br />
7. Distribuição do sistema radicular no interior 20<br />
<strong>de</strong> um alvéolo<br />
8. Esquema <strong>de</strong> terraceamento para o caso 22<br />
dos terrenos com <strong>de</strong>clive<br />
9. Formas simples <strong>de</strong> protecção do viveiro 23<br />
com materiais locais<br />
10. Exemplos <strong>de</strong> limitação <strong>de</strong> canteiros 24<br />
com material local<br />
11. Terraceamento e drenagem do viveiro 24<br />
para evitar a erosão<br />
12. Camas <strong>de</strong> plantação mais baixas que o nível do solo 24<br />
13. Exemplos <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong> canteiros do plantório 25<br />
e espécies no viveiro<br />
14. Funil e pá para enchimento dos recipientes 25<br />
15. Bolsas <strong>de</strong> Ar 26<br />
16. Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> peneiras para preparação 28<br />
dos substratos<br />
17. Arrumação das raízes nos sacos 28<br />
18. Preparação e enchimento <strong>de</strong> sacos 29<br />
19. Exemplos <strong>de</strong> sombreamento com tela 29<br />
<strong>de</strong> sombreamento suportada por postes <strong>de</strong> bambu<br />
20. Exemplos <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> sombreamento 30<br />
com materiais locais<br />
21. Exemplo <strong>de</strong> um pequeno alfobre feito em caixa 31<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira num pequeno viveiro comunitário<br />
22. Forma <strong>de</strong> efectuar a cobertura dos canteiros 31<br />
dos alfobres<br />
23. Esteiras <strong>de</strong> cobertura dos seminários 31<br />
24. Rega 32<br />
25. Criação <strong>de</strong> espaço para po<strong>de</strong>r retirar a plântula 33<br />
sem a ferir<br />
26. Colocação correcta da plântula no vaso 33<br />
após repicagem<br />
27. Bom posicionamento da plântula no vaso 33<br />
28. Importância da qualida<strong>de</strong> da semente 36<br />
29. Características hereditárias 36<br />
30. Configurações <strong>de</strong> boas e más características 37<br />
arbóreos para alguns fins<br />
31. Exemplos <strong>de</strong> equipamento simples utilizado 38<br />
para colheita <strong>de</strong> sementes<br />
32. Secção <strong>de</strong> um germinador isotérmico 48<br />
que po<strong>de</strong> ser fabricado localmente<br />
33. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> germinador isotérmico feito 48<br />
com materiais locais<br />
34. Exemplo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um canteiro 52<br />
no plantório<br />
35. Medidas <strong>de</strong> segurança a adoptar na aplicação 57<br />
<strong>de</strong> pesticidas, fungicidas ou herbicidas<br />
36. Imagem <strong>de</strong> um canteiro <strong>de</strong> viveiro florestal 58<br />
dominado pelas ervas daninhas<br />
37. Eliminação <strong>de</strong> ervas daninhas 58
38. Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO 60<br />
39. Plântula produzida pelo sistema VAPO 60<br />
40. Poda <strong>de</strong> raízes em plântulas criadas em recipiente 62<br />
41. Poda <strong>de</strong> raízes em plantórios em plena terra 62<br />
42. Preparação do sistema radicular das plântulas 63<br />
criadas directamente no plantório<br />
43. Forma <strong>de</strong> conservar as plântulas <strong>de</strong> raiz 63<br />
nua antes da expedição<br />
44. Preparação das plantas <strong>de</strong> raiz nua 64<br />
para envio para plantação<br />
45. Esquema do alpendre aberto para enchimento 69<br />
<strong>de</strong> sacos e preparação dos substratos<br />
QUADROS<br />
1. Problemas comuns na prática viveirista 15<br />
e procedimentos correctores<br />
2. Vantagens e Desvantagens da produção 18<br />
<strong>de</strong> plântulas <strong>de</strong> raiz nua<br />
3. Vantagens e inconvenientes dos diferentes 21<br />
tipos <strong>de</strong> recipientes<br />
4. Exigências nutritivas médias do solo para a produção 27<br />
viveirista <strong>de</strong> eucaliptos e pinheiros<br />
5. Teores médios aproximados <strong>de</strong> nutrientes 27<br />
no estrume proveniente <strong>de</strong> vários animais<br />
6. Sistema <strong>de</strong> classificação do estado <strong>de</strong> maturação 39<br />
das sementes<br />
7. Relações entre o teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>terioração 42<br />
da semente<br />
8. Germinação e dormência em espécies 45<br />
florestais tropicais<br />
9. Quadro <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> tratamentos <strong>de</strong> acordo 47<br />
com a dormência<br />
10. Principais elementos minerais importante 53<br />
na nutrição das plantas<br />
11. Alguns dos insecticidas usados no combate 57<br />
à “salalé”<br />
12. Produtos naturais que o viveirista po<strong>de</strong> utilizar 66<br />
na protecção das plântulas<br />
5
PREFÁCIO<br />
As extensas áreas <strong>de</strong> “mata <strong>de</strong> panda”, <strong>de</strong>signação Angolana<br />
da formação florística conhecida por “Miombo”, raramente foram<br />
consi<strong>de</strong>radas em Angola como recurso florestal importante.<br />
Embora se lhe reconhecesse interesse na conservação do solo,<br />
da água, refúgio do bravio, e fornecimento <strong>de</strong> produtos florestais<br />
não lenhosos como plantas medicinais, usadas quase<br />
exclusivamente pela população camponesa e <strong>de</strong> alguns frutos<br />
silvestres (<strong>de</strong> que o “loengo” é talvez o mais conhecido e apreciado),<br />
o facto é que os crescimentos reduzidos das suas árvores<br />
e a reduzida qualida<strong>de</strong> das suas ma<strong>de</strong>iras nunca constituíram<br />
matérias-primas apreciadas ou valorizadas pela indústria. Estas<br />
extensas áreas eram e são assim olhadas mais como reservas<br />
<strong>de</strong> terra ou <strong>de</strong> lenhas do que propriamente como um património<br />
a conservar e a valorizar por formas <strong>de</strong> gestão apropriadas<br />
<strong>de</strong> base comunitária ou municipal.<br />
A pouca importância que lhe era conferida reflecte a ausência<br />
quase total <strong>de</strong> estudos florestais sobre o potencial <strong>de</strong>stes recursos,<br />
da sua dinâmica e das interfaces que tinha com as populações<br />
rurais. Os estudos limitaram-se na sua quase totalida<strong>de</strong><br />
às inventariações florísticas, quase sempre numa escala macro.<br />
As preocupações sobre a sustentabilida<strong>de</strong> dos espaços arborizados<br />
e a sensibilização crescente do mundo científico, das organizações<br />
financiadoras internacionais, dos governos nacionais, bem como<br />
das intervenções das ONG, têm trazido a primeiro plano<br />
a importância <strong>de</strong>stes recursos e impulsionado, quer o seu estudo<br />
numa perspectiva sistémica a uma escala regional, nacional<br />
e multinacional, quer a procura <strong>de</strong> estratégias para o fomento<br />
da criação <strong>de</strong> recursos alternativos dirigidos à redução da pressão<br />
sobre a floresta natural e criando, do mesmo passo, fontes<br />
alternativas ou complementares <strong>de</strong> rendimento para aliviar<br />
a pobreza das populações rurais que tem sido o elemento<br />
propulsor mais visível da <strong>de</strong>sflorestação. A população em estado<br />
<strong>de</strong> acentuada pobreza e em ambientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sregulação<br />
das terras <strong>de</strong> raiz comunitária, <strong>de</strong>strói a floresta como último<br />
argumento contra a fome percepcionando, no entanto, que<br />
as suas práticas são negativas. O autor lembra bem as palavras<br />
<strong>de</strong> um ancião pobre da Casamança que ao lhe ser perguntado<br />
se não tinha consciência que o abate raso teria consequências<br />
para a nova geração <strong>de</strong> habitantes da al<strong>de</strong>ia nos respon<strong>de</strong>u<br />
resignado<br />
O sucesso ou insucesso do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas florestais<br />
ou agroflorestais nas comunida<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong><br />
medida da qualida<strong>de</strong> das suas componentes, e as árvores são,<br />
indiscutivelmente, uma componente fundamental. O Instituto<br />
Marquês <strong>de</strong> Valle Flôr (IMVF), em colaboração com a Cooperativa<br />
Agrícola da <strong>Ecunha</strong> - Coopecunha incentivou a elaboração <strong>de</strong>ste<br />
manual no âmbito do “Projecto <strong>de</strong> Desenvolvimento dos Recursos<br />
Naturais” (Contrato CE-FOOD/2006/130444), acreditando<br />
na sua melhor contribuição para alívio da pobreza rural.<br />
Mas que futuro lhes está reservado se os camponeses não tiverem<br />
acesso a sementes e plantas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>?<br />
A oportunida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento económico e ambiental<br />
significativo será perdida se aquela premissa base não for<br />
conseguida. O IMVF acredita assim, que atingir o objectivo<br />
<strong>de</strong> inverter a actual dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sflorestação, garantindo<br />
importantes benefícios ambientais, passa pela implementação<br />
7
<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> plantação comunitária ou nas pequenas terras<br />
da proprieda<strong>de</strong> camponesa, apoiados pela produção <strong>de</strong> boas<br />
árvores com bons potenciais produtivos e potenciais <strong>de</strong> utilização<br />
tecnológica para suporte <strong>de</strong> indústrias ma<strong>de</strong>ireiras. Infelizmente,<br />
muitas práticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas têm-se tornado comuns<br />
<strong>de</strong> uma forma generalizada nos trópicos. Milhões <strong>de</strong> plântulas<br />
<strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> são produzidas todos os anos, plântulas que<br />
não compensam os esforços <strong>de</strong> as plantar ou manter. Plantas<br />
<strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sencorajam os camponeses a plantar árvores<br />
e reduzem o potencial produtivo do solo.<br />
Faz parte <strong>de</strong>ssa estratégia pró-activa, no âmbito do referido<br />
projecto, a montagem <strong>de</strong> um viveiro que garanta aquelas<br />
exigências e seja um pólo <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> boas técnicas <strong>de</strong> produção<br />
<strong>de</strong> plantas.<br />
O <strong>Manual</strong> do Viveiro Florestal, realizado nesta perspectiva,<br />
sintetiza sem preocupação <strong>de</strong> aprofundamentos científicos<br />
consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>snecessários, um conjunto <strong>de</strong> informações sobre<br />
as práticas viveiristas e a que acrescenta a experiência e vivência<br />
profissional do seu autor nos trópicos. O autor <strong>de</strong>bruça-se sobre<br />
as exigências <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> um viveiro e a qualida<strong>de</strong> das plantas<br />
que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da atenção no <strong>de</strong>talhe sobre as condições físicas<br />
do local <strong>de</strong> implantação e a sua localização em relação aos locais<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>stino das plantas, sobre a origem da semente, características<br />
físicas das plântulas, dos substratos, regulação da água, luz,<br />
nutrientes e controlo sanitário. O <strong>Manual</strong> inclui não só o que<br />
fazer, mas também as razões para os procedimentos indicados,<br />
numa linguagem simples e acessível. Estamos convictos que<br />
os procedimentos <strong>de</strong>scritos, a explicação dos mesmos e as<br />
indicações <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> referência são suficientes para encorajar<br />
os futuros gestores ou operadores viveiristas a procurarem,<br />
8<br />
à medida que ganhem experiência, aprofundar alguma das<br />
matérias e não serem simplesmente repetidores <strong>de</strong> receitas. Esse<br />
aprofundamento será útil para que possam introduzir inovações<br />
e adaptações consistentes com as condições ecológicas e sociais<br />
em que venham a trabalhar.<br />
Este <strong>Manual</strong> não é uma peça única e acabada <strong>de</strong> uma única<br />
iniciativa. Embora se consi<strong>de</strong>re que é, <strong>de</strong> facto, um dos elementos<br />
mais po<strong>de</strong>rosos para inverter a actual dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sflorestação,<br />
ele <strong>de</strong>verá vir a ser acompanhado <strong>de</strong> outras medidas para<br />
a poupança na produção <strong>de</strong> carvão por intervenção nas práticas<br />
<strong>de</strong> transformação e pela proposta <strong>de</strong> melhorias tecnológicas<br />
sem as quais as iniciativas <strong>de</strong> conservação ou <strong>de</strong> gestão<br />
<strong>de</strong> recursos naturais lenhosos no <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> estão<br />
fortemente con<strong>de</strong>nados ao insucesso. A criação <strong>de</strong> fontes<br />
alternativas, potenciada e dinamizada através da produção<br />
<strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e rápido crescimento, virá<br />
a proporcionar novas activida<strong>de</strong>s, materiais lenhosos para<br />
as necessida<strong>de</strong>s energéticas, benefícios ambientais locais<br />
e nacionais (novos sumidoros <strong>de</strong> carbono) e novos rendimentos<br />
para o agricultor. A iniciativa <strong>de</strong> gestão dirigida à criação<br />
<strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong> lenhas e carvão é consi<strong>de</strong>rada<br />
o instrumento mais po<strong>de</strong>roso para a redução a curto prazo<br />
da pressão <strong>de</strong> abate da actual mata natural. O uso <strong>de</strong> outras<br />
espécies lenhosas <strong>de</strong> vocação fruteira virá a trazer um benefício<br />
adicional na melhoria da dieta e uma melhoria na estabilização<br />
da proprieda<strong>de</strong> camponesa.
O autor espera também que os seus leitores, principalmente<br />
os agricultores da região alvo e os seus agentes dinamizadores,<br />
usem este manual para reflectirem sobre a problemática<br />
da árvore, fornecedora <strong>de</strong> lenhas, <strong>de</strong> forragem ou <strong>de</strong> frutos<br />
e contribuam para melhorar os procedimentos indicados<br />
ou sugerir outros que possam ser consi<strong>de</strong>rados mais adaptados<br />
ou eficazes nas condições objectivas da activida<strong>de</strong> agrícola<br />
do <strong>Município</strong> da <strong>Ecunha</strong>. A costumização regional da produção<br />
<strong>de</strong> plantas e da activida<strong>de</strong> viveirista virá assim, em futuras<br />
edições,<br />
a incorporar novas informações e sugestões dos leitores. Possam<br />
os agricultores <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> interiorizar os dizeres <strong>de</strong> um cartaz<br />
posto à entrada <strong>de</strong> um viveiro no Peru:<br />
“O QUE PLANTA UMA ÁRVORE PLANTA UM ESPERANÇA 1”<br />
9
1. INTRODUÇÃO<br />
1.1 O problema da savanização<br />
O processo <strong>de</strong> savanização é a evolução da floresta natural no sentido<br />
da savana: menor número <strong>de</strong> árvores e cobertura mais significativa<br />
<strong>de</strong> gramíneas (palha). A floresta com gran<strong>de</strong>s árvores ce<strong>de</strong> o lugar<br />
à floresta <strong>de</strong>gradada, <strong>de</strong>pois à savana arbórea, passando a savana<br />
arbustiva e a estepe e, finalmente ao <strong>de</strong>serto.<br />
O homem <strong>de</strong>strói a floresta e aumenta as superfícies <strong>de</strong>snudadas.<br />
O alargamento indiscriminado das culturas agrícolas alimentares<br />
e comerciais, os fogos incontrolados e a má exploração <strong>de</strong> lenhas<br />
e carvão são os principais factores <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação. A floresta é <strong>de</strong>struída<br />
juntamente com a sua fauna e flora naturais. As toalhas aquíferas<br />
tornam-se mais escassas e profundas, as pastagens tornam-se mais<br />
pobres, a fertilida<strong>de</strong> da terra cultivada diminui, a acção do vento<br />
faz-se sentir arrastando o solo, as chuvas tornam-se mais irregulares<br />
com níveis <strong>de</strong> precipitação mais reduzidos. Acresce que o seu<br />
aproveitamento é menor por causa do seu rápido escoamento.<br />
Em consequência <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> efeitos negativos os homens sentem<br />
a fome e tentam cultivar mais aumentando os efeitos nefastos sobre<br />
a floresta. A agricultura, que necessita <strong>de</strong> um convívio amigável com<br />
a árvore, torna-se assim num inimigo da floresta.<br />
O que se reproduzia antigamente <strong>de</strong> uma forma natural <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> sê-lo e não po<strong>de</strong> ser reintroduzido senão artificialmente. Aquilo que<br />
foi arrancado pela mão do homem <strong>de</strong>ve ser agora replantado por ele<br />
mesmo e tal como o milho e a batata, a árvore <strong>de</strong>ve ser cultivada,<br />
cuidada e mantida.<br />
1.2 Como utilizar o manual<br />
Este primeiro manual, contém os dados gerais que permitem guiar<br />
os futuros extensionistas florestais e futuros viveiristas do <strong>Município</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong>, não só no ensino dos conhecimentos <strong>de</strong> base aos agricultores,<br />
mas também no encaminhamento das diversas operações a seguir<br />
na implantação <strong>de</strong> um viveiro e na manutenção posterior da árvore<br />
para as futuras plantações.<br />
No entanto, o viveirista não encontrará neste manual, as especificações<br />
<strong>de</strong> produção para cada espécie particular. Encontrará contudo, exemplos<br />
<strong>de</strong> algumas espécies naturais úteis aos agricultores <strong>de</strong> Angola na zona<br />
planáltica e dos métodos adaptados às condições do país.<br />
Eventualmente, este manual po<strong>de</strong>rá ser posteriormente complementado<br />
por folhetos adicionais tratando assuntos mais específicos, para cada<br />
uma das espécies particulares eleitas para o repovoamento florestal,<br />
permitindo a introdução <strong>de</strong> novos métodos, aumentando a gama<br />
<strong>de</strong> conhecimentos e melhorando a transferência <strong>de</strong> conhecimentos<br />
apropriados por forma a permitir a melhoria das condições <strong>de</strong> vida<br />
<strong>de</strong> cada membro da família agricultora.<br />
Para conveniente aproveitamento <strong>de</strong>ste manual recomenda-se que<br />
sejam consi<strong>de</strong>radas atentamente os conselhos seguintes:<br />
Cada etapa <strong>de</strong>scrita é importante. As plantas produzidas em viveiro<br />
não po<strong>de</strong>m sobreviver ao primeiro ano <strong>de</strong> plantação se o terreno não<br />
oferecer as condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> crescimento e se não protegermos,<br />
ulteriormente, a árvore e a plantação contra os seus numerosos<br />
inimigos que po<strong>de</strong>mos controlar.<br />
Recomenda-se vivamente ao extensionista que se encontre com<br />
a população das al<strong>de</strong>ias servidas pela Coopecunha e com as suas<br />
associadas para melhor integração <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> na vida<br />
comunitária, assegurando o seu melhor sucesso. Os benefícios<br />
da floresta <strong>de</strong>vem contribuir para a redução da pobreza no meio rural.<br />
11
No quadro do mês da árvore o <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> <strong>de</strong>ve incentivar<br />
cada habitante a participar na arborização nacional. Assim, alunos,<br />
professores, pais e associações <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m ajudar-se numa<br />
só e única tarefa.<br />
1.3 Porquê plantar uma árvore<br />
para ter lenha junto <strong>de</strong> casa;<br />
para produzir carvão para as famílias e para as cida<strong>de</strong>s;<br />
para ter uma fonte <strong>de</strong> rendimento com a venda dos seus produtos<br />
(lenha, carvão, tortulhos);<br />
para comer e ven<strong>de</strong>r os frutos tal como o “loengo”, o “maboque”,<br />
o “lombula”, abacate, etc;<br />
para construir uma casa (ex: vigas <strong>de</strong> eucalipto ou cupressos);<br />
para fins medicinais: “ufilanganga” para cura <strong>de</strong> feridas,<br />
“nhenlunglem” ou “ecopocopo” para dores <strong>de</strong> barriga, a “omondolua”<br />
para a fontanela, entre outros exemplos;<br />
para o fabrico <strong>de</strong> instrumentos agrícolas e cabos <strong>de</strong> ferramentas:<br />
enxadas, catanas, arados, carroças, etc;<br />
para o homem e os animais <strong>de</strong>scansarem à sua sombra;<br />
para numerosos usos diários: bancos, ca<strong>de</strong>iras, mesas, postes,<br />
espigueiros, etc.<br />
1.4 Porquê conservar e proteger a floresta<br />
para conservar a água nos solos e nas fontes;<br />
para conservar os solos cultiváveis;<br />
para dar alimento à fauna que ela abriga;<br />
para diminuir a intensida<strong>de</strong> do vento que arrasta os nossos solos;<br />
para conservar o nosso clima e as chuvas que a natureza nos traz.<br />
Para vivermos e comermos melhor!<br />
Plantar uma árvore é plantar a esperança!<br />
12<br />
2. VIVEIRO<br />
2.1 Porquê um viveiro<br />
Chama-se viveiro ao local on<strong>de</strong> se fazem crescer as árvores <strong>de</strong>pois<br />
da sementeira até ao momento em que elas são colocadas para plantação<br />
no terreno.<br />
Certas espécies pouco exigentes e com sementes facilmente manipuláveis<br />
po<strong>de</strong>m ser semeadas directamente no terreno e com compasso <strong>de</strong>finitivo.<br />
A essas plantações chamam-se "plantações por sementeira directa".<br />
O pinheiro presta-se a este tipo <strong>de</strong> plantação se bem que não seja<br />
possível manter a regular distribuição do compasso.<br />
Entretanto, se as condições do meio e do clima são <strong>de</strong>sfavoráveis<br />
e é conveniente manter a regular distribuição das plantas é muitas<br />
vezes preferível produzir as plantinhas (plântulas) em viveiro com<br />
cuidados particulares, o que oferece várias vantagens a saber:<br />
1 cuidar na ida<strong>de</strong> juvenil das plântulas susceptíveis a certas doenças;<br />
2 possibilitar às plantinhas em terreno <strong>de</strong>finitivo uma maior resistência<br />
aos inimigos: concorrência da palha, animais domésticos e selvagens,<br />
fogos;<br />
3 permitir que as plantinhas estejam suficientemente fortes no fim da<br />
estação seca sem irrigação.<br />
O objectivo mais importante <strong>de</strong> um responsável por um viveiro<br />
é o <strong>de</strong> produzir árvores <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. A qualida<strong>de</strong> é mais importante<br />
que a quantida<strong>de</strong>. A qualida<strong>de</strong> das plantas que saem do viveiro é a base<br />
do sucesso <strong>de</strong> uma plantação. É importante não esquecer que a plantação<br />
<strong>de</strong> árvores medíocres dará sempre origem a plantações medíocres.<br />
A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma planta comporta dois aspectos importantes.<br />
A primeira é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m genética, daí a importância da origem e qualida<strong>de</strong><br />
da semente, e a segunda é a sua condição física/morfológica.
2.2 Parâmetros morfológicos <strong>de</strong> avaliação da qualida<strong>de</strong> das plântulas<br />
As árvores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (as únicas que <strong>de</strong>vem ser distribuídas aos<br />
agricultores) são aquelas que apresentam parâmetros fisiológicos<br />
e morfológicos consi<strong>de</strong>rados tradutores <strong>de</strong> uma planta susceptível<br />
<strong>de</strong> ser plantada e produzir uma árvore com bom potencial produtivo.<br />
Sendo que os padrões fisiológicos só são <strong>de</strong>tectáveis através<br />
<strong>de</strong> laboratórios <strong>de</strong> análises, ficaremos pelos padrões morfológicos que<br />
são mais facilmente i<strong>de</strong>ntificáveis por observação esclarecida.<br />
Os parâmetros a utilizar na avaliação qualitativa das plantas em viveiro<br />
são:<br />
O sistema radicular não apresenta <strong>de</strong>formações e as raízes estão<br />
bem distribuídas apresentando uma boa relação com a altura<br />
do tronco;<br />
1 2 3 4<br />
Fig. 1 - Da primeira fila da esquerda para a direita: 1) um bom sistema radicular,<br />
a raiz a principal apresenta-se direita e as ramificações finas mostram boa<br />
conformação para a absorção da água e nutrientes; 2) sistema radicular <strong>de</strong>formado<br />
por má repicagem (raízes torcidas e muito junto da superfície; 3) outro sistema<br />
radicular <strong>de</strong>feituoso por má repicagem. A raiz foi forçada num buraco muito<br />
pequeno; 4) sistema radicular tortuoso com uma raiz principal enrolada no fundo<br />
do saco. (<strong>de</strong>:<br />
)<br />
Fig. 2 - Uma planta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> com um bom sistema radicular bem distribuído<br />
no vaso (<strong>de</strong>:<br />
)<br />
As plântulas estão sãs, com crescimento vigoroso e sem sinais<br />
<strong>de</strong> doenças;<br />
Apresentam um tronco único, robusto, um bom diâmetro no colo,<br />
lenhificado e sem <strong>de</strong>formações;<br />
A copa é simétrica e <strong>de</strong>nsa;<br />
As plantas estão bem adaptadas a períodos curtos sem rega e suportam<br />
a insolação directa. Alguns florestais apresentam os seguintes critérios<br />
para a selecção <strong>de</strong> plântulas <strong>de</strong> ,<br />
esclarecendo que as consi<strong>de</strong>radas aptas para serem plantadas <strong>de</strong>vem<br />
encaixar-se em todos os itens abaixo i<strong>de</strong>ntificados:<br />
13
14<br />
Diâmetro do colo no mínimo <strong>de</strong> 2 mm;<br />
Altura oscilando entre os 15 e 35 cm;<br />
Alto grau <strong>de</strong> rustificação;<br />
Inexistência <strong>de</strong> problemas sanitários aparentes;<br />
Raiz aprumada com forma normal;<br />
Parte aérea sem bifurcações;<br />
Parte aérea com, no mínimo, três pares <strong>de</strong> folhas;<br />
Tronco sem tortuosida<strong>de</strong>s.<br />
Fig. 3 - Todas as plantas representadas apresentam <strong>de</strong>feitos (na primeira fiada e<br />
da esquerda para a direita: tronco curvo; muito pequena; muito poucas folhas; dois<br />
troncos). Na segunda fiada e da esquerda para a direita: rebento principal seco;<br />
folhas amarelas; folhas muito pequenas; sistema aéreo e radicular muito <strong>de</strong>senvolvido)<br />
(<strong>de</strong>:<br />
)<br />
Relação altura da parte aérea/diâmetro do colo<br />
A maior parte dos responsáveis pelos viveiros dão uma gran<strong>de</strong><br />
importância à relação parte aérea/diâmetro do colo que exprime<br />
o equilíbrio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das plântulas, pois conjuga dois<br />
parâmetros num só índice conhecido por H/D e em que:<br />
H = medida do comprimento da parte aérea em cm;<br />
D = diâmetro do colo em mm.<br />
Se bem que não existam valores experimentais validados para<br />
as condições <strong>de</strong> Angola, ou em particular para toda a gran<strong>de</strong> região<br />
do Planalto Central, um conjunto significativo <strong>de</strong> estações experimentais<br />
que trabalham com eucaliptos e pinheiros nos trópicos aconselham<br />
alturas da parte aérea entre os 20-30 cm e diâmetros <strong>de</strong> colo à volta<br />
dos 3,7 mm. Desta forma po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se que estão em condições<br />
<strong>de</strong> bom crescimento aquelas plântulas cujos valores <strong>de</strong> H/D se situem<br />
entre os limites <strong>de</strong> 5,4 e 8,1.<br />
Aceitando-se os valores do intervalo 5,4 - 8,1 como os que representam<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento equilibrado da parte aérea das plântulas, torna-se<br />
fácil para o viveirista avaliar em qualquer momento os valores óptimos<br />
do diâmetro do colo para plântulas cuja altura média não se situe<br />
na faixa dos 20 a 30 cm. Assim, por exemplo, se as plantas tiverem<br />
em média 36 cm <strong>de</strong> altura, a média do diâmetro <strong>de</strong>ve oscilar entre<br />
os 4,4 e os 6,7 mm. Se noutra situação, durante o período <strong>de</strong> viveiro,<br />
as plântulas tiverem uma altura média <strong>de</strong> 16 cm, o diâmetro médio<br />
do colo <strong>de</strong>ve situar-se entre os 1,9 e os 2,9 mm. Se se encontrarem<br />
dimensões inferiores a 1,9 mm quer isto dizer que a produção <strong>de</strong> plantas<br />
apresenta um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sequilibrado e que é urgente tomar<br />
medidas que melhorem o engrossamento das mesmas (diminuir<br />
o ensombramento, melhorar a fertilização verificar a periodicida<strong>de</strong><br />
da rega).
Como referencial <strong>de</strong> controlo para o viveirista aconselha-se o uso<br />
da relação:<br />
H (cm)<br />
8,1<br />
Quanto mais elevada for a percentagem <strong>de</strong> plântulas que se enquadrem<br />
nesta norma mais acertadas terão sido as técnicas utilizadas no viveiro.<br />
Como <strong>de</strong>finir amostras para o controlo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das plantas<br />
Para apreciar a qualida<strong>de</strong> das plantas que temos no viveiro não<br />
necessitamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r muito tempo nem <strong>de</strong> recorrer a equipamento<br />
especial. Quando as plantas tiverem cerca <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong> altura, escolha<br />
pelo menos 20 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada espécie para inspecção. É importante<br />
que a escolha se faça ao acaso e que sejam recolhidas plantas <strong>de</strong> todos<br />
os canteiros. Escolha duas plantas na extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada canteiro<br />
e uma no centro. Examine cada planta com atenção. 16 plantas em<br />
cada 20 <strong>de</strong>vem ter as características que se apresentaram. Caso contrário<br />
é urgente introduzir correcções que satisfaçam as necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> anunciadas.<br />
Uma boa prática viveirista é a <strong>de</strong> sacrificar algumas plantas para<br />
melhorar a qualida<strong>de</strong> da produção global do viveiro. Siga como guia<br />
o quadro que se apresenta:<br />
= média mínima do diâmetro do colo (mm)<br />
Quadro 1 - Problemas comuns na prática viveirista e procedimentos<br />
correctores<br />
Problema<br />
Raízes com nós ou torcidas causadas<br />
por uma má repicagem<br />
Raízes enroladas no fundo do saco<br />
Raízes penetrando no solo <strong>de</strong>baixo<br />
do saco<br />
Plantas múltiplas por saco<br />
Plantas com vários troncos<br />
Doenças ou insectos<br />
Folhas amarelas ou brancas ou<br />
folhas com as nervuras com cor<br />
ver<strong>de</strong> acinzentado ou violetas e com<br />
pontos ligeiros no meio<br />
Gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> tamanho entre<br />
as plantas repicadas na mesma altura<br />
Crescimento abaixo do normal para<br />
a espécie<br />
Solução<br />
Eliminar imediatamente as plantas.<br />
Proce<strong>de</strong>r a uma repicagem correcta.<br />
Cortar as raízes com uma tesoura<br />
<strong>de</strong> poda bem afiada. Transferir<br />
rapidamente as plantas para<br />
a plantação. Consi<strong>de</strong>rar talvez<br />
a utilização <strong>de</strong> tubetes ou, antes<br />
da repicagem, usar Spin Out®.<br />
Levantar os sacos e cortar as raízes<br />
frequentemente. Consi<strong>de</strong>rar na<br />
próxima campanha o uso <strong>de</strong> tubetes.<br />
Retirar rapidamente as plantas<br />
inúteis mesmo que o seu número<br />
possa ser consi<strong>de</strong>rado gran<strong>de</strong>.<br />
Eliminar as plantas. A causa po<strong>de</strong><br />
ser a má qualida<strong>de</strong> genética dos<br />
sementões.<br />
Isolar e queimar todas as plantas<br />
afectadas. Desenvolver um plano <strong>de</strong><br />
gestão <strong>de</strong> doenças e insectos.<br />
Fertilizar as plantas ou utilizar um<br />
substrato mais rico.<br />
Inspeccionar os canteiros para<br />
encontrar as possíveis causas ligadas<br />
por exemplo, a um ensombramento<br />
ou rega irregular.<br />
Ajustar a iluminação ou utilizar um<br />
substrato melhor.<br />
15
Uma regra <strong>de</strong> ouro do viveirista - Guar<strong>de</strong> o melhor e <strong>de</strong>sfaça-se<br />
do resto<br />
Em termos da gestão do viveiro um bom aferidor da boa aplicação<br />
das técnicas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas e dos cuidados com a qualida<strong>de</strong><br />
da semente é o uso do indicador “eficiência da semente”. Os avanços<br />
na prática <strong>de</strong> manejo do viveiro estão directamente relacionados com<br />
a qualida<strong>de</strong> das sementes utilizadas e das técnicas <strong>de</strong> produção<br />
das plantas. As sementes provenientes <strong>de</strong> povoamentos clonais são<br />
mais caras do que as outras colhidas directamente <strong>de</strong> povoamentos<br />
mas a experiência tem mostrado que apresentam muito melhor<br />
<strong>de</strong>sempenho em termos <strong>de</strong> sobrevivência em povoamento e crescimento.<br />
Quer isto dizer que as técnicas a usar no viveiro têm <strong>de</strong> ser aprimoradas<br />
por forma a rentabilizar o custo mais elevado da aquisição <strong>de</strong> semente.<br />
A eficiência das sementes, expressa em percentagem, <strong>de</strong>fine-se como<br />
a relação entre o número <strong>de</strong> plântulas aceitáveis no viveiro por ocasião<br />
da plantação e o número <strong>de</strong> sementes vivas (aptas a germinar, após<br />
teste <strong>de</strong> laboratório) colocadas no canteiro ou alfobre para germinação.<br />
Eficiência da Semente (%) = Nº <strong>de</strong> plântulas aceitáveis produzidas<br />
Nº <strong>de</strong> sementes vivas semeadas<br />
Tipo <strong>de</strong> Viveiro<br />
A primeira diferenciação resulta do tipo <strong>de</strong> planta que constitui<br />
o objectivo principal do viveiro e do tipo <strong>de</strong> permanência previsto para<br />
a sua função. Quanto ao tipo <strong>de</strong> planta tem-se fundamentalmente:<br />
O viveiro florestal produz árvores florestais <strong>de</strong> usos diversificados.<br />
Ex: Eucalipto, Pinheiro, Cupressos, Grevilea;<br />
O viveiro frutícola produz árvores fruteiras. Ex: Laranjeira, Tange-<br />
rineira, Abacateiro<br />
16<br />
Segundo o tempo <strong>de</strong> permanência da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas<br />
num <strong>de</strong>terminado viveiro este po<strong>de</strong> ser do tipo temporário ou perma-<br />
nente.<br />
Viveiro temporário<br />
Diz-se daquele que é estabelecido para o fornecimento <strong>de</strong> plantas num<br />
curto intervalo <strong>de</strong> tempo, normalmente até ter abastecido <strong>de</strong> plantas<br />
uma pequena área que se preten<strong>de</strong> arborizar.<br />
Permite a produção durante um certo tempo <strong>de</strong> plantas, normalmente<br />
<strong>de</strong> rápido crescimento e normalmente com a utilização <strong>de</strong> vasos<br />
ou sacos. Ex: Eucaliptos, pinheiros, cupressus, etc<br />
Nas al<strong>de</strong>ias mais afastadas dos centros populacionais faz mais sentido<br />
fomentar os pequenos viveiros comunitários (Figura 4), uma vez que<br />
se poupa dinheiro no transporte <strong>de</strong> plantas; consegue-se efectuar<br />
a plantação como menos riscos que o transporte (po<strong>de</strong> causar danos<br />
nas raízes e secagem das plantas); a sua instalação é muito versátil<br />
e facilmente adaptável às condições locais <strong>de</strong> terreno e <strong>de</strong> dimensão;<br />
fomenta-se <strong>de</strong> forma mais efectiva o interesse e envolvimento<br />
da população pela plantação <strong>de</strong> árvores; criam-se novas activida<strong>de</strong>s<br />
produtivas. A principal <strong>de</strong>svantagem é que o sucesso <strong>de</strong> uma boa<br />
produção <strong>de</strong> plantas requer uma boa cobertura em extensão florestal<br />
e boa preparação técnica.<br />
Viveiro permanente<br />
Diz-se daquele que é montado com carácter permanente e para<br />
abastecimento <strong>de</strong> plantas a uma gran<strong>de</strong> região. As plantas são produzidas<br />
quer em vaso quer em plena terra. Ex: Eucalipto, pinheiro, plantas<br />
frutícolas enxertadas.
Fig. 4 e 5 - Alguns mo<strong>de</strong>los que os pequenos viveiros comunitários po<strong>de</strong>m<br />
assumir conforme as condições locais (Guiné-Conacri)<br />
2.3 Métodos <strong>de</strong> produção<br />
Produção <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> raiz nua<br />
Trata-se <strong>de</strong> produzir plantas directamente na terra sem recurso a vasos<br />
ou recipientes (sacos, alvéolos, etc.). Embora esta opção pareça a mais<br />
fácil, aparentemente mais natural e mais simples para o transporte,<br />
apresenta, no caso das plantações tropicais (pelo menos nas<br />
pequenas/médias operações <strong>de</strong> florestação), <strong>de</strong>svantagens<br />
que aconselham que esta escolha seja bem pon<strong>de</strong>rada. Na escolha<br />
do método <strong>de</strong> produção, os responsáveis pelos viveiros <strong>de</strong>vem nortear<br />
a sua <strong>de</strong>cisão sempre pela consi<strong>de</strong>ração do que é melhor para as plantas.<br />
Em zonas temperadas ou <strong>de</strong> temperaturas que <strong>de</strong>sçam abaixo <strong>de</strong> zero<br />
durante o inverno, a produção <strong>de</strong> plantas directamente na terra dos<br />
canteiros (produção <strong>de</strong> raiz nua) apresenta algumas vantagens para um<br />
certo número <strong>de</strong> plantas porque as raízes durante esse tempo<br />
permanecem dormentes (param <strong>de</strong> crescer) durante vários meses. Estas<br />
plantas são normalmente <strong>de</strong> folha caduca. Nestes casos as plantas<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retiradas do solo no período <strong>de</strong> dormência são conservadas<br />
em câmaras frias e enviadas para plantação antes que comecem<br />
a crescer activamente. Reduz-se assim substancialmente o choque<br />
<strong>de</strong> plantação.<br />
Nos trópicos, a produção <strong>de</strong> plantas directamente nos canteiros é por<br />
vezes utilizada para folhosas duras (girasson<strong>de</strong>, mogno, mussibi, terminalia,<br />
etc). Estas espécies não permanecem dormentes durante a época fria<br />
(cacimbo) mas têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar no tronco bastante água,<br />
elementos nutritivos e reservas para continuar a crescer mesmo <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> terem perdido parte do sistema radicular quando são tiradas<br />
da terra. Estas espécies não são, contudo, espécies que sejam<br />
ecologicamente propícias ao Planalto Central Angolano.<br />
Um outro problema importante com este método <strong>de</strong> produção<br />
é a manutenção da fertilida<strong>de</strong> do solo após alguns ciclos <strong>de</strong> produção.<br />
17
A produção continuada das plantas no mesmo solo, tal como suce<strong>de</strong><br />
com todas as culturas, faz com que a fertilida<strong>de</strong> fique cada vez menor<br />
e que as plântulas se tornem progressivamente mais pequenas e fracas.<br />
O seu arranque e transporte, acarretando a morte <strong>de</strong> raízes (não só<br />
pelo arranque mas pela sua exposição ao ar) representa um acréscimo<br />
<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> na plantação induzindo a um duplo prejuízo: aumento<br />
no trabalho <strong>de</strong> retanchas, aumento dos custos <strong>de</strong> transporte<br />
e <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mais plantas.<br />
Quadro 2 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens da produção <strong>de</strong> plântulas<br />
<strong>de</strong> raiz nua<br />
Vantagens da produção <strong>de</strong> raiz nua<br />
Transporte mais fácil sobre o terreno<br />
<strong>de</strong> plantação<br />
As covas <strong>de</strong> plantação são mais<br />
pequenas em comparação com as<br />
<strong>de</strong> saco<br />
Custos <strong>de</strong> produção mais baixos<br />
porque não existe compra <strong>de</strong><br />
recipientes e não é necessário fazer<br />
substrato para as plantas<br />
Assim, este método <strong>de</strong> produção só <strong>de</strong>ve ser utilizado quando se tiver<br />
área disponível <strong>de</strong> boa dimensão para que se possa fazer rotação<br />
<strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes dos plantórios e se as condições<br />
<strong>de</strong> logística quanto a transportes e calendarização das plantações<br />
estiverem suficientemente garantidas.<br />
Boas práticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> raiz nua:<br />
Semear as sementes com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> baixa (< 200 plantas/m 2 )<br />
para reduzir a competição pela água, luz e elementos nutritivos.<br />
A sementeira <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> forma alinhada para facilitar as restantes<br />
operações <strong>de</strong> manutenção;<br />
18<br />
Desvantagens da produção <strong>de</strong> raiz<br />
nua<br />
Maior competição pela luz, água<br />
e nutrientes entre as plântulas<br />
Esgotamento dos nutrientes nos<br />
plantórios<br />
Crescimento inicial lento no terreno<br />
Mortalida<strong>de</strong> elevada nos plantórios<br />
e pós plantação<br />
Utilizar uma pá direita e cortante para ir traçando linhas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação do sistema radicular das plantas. As raízes que são<br />
cortadas regeneram naturalmente favorecendo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> raízes laterais;<br />
Utilizar um composto, estrume ou adubação a<strong>de</strong>quada à compo-<br />
sição do solo para ir mantendo o fundo <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> do mesmo<br />
durante a estação <strong>de</strong> crescimento;<br />
Plantar uma cultura <strong>de</strong> cobertura leguminosa ou incorporar uma<br />
adubação ver<strong>de</strong> durante o período <strong>de</strong> pousio;<br />
Permitir que os plantórios <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> raiz nua<br />
entrem em pousio durante uma ou mais estações <strong>de</strong> crescimento<br />
para recompor a fertilida<strong>de</strong> e evitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> doenças<br />
radiculares;<br />
Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>senterrar as plantas colocá-las numa mistura líquida<br />
<strong>de</strong> lama e estrume;<br />
Envolver as plantas em papel <strong>de</strong> jornal molhado ou em sacos<br />
<strong>de</strong> juta;<br />
Guardar as plantas à sombra e em lugar abrigado dos ventos<br />
durante todo o tempo <strong>de</strong> transporte;<br />
Plantar sem <strong>de</strong>longas as plantas e somente com a terra bem<br />
molhada;<br />
Assegurar-se que as covas estão bem dimensionadas por forma<br />
a que as raízes fiquem verticais quando se tapar a cova.<br />
Más práticas a evitar:<br />
Semear as sementes com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s elevadas;<br />
Permitir que as raízes cresçam profundamente nos plantórios;<br />
Produzir plantas no mesmo canteiro em anos seguidos sem<br />
aprovisionamento da fertilida<strong>de</strong> do solo;<br />
Deixar os canteiros sem vegetação quando não estão em produção<br />
(a insolação directa sobre a terra não protegida irá mineralizar<br />
a matéria orgânica tornando o solo ainda mais pobre);<br />
Não assegurar uma monda cuidada do plantório;
No levantamento das plantas rebentar <strong>de</strong>masiadas raízes<br />
ou estragá-las <strong>de</strong>struindo a camada protectora externa;<br />
Permitir às raízes e às folhas secarem ou ficarem <strong>de</strong>masiado quentes<br />
durante o arranque;<br />
Plantar em solos <strong>de</strong>masiado secos;<br />
Colocar as plantas em covas <strong>de</strong>masiado pequenas para conter<br />
as raízes em boa posição ou <strong>de</strong>ixar que as mesmas fiquem curvadas<br />
ou torcidas.<br />
O uso <strong>de</strong>ste método <strong>de</strong> produção é aconselhável para a produção<br />
<strong>de</strong> talões. Esta <strong>de</strong>signação é usada para plantas <strong>de</strong> raiz nua produzidas<br />
em viveiro com ida<strong>de</strong>s à volta dos 18 meses e que têm entre 1,5<br />
a 2 m <strong>de</strong> altura com um diâmetro <strong>de</strong> colo com cerca <strong>de</strong> 2,5 cm. Antes<br />
da plantação, estas plantas sofrem uma poda severa da raiz que fica<br />
com cerca <strong>de</strong> 15 cm e <strong>de</strong> 5-7 cm para o caule, justamente antes<br />
da plantação. Encontram-se neste categoria <strong>de</strong> método <strong>de</strong> produção<br />
plantas como a gmelina ( ), a teca ( ),<br />
a cordia ( ) mas que não farão parte das espécies que<br />
o projecto irá utilizar.<br />
Produção <strong>de</strong> plantas em recipientes<br />
Os sacos <strong>de</strong> plástico são ainda correntemente utilizados na prática<br />
viveirista nos trópicos. O facto <strong>de</strong> serem relativamente baratos e quase<br />
sempre facilmente disponíveis é ainda a gran<strong>de</strong> razão do seu uso<br />
generalizado. Os sacos apresentam-se sob tamanhos diversos, alguns<br />
com pregas para ajudar a que fiquem verticais e, frequentemente,<br />
aparecem no mercado já perfurados para garantir um bom arejamento<br />
e drenagem. Contudo, um sério problema com os sacos <strong>de</strong> plástico<br />
ocorre quando as raízes atingem as suas pare<strong>de</strong>s, começando a enrolar<br />
em espiral e causando <strong>de</strong>formações que comprometem o futuro da<br />
futura árvore se as plântulas forem plantadas. Não se <strong>de</strong>ve também<br />
esquecer que, se a permanência no viveiro for prolongada, por mau<br />
planeamento da activida<strong>de</strong> do viveiro, as raízes começam a sair pelos<br />
furos <strong>de</strong> drenagem requerendo que se faça, em tempo útil, uma poda<br />
radicular.Como boas práticas na produção <strong>de</strong> plantas em sacos, a ser<br />
tidas em atenção pelo viveirista, aponta-se:<br />
A utilização <strong>de</strong> sacos pequenos com um substrato rico (boa<br />
percentagem <strong>de</strong> matéria orgânica, leve e permeável). O uso <strong>de</strong> sacos<br />
pequenos tem a vantagem <strong>de</strong> exigir menores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> substrato<br />
e uma vez que são leves são mais facilmente transportáveis no terreno<br />
<strong>de</strong> plantação.<br />
São consi<strong>de</strong>radas más práticas:<br />
A utilização <strong>de</strong> sacos gran<strong>de</strong>s (estes só <strong>de</strong>vem ser utilizados em<br />
árvores <strong>de</strong> fruto);<br />
Pouco cuidado na preparação do substrato e na sua qualida<strong>de</strong>,<br />
física e química;<br />
Enchimento <strong>de</strong>scuidado, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong>masiados espaços no seu<br />
interior.<br />
Para além dos sacos <strong>de</strong> plástico existem, no entanto, outros recipientes<br />
que vêm ganhando campo na activida<strong>de</strong> viveirista porque apresentam<br />
vantagens em termos da qualida<strong>de</strong> das plantas produzidas, bem como<br />
em termos da economia da manipulação das plantas e da sua maior<br />
qualida<strong>de</strong>, traduzida em melhores taxas <strong>de</strong> sobrevivência. Entre estes<br />
salientam-se os tubetes, e os tabuleiros ou alvéolos. Estes recipientes<br />
apresentam-se sobe diversas formas e tamanhos (Figura 6).<br />
Fig. 6 - Exemplo <strong>de</strong> recipientes usados na produção <strong>de</strong> plantas florestais<br />
19
Todos estes recipientes têm uma característica comum:<br />
Ranhuras verticais no seu interior;<br />
Um bom furo no fundo.<br />
As ranhuras verticais <strong>de</strong>stinam-se a guiarem verticalmente as raízes<br />
à medida que crescem, evitando o enrolamento e <strong>de</strong>formações como<br />
suce<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>ncialmente com os sacos. O furo no fundo <strong>de</strong>stina-se<br />
a favorecer a poda da raiz aprofundante, facilitando o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das raízes laterais secundárias (Figura 7), o que é uma garantia <strong>de</strong> melhor<br />
adaptação da planta após plantação.<br />
Fig. 7 - Distribuição do sistema radicular no interior <strong>de</strong> um alvéolo<br />
20<br />
Este tipo <strong>de</strong> recipientes apresenta ainda a vantagem <strong>de</strong> permitir<br />
a colocação em estrados ou armações elevadas, o que facilita<br />
as diferentes operações culturais, um enchimento mais rápido e, pelo<br />
seu posicionamento ser mais ergonómico, aumenta a produtivida<strong>de</strong><br />
do trabalho. Acresce ainda que a sua durabilida<strong>de</strong>, contrariamente<br />
ao que suce<strong>de</strong> com os sacos, é da or<strong>de</strong>m dos 6-8 anos, característica<br />
esta que suplanta claramente a aparente <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> serem mais<br />
caros. O seu transporte para o terreno é também mais fácil em<br />
comparação com os sacos <strong>de</strong> plástico.<br />
Novos recipientes e técnicas melhoradas<br />
Se bem que nesta fase <strong>de</strong> arranque da activida<strong>de</strong> viveirista no <strong>Município</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> não se advogue a sua introdução generalizada, pelo menos<br />
até que a experiência da gestão viveirista esteja mais bem consolidada<br />
e profissionalizada, consi<strong>de</strong>ra-se útil que os técnicos comecem a preparar-<br />
se para a fase que se <strong>de</strong>ve seguir com a implementação <strong>de</strong> técnicas<br />
mais avançadas.<br />
Spin-Out® é um hidróxido <strong>de</strong> cobre que po<strong>de</strong> ser aplicado no interior<br />
dos sacos <strong>de</strong> plástico. Para além do seu efeito fúngico, o mais importante<br />
para a sua aplicação é que sendo um inibidor do crescimento das raízes,<br />
leva a que estas parem o crescimento ao atingirem a pare<strong>de</strong> não<br />
se enrolando e dando margem para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outras raízes.<br />
Fica assim favorecida a absorção <strong>de</strong> nutrientes e <strong>de</strong> água. Esta é uma<br />
inovação que será introduzida no viveiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase <strong>de</strong> arranque.<br />
Os Jiff Pellets® são pequenos recipientes em forma <strong>de</strong> copo com<br />
dimensões entre os 2 e os 4 cm <strong>de</strong> largura, que contêm turfa prensada,<br />
enriquecida com nutrientes e envolta numa tela fina bio<strong>de</strong>gradável.<br />
Estes recipientes são ao mesmo tempo substratos, existindo já experiência<br />
no seu uso em todo o mundo nas gran<strong>de</strong>s plantações industriais. Sendo<br />
as dimensões bastante pequenas, o regime <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> fertilização<br />
mineral <strong>de</strong>vidamente ajustada às exigências <strong>de</strong> cada espécie é uma<br />
condição imperativa para o sucesso do seu uso. Com este sistema,
que não exige canteiros nem preparação <strong>de</strong> substratos economiza-se<br />
tempo, mão-<strong>de</strong>-obra e tempo gasto com transportes. São no entanto<br />
muito mais exigentes em termos <strong>de</strong> gestão e técnica <strong>de</strong> fertilização<br />
<strong>de</strong> plantas.<br />
Em resumo, ao escolher o recipiente a usar tenha em atenção<br />
as vantagens e inconvenientes <strong>de</strong> cada método <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas<br />
e pon<strong>de</strong>re os respectivos custos e benefícios.<br />
Tipo <strong>de</strong> recipiente<br />
Sacos <strong>de</strong> plástico<br />
Mangas <strong>de</strong> plástico<br />
Alvéolos ou tubetes<br />
Jiffy Pots®<br />
Características<br />
Produzidos em polietileno negro<br />
Produzido em polietileno negro<br />
ou claro. Aparecem no mercado<br />
em manga contínua e ficam abertos<br />
dos 2 lados<br />
Recipientes rígidos com sulcos<br />
verticais internos<br />
Produzidos a partir <strong>de</strong> turfa<br />
comprimida<br />
2.4 On<strong>de</strong> instalar o viveiro<br />
Com a ajuda das autorida<strong>de</strong>s das povoações e da população procurar-<br />
se-á encontrar o terreno i<strong>de</strong>al para o viveiro. A escolha do local para<br />
o viveiro <strong>de</strong>ve ser efectuada com especial cuidado e <strong>de</strong>ve ser dada<br />
particular atenção aos seguintes factores:<br />
Quadro 3 - Vantagens e inconvenientes dos diferentes tipos<br />
<strong>de</strong> recipientes<br />
Vantagens<br />
Drenagem é fácil se <strong>de</strong>vidamente<br />
perfurados; mais baratos e com maior<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabrico local.<br />
São baratos e com possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> fabrico local.<br />
- Furo gran<strong>de</strong> no fundo que faz com<br />
que haja uma paragem do crescimento<br />
da raiz principal como se se<br />
tratasse <strong>de</strong> uma poda radicular;<br />
- Po<strong>de</strong> ser utilizado 6-8 vezes;<br />
- Os sulcos verticais orientam<br />
as raízes verticalmente impedindo<br />
que se enrolem ou torçam;<br />
- Extracção das plantas feitas <strong>de</strong> forma<br />
fácil.<br />
- As raízes penetram rapidamente<br />
no material;<br />
- Plantação fácil juntamente com<br />
o recipiente o que aumenta a intensida<strong>de</strong><br />
da retancha.<br />
Desvantagens<br />
- Só utilizáveis uma vez;<br />
- Po<strong>de</strong>m provocar <strong>de</strong>formações e<br />
enrolamentos nas raízes.<br />
- O enchimento é difícil e a sua<br />
arrumação nos canteiros é <strong>de</strong>morada<br />
pelo risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar cair o substrato;<br />
- Durante o manuseio para transporte<br />
e localização nos locais <strong>de</strong> plantação<br />
existem riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação<br />
do sistema radicular.<br />
- Exigem quadros viveiristas<br />
experientes;<br />
- As raízes po<strong>de</strong>m ser danificadas no<br />
curso da manipulação da sua<br />
extracção.<br />
- Exige um boa gestão do viveiro<br />
e técnicos experimentados;<br />
- Suporte especializado para controlo<br />
da fertilização que <strong>de</strong>ve ser específica<br />
para cada espécie.<br />
21
Uso anterior da área<br />
Para instalação em locais novos, a área <strong>de</strong>verá ser examinada com<br />
cuidado, evitando tanto quanto possível locais on<strong>de</strong> a agricultura tenha<br />
vindo a ser praticada durante vários anos, principalmente em solos<br />
pobres como são comuns os solos do distrito do Huambo. Este tipo<br />
<strong>de</strong> solo apresenta fundos <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> muito baixos e incorre-se em<br />
maiores riscos da presença <strong>de</strong> ervas daninhas e mesmo <strong>de</strong> nemátodos<br />
e fungos nocivos no solo.<br />
Água<br />
Condição principal para a escolha do local da instalação do viveiro.<br />
Escolher um terreno próximo <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> água que não seque<br />
durante a estação seca. Tenha em atenção que a água <strong>de</strong>ve ser doce,<br />
limpa e que não esteja contaminada com esgotos ou provenha <strong>de</strong> locais<br />
<strong>de</strong> permanência <strong>de</strong> gado.<br />
Condições ambientais<br />
Devem evitar-se locais em vales ou baixas sujeitas a geada no período<br />
do “cacimbo” como suce<strong>de</strong> em certas baixas nas regiões do “Planalto<br />
Central”.<br />
Acessibilida<strong>de</strong><br />
E preferível instalar o viveiro próximo da área que vai ser plantada. Caso<br />
não seja possível, o viveiro <strong>de</strong>ve ser localizado próximo <strong>de</strong> uma estrada.<br />
Assim po<strong>de</strong>r-se-ão transportar as plântulas do viveiro para o terreno<br />
da plantação <strong>de</strong> forma mais fácil e económica. Tanto quanto possível,<br />
o viveiro <strong>de</strong>ve estar localizado num local que a população possa<br />
frequentar. Assim estará a contribuir-se para a transmissão dos conheci-<br />
mentos a todos os membros da comunida<strong>de</strong>.<br />
22<br />
Declive<br />
O terreno <strong>de</strong>ve ser plano. Uma ligeira inclinação permite uma boa<br />
drenagem (penetração e circulação da água no solo). O solo não <strong>de</strong>ve<br />
ficar inundado na estação das chuvas, uma vez que a água matará por<br />
asfixia todas as plantas. Se ocorrerem situações em que não haja<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um terreno com a dimensão e topografia pretendida<br />
e se tiver <strong>de</strong> adoptar por uma área que apresenta um certo <strong>de</strong>clive,<br />
a solução é efectuar um testamento satisfazendo as condições <strong>de</strong> ligeiro<br />
<strong>de</strong>clive já mencionadas sem esquecer <strong>de</strong> dispor umas manilhas para<br />
escoamento <strong>de</strong> água para evitar a <strong>de</strong>struição do talu<strong>de</strong>. Os talu<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>vem ser revestidos <strong>de</strong> uma cobertura viva escolhida <strong>de</strong> acordo com<br />
a clima da região.<br />
canteiros<br />
<strong>de</strong>clive original<br />
Fig. 8 - Esquema <strong>de</strong> terraceamento para o caso dos terrenos com <strong>de</strong>clive<br />
Orientação<br />
Deve ser escolhido um local ensolarado. Se, como por vezes suce<strong>de</strong>,<br />
durante um certo período do seu crescimento as plantas necessitarem<br />
<strong>de</strong> sombreamento, far-se-á uma estrutura temporária ou permanente<br />
<strong>de</strong> ensombramento (Figuras 19 e 20). Apenas as espécies umbrófilas<br />
exigem protecção contra a luz solar. Os raios solares concorrem para<br />
a rustificação dos tecidos das plântulas tornando-as mais fortes<br />
e resistentes na altura da plantação.
Terra<br />
Se a terra do local do viveiro não for boa (com calhaus, solo pouco<br />
profundo, <strong>de</strong>masiado seco ou <strong>de</strong>masiado argiloso) é necessário transportar<br />
terra <strong>de</strong> outros locais e incorporar estrume.<br />
Se for muito pesada (argilosa) é necessário misturá-la com areia para<br />
ficar mais leve e permeável à água e raízes.<br />
Devem ser evitados solos <strong>de</strong> cor vermelha carregada e solos inundáveis,<br />
cinzentos-escuros, das faixas alagadiças. Preferivelmente <strong>de</strong>vem ser<br />
escolhidos solos frescos <strong>de</strong> cor parda. Um bom substrato para a produção<br />
<strong>de</strong> plantas <strong>de</strong>ve conter partículas <strong>de</strong> diferentes tamanhos para permitir<br />
que o ar e a água penetrem facilmente.<br />
Uma regra simples para um substrato equilibrado (por m 3 <strong>de</strong> substrato) é:<br />
Terriço vegetal - 50%<br />
Terra franco argilosa - 20%<br />
Estrume bem curtido - 29%<br />
Nitrofoska (12-24-12) - 5,0kg<br />
Se as plantas começarem a apresentar sintomas <strong>de</strong> carências (veja<br />
nutrição das plantas) naturalmente <strong>de</strong>verá solicitar apoio especializado.<br />
2.5 Como proteger o viveiro<br />
Tanto os animais domésticos (galinhas, cabras, porcos) como<br />
os selvagens (toupeiras, ...) são a causa <strong>de</strong> inúmeros prejuízos num<br />
viveiro. É por isso que a existência <strong>de</strong> uma vedação é muito importante.<br />
Para a executar <strong>de</strong>ve ser utilizado, tanto quanto possível, material local.<br />
Na disposição que <strong>de</strong>r à vedação e à sua robustez, tenha em consi<strong>de</strong>ração<br />
o tamanho dos inimigos <strong>de</strong> que preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o viveiro. Os suportes<br />
<strong>de</strong>vem ser sólidos. Po<strong>de</strong> utilizar-se bambu, postes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> eucalipto,<br />
esteiras <strong>de</strong> cana vieira entrelaçados. Po<strong>de</strong> utilizar-se também uma<br />
vedação viva <strong>de</strong> espécies espinhosas como os cactos, l<br />
ou a . No viveiro, particularmente em locais<br />
sujeitos a ventos fortes e quase sempre secos como suce<strong>de</strong> no Planalto<br />
Central, é fundamental também pensar-se em plantar fora da vedação<br />
propriamente dita uma cortina <strong>de</strong> abrigo. Será importante para a boa<br />
formação das plantas como também para manter um bom nível<br />
<strong>de</strong> humida<strong>de</strong> nas mesmas. Não vale a pena fazer um viveiro se não se<br />
proce<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, à sua vedação correcta.<br />
Vigilância<br />
O viveiro <strong>de</strong>ve estar situado num local on<strong>de</strong> seja possível vigilância<br />
frequente.<br />
Fig. 9 - Formas simples <strong>de</strong> protecção do viveiro com materiais locais<br />
2.6 Como montar o viveiro<br />
Limpeza - o terreno <strong>de</strong>ve ser completamente limpo <strong>de</strong> ervas, arbustos<br />
e pedras.<br />
Nivelamento - se o terreno for inclinado <strong>de</strong>ve ser nivelado em terraços<br />
sucessivos que seguem as curvas <strong>de</strong> nível com valas <strong>de</strong> drenagem entre<br />
os terraços, traçadas perpendicularmente à inclinação.<br />
23
Os canteiros<br />
Forma - os canteiros <strong>de</strong>vem ser traçados segundo formas geométricas,<br />
quase sempre rectangulares, on<strong>de</strong> se fazem crescer as plântulas,<br />
dispostas normalmente <strong>de</strong> uma forma or<strong>de</strong>nada por espécies. Os<br />
canteiros po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>limitados com tábuas, blocos, pedras, bambu<br />
ou corda. Devem ser utilizados preferencialmente materiais locais.<br />
Tipos - Os canteiros po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> diferentes tipos:<br />
canteiros <strong>de</strong> germinação (alfobres ou seminários);<br />
canteiros <strong>de</strong> produção (plantórios):<br />
24<br />
em terra (plantas <strong>de</strong> raiz nua)<br />
em sacos<br />
Fig. 10 - Exemplos <strong>de</strong> limitação <strong>de</strong> canteiros com material local<br />
Os canteiros <strong>de</strong> produção po<strong>de</strong>m ser:<br />
1 Mais elevados que o nível do solo (15 a 25 cm). Quando o terreno<br />
é húmido ou quando há riscos <strong>de</strong> encharcamento <strong>de</strong>pois das chuvadas.<br />
2 Ao nível do solo ou mais baixo que o nível do solo (10 cm). Quando<br />
o solo é seco e arenoso para economia da água <strong>de</strong> rega.<br />
Largura - 0,8 m até 1,2 m. Para um viveiro escolar aconselha-se<br />
a menor dimensão. Nos canteiros mais largos, torna-se difícil regar<br />
as plantas, realizar-se a repicagem no meio do canteiro, assim como<br />
a monda.<br />
Comprimento - pouco relevante<br />
1 canteiro = 1 espécie<br />
1 método cultural (ou raízes nuas ou em vasos)<br />
Fig. 11 - Terraceamento e drenagem do viveiro para evitar a erosão<br />
Caminho - Entre cada canteiro <strong>de</strong>ve ser feito um caminho para permitir<br />
uma circulação fácil e um espaço confortável para trabalhar nos canteiros.<br />
Use entre 0,5 m a 0,8 m <strong>de</strong> largura (se não houver problemas <strong>de</strong> espaço<br />
esta última é a preferível).<br />
Fig. 12 - Camas <strong>de</strong> plantação mais baixas que o nível do solo
Orientação - Os canteiros serão orientados, caso possível pela topografia,<br />
no sentido Este-Oeste para diminuir as superfícies expostas aos raios<br />
do sol ao nascente ou poente.<br />
Preparação dos canteiros para produção em plena terra<br />
Com a enxada ou com gra<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser lavrada a terra <strong>de</strong> cada canteiro<br />
com uma profundida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 20 cm. Quebre os torrões para<br />
tornar a terra fina e fofa. Se a terra for pesada tem <strong>de</strong> misturar terra<br />
vegetal e terra franca. É aconselhável que nesta terra e por cada m 3<br />
<strong>de</strong> terra junte fertilizante (em termos genéricos aconselha-se juntar<br />
5,0 kg <strong>de</strong> adubo (Nitrofoska 12-24-12). Assim, as raízes das plantas<br />
po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver-se bastante bem. Ponha estrume ou terra rica em<br />
matéria orgânica e misture-a bem com a terra do canteiro. Regue cada<br />
canteiro pela manhã e pelo fim da tar<strong>de</strong> durante dois dias. Ao terceiro<br />
dia faça uma mobilização superficial ligeira e regue antes <strong>de</strong> semear.<br />
0,8 a 1,2m<br />
5m<br />
eucaliptos<br />
pinheiros patula<br />
cupressus<br />
em vasos<br />
1m<br />
0,8 a 1,2m<br />
poço<br />
produção<br />
Fig. 13 - Exemplos <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong> canteiros do plantório e espécies no viveiro<br />
(sem escala na representação das distancias)<br />
5m<br />
mangueiras<br />
larangeiras<br />
limoreiros<br />
em plena terra<br />
N<br />
O E<br />
S<br />
Preparação dos vasos<br />
Há vários tipos <strong>de</strong> vasos: sacos <strong>de</strong> plástico, em terra prensada (torrão,<br />
não é aconselhável uma vez que é pesado, esboroa-se facilmente durante<br />
o transporte e ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>formar as raízes), em folha <strong>de</strong> bananeira,<br />
em papel. Os sacos <strong>de</strong> plástico (10 cm <strong>de</strong> boca e 18 cm <strong>de</strong> comprimento<br />
para as espécies florestais; 15 cm <strong>de</strong> boca e 20 cm <strong>de</strong> comprimento<br />
para as fruteiras) <strong>de</strong>vem ser furados nos lados da parte média e pelo<br />
menos um furo na parte inferior para que a água possa escoar.<br />
Enchimento<br />
Para encher os sacos <strong>de</strong> plástico <strong>de</strong>ve ser utilizada uma lata <strong>de</strong> conserva<br />
aberta usada ou um funil <strong>de</strong> bico bastante largo que se ajusta à boca<br />
do saco que vai sendo alimentado por uma pequena pá.<br />
Enche-se o saco <strong>de</strong> terra seca até à borda. Assegure-se <strong>de</strong> que o saco<br />
está cuidadosamente cheio por forma a que não ocorram bolhas <strong>de</strong> ar<br />
que po<strong>de</strong>rão provocar a secagem das raízes.<br />
Fig. 14 - Funil e pá para enchimento dos recipientes<br />
25
Fig. 15 - Se os sacos não estão cuidadosamente cheios ocorrem bolsas no seu<br />
interior<br />
Preparação da terra<br />
A terra a ser utilizada para o crescimento das plantas <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> boa<br />
qualida<strong>de</strong>, textura franco-arenosa ou franca e fértil. Tome uma amostra<br />
<strong>de</strong> terra, molhe-a e se a mistura enrolar na sua mão é porque contém<br />
muita argila e <strong>de</strong>ve ser corrigida com terra arenosa ou areia.<br />
Deve utilizar-se para o viveiro a camada superficial do solo e escolhida<br />
terra <strong>de</strong> uma área florestal e não a dos campos nus. Utilize um solo<br />
leve com alguma areia. Se as plantas vão ser plantadas directamente<br />
no canteiro para produção em plena terra, a terra <strong>de</strong>verá ser profunda<br />
(no mínimo 1,5 m) para assegurar uma boa penetração das raízes<br />
e limitar os riscos <strong>de</strong> asfixia radicular durante a estação chuvosa.<br />
Mistura <strong>de</strong> terras<br />
Fazer uma mistura <strong>de</strong>stas três componentes:<br />
26<br />
6 partes <strong>de</strong> terra fina;<br />
3 partes <strong>de</strong> terra arenosa ou franca;<br />
1 parte <strong>de</strong> estrume.<br />
bolsas <strong>de</strong> ar<br />
Conforme as características do solo da zona on<strong>de</strong> se vai implantar<br />
o viveiro e se houver dificulda<strong>de</strong> no transporte <strong>de</strong> terras para a preparação<br />
do substrato po<strong>de</strong> ser seguida a seguinte orientação:<br />
Terra Areia Composto<br />
Solos argilosos 1 2 2<br />
Solos francos 1 1 1<br />
Solos arenosos 1 0 1<br />
Não se esqueça <strong>de</strong> juntar fungos ou bactérias úteis ao solo (micorrizas).<br />
A forma mais rápida e económica <strong>de</strong> o fazer é trazer alguns sacos<br />
<strong>de</strong> terra vegetal rapada <strong>de</strong> povoamentos bem estabelecidos das espécies<br />
com que se vai trabalhar. No caso das plantações com eucaliptos,<br />
pinheiro patula casuarinas, uma boa forma é a <strong>de</strong> ir a povoamentos<br />
antigos que não apresentem vestígios <strong>de</strong> fogos e trazer para o viveiro<br />
alguns sacos com terra superficial <strong>de</strong>sses povoamentos para misturar<br />
com os substratos em preparação.<br />
As condições dos solos on<strong>de</strong> se vai instalar um viveiro, nomeadamente<br />
os antece<strong>de</strong>ntes do uso da terra, po<strong>de</strong>m justificar a utilização <strong>de</strong> outras<br />
misturas obtidas <strong>de</strong> especialistas ou viveiristas. Entre estas condições<br />
estão os solos on<strong>de</strong> as culturas foram frequentes e esgotantes, solos<br />
frequentemente sujeitos a queimadas, solos ferralíticos no topo<br />
da catena e <strong>de</strong> cor bastante vermelha (<strong>de</strong>nunciando matéria orgânica<br />
praticamente inexistente) e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> arranjar adubos. Em certas<br />
áreas dos trópicos nomeadamente no Brasil, país com uma forte<br />
experiência na produção <strong>de</strong> plântulas florestais principalmente<br />
<strong>de</strong> eucaliptos e pinheiros para plantações, é corrente o uso das seguintes<br />
misturas para a produção <strong>de</strong> substratos:<br />
25% <strong>de</strong> carvão <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> arroz;<br />
25 <strong>de</strong> vermiculite fina;<br />
24% <strong>de</strong> turfa ou terra vegetal bem curtida;<br />
1% <strong>de</strong> solo vermelho.
A este substrato acrescentam, por cada m 3 <strong>de</strong> substrato:<br />
Sulfato <strong>de</strong> amónio - 80g;<br />
Cloreto <strong>de</strong> potássio - 200g<br />
Superfosfato simples - 4 kg<br />
FTE BR 10 (produto comercial para garantir os micronutrientes)<br />
I<strong>de</strong>almente, se houver serviços técnicos <strong>de</strong> apoio à silvicultura<br />
ou agricultura, <strong>de</strong>ve-se solicitar uma análise do solo que vai ser utilizado<br />
como substrato para ser verificada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adubação<br />
suplementar e correcção, nomeadamente do pH, obtendo-se assim<br />
resultados mais satisfatórios no viveiro. Consi<strong>de</strong>ra-se que toda<br />
a adubação e correcção excessiva, além <strong>de</strong> anti-económica, se torna<br />
prejudicial <strong>de</strong>vido ao efeito negativo sobre as plântulas. Quanto<br />
à adubação po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que seja efectuada posteriormente,<br />
em época oportuna, inclusive com o adicionamento <strong>de</strong> matéria orgânica.<br />
Em termos indicativos transcrevem-se as necessida<strong>de</strong>s nutritivas dos<br />
principais nutrientes para eucaliptos e pinheiros, que serão as principais<br />
espécies que o projecto vai produzir e disseminar, bem como<br />
a composição dos principais nutrientes existentes nos estrumes dos<br />
diferentes animais domésticos. Esta informação po<strong>de</strong> ser útil ao viveirista<br />
para suprir a falta <strong>de</strong> adubos no mercado quando está a preparar<br />
os substratos ou para resolver problemas pontuais <strong>de</strong> manifestação<br />
<strong>de</strong> carências nutricionais nas plântulas.<br />
Quadro 4 - Exigências nutritivas médias do solo para a produção<br />
viveirista <strong>de</strong> eucaliptos e pinheiros<br />
Elemento<br />
P<br />
K<br />
Ca<br />
Mg<br />
Mn<br />
Cu<br />
Zn<br />
B<br />
Quadro 5 - Teores médios aproximados <strong>de</strong> nutrientes no estrume<br />
proviniente <strong>de</strong> vários animais<br />
Estrume<br />
Vaca<br />
Cabra/Ovelha<br />
Porco<br />
Galinhas<br />
Cavalo<br />
Min.<br />
25<br />
8<br />
20<br />
3<br />
5<br />
1<br />
1,5<br />
0,3<br />
Pinheiros Eucaliptos<br />
Azoto<br />
(%)<br />
0,35<br />
0,5-0,8<br />
0,55<br />
1,7<br />
0,3-0,6<br />
Min.<br />
200<br />
200<br />
20<br />
30<br />
5<br />
Min.<br />
25<br />
10<br />
40<br />
3,5<br />
5<br />
1<br />
1,5<br />
0,5<br />
Ácido fosfórico<br />
(%)<br />
0,2<br />
0,2-0,6<br />
0,4-0,75<br />
1,6<br />
0,3<br />
Min.<br />
200<br />
200<br />
20<br />
30<br />
5<br />
Azoto<br />
(%)<br />
0,1-0,5<br />
0,3-0,7<br />
0,1-0,5<br />
0,6-1<br />
0,5<br />
27
A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um substrato é <strong>de</strong>terminada pelas características físicas<br />
como uma boa drenagem e das características químicas, como um teor<br />
elevado <strong>de</strong> nutrientes. Um bom substrato para um viveiro é ligeiro,<br />
retém a água mas não fica empapado e não possui ervas infestantes<br />
ou parasitas ou doenças nocivas às futuras plântulas. A matéria orgânica<br />
incorporada é um tesouro valioso porque ajuda a estrutura física<br />
e proporciona nutrientes e ajuda a retê-los sem <strong>de</strong>ixar que sejam<br />
arrastados para fora da terra.<br />
Como boas práticas na preparação <strong>de</strong> substratos para viveiros florestais<br />
retenha:<br />
É necessário que o substrato para o crescimento das plantas tenha<br />
boas características físicas e químicas e que estas são obtidas por<br />
misturas convenientes <strong>de</strong> terra e <strong>de</strong> matéria orgânica (estrume<br />
ou composto bem curtidos);<br />
A junção <strong>de</strong> micorrizas, ou rizóbium para o caso das leguminosas,<br />
é essencial para garantir um bom <strong>de</strong>senvolvimento das plântulas<br />
e uma boa sobrevivência após plantação;<br />
Planeie a preparação do composto ou do estrume bastante antes<br />
da data <strong>de</strong> início da preparação do substrato;<br />
Guar<strong>de</strong> o composto ou o estrume bem arejado e húmido todo<br />
o tempo.<br />
Evite sempre as más práticas, embora corrente em alguns locais, <strong>de</strong>:<br />
Queimar a matéria orgânica que se junta ao substrato;<br />
Se usar composto produzido no viveiro nunca junte aos materiais<br />
para fabrico do composto matérias inertes como vidro, plásticos<br />
ou carne <strong>de</strong> animais.<br />
Peneiramento<br />
A terra utilizada para enchimento dos sacos <strong>de</strong>ve ser peneirada<br />
se contiver calhaus, pedras e sujida<strong>de</strong>s. Utilize uma malha <strong>de</strong> 0,5 cm.<br />
28<br />
Fig. 16 - Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> peneiras para preparação dos substratos<br />
Encanteiramento<br />
Coloque os sacos bem encostados uns aos outros por forma a formar<br />
um canteiro. Coloque 10 sacos no sentido da largura (nº máximo para<br />
sacos <strong>de</strong> 10cm <strong>de</strong> boca) o que perfaz entre 0,8 e 1,0 m. Mantenha<br />
os sacos bem verticais. Para os manter, <strong>de</strong>limite o canteiro com tábuas,<br />
tijolos, bambu ou pedras.<br />
Fig. 17 - A. bom <strong>de</strong>senvolvimento das raízes nos sacos arrumados verticalmente;<br />
B. <strong>de</strong>formação das raízes nos sacos mal arrumados
Fig. 18 - Preparação e enchimento <strong>de</strong> sacos num pequeno viveiro comunitário<br />
(Guiné-Conacri)<br />
Sombreamento<br />
As plântulas jovens e frágeis da maioria das espécies precisam <strong>de</strong> sombra<br />
contra o sol quente, principalmente na altura da germinação.<br />
Cobertura<br />
A cobertura protege igualmente as plantas contra o excesso<br />
<strong>de</strong> evaporação, a chuva forte, o frio nocturno, o vento, etc.<br />
Se se tratar <strong>de</strong> um pequeno viveiro comunitário a nível <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia faça<br />
a cobertura a partir <strong>de</strong> materiais locais (palha <strong>de</strong> gramíneas tecida,<br />
folhas <strong>de</strong> palmeira, bambu, etc.). Para viveiros <strong>de</strong> maior dimensão haverá<br />
vantagem <strong>de</strong> efectuar o sombreamento com tela (filtragem da insolação<br />
- 50%) que possibilita um manuseamento mais fácil e <strong>de</strong> menor<br />
consumo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. A cobertura será mais ou menos <strong>de</strong>nsa<br />
<strong>de</strong>ixando passar uma luz filtrada.<br />
Fig. 19 - Exemplos <strong>de</strong> sombreamento com tela <strong>de</strong> sombreamento suportada<br />
por postes <strong>de</strong> bambu<br />
Conforme for a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong>ve ter em atenção que<br />
se o viveiro estiver <strong>de</strong>masiado sombreado as plantas ficarão fracas<br />
e amareladas. A cobertura <strong>de</strong>ve ser móvel. A estrutura <strong>de</strong> suporte po<strong>de</strong><br />
ser fixa mas o tecto móvel. Não se retira <strong>de</strong>finitivamente a cobertura<br />
duma vez, mas progressiva-mente para adaptar as plantas ao novo<br />
regime <strong>de</strong> luz.<br />
A princípio tire o sombreamento uma hora ou duas por dia, <strong>de</strong> manhã<br />
cedo, ou à tar<strong>de</strong> quando o sol está baixo e pouco quente. Gradualmente<br />
aumente o período <strong>de</strong> exposição ao sol até retirar completamente<br />
a cobertura.<br />
tela móvel<br />
<strong>de</strong> sombreamento<br />
29
Fig. 20 - Exemplos <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> sombreamento com materiais locais<br />
Altura<br />
Deve ser tal que permita os cuidados culturais das plantas e um bom<br />
arejamento, nunca sendo inferior a 80 cm. Em viveiros <strong>de</strong> maior dimensão<br />
a altura <strong>de</strong>ve possibilitar a <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong> um homem sob coberto.<br />
2.7 Os alfobres<br />
Os alfobres são utilizados <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> árvores que se quer<br />
produzir, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e disponibilida<strong>de</strong> e custo das<br />
sementes. Lembremo-nos que a semente certificada tem um custo<br />
elevado. Há por outro lado sementes gradas com sistema radicular<br />
muito sensível que tornam aconselhável a sementeira directa. Já para<br />
os eucaliptos, pinheiros, casuarinas e muitas outras, a utilização<br />
do alfobre é a prática mais aconselhável.<br />
30<br />
Como regra po<strong>de</strong> dizer-se que os alfobres <strong>de</strong>vem ser utilizados para<br />
que se possa:<br />
Escolher plantas <strong>de</strong> dimensão e <strong>de</strong>senvolvimento uniforme para<br />
a transplantação. Quando a germinação dos grãos é muito heterogénea<br />
as plantas <strong>de</strong>vem ser repicadas constituindo dois grupos da mesma<br />
ida<strong>de</strong>;<br />
Evitar <strong>de</strong>sperdiçar recursos, uma vez que se po<strong>de</strong> evitar todo<br />
o trabalho <strong>de</strong> enchimento e sementeira em sacos, quando a germinação<br />
for lenta ou <strong>de</strong>sconhecida a viabilida<strong>de</strong> germinativa da semente;<br />
Ganhar tempo no <strong>de</strong>senvolvimento das plantas que vamos plantar,<br />
se existir um atraso no enchimento dos sacos ou tubetes.<br />
De qualquer forma há que garantir que:<br />
As raízes não sofram <strong>de</strong>formações no acto <strong>de</strong> repicagem;<br />
As plantas não sejam <strong>de</strong>ixadas muito tempo no alfobre sob pena<br />
do sistema radicular sofrer prejuízos significativos por já estar muito<br />
<strong>de</strong>senvolvido. Muitas plantas sofrem um choque quando são repicadas<br />
principalmente com repicagens tardias;<br />
Existe pessoal com experiência na repicagem, sem o que a taxa<br />
<strong>de</strong> sucesso po<strong>de</strong> ser muito baixa.<br />
Tipos <strong>de</strong> alfobres<br />
Há dois tipos <strong>de</strong> alfobres: alfobres temporários e alfobres permanentes.<br />
Os alfobres temporários, em pequenos viveiros, po<strong>de</strong>m ser realizados<br />
com folhas <strong>de</strong> jornal ou sacos <strong>de</strong> juta com uma mistura <strong>de</strong> areia e terra<br />
leve. A germinação em sacos <strong>de</strong> jornal ou material semelhante<br />
torna-se vantajosa porque se vê imediatamente a germinação,<br />
proce<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong> imediato à repicagem quando se começa a diferenciar<br />
a raiz aprofundante. Se bem que a prática não seja consensual, enten<strong>de</strong>u-<br />
se que mesmo para os pequenos viveiros comunitários há formas<br />
<strong>de</strong> fazer alfobres baratos (veja-se figura 21) e que as vantagens do seu<br />
uso é extensiva a estes.
Fig. 21 - Exemplo <strong>de</strong> um pequeno alfobre feito em caixa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira num<br />
pequeno viveiro comunitário (Guiné-Bissau)<br />
Os alfobres permanentes são comummente construídos com blocos<br />
<strong>de</strong> cimento com 1 m <strong>de</strong> altura e <strong>de</strong> 1 a 2 m <strong>de</strong> largura para conforto<br />
e eficácia dos trabalhadores. É também possível ter tabuleiros construídos<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou metal com fundo <strong>de</strong> tela fina para permitir uma boa<br />
drenagem e arejamento. Estes tabuleiros são postos sobre suportes<br />
e oferecem algumas vantagens quanto à manipulação e quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> substrato bem como <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentação. No caso<br />
dos alfobres em cimento eles são cheios com uma primeira camada<br />
<strong>de</strong> calhaus e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terra e areia.<br />
Como semear no alfobre<br />
Preparados os alfobres, estes <strong>de</strong>vem ser bem regados com um regador<br />
<strong>de</strong> crivo fino até que o substrato esteja embebido. Seguidamente,<br />
e para sementes muito pequenas como as dos eucaliptos, mistura-se<br />
a semente com areia ou terra muito fina, para facilitar a sua regular<br />
distribuição. Espalha-se 2,5 a 3 gr <strong>de</strong> semente (seleccionada) por m 2<br />
<strong>de</strong> alfobre. Deve ser espalhada quando não haja vento e da maneira<br />
mais uniforme possível para evitar que as sementes se aglomerem<br />
só em <strong>de</strong>terminadas zonas do alfobre o que dificultaria posteriormente<br />
a repicagem e aumentaria o número <strong>de</strong> falhas na operação. Logo<br />
<strong>de</strong> seguida, cobre-se a semente com uma camada <strong>de</strong> terra vegetal<br />
peneirada (crivo <strong>de</strong> 0,5 mm) com a espessura <strong>de</strong> 2 a 3 mm. Esta operação<br />
é <strong>de</strong> importância capital para uma boa germinação.<br />
Fig. 22 - Forma <strong>de</strong> efectuar a cobertura dos canteiros dos alfobres<br />
Tapa-se <strong>de</strong>pois o alfobre com uma esteira <strong>de</strong> caniço ou <strong>de</strong> outro material<br />
disponível.<br />
Fig. 23 - Esteiras <strong>de</strong> cobertura dos seminários (antigo viveiro do Cuima, 1970)<br />
31
Decorridos 5 a 10 dias as sementes começam a germinar. No pinheiro<br />
este processo <strong>de</strong>corre normalmente entre 2 a 3 semanas. É então<br />
importante ir-se levantando lentamente, daí por diante, as esteiras,<br />
o que é realizado por dois homens, um <strong>de</strong> cada lado do alfobre ou com<br />
o auxílio <strong>de</strong> uma forquilha no meio da esteira.<br />
Durante todo este tempo <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r-se a 2 regas diárias, uma logo<br />
<strong>de</strong> manhã e outra ao cair da tar<strong>de</strong>, com um regador <strong>de</strong> crivo fino. Nesta<br />
fase a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água a usar para as duas regas é <strong>de</strong> 4 a 5 litros<br />
por m 2 . O controlo das regas nesta fase é extremamente importante:<br />
<strong>de</strong>masiada rega po<strong>de</strong>rá levar ao apodrecimento da semente ou ao<br />
aparecimento <strong>de</strong> fungos (<br />
), que causam a morte das plântulas (“damping-off”) e rega<br />
insuficiente po<strong>de</strong>rá fazer com a semente não germine. Passada uma<br />
semana sobre o início da germinação já é possível retirar as esteiras<br />
durante as horas <strong>de</strong> menor intensida<strong>de</strong> do calor ou do frio.<br />
As regas <strong>de</strong>vem continuar a ser realizadas diariamente mantendo-se<br />
habitualmente 2 por dia. Em épocas <strong>de</strong> particular secura atmosférica,<br />
como suce<strong>de</strong> na <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> mesmo <strong>de</strong>pois do início da época<br />
das chuvas po<strong>de</strong> vir a justificar-se uma outra rega adicional.<br />
As plantinhas <strong>de</strong>vem permanecer nos alfobres até que atinjam em<br />
média 3 a 5 cm <strong>de</strong> altura antes da repicagem, isto é, cerca <strong>de</strong> 60 dias<br />
após a sementeira. As sementeiras para os eucaliptos, as casuarinas<br />
e o pinheiro patula que serão as espécies dominantes da intervenção<br />
junto das populações no <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong> antece<strong>de</strong>m a plantação,<br />
em geral 4 a 5 meses, tempo no qual as plantas <strong>de</strong>verão ter atingido<br />
uma altura <strong>de</strong> 15 a 25 cm.<br />
Como repicar correctamente<br />
A repicagem é uma operação difícil e que requer prática. É preciso por<br />
isso, uma supervisão atenta à forma <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r e uma revisão ao<br />
estado das plantas para se ter a garantia <strong>de</strong> que o sistema radicular não<br />
32<br />
está comprometido. Isto requer prática e supervisão amiudada,<br />
principalmente na fase inicial <strong>de</strong> um viveiro. Sem que as instruções<br />
dispensem a prática, tenha atenção ao que são as boas e más práticas<br />
da repicagem.<br />
Boas práticas<br />
<strong>de</strong>ite fora todas as plantas que lhe parecem doentes ou enfra-<br />
quecidas;<br />
repique quando surgir a raiz aprofundante ou quando as plantas<br />
têm cerca <strong>de</strong> 5 cm. No caso das espécies que se preten<strong>de</strong>m utilizar:<br />
eucaliptos, pinheiros ou casuarinas esta altura <strong>de</strong>ve atingir-se cerca<br />
<strong>de</strong> 60 dias <strong>de</strong>pois da sementeira;<br />
regar bem o alfobre na noite anterior à repicagem;<br />
Fig. 24 - A rega feita na véspera é a primeira activida<strong>de</strong> da operação <strong>de</strong> repicagem<br />
assegurar que o local para on<strong>de</strong> as plantas vão ser transplantadas<br />
está bem sombreado antes <strong>de</strong> começar a repicagem;<br />
utilizar uma espátula <strong>de</strong> lâmina estreita ou uma haste <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
para aligeirar a terra à volta da plântula. Proceda <strong>de</strong> acordo com<br />
as figuras;
Fig. 25 - Criando espaço para po<strong>de</strong>r retirar a plântula sem a ferir<br />
levantar as plântulas segurando pelos cotilédones ou pelo caule<br />
junto à base e sem comprimir o tronco porque este é muito frágil;<br />
em dias muito ensolarados repicar <strong>de</strong> manhã cedo ou à tar<strong>de</strong>;<br />
pôr as plântulas retiradas do alfobre imediatamente em água assim<br />
que saem do alfobre;<br />
preparar com uma haste <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira um buraco na terra do saco<br />
(tenha cuidado para que o buraco fique no centro do saco)<br />
assegurando-se que ele é suficientemente fundo e largo para acomodar<br />
as raízes da plântula a transplantar;<br />
cortar com uma tesoura bem afiada as raízes longas e muito<br />
ramificadas para se assegurar que elas se dirigiram para baixo;<br />
colocar suavemente e bem verticalmente a planta no buraco<br />
<strong>de</strong>itando terra à volta das raízes e começando pelo fundo do buraco,<br />
seguindo-se o calcamento suave do solo à volta da planta com<br />
o <strong>de</strong>do para assegurar que a terra fica junto das raízes e não <strong>de</strong>ixa<br />
bolsas <strong>de</strong> ar;<br />
Actuação correcta Actuação incorrecta<br />
Fig. 26 - Colocação correcta da plântula no vaso após repicagem<br />
regar bem os sacos ou outros recipientes usados no plantório<br />
imedia-tamente <strong>de</strong>pois da plantação ou o mais tardar uma hora<br />
<strong>de</strong>pois da repicagem.<br />
Actuação correcta Actuação incorrecta<br />
Fig 27- Bom posicionamento da plântula no vaso<br />
33
Más práticas a evitar<br />
esperar que as plântulas estejam gran<strong>de</strong>s e com raízes compridas;<br />
repicar as plântulas ao sol e sem as regar;<br />
sombrear as plantas <strong>de</strong>pois da repicagem;<br />
repicar sob sol directo e quente;<br />
transplantar plântulas enfraquecidas;<br />
transportar as plântulas na mão ou num recipiente seco;<br />
permitir que fiquem raízes viradas para cima quando se colocam<br />
nos sacos;<br />
<strong>de</strong>ixar bolsas <strong>de</strong> ar nas raízes, o que as vai fazer morrer.<br />
3. AS SEMENTES<br />
3.1 A selecção das espécies<br />
Um programa <strong>de</strong> arborização tem como primeiro ponto <strong>de</strong> partida<br />
a selecção das espécies a promover, se bem que esta seja uma etapa<br />
muita vezes negligenciada por um número significativo <strong>de</strong> viveiristas.<br />
As árvores <strong>de</strong> certas espécies não po<strong>de</strong>m crescer em qualquer lugar<br />
e nem todas as espécies fornecem o mesmo tipo <strong>de</strong> produtos e serviços.<br />
Se por exemplo, o objectivo é produzir ma<strong>de</strong>ira para produção <strong>de</strong> energia<br />
e se plantar uma espécie <strong>de</strong> rápido crescimento mas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira leve,<br />
estamos a <strong>de</strong>fraudar as expectativas da comunida<strong>de</strong> que se dispôs<br />
a fazer a plantação. Quando não se conjugam as exigências ecológicas<br />
e sócio-económicas das plantações com a estação <strong>de</strong> plantação,<br />
o impacto da plantação <strong>de</strong> árvores po<strong>de</strong> ser muito limitado. Deve-se<br />
ter em atenção que a selecção é muito similar à escolha das espécies<br />
ou varieda<strong>de</strong>s agrícolas, ou seja, as necessida<strong>de</strong>s do agricultor<br />
e as condições ecológicas do local <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas<br />
em conjunto.<br />
34<br />
Por que é que a selecção das espécies é importante?<br />
Há muitas espécies lenhosas mas somente um pequeno número <strong>de</strong>las<br />
po<strong>de</strong> satisfazer as necessida<strong>de</strong>s do agricultor e as exigências da ecologia.<br />
É por isso imprescindível que se auscultem as expectativas dos agricultores<br />
antes <strong>de</strong> começar a produzir plantas no viveiro porque sendo os recursos<br />
escassos, não é possível trabalhar com todas as espécies <strong>de</strong> árvores que<br />
são capazes <strong>de</strong> vegetar com sucesso em <strong>de</strong>terminada região. Se escolher<br />
uma espécie menos <strong>de</strong>sejável muito provavelmente per<strong>de</strong> recursos<br />
valiosos e tempo.<br />
Que atributos <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar quando escolhe uma espécie<br />
Os atributos a analisar incluem:<br />
Escolher espécies que satisfaçam uma ou várias necessida<strong>de</strong>s<br />
do agricultor ou da comunida<strong>de</strong>;<br />
Seleccionar espécies que sejam aptas para as condições ecológicas<br />
da região;<br />
Seleccionar sempre mais do que uma espécie. Assim po<strong>de</strong> oferecer<br />
à comunida<strong>de</strong> várias espécies para o mesmo propósito;<br />
Seleccionar espécies cujas boas qualida<strong>de</strong>s do material <strong>de</strong> plantação<br />
estejam disponíveis ou possam ser produzidas num período razoável.<br />
Deve consi<strong>de</strong>rar a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> listagem como sendo hierárquica.<br />
As condições ecológicas da região a que se <strong>de</strong>stinam as plantas<br />
produzidas no viveiro po<strong>de</strong>m ser a<strong>de</strong>quadas a uma extensa lista<br />
<strong>de</strong> espécies pelo que a selecção <strong>de</strong>ve ser feita e or<strong>de</strong>nada em função<br />
das preferências sócio-económicas, tendo em consi<strong>de</strong>ração<br />
as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> para que se consigam minimizar<br />
os riscos ecológicos e biológicos.<br />
É muito importante que a selecção das espécies a utilizar seja realizada<br />
em conjunto com as comunida<strong>de</strong>s e que os processos <strong>de</strong> selecção<br />
sejam consensuais.
3.2 A informação necessária<br />
Quando, como suce<strong>de</strong> numa gran<strong>de</strong> extensão como o planalto on<strong>de</strong><br />
as espécies nativas típicas do miombo são <strong>de</strong> pouca qualida<strong>de</strong> para<br />
a indústria ma<strong>de</strong>ireira, não são ricas em PFNL (Produtos <strong>Florestais</strong> Não<br />
Lenhosos) e são <strong>de</strong> crescimento lento, não sendo capazes <strong>de</strong> dar resposta<br />
às necessida<strong>de</strong>s crescentes <strong>de</strong> lenhas e materiais <strong>de</strong> construção<br />
ou materiais susceptíveis <strong>de</strong> alimentar a indústria <strong>de</strong> produtos lenhosos,<br />
é necessário recorrer a espécies exóticas como são os eucaliptos, certos<br />
pinheiros tropicais, as casuarinas e cupressos. Tratam-se <strong>de</strong> espécies<br />
introduzidas há muitos anos e com boa adaptação em termos<br />
<strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> aceitação pelas populações mas é importante que<br />
o viveirista tenha consciência que essa informação não é suficiente<br />
para construir as bases para a melhor <strong>de</strong>cisão sobre on<strong>de</strong> recolher<br />
e que encomendas fazer. Na verda<strong>de</strong> é necessário, para além dos aspectos<br />
anteriormente consi<strong>de</strong>rados, que os responsáveis pelos projectos<br />
<strong>de</strong> arborização <strong>de</strong> que o viveiro é uma componente, disponham<br />
<strong>de</strong> informação <strong>de</strong> natureza técnica, não só quanto à produção <strong>de</strong> plantas<br />
para a plantação mas também <strong>de</strong> informação económica referente<br />
às re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> sementes, sua fiabilida<strong>de</strong> e que apoie<br />
a organização <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> credível <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> sementes<br />
a nível regional ou local.<br />
Na vertente técnica um dos elementos <strong>de</strong> informação que <strong>de</strong>ve constituir<br />
uma área prioritária do organismo que tutela a investigação é o da<br />
origem das sementes, que <strong>de</strong>vem ser cuidadosamente i<strong>de</strong>ntificadas<br />
e seleccionadas. Na verda<strong>de</strong> esta questão po<strong>de</strong> representar o sucesso<br />
ou insucesso futuro do esforço <strong>de</strong> plantação. O estabelecimento<br />
das fontes apropriadas <strong>de</strong> origem seminal é a base essencial para<br />
a produção <strong>de</strong> material <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e para a própria rendibilida<strong>de</strong><br />
futura da plantação. As melhores fontes <strong>de</strong> semente nem sempre são<br />
as mais próximas, as <strong>de</strong> recolha mais fácil ou as mais baratas. Não<br />
estando este manual fundamentalmente direccionado para os aspectos<br />
práticos, é importante que o viveirista esteja minimamente familiarizado<br />
com noções simples sobre a importância da qualida<strong>de</strong> genética<br />
das espécies e para a sua importância.<br />
On<strong>de</strong> estão as melhores fontes <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sementes?<br />
As melhores fontes <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sementes para <strong>de</strong>terminada região<br />
<strong>de</strong>vem satisfazer um certo número <strong>de</strong> critérios em termos do número<br />
<strong>de</strong> árvores on<strong>de</strong> se faz a recolha bem como da qualida<strong>de</strong> das árvores<br />
mães. Geralmente os critérios para a escolha das áreas <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem<br />
provir as sementes incluem:<br />
Situarem-se em zonas ecológicas semelhantes àquelas que vão ser<br />
arborizadas;<br />
Existência, na zona <strong>de</strong> recolha, <strong>de</strong> árvores bem polinizadas;<br />
O número <strong>de</strong> árvores que constitui a população <strong>de</strong> colheita <strong>de</strong><br />
sementes suficientemente gran<strong>de</strong> para garantir uma boa diversida<strong>de</strong><br />
genética nas plantações;<br />
As árvores na região <strong>de</strong> colheita <strong>de</strong> sementes são sadias e o seu<br />
crescimento é bom;<br />
A acessibilida<strong>de</strong> e a segurança da fonte <strong>de</strong> produção são apropriadas.<br />
O alerta quanto a estas questões importantes para orientar os respon-<br />
sáveis pela produção <strong>de</strong> plantas, exige dos fornecedores um perfeito<br />
conhecimento dos itens enunciados e o registo e acompanhamento<br />
da performance das plantas em plantação <strong>de</strong> acordo com as respectivas<br />
origens. Para situar a importância <strong>de</strong>stes aspectos tenham em atenção<br />
que, por exemplo, em relação ao , os ensaios<br />
<strong>de</strong> proveniência realizados na Nigéria revelaram diferenças <strong>de</strong> produção<br />
<strong>de</strong> 1 para 2,7.<br />
3.3 A recolha das sementes<br />
Se não dispuser <strong>de</strong> sementes certificadas <strong>de</strong>ve escolher sempre<br />
as árvores com melhor porte e com tronco mais rectilíneo para recolher<br />
as sementes.<br />
35
As boas sementes produzem boas árvores. As sementes provenientes<br />
<strong>de</strong> uma árvore <strong>de</strong> tronco rectilíneo, bem conformado e vigoroso,<br />
produzem geralmente árvores direitas e vigorosas.<br />
Fig. 28 - Importância da qualida<strong>de</strong> da semente<br />
Além <strong>de</strong>stes aspectos quanto à hereditarieda<strong>de</strong> é imperativo que<br />
o responsável pela recolha <strong>de</strong> sementes tenha em consi<strong>de</strong>ração que<br />
é importante lembrar-se que não chega pensar só numa árvore <strong>de</strong> boa<br />
qualida<strong>de</strong> mas sim que essa árvore <strong>de</strong>ve estar ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> outras árvores<br />
<strong>de</strong> boa forma e qualida<strong>de</strong>. Não se <strong>de</strong>ve esquecer que a árvore, para<br />
produzir sementes, é fecundada e as sementes recebem as características<br />
dos dois genitores. Se um é uma má árvore as sementes herdam<br />
em proporção variável essa má característica.<br />
36<br />
Escolha este sementão<br />
Não escolha este<br />
Fig. 29 - Quando a árvore mãe está ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> outras árvores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />
a <strong>de</strong>scendência herdará também essas características<br />
Critérios <strong>de</strong> selecção<br />
A selecção <strong>de</strong> árvores mãe e a sua configuração variam conforme<br />
for o fim pretendido. Assim, conforme a utilização pretendida, tenha<br />
atenção as seguintes características das árvores mãe:<br />
Para ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> obra<br />
Tronco <strong>de</strong> forma rectilínea;<br />
Altura acima do solo e diâmetro do tronco acima da média;<br />
Copa uniforme sem ramos abundantes e grossos ou sem um tronco<br />
duplo;<br />
Resistência aos insectos e doenças;<br />
Ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>;<br />
Árvores maduras produzindo boas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> semente.
Para árvores <strong>de</strong>stinadas à produção <strong>de</strong> forragem ou sebes vivas<br />
Crescimento rápido;<br />
Elevada produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhagem e vagens;<br />
Gran<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rebentação <strong>de</strong> ramos e toiças;<br />
Elevado valor nutritivo das folhas e vagens;<br />
Copas frondosas com muitos ramos;<br />
Troncos múltiplos;<br />
Árvores maduras produzindo boas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> semente.<br />
Para plantações energéticas (produção <strong>de</strong> lenhas ou carvão)<br />
Alto valor calórico;<br />
Crescimento rápido;<br />
Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rebentamento por toiça.<br />
Para árvores utilizáveis para a produção <strong>de</strong> fruto<br />
Frutos abundantes, doces e gran<strong>de</strong>s;<br />
Copa uniforme com ramos baixos;<br />
Crescimento rápido;<br />
Resistente a insectos e doenças;<br />
Árvores que quando maduras produzem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> semente.<br />
Quais as principais fontes <strong>de</strong> colheita <strong>de</strong> semente<br />
Há quatro principais tipos <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> semente:<br />
Floresta natural: populações arbóreas ocorrendo naturalmente<br />
na floresta natural e <strong>de</strong>marcadas para a produção <strong>de</strong> semente;<br />
Plantações existentes em matas públicas ou privadas e <strong>de</strong>marcadas<br />
para a produção <strong>de</strong> sementes;<br />
Pomares <strong>de</strong> sementões: Talhões que foram plantados por via<br />
seminal ou enxertia em blocos <strong>de</strong>stinados especificamente para<br />
a produção <strong>de</strong> sementes;<br />
Propagação vegetativa <strong>de</strong> plantas: Trata-se <strong>de</strong> multiplicação<br />
assexuada <strong>de</strong> plantas através do enraizamento <strong>de</strong> estacas, enxertia<br />
ou micropropagação.<br />
Boa árvore para Má configuração para Boa configuração para<br />
a produção ma<strong>de</strong>ireira a produção ma<strong>de</strong>ireira a produção forrageira<br />
Fig. 30 - Configurações <strong>de</strong> boas e más características arbóreos para alguns fins<br />
O que necessita saber antes <strong>de</strong> colher a semente?<br />
Antes <strong>de</strong> começar qualquer trabalho <strong>de</strong> colheita procure saber se existe<br />
informação escrita ou conhecimento local sobre as espécies <strong>de</strong> que<br />
preten<strong>de</strong> semente, porque essa informação po<strong>de</strong> poupar-lhe dissabores<br />
posteriores e insucessos não previstos. Proceda também a uma verificação<br />
no terreno sobre a floração e sobre a frutificação. Os aspectos para<br />
os quais <strong>de</strong>ve estar atento são:<br />
Análise do período<strong>de</strong> floração;<br />
Distribuição da floração entre as árvores;<br />
A expectativa da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> semente que po<strong>de</strong> ser colectada;<br />
O grau <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> da semente;<br />
A ocorrência <strong>de</strong> pestes ou doenças nas flores ou nos frutos.<br />
37
Não se esqueça <strong>de</strong> ter consigo um plano <strong>de</strong>talhado da colecta <strong>de</strong> sementes<br />
que preten<strong>de</strong>. Em termos logísticos, <strong>de</strong>ve ter em consi<strong>de</strong>ração:<br />
A acessibilida<strong>de</strong> da fonte das sementes que preten<strong>de</strong> e as necessi-<br />
da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte necessárias;<br />
O tipo <strong>de</strong> equipamento e os materiais que necessita para a colheita<br />
e pré-tratamento necessário para garantir que a semente chega<br />
ao viveiro em boas condições. Como equipamento consi<strong>de</strong>re ganchos,<br />
tesouras e podoas <strong>de</strong> poda com haste extensível.<br />
Fig. 31 - Exemplos <strong>de</strong> equipamento simples utilizado para colheita <strong>de</strong> sementes<br />
Tenha em atenção a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> juntar a equipa <strong>de</strong> recolha em<br />
função do tipo <strong>de</strong> semente, grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e método <strong>de</strong> colecta.<br />
38<br />
As características que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas na escolha dos sementões<br />
são:<br />
Árvores sãs e bem <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> copas bem conformadas;<br />
Para árvores para ma<strong>de</strong>ira procure árvores <strong>de</strong> troncos direitos<br />
e com poucos ramos;<br />
Árvores reconhecidas <strong>de</strong> boa ma<strong>de</strong>ira (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> elevada e fio<br />
recto);<br />
Para árvores <strong>de</strong>stinadas ao uso forrageiro, que sejam <strong>de</strong> gosto<br />
agradável e que os animais apreciem;<br />
Para as árvores <strong>de</strong>stinadas à produção <strong>de</strong> frutos uma ramagem<br />
baixa será aconselhável para a recolha do fruto. Este <strong>de</strong>ve ter um<br />
gosto agradável, os frutos polposos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração lenta;<br />
Para qualquer das situações <strong>de</strong>vem apresentar pouca suscep-<br />
tibilida<strong>de</strong> a pragas e doenças;<br />
Colha somente sementes gran<strong>de</strong>s, sãs e maduras. Evite recolher<br />
as primeiras e últimas sementes da estação porque elas são geralmente<br />
<strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>. Colha sementes pelo menos em 30 árvores.<br />
Logo que colha os frutos assegure-se que o faz sem estragar a árvore.<br />
Seleccione só os raminhos. Nunca recolha frutos cortando os ramos<br />
principais da copa ou o eixo principal.<br />
Quando <strong>de</strong>vo colher a semente?<br />
A colheita <strong>de</strong>ve ter lugar quando a maioria (>60%) da semente está<br />
madura na mata escolhida.<br />
Quando se sabe que a semente está madura e em condições<br />
<strong>de</strong> colheita?<br />
Usa-se o indicador conhecido por sistema <strong>de</strong> classificação da maturação<br />
das sementes. Para o <strong>de</strong>terminar observe as mudanças <strong>de</strong> cor dos frutos.<br />
Por exemplo as vagens po<strong>de</strong>m mudar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>s para amarelo<br />
ou castanho quando amadurecem e as pinhas po<strong>de</strong>m mudar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong><br />
para castanho.
Quadro 6 - Sistema <strong>de</strong> classificação do estado <strong>de</strong> maturação<br />
das sementes<br />
Classificação do grau<br />
<strong>de</strong> maturação<br />
da cultura (%)<br />
0<br />
10-30<br />
40-60<br />
70-90<br />
100<br />
Descrição<br />
da cultura<br />
Nenhuma<br />
Pobre<br />
Média<br />
Boa<br />
Plena<br />
Observações<br />
Inexistência <strong>de</strong> árvores produtoras<br />
<strong>de</strong> sementes<br />
Frutos em algumas árvores <strong>de</strong> bordadura<br />
e em poucas árvores dominantes<br />
no interior da parcela<br />
Frutos na maior parte das árvores<br />
<strong>de</strong> bordadura e nas árvores dominantes<br />
no interior da parcela<br />
Quase todas as árvores da parcela<br />
apresentam frutificação (excepto<br />
as dominadas)<br />
Todas as árvores apresentam frutificação<br />
(excepto algumas árvores dominadas)<br />
Retire amostras <strong>de</strong> pelo menos 100 sementes ou frutos apanhados<br />
casualmente e execute sobre eles o teste <strong>de</strong> corte para examinar<br />
as condições interiores da semente. Analise o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
ou maturida<strong>de</strong> e a ocorrência <strong>de</strong> insectos ou fungos nos frutos. Uma<br />
semente madura tem um embrião firme enquanto uma semente imatura<br />
tem um embrião ou endosperma leitoso. Numa leguminosa a semente<br />
está usualmente madura quando nos for impossível esmagá-la entre<br />
o polegar e o indicador. O teste <strong>de</strong> corte também po<strong>de</strong> ser utilizado<br />
para estimar o número <strong>de</strong> sementes maduras por fruto.<br />
3.4 Extracção das sementes<br />
Para os vários tipos <strong>de</strong> frutos existem diferentes métodos apropriados<br />
para a extracção das sementes.<br />
Frutos secos in<strong>de</strong>iscentes<br />
Semea directamente as sementes tal como ocorrem.<br />
Ex. Caju, girasson<strong>de</strong>, teca, neem<br />
Vagens in<strong>de</strong>iscentes, cápsulas<br />
Extraem-se as sementes por quebra e divisão dos frutos.<br />
Os mesmos po<strong>de</strong>m ser pilados, por vezes após imersão<br />
em água. Ex. Prosopis juliflora<br />
Cápsulas lenhosas<br />
As cápsulas lenhosas colhem-se quando ainda se<br />
encontram ligeiramente ver<strong>de</strong>s. Deixam-se a secar<br />
ao ar sob coberto após o que os frutos abrem e libertam<br />
as sementes que se po<strong>de</strong>m separar por peneiração.<br />
Ex. Eucaliptos e Casuarinas<br />
Frutos polposos<br />
As sementes estão incluídas num fruto polposo<br />
in<strong>de</strong>iscente. Após a extracção as sementes são postas<br />
em água para provocar a maceração da polpa. Após<br />
2-3 dias <strong>de</strong> imersão espremem-se os frutos, retira-se<br />
a polpa que envolve as sementes que se <strong>de</strong>ixam secar<br />
ao ar sob coberto. Ex. loengo, palmeira do azeite<br />
Cápsulas e vagens <strong>de</strong>iscentes<br />
Os frutos e vagens <strong>de</strong>iscentes são <strong>de</strong>sgranados manual-<br />
mente. Ex. Acacia mangium, Cassia, Brachystegia<br />
39
O método <strong>de</strong> extracção das sementes varia muito consoante o tipo<br />
<strong>de</strong> fruto.<br />
No entanto o guia geral a que o técnico <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r é:<br />
a) Logo que chegadas ao local da preparação das sementes, estas <strong>de</strong>vem<br />
ser imediatamente retiradas dos sacos e postas em camadas estreitas,<br />
esperando o tratamento em locais bem ventilados, umas vezes<br />
em tabuleiros afastados do solo ou em terraços <strong>de</strong> cimento ou asfaltados,<br />
evitando a humida<strong>de</strong> e a presença <strong>de</strong> roedores.<br />
Deve-se procurar secar rapidamente, arejando as sementes ou os frutos<br />
e provocando-lhes uma transpiração forte. Se se <strong>de</strong>ixa em monte<br />
ou em camada espessa, não se dá a evaporação, a massa fica húmida<br />
originando fermentações com aquecimento ligeiro, po<strong>de</strong>ndo originar<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fungos que prejudicam a qualida<strong>de</strong> das sementes.<br />
A espessura das camadas varia com as espécies bem como a frequência<br />
da mexida dos frutos ou das sementes. Admite-se que para pinhas<br />
ou sementes como as <strong>de</strong> girasson<strong>de</strong> e frutos carnudos, uma camada<br />
<strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> 20 cm é suficiente, com uma mexida diária. No caso<br />
das pinhas dos Pinus, uma espessura <strong>de</strong> 40 cm com mexida 2 vezes por<br />
semana é suficiente. Em princípio há interesse em encurtar ao máximo<br />
este período <strong>de</strong> espera prece<strong>de</strong>ndo à preparação rápida das sementes.<br />
Resumindo, após a colheita dos frutos as operações <strong>de</strong> beneficiamento<br />
das sementes são:<br />
a1) frutos secos <strong>de</strong>iscentes - os frutos são colocados para secar<br />
em camada fina, em encerados, pisos <strong>de</strong> cimento ou barracões abertos;<br />
a2) frutos carnudos - remoção da polpa para evitar a <strong>de</strong>composição<br />
e danos à semente. Para pequenos lotes, como será naturalmente<br />
o caso do “loengo”, a remoção da polpa é feita manualmente.<br />
40<br />
Alguns autores aconselham para os frutos carnudos a maceração, seguida<br />
da acção da água corrente nestes frutos sobre uma peneira. Para estes<br />
frutos também se po<strong>de</strong> usar hidróxido <strong>de</strong> potássio nas concentrações<br />
<strong>de</strong> 1 e 1,5% para o <strong>de</strong>spolpamento (ex: loengo, palmeira do azeite -<br />
).<br />
Algumas espécies po<strong>de</strong>m ser secas à sombra e outras ao sol sem prejuízo<br />
da qualida<strong>de</strong> e da extracção.<br />
A secagem realizada em estufas tem a vantagem <strong>de</strong> ser mais rápida<br />
em função do controle da temperatura. O processo mais simples para<br />
quantida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>radas consiste em recorrer a estufas correntes com<br />
circulação <strong>de</strong> ar quente.<br />
Após a extracção muitas sementes precisam <strong>de</strong> ser limpas das suas asas<br />
membranosas e impurezas convindo para o efeito recorrer a material<br />
especial. Esta limpeza é importante pois reduz o volume a armazenar<br />
e transportar. A separação das sementes é realizada geralmente por<br />
peneiras e jactos <strong>de</strong> ar se os montantes <strong>de</strong> semente a manipular forem<br />
significativos.<br />
A extracção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s à escala industrial requer<br />
aparelhagem apropriada. Em termos meramente informativos, pela sua<br />
falta <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong> na fase actual da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> florestação<br />
em Angola, referem-se as fases do processo:<br />
1 Secagem prévia em virtu<strong>de</strong> das sementes muito húmidas serem<br />
mais facilmente danificadas pelo calor. As sementes são colocadas<br />
em eiras, locais abrigados e arejados, on<strong>de</strong> se processa uma dissecação<br />
progressiva como convém. O tempo <strong>de</strong>sta secagem prévia é variável<br />
com as espécies e po<strong>de</strong> durar um mês. Nesta primeira fase é preciso<br />
evitar que os roedores provoquem quebras nas sementes.
2 Secagem - É utilizada para aqueles frutos que abrem mal ou só<br />
abrem parcialmente na fase anterior, sobretudo se o tempo estiver<br />
fresco e húmido. Nestas circunstâncias faz-se passar pelos frutos uma<br />
corrente <strong>de</strong> ar quente e seco. Há vários tipos <strong>de</strong> secadores sendo o mais<br />
simples o que possui prateleiras, com gra<strong>de</strong>s animadas <strong>de</strong> movimento<br />
e que são atravessadas pelo ar quente que entra pela parte inferior<br />
saindo pelos orifícios da parte superior, on<strong>de</strong> se colocam os frutos.<br />
À medida que os frutos vão secando as prateleiras vão sendo retiradas.<br />
3 Separação das sementes - As prateleiras do secador têm<br />
movimentos horizontais separando-se as sementes dos frutos<br />
em consequência <strong>de</strong> tais trepidações. As sementes caiem através dos<br />
orifícios das prateleiras acumulando-se na prateleira inferior que é fixa.<br />
Os frutos que abrem mal são recolhidos voltando ao secador. As<br />
sementes que não são extraídas por vibração são-no através <strong>de</strong> um<br />
aparelho complementar.<br />
4 Separação das asas membranosas - Para se atingir tal objectivo<br />
utilizam-se pás, as quais separam as asas. A velocida<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> ser<br />
regulada por forma a que nem o calor resultante da fricção nem as pás<br />
danifiquem as sementes.<br />
5 Limpeza da semente - Esta operação tem muito interesse embora<br />
se revista <strong>de</strong> certas dificulda<strong>de</strong>s técnicas. Nos casos mais simples po<strong>de</strong>m<br />
usar-se tararas agrícolas, havendo noutros casos necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer<br />
a aparelhagem especial. Tendo em atenção as diferenças <strong>de</strong> peso<br />
específico das impurezas e da semente e as diferenças <strong>de</strong> forma<br />
e dimensões, usa-se frequentemente para o efeito, uma corrente <strong>de</strong> ar<br />
que atira a alturas diferentes as impurezas e as sementes.<br />
No caso <strong>de</strong> frutos carnudos a maceração <strong>de</strong>stes frutos é realizada em<br />
maceradores que funcionam com os frutos colocados em água sendo<br />
<strong>de</strong>pois as sementes separadas das polpas e secas.<br />
3.5 Selecção das sementes<br />
Quando as sementes são extraídas <strong>de</strong>ve-se imergi-las num recipiente<br />
com água.<br />
Imersão em água<br />
Retirar as sementes que flutuam e que não prestam. Lance-as fora.<br />
As sementes boas ficam retidas no fundo. Retire as sementes boas<br />
e seque-as ao ar sob coberto. Seleccione as sementes que têm uma<br />
forma regular, com boa configuração e <strong>de</strong> maiores dimensões.<br />
3.6 Conservação das sementes<br />
O i<strong>de</strong>al seria semear as sementes imediatamente após colheita.<br />
Mas isso é difícil ou impossível para uma gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> espécies<br />
porque a data <strong>de</strong> sementeira <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da data do período <strong>de</strong> plantação<br />
e da altura que preten<strong>de</strong>mos para as plantas a colocar na terra.<br />
Assim, as sementes cuja maturação só se verifique, por exemplo,<br />
em Junho, <strong>de</strong>vem ser conservadas até à data <strong>de</strong> sementeira no viveiro.<br />
Algumas sementes contudo, per<strong>de</strong>m a sua faculda<strong>de</strong> germinativa muito<br />
rapidamente (Ex. neem) pelo que é necessário utilizá-las o mais <strong>de</strong>pressa<br />
possível.<br />
Para os outros casos há razões que justificam a conservação das sementes,<br />
tais como:<br />
1 Manter a semente em condições tais que conserve o seu po<strong>de</strong>r<br />
germinativo durante o período que me<strong>de</strong>ia entre a colheita e a se-<br />
menteira.<br />
2 Proteger as sementes contra os roedores, aves e insectos, fugindo<br />
à época <strong>de</strong> sementeira Outonal naqueles casos em que os frutos<br />
amadurecem nesta época e exista exposição da sementeira a estes<br />
predadores. Isto acontece com frequência nas zonas <strong>de</strong> clima<br />
mediterrâneo, daí fugir-se à sementeira Outonal realizando-a nos fins<br />
<strong>de</strong> Inverno princípios <strong>de</strong> Primavera o que diminui o risco <strong>de</strong> quebras.<br />
41
3 Por vezes a semente tem <strong>de</strong> ser transportada a distâncias gran<strong>de</strong>s<br />
para locais on<strong>de</strong> a boa época <strong>de</strong> sementeira não coinci<strong>de</strong> com a época<br />
<strong>de</strong> maturação dos frutos.<br />
4 Finalmente, po<strong>de</strong> ser necessário conservar as sementes obtidas<br />
em ano <strong>de</strong> boa produção seminal para satisfação das necessida<strong>de</strong>s nos<br />
anos <strong>de</strong> má ou nula produção seminal.<br />
Os factores mais importantes a que o viveirista tem <strong>de</strong> ter em atenção<br />
para a conservação <strong>de</strong> sementes são: a temperatura e a humida<strong>de</strong>.<br />
Temperatura<br />
Temperaturas relativamente baixas são mais favoráveis do que<br />
temperaturas elevadas. A temperatura i<strong>de</strong>al varia muito consoante<br />
a espécie e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta com a origem, sendo em qualquer caso mais<br />
conveniente uma temperatura uniforme do que temperaturas variáveis.<br />
No entanto, a conservação em frigorífico a 3-5°C é a mais utilizada.<br />
Baixas temperaturas mantendo vivas as sementes evitam o ataque<br />
<strong>de</strong> insectos e fungos.<br />
Algumas sementes conservam-se bem à temperatura ambiente, caso<br />
<strong>de</strong> certas rosáceas, eucaliptos, tílias e sementes duras ou nozes. A maior<br />
parte <strong>de</strong>stas sementes requer humida<strong>de</strong> antes da germinação<br />
e <strong>de</strong> um tratamento especial, caso das acácias, cuja germinação<br />
é facilitada pelo escaldão.<br />
Teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
A acção do teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> sobre a conservação das sementes é mais<br />
importante do que a temperatura, sendo no entanto <strong>de</strong> mais difícil<br />
controlo. De facto, não é fácil controlar <strong>de</strong> modo preciso o teor<br />
em humida<strong>de</strong> sem ser em laboratório.<br />
A redução do teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> da semente em algumas espécies como<br />
Araucaria, Acer, Citrus, entre outras, origina a perda <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>, pelo<br />
42<br />
que <strong>de</strong>vem ser armazenadas com uma percentagem elevada <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
a baixas temperaturas para retardar a sua <strong>de</strong>terioração.<br />
A experimentação tem mostrado que elevados teores <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
causam ou favorecem a elevação da temperatura das sementes<br />
em consequência dos processos respiratórios, aumentam<br />
a susceptibilida<strong>de</strong> da semente a injúrias térmicas durante a secagem,<br />
propiciam uma maior activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos (principalmente<br />
fungos) e a maior activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> insectos durante o período<br />
<strong>de</strong> armazenamento. Acresce que a humida<strong>de</strong> aumenta substancial-<br />
mente a activida<strong>de</strong> fisiológica <strong>de</strong> microrganismos e insectos como<br />
se mostra no quadro que se segue.<br />
Quadro 7 - Relações entre o teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>terioração<br />
da semente<br />
Teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
da semente<br />
Acima <strong>de</strong> 40-60%<br />
Acima <strong>de</strong> 18-20%<br />
Acima <strong>de</strong> 12-14%<br />
Acima <strong>de</strong> 8-9%<br />
Adp. <strong>de</strong> POPINIGIS, 1976 2<br />
A semente germina<br />
Consequências<br />
Aquecimento da semente<br />
Crescimento <strong>de</strong> fungos na semente<br />
Aumenta a activida<strong>de</strong> e reprodução dos insectos
Quanto às sementes <strong>de</strong> , vários estudos efectuados<br />
mostraram que a percentagem <strong>de</strong> germinação <strong>de</strong>cresce com o aumento<br />
da humida<strong>de</strong> relativa a partir <strong>de</strong> 40% e com o tempo <strong>de</strong> armazenamento.<br />
As sementes <strong>de</strong>sta espécie bem com as da , mantidas em<br />
ambientes com humida<strong>de</strong> relativa inferior a 40%, mantiveram o po<strong>de</strong>r<br />
germinativo ao fim <strong>de</strong> 270 dias. Recomenda-se o armazenamento<br />
<strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> em ambientes com humida<strong>de</strong> relativa<br />
entre 20 e 40% em embalagens permeáveis à humida<strong>de</strong> e a temperaturas<br />
<strong>de</strong> 20°C.<br />
Em termos <strong>de</strong> orientação geral (não se <strong>de</strong>ve esquecer que para cada<br />
espécie há um teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> óptima que é <strong>de</strong>terminado<br />
em laboratório) e caso não haja informação disponível, po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-<br />
se a regra prática <strong>de</strong> Harrington em que para cada 1% <strong>de</strong> aumento<br />
<strong>de</strong> humida<strong>de</strong>, a longevida<strong>de</strong> da semente é reduzida para meta<strong>de</strong>. Esta<br />
regra é válida para teores <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> entre 5 e 14%. Abaixo <strong>de</strong> 5%<br />
a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração po<strong>de</strong> aumentar <strong>de</strong>vido à auto-oxidação<br />
<strong>de</strong> certas substâncias <strong>de</strong> reserva. Acima <strong>de</strong> 14% o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> fungos prejudica o po<strong>de</strong>r germinativo.<br />
Como regra po<strong>de</strong> ainda dizer-se que nas sementes que <strong>de</strong>vem ser<br />
conservadas secas, um teor elevado <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> elevado e temperaturas<br />
altas causam maiores prejuízos do que as temperaturas baixas.<br />
Entretanto, na conservação pelo frio, as sementes que <strong>de</strong>vem ser<br />
conservadas secas per<strong>de</strong>m gran<strong>de</strong> parte da sua eficiência se não forem<br />
colocadas em recipientes herméticos que mantenham o teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
constante. As flutuações <strong>de</strong>ste teor são mais nocivas do que as flutuações<br />
da temperatura.<br />
Métodos utilizados para controlar o teor em água<br />
Uma simples secagem ao sol, ao ar livre, num quarto aquecido ou numa<br />
sala <strong>de</strong> extracção é o meio mais simples para reduzir o teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
antes da conservação em recipiente hermético. Se não se dispuser<br />
<strong>de</strong> uma estufa com controlo automático <strong>de</strong> temperatura e humida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>mos recorrer a métodos simples e o recurso a substâncias<br />
higroscópicas actuando num recinto fechado on<strong>de</strong> se colocam<br />
as sementes. É muito eficaz a utilização <strong>de</strong> cal isenta <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vendo existir o cuidado <strong>de</strong> não dissecar em <strong>de</strong>masia as sementes.<br />
Utiliza-se nestes termos uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> cálcio para<br />
uma dada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> semente.<br />
Para controlar o teor em água nas sementes também se utiliza o gel<br />
<strong>de</strong> sílica. O gel ou o óxido <strong>de</strong> cálcio <strong>de</strong>vem ser isolados das sementes<br />
recorrendo, por exemplo, a re<strong>de</strong>s metálicas. Embora o óxido <strong>de</strong> cálcio<br />
seja mais barato, a sílica oferece uma certa vantagem porque uma<br />
mudança <strong>de</strong> cor mostra que esta já per<strong>de</strong>u a sua eficácia recorrendo-<br />
se à sua posterior secagem para a sua recuperação.<br />
Qualquer que seja o produto utilizado quando se atinge o teor <strong>de</strong>sejado<br />
o recipiente <strong>de</strong>ve ser tal que não haja alteração no nível alcançado.<br />
O melhor método consiste em utilizar caixas <strong>de</strong> vidro tapadas com<br />
rolhas <strong>de</strong> cortiça parafinada ou <strong>de</strong> cera ou ainda com películas plásticas.<br />
Um bidão hermeticamente fechado também serve para o mesmo efeito<br />
e é bastante utilizado. Para as sementes que precisam <strong>de</strong> ser conservadas<br />
secas, a utilização generalizada em sacos vulgares ou recipientes<br />
em caves frias e húmidas constitui um mau método.<br />
Devem preferir-se as sementes frescas, embora as qualida<strong>de</strong>s<br />
das mesmas <strong>de</strong>pendam menos da sua ida<strong>de</strong> do que as das condições<br />
<strong>de</strong> conservação. Quando a semente se começa a <strong>de</strong>teriorar, a viabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cresce rapidamente se as condições forem <strong>de</strong>sfavoráveis. Isto explica<br />
as bruscas <strong>de</strong>teriorações nas sementes conservadas por largos períodos,<br />
mesmo nas melhores condições, quando são retiradas do ambiente<br />
<strong>de</strong> conservação e colocadas em condições <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong> temperatura<br />
e humida<strong>de</strong>, nomeadamente se estes factores apresentarem flutuações.<br />
Assim após um período <strong>de</strong> conservação mais ou menos prolongado<br />
as sementes <strong>de</strong>vem ser prontamente utilizadas.<br />
43
De qualquer forma as sementes conservadas em recipientes herméticos<br />
e pelo frio <strong>de</strong>vem ser levadas à temperatura ambiente antes da abertura<br />
dos recipientes, por forma a evitar a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> sobre<br />
os grãos frios.<br />
Caso seja necessário proce<strong>de</strong>r ao respectivo transporte (situação<br />
habitual), as sementes po<strong>de</strong>m ser empacotadas sob a temperatura<br />
<strong>de</strong> conservação em embalagens estanques à humida<strong>de</strong>, por forma<br />
a não se alterar o teor <strong>de</strong> humida<strong>de</strong>.<br />
Processos <strong>de</strong> conservação a seco<br />
a) Conservação sem controlo da temperatura e humida<strong>de</strong>.<br />
É o método mais simples e antigo que consiste em conservar a semente<br />
em montes, sacos, ou caixas. No entanto, não po<strong>de</strong> ser utilizado para<br />
sementes <strong>de</strong> valor nem para prazos longos.<br />
b) Conservação a seco em recipientes herméticos<br />
Este método é bastante económico e dá resultados bastante<br />
interessantes, particularmente com a adição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratantes.<br />
c) Conservação a seco pelo frio em recipientes herméticos.<br />
É o melhor método <strong>de</strong> conservação prolongada. As temperaturas mais<br />
vulgares são 0°-5°C. É um processo mais caro pois obriga a frigoríficos<br />
ou câmaras frigoríficas.<br />
Processos <strong>de</strong> conservação em meio húmido<br />
a) Estratificação<br />
Consiste em dispor camadas alternadas <strong>de</strong> semente e areia, cortiça,<br />
serradura, turfa, musgo ou folhas. É muito importante que as sementes<br />
não fiquem apertadas para que se dê um bom arejamento e as sementes<br />
não aqueçam. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material a juntar <strong>de</strong>ve ser igual<br />
ou superior ao volume das sementes.<br />
É um processo que se utiliza muito com sementes <strong>de</strong> nogueira,<br />
castanheiro, carvalho, faia, freixo, acer, ulmeiro, pinheiro, etc.<br />
44<br />
b) Conservação em água corrente<br />
Emprega-se normalmente com sementes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, sendo<br />
as mesmas colocadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> recipientes furados <strong>de</strong> modo a permitir<br />
a circulação da água.<br />
3.7 Pré-tratamento das sementes<br />
A maioria das sementes germina sem problemas quando lhes são dadas<br />
as condições ambientais favoráveis. Contudo, nem sempre se dá esta<br />
germinação, geralmente porque um factor é <strong>de</strong>sfavorável: insuficiência<br />
<strong>de</strong> água, falta <strong>de</strong> temperatura, ou outra. Há sementes contudo, que<br />
apesar <strong>de</strong> terem todas as condições necessárias para uma boa germinação<br />
não germinam, sendo então <strong>de</strong>nominadas por "dormentes".<br />
Na natureza há vantagens e <strong>de</strong>svantagens na dormência das sementes<br />
<strong>de</strong> certas espécies:<br />
Vantagens<br />
As plantas passam o inverno na condição <strong>de</strong> semente;<br />
Evita que os embriões continuem a crescer e germinem ainda<br />
na planta diminuindo as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência no solo.<br />
Desvantagens<br />
São necessários longos períodos para que um lote <strong>de</strong> sementes<br />
supere a dormência (condição fundamental para se obter uma<br />
germinação uniforme);<br />
A germinação distribui-se no tempo;<br />
Contribui para a longevida<strong>de</strong> das plantas invasoras;<br />
Interfere no programa <strong>de</strong> plantio;<br />
Dificulta a avaliação do valor germinativo da semente.<br />
Existem vários mecanismos que po<strong>de</strong>m originar a dormência<br />
nas sementes nomeadamente a dormência primária e a dormência<br />
secundária.
Na maioria dos casos a dormência já se encontra instalada por altura<br />
da colheita ou do <strong>de</strong>senvolvimento da semente. Diz-se nestes casos<br />
que se trata <strong>de</strong> uma dormência primária. Algumas vezes esta é superada<br />
pelo simples armazenamento da semente seca por algum tempo,<br />
geralmente não muito longo. Deste modo, logo após a colheita<br />
as sementes não germinam mas, passado o período <strong>de</strong> armazenamento<br />
passam a germinar. É a este tipo que se <strong>de</strong>signa por "dormência<br />
<strong>de</strong> pós-colheita".<br />
Noutros casos, nalgumas espécies, as sementes que germinam<br />
normalmente po<strong>de</strong>m ser induzidas a entrar em estado <strong>de</strong> dormência<br />
se forem mantidas algumas das condições <strong>de</strong>sfavoráveis, sendo então<br />
<strong>de</strong>signado por "dormência secundária".<br />
Tempo<br />
Antes<br />
Imediata<br />
Adiada<br />
Classe<br />
Vivíparas<br />
Directa<br />
Indirecta<br />
Seca dormentes<br />
(sementes duras)<br />
Dormentes<br />
(sementes embebidas)<br />
adp: LOGMAN e JENÍK (1987) 3<br />
Requisitos<br />
nenhum<br />
nenhum<br />
a passagem pelo intestino dos<br />
animais remove alguma dormência<br />
água <strong>de</strong>struir o pericarpo e <strong>de</strong>ixar<br />
embeber em água<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amadurecer<br />
a temperaturas relativa-mente altas<br />
quantida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> luz<br />
<strong>de</strong> certos comprimentos <strong>de</strong> onda<br />
regimes específicos <strong>de</strong> temperatura<br />
lavagem <strong>de</strong> inibidores solúveis em<br />
água<br />
entrada <strong>de</strong> oxigénio<br />
alterar o balanço hormónico<br />
dar tempo para o <strong>de</strong>sen-volvimento<br />
do embrião<br />
Este tipo <strong>de</strong> dormência é consequência <strong>de</strong> serem dadas à semente<br />
todas as condições favoráveis para a sua germinação excepto uma,<br />
por exemplo a escuridão para germinar (semente <strong>de</strong> ,<br />
cuja germinação é inibida pela luz).<br />
No quadro que se segue listam-se as principais formas que a dormência<br />
assume e alguns exemplos referentes a espécies tropicais.<br />
Em termos sumários os diferentes tipos <strong>de</strong> dormências <strong>de</strong>screvem-se<br />
assim:<br />
Quadro 8 - Germinação e dormência em espécies florestais tropicais<br />
Exemplos<br />
Ceriops; Dryobalanops aromatica; Pithcellobium racemosa; Rhizophora<br />
Cacaueiro; muitas Dipterocarpus; Mora excelsa<br />
Azadirachta indica; Nauclea latifolia; Securinega virosa<br />
Delanoxis regia; Enterolobium cyclocarpum; Leucaena sp.; Ochroma<br />
lagopus; Parkia sp.<br />
Elaeis guineensis<br />
Cecropia; Clorophora excelsa; Macaranga; Musanga; Piper; Trema;<br />
Harungana madagascarensis<br />
Ochroma lagopus; Heliocarpus donnellsmithii; Phytolacca icosandra<br />
Tomateiro<br />
45
a) embrião imaturo ou rudimentar<br />
Neste caso o embrião não se encontra completamente <strong>de</strong>senvolvido<br />
quando a semente se solta da planta (embrião imaturo). Assim, quando<br />
estas sementes são postas a germinar, a germinação é retardada<br />
até ao embrião completar a sua diferenciação ou crescimento, através<br />
<strong>de</strong> modificações anatómicas e morfológicas adicionais. Este tipo<br />
<strong>de</strong> dormência ocorre principalmente nas<br />
e nalgumas espécies <strong>de</strong> Ranunculaceae.<br />
b) impermeabilida<strong>de</strong> à água<br />
A dormência resulta do tegumento impedir a absorção <strong>de</strong> água (secas<br />
dormentes). A ruptura <strong>de</strong>sta protecção seguida da embebição é necessária<br />
para dar início ao processo germinativo. Este tipo <strong>de</strong> dormência ocorre<br />
principalmente nas leguminosas, em muitas espécies florestais e nalgumas<br />
espécies das famílias das<br />
46<br />
. Contudo, <strong>de</strong>ntro do mesmo lote po<strong>de</strong> haver<br />
sementes permeáveis e impermeáveis pelo que algumas sementes<br />
germinam imediatamente e outras não. Alguns investigadores acreditam<br />
que a estrutura responsável pela impermeabilida<strong>de</strong> do tegumento<br />
é a camada <strong>de</strong> células em paliçada, <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s espessas e cobertas<br />
externamente por uma camada cuticular cerosa.<br />
c) impermeabilida<strong>de</strong> ao oxigénio<br />
Este tipo <strong>de</strong> dormência dá-se quando as estruturas como o pericarpo,<br />
o tegumento e as pare<strong>de</strong>s celulares, dificultam as trocas gasosas.<br />
Esta causa <strong>de</strong> dormência é encontrada em muitas espécies <strong>de</strong> .<br />
Nestas situações, a germinação é conseguida retirando ou danificando<br />
as cariópses por escarificação, cortes, remoções, tratamento com ácidos<br />
ou colocando-as em condições <strong>de</strong> alta tensão <strong>de</strong> oxigénio.<br />
d) embrião dormente<br />
Caracterizado por ser o próprio embrião a razão da dormência, sendo<br />
resultado <strong>de</strong> condições fisiológicas no embrião ainda não esclarecidas.<br />
As sementes enquadradas neste tipo <strong>de</strong> dormência apresentam exigências<br />
especiais quanto à luz e resfriamento ou mesmo indutores químicos<br />
para superar a dormência. Este tipo <strong>de</strong> dormência é normalmente<br />
resolvido por processos <strong>de</strong> estratificação ou pré-arrefecimento que<br />
consistem em hume<strong>de</strong>cer a semente e submetê-la a baixas temperaturas,<br />
pouco acima <strong>de</strong> 0°C, por períodos que variam com as espécies.<br />
O tratamento da semente com ácido giberélico po<strong>de</strong> substituir<br />
a estratificação.<br />
e) combinação <strong>de</strong> causas<br />
A presença <strong>de</strong> uma causa <strong>de</strong> dormência numa semente não elimina<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras estarem também presentes. Quando tal suce<strong>de</strong><br />
serão necessárias combinações <strong>de</strong> tratamentos para eliminar as condições<br />
<strong>de</strong> dormência. Naturalmente que o método a ser empregue para eliminar<br />
a dormência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo da mesma, pelo que seguidamente<br />
relacionamos alguns dos procedimentos utilizados.<br />
3.8 Preparação das sementes<br />
Para germinarem, as sementes <strong>de</strong>vem estar perfeitamente <strong>de</strong>senvolvidas<br />
(colhidas <strong>de</strong> frutos maduros) e conservar a faculda<strong>de</strong> germinativa.<br />
A necessida<strong>de</strong> e o método <strong>de</strong> preparação variam, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
do tamanho da semente e do tegumento protector (casca).<br />
Algumas sementes são qualificadas <strong>de</strong> "duras" (é quase sempre uma<br />
característica das sementes das leguminosas) e necessitam <strong>de</strong> tratamento<br />
antes da sementeira sem o qual a água necessária à quebra da dormência<br />
da semente dificilmente penetra no tegumento.
Pré-tratamento contra a dureza do tegumento<br />
Sintetizam-se, no quadro IX, os tratamentos correntes para cada tipo<br />
<strong>de</strong> dormência. Aten<strong>de</strong>ndo à natureza do manual e ao seu objectivo<br />
eminentemente prático faremos uma referência muito breve a alguns<br />
dos métodos referidos.<br />
Digestão animal<br />
Algumas sementes são comidas pelos animais e beneficiam assim<br />
<strong>de</strong> um tratamento a<strong>de</strong>quado no aparelho digestivo dos animais que<br />
torna o tegumento permeável à água. Ex. Acacia albida, Acacia sp.<br />
Quadro 9 - Quadro <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> tratamentos <strong>de</strong> acordo com<br />
a dormência<br />
Tipos <strong>de</strong> dormência<br />
Impermeabilida<strong>de</strong><br />
e restrições mecânicas<br />
no tegumento<br />
Embrião dormente<br />
Tegumento impermeável<br />
combinado com embrião<br />
dormente<br />
Dormência dupla<br />
(epicótilo e radícula<br />
dormentes)<br />
Método <strong>de</strong> eliminação<br />
- Imersão em solventes (água quente, álcool acetona<br />
e outros);<br />
- Escarificação mecânica;<br />
- Escarificação em ácido sulfúrico;<br />
- Resfriamento rápido;<br />
- Exposição a alta temperatura;<br />
- Aumento da tensão <strong>de</strong> oxigénio;<br />
- Choques e impactos contra uma superfície dura.<br />
- Estratificação a baixa temperatura;<br />
- Tratamento com hormonas (giberelina ou citocinina).<br />
- Escarificação mecânica ou ácido sulfúrico, seguida<br />
<strong>de</strong> estratificação a baixa temperatura.<br />
- Estratificação a baixa temperatura para superar<br />
a dormência da radícula seguida <strong>de</strong> período<br />
<strong>de</strong> condições favoráveis ao crescimento da raiz,<br />
e nova estratificação a baixa temperatura para<br />
eliminar a dormência do epicótilo, seguida<br />
<strong>de</strong> temperaturas favoráveis ao seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Imersão em água quente<br />
Faça ferver a água. Retire a panela do fogo e faça mergulhar as sementes<br />
entre 3 a 4 minutos. Retire-as da água quente e <strong>de</strong>ixe-as imersas<br />
em água à temperatura ambiente durante 24 horas.<br />
Ex.<br />
Re-humificação<br />
Certas sementes têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tratamento <strong>de</strong> re-humidificação<br />
e <strong>de</strong> aquecimento para favorecer a germinação. É o caso das sementes<br />
<strong>de</strong> palmeira do azeite. A embebição durante 48 horas pela água fria<br />
(chumbagem) é muito utilizada, pois acelera a germinação e permite<br />
separar a semente boa das impurezas e semente chocha.<br />
Cama <strong>de</strong> carvão<br />
Em primeiro lugar <strong>de</strong>ixam-se as sementes em imersão durante 7 dias<br />
à temperatura ambiente (27 °C). A água <strong>de</strong>ve ser removida diariamente.<br />
Depois <strong>de</strong> impregnadas, as sementes são dispostas em caixas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
com carvão com granulometria <strong>de</strong> aproximadamente 3 mm.<br />
Uso <strong>de</strong> germinadores isotérmicos<br />
As caixas do alfobre são colocadas em germinadores on<strong>de</strong> se conserva<br />
uma temperatura <strong>de</strong> 37-39 °C mediante folhas ou estrume<br />
em <strong>de</strong>composição. O carvão como é bom condutor térmico garante<br />
a<strong>de</strong>quada distribuição <strong>de</strong> temperatura a todas as sementes permitindo<br />
uma maior taxa <strong>de</strong> germinações. O tratamento e manutenção das<br />
sementes <strong>de</strong> palmeira do azeite no germinador chega a durar 3 meses.<br />
47
Fig. 32 - Secção <strong>de</strong> um germinador isotérmico que po<strong>de</strong> ser fabricado localmente<br />
Escarificação<br />
Para o tratamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sementes usam-se<br />
máquinas com rolos abrasivos por on<strong>de</strong> a semente tem <strong>de</strong> passar e que<br />
<strong>de</strong>sgasta o tegumento por forma a torná-lo mais permeável à água.<br />
Tratamento com recurso a térmitas (salalé)<br />
Po<strong>de</strong> utilizar-se a térmita para <strong>de</strong>struir o tegumento <strong>de</strong> algumas sementes<br />
duras. Ex. Teca.<br />
Para isso, logo após a colheita das sementes <strong>de</strong>ixe-as no chão junto<br />
à mata e cubra-as com um cartão seguro com algumas pedras. Ao fim<br />
<strong>de</strong> 4 semanas retire o carvão e remova as formigas. A semente estará<br />
em condições <strong>de</strong> ser semeada.<br />
48<br />
aniagem<br />
sementes<br />
areia (5-7cm)<br />
estrume ver<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> bovino<br />
Pedras Areia<br />
Fig. 33 - Outro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> germinador isotérmico feito com materiais locais<br />
para sementes recalcitrantes à germinação ou para enraizamento <strong>de</strong> estacas<br />
Esterilização da semente<br />
Meio <strong>de</strong> germinação<br />
ou<br />
Gravilha <strong>de</strong> enraizamento<br />
para estacas<br />
Folha <strong>de</strong> polietileno<br />
Por vezes verifica-se, não obstante haver um correcto controlo da rega,<br />
o aparecimento <strong>de</strong> zonas on<strong>de</strong> as sementes aparecem podres<br />
ou as plântulas apresentam junto do colo uma mancha castanha<br />
e as folhas tombam como se tivessem falta <strong>de</strong> água, mesmo com<br />
o substrato molhado. Trata-se <strong>de</strong> uma podridão causada por um fungo<br />
que po<strong>de</strong> ter vindo juntamente com a semente. Quando isto ocorre<br />
<strong>de</strong>vem ser esterilizadas as sementes do lote. Uma forma prática<br />
<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r é mergulhar a semente durante 30 minutos numa mistura<br />
<strong>de</strong> lixívia e água na proporção <strong>de</strong> 1 parte <strong>de</strong> lixívia para 9 partes<br />
<strong>de</strong> água. Em alternativa po<strong>de</strong> ser utilizada água oxigenada a 4%.
Se o problema persistir, a contaminação <strong>de</strong>ve provir do substrato que<br />
se está a utilizar o que requer que se proceda a uma fumigação<br />
do mesmo.<br />
3.9 Estado das sementes<br />
As sementes <strong>de</strong>vem ser frescas, sãs, sem traços <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong> insectos<br />
ou <strong>de</strong> fungos, <strong>de</strong> forma e tamanho normais para a espécie em questão.<br />
Também é importante consi<strong>de</strong>rar a sua coloração, o aspecto mais<br />
ou menos brilhante, tegumento mais ou menos enrugado, peso, impressão<br />
<strong>de</strong> plenitu<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> vazio (que se conhece pela pressão dos <strong>de</strong>dos).<br />
Dentro da mesma espécie há, no entanto, uma variação normal <strong>de</strong> raça<br />
ecológica para outra, da estação e da ida<strong>de</strong>. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos<br />
citar que 1 000 sementes <strong>de</strong> provenientes da Finlândia<br />
pesam 3,75 grs, enquanto que a proveniência da Europa Central pesa<br />
7,5 grs. A coloração po<strong>de</strong> também ser variável e por vezes com certas<br />
espécies, principalmente nas resinosas, as sementes <strong>de</strong> uma mesma<br />
pinha não têm tamanho uniforme, sendo as das extremida<strong>de</strong>s mais<br />
pequenas do que as do meio. Noutras ainda, como nos<br />
e nas as sementes mortas não se distinguem das vivas, pelo que<br />
a aparência externa não permite reconhecer o valor <strong>de</strong> utilização<br />
<strong>de</strong> um lote <strong>de</strong> sementes que resulta da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> germinar.<br />
Em termos práticos se não temos recurso a um laboratório, recorrem-<br />
se a processos rápidos e expeditos para avaliar a capacida<strong>de</strong> germinativa.<br />
Os mais correntes são: i) ensaio com faca; ii) ensaio com papel; iii)<br />
prova <strong>de</strong> água; iv) prova do ferro em brasa.<br />
O ensaio com uma faca é o mais frequentemente utilizado para<br />
as sementes gran<strong>de</strong>s (<br />
). Consiste em cortar a semente com uma faca ou com a unha<br />
e examinar o corte. O albúmen <strong>de</strong>ve ter uma cor e uma consistência<br />
normais para a espécie, estar bem a<strong>de</strong>rente ao tegumento externo<br />
e não apresentar vazio central. O embrião, quando aparece, <strong>de</strong>ve parecer<br />
em bom estado e não muito pequeno. O resultado <strong>de</strong>ste ensaio<br />
só é aproximado, não dá garantias absolutas e não é aplicável<br />
às sementes pequenas como as dos eucaliptos.<br />
O ensaio com papel (possível também com sementes médias), consiste<br />
em esfregar as sementes uma na outra ou esmagar as mesmas sobre<br />
um papel branco. As que <strong>de</strong>ixam traço gorduroso são consi<strong>de</strong>radas boas,<br />
sendo válido para e , mas é muito impreciso.<br />
A prova <strong>de</strong> água é muito simples. Lança-se um certo número <strong>de</strong> sementes<br />
na água (alguns viveiristas preferem o álcool), po<strong>de</strong>ndo consi<strong>de</strong>rar-se<br />
que as que flutuam ao fim <strong>de</strong> 24 ou 48 horas são más, o que nem<br />
sempre é verda<strong>de</strong>, porque as sementes suspeitas afundam e sementes<br />
boas, mas muito secas, mantêm-se muito tempo à superfície. Este<br />
processo é mais correcto com sementes pequenas <strong>de</strong> resinosas.<br />
A prova do ferro em brasa é efectuada colocando as sementes sobre<br />
uma placa metálica aquecida ao rubro sombrio, saltando as que são<br />
<strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e explodindo com um pequeno ruído, enquanto que<br />
as más são consumidas na chapa. Para e<br />
os resultados são relativamente exactos.<br />
Quando não se tem acesso a um laboratório especializado estes métodos<br />
simples e rápidos dão geralmente informações boas. Dá-se o mesmo<br />
com a prova biológica, que consiste em colocar os embriões retirados<br />
das sementes durante 3 dias numa solução <strong>de</strong> certos sais incolores,<br />
<strong>de</strong> ácido selénico ou <strong>de</strong> ácido telúrico, que são reduzidos pelas células<br />
vivas e libertam o metal que cora o embrião das sementes boas<br />
<strong>de</strong> vermelho ou negro. Os laboratórios <strong>de</strong> sementes preferem utilizar<br />
sais <strong>de</strong> tetrazolium, sendo o ensaio feito na escuridão com a duração<br />
<strong>de</strong> 3 horas.<br />
3.10 Informações sumárias sobre ensaios <strong>de</strong> sementes e sua<br />
terminologia<br />
Há regras internacionais para ensaios <strong>de</strong> sementes florestais e cada País<br />
costuma ter o seu "Serviço <strong>de</strong> Ensaios <strong>de</strong> Sementes" normalmente<br />
ligado à sua estrutura <strong>de</strong> investigação.<br />
49
Aos técnicos da produção interessa acima <strong>de</strong> tudo saber: o grau<br />
<strong>de</strong> pureza, o coeficiente germinativo, a energia germinativa e o valor<br />
cultural da semente que produzem ou vão utilizar.<br />
Grau <strong>de</strong> pureza<br />
Determina-se o grau <strong>de</strong> pureza pesando-se rigorosamente uma amostra<br />
<strong>de</strong> ensaio e com o máximo cuidado separam-se todas as impurezas:<br />
Coeficiente germinativo<br />
Será a relação percentual entre o número <strong>de</strong> sementes que in<strong>de</strong>pen-<br />
<strong>de</strong>ntemente dum período <strong>de</strong> tempo fixo germinam e o número total<br />
<strong>de</strong> sementes postas em germinação em boas condições <strong>de</strong> meio:<br />
Valor cultural<br />
Será a quantida<strong>de</strong>, expressa em percentagem, das sementes puras<br />
susceptíveis <strong>de</strong> germinar<br />
Energia germinativa<br />
50<br />
VC = Grau <strong>de</strong> Pureza x Coeficiente Germinativo<br />
Interessa conhecer o comportamento da semente durante a germinação.<br />
Assim, calcula-se o número <strong>de</strong> sementes germinadas ao fim <strong>de</strong> 5, 10,<br />
15 dias.<br />
Grau <strong>de</strong> pureza =<br />
O interesse na energia germinativa é bastante gran<strong>de</strong> uma vez que<br />
quanto mais <strong>de</strong>pressa germinarem as sementes mais <strong>de</strong>pressa se furtam<br />
à acção dos agentes <strong>de</strong>struidores.<br />
Peso da semente pura<br />
Peso total da amostra<br />
Coeficiente germinativo = x 100<br />
Nº <strong>de</strong> sementes germinadas<br />
Nº total <strong>de</strong> sementes<br />
3.11 Sementeira directa nos canteiros<br />
Quando fazer uma sementeira directa?<br />
A sementeira directa exige um controlo minucioso da água, da luz<br />
e dos elementos nutritivos durante as primeiras semanas do crescimento<br />
da planta. Os <strong>de</strong>fensores da sementeira directa nos recipientes (sacos<br />
ou outros) evocam a economia <strong>de</strong> tempo, <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> custos com<br />
a preparação do alfobre e a repicagem. Há que lembrar também que<br />
a planta cresce sem o stress da repicagem e portanto com um melhor<br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Do lado dos inconvenientes, é necessário plantar mais<br />
do que uma semente para garantir uma boa distribuição <strong>de</strong> plantas no<br />
plantório, o que é difícil com sementes muito pequenas como é o caso<br />
dos eucaliptos e com sementes certificadas, necessa-riamente caras,<br />
não se justifica plantar mais do que uma semente por vaso. Para<br />
sementes gradas e facilmente manuseáveis po<strong>de</strong> contudo ser uma<br />
opção aconselhável.<br />
No caso da opção por sementeira directa siga as seguintes regras<br />
<strong>de</strong> boa prática:<br />
Utilize sempre sementes frescas e maduras;<br />
Se necessário, principalmente se se estiver em presença<br />
<strong>de</strong> sementes duras, trate previamente a semente para acelerar<br />
a germinação;<br />
Prepare e disponha nos canteiros os sacos e efectue o seu ensom-<br />
bramento com antecedência;<br />
Se se tratar <strong>de</strong> sementes pequenas misture a semente com areia<br />
e utilize uma garrafa tapada e com um pequeno furo ligeiramente<br />
maior que o diâmetro da semente para proce<strong>de</strong>r à colocação<br />
da semente no saco;<br />
Para as sementes gradas, com a ajuda do <strong>de</strong>do ou <strong>de</strong> um pau a que<br />
se aguçou a ponta, fazer pequenos buracos na terra no centro<br />
do saco on<strong>de</strong> <strong>de</strong>posita a semente;<br />
Teste previamente a viabilida<strong>de</strong> das sementes que vai usar.
Profundida<strong>de</strong> e espaçamento<br />
Os buracos <strong>de</strong>vem ter profundida<strong>de</strong> entre 2 a 3 vezes relativamente<br />
à dimensão da semente (2-3 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>) e <strong>de</strong>vem estar<br />
distanciados 5 cm uns dos outros com uma distância <strong>de</strong> 10 cm entre<br />
linhas quando semeia directamente no canteiro.<br />
Sementeira<br />
Colocar em cada cova 2 a 3 sementes e fechar a cova arrastando a terra<br />
e pressionando-a.<br />
Rega e sombreamento<br />
Depois da sementeira regar <strong>de</strong>licadamente com um regador munido<br />
com chuveiro fino uma vez <strong>de</strong> manhã e outra ao cair da tar<strong>de</strong> até<br />
as sementes germinarem. Sombrear com uma cobertura a 60 cm<br />
<strong>de</strong> altura. À medida que as plantas crescem elas começam a competir<br />
umas com as outras. É então necessário <strong>de</strong>sbastá-las isto é, <strong>de</strong>ixar<br />
só a melhor planta em cada cova. Ex. .<br />
3.12 Sementeira directa em vasos (normalmente só é aplicada<br />
para sementes gradas e em pequenas operações)<br />
Com a ajuda do <strong>de</strong>do ou <strong>de</strong> um pau, fazer uma pequena cova na terra<br />
<strong>de</strong> cada saco e colocar 2 a 5 sementes. Tapar a cova e pressionar<br />
ligeiramente a terra. Nos gran<strong>de</strong>s viveiros industriais usa-se já equipa-<br />
mento mecânico para fazer a sementeira directa na terra em canteiros<br />
ou blocos como é o caso do sistema VAPO.<br />
Rega e sombreamento<br />
A rega e o sombreamento são idênticos ao caso anterior.<br />
Desbaste<br />
Quando as plantas têm já boa dimensão <strong>de</strong>ixa-se só uma planta<br />
por saco.<br />
3.13 Época <strong>de</strong> sementeira<br />
Para as plântulas em canteiro como o , a ou a<br />
é preferível fazer a sementeira em Outubro. As plantas são plantadas<br />
no mês <strong>de</strong> Junho-Julho do ano seguinte. Ao fim <strong>de</strong> 9 meses as raízes<br />
das plantas estarão bem <strong>de</strong>senvolvidas, o tronco robusto e duro<br />
e as plantas adaptar-se-ão facilmente ao terreno <strong>de</strong> plantação, mesmo<br />
após o corte da parte do sistema radicular.<br />
Exemplos <strong>de</strong> plantas que aguentam um corte <strong>de</strong> raízes e consequen-<br />
temente a cultura em plena terra: , , , Teca.<br />
De uma maneira geral a sementeira em alfobre e a repicagem para<br />
os sacos dos eucaliptos, pinheiros, cupressus e casuarinas no Planalto<br />
Central <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> forma escalonada <strong>de</strong> 10 em 10 dias, para que<br />
durante toda a época <strong>de</strong> plantação haja plantas com <strong>de</strong>senvolvimento<br />
conveniente.<br />
O calendário seria assim o seguinte:<br />
Sementeira: da 1ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Julho à 1ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Novembro;<br />
Repicagem: da 2ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Setembro à 2ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Janeiro;<br />
Plantação: da 1ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Novembro à 3ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Fevereiro;<br />
Retanchas: da 3ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Novembro à 1ª <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> Março.<br />
Os canteiros <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificados quanto ao:<br />
1 Nome popular da espécie;<br />
2 Nome científico da espécie (opcional e só aplicável aos viveiros<br />
estatais);<br />
3 Origem da semente/clone ou das enxertias;<br />
4 Data da sementeira.<br />
51
Fig. 34 - Exemplo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um canteiro no plantório<br />
4. TRATAMENTOS CULTURAIS<br />
4.1 A rega<br />
A rega das sementes e das plântulas faz-se com um regador munido<br />
com chuveiro fino. Se existir uma moto-bomba e abastecimento<br />
<strong>de</strong> água corrente no viveiro, po<strong>de</strong> efectuar-se a rega com uma mangueira<br />
equipada com um dispersor para produzir gotas finas.<br />
Na altura da germinação, <strong>de</strong>vem ser utilizados regadores com chuveiro<br />
fino. Mantenha o solo húmido mas não molhado. Se as sementes forem<br />
muito finas <strong>de</strong>ve utilizar um pulverizador até as plântulas terem 1 cm<br />
<strong>de</strong> altura. Nunca <strong>de</strong>ve alagar o solo nem usar regadores com chuveiro<br />
grosso porque po<strong>de</strong> fazer arrastar as sementes. Logo que se dê<br />
a germinação regar uma vez por dia. No plantório regar 2 vezes por dia,<br />
uma logo <strong>de</strong> manhã cedo e outra no fim do dia. Cuidado contudo com<br />
regras fixas. Uma boa prática viveirista é a <strong>de</strong> verificar o grau <strong>de</strong><br />
52<br />
turgescência das folhas plantas para <strong>de</strong>terminar o período <strong>de</strong> rega.<br />
Tenha-se em atenção que é bom para a planta <strong>de</strong>ixar secar um pouco<br />
o substrato entre regas. Efectue diariamente uma rega suficiente para<br />
que a água penetre até ao fundo do saco mas sem alagar. Isto é mais<br />
eficaz do que regas frequentes mas superficiais que não possibilitam<br />
à raiz e à planta a água necessária à sua manutenção. Tenha em atenção<br />
que o excesso <strong>de</strong> água, tanto como a sua falta, são maus para a planta<br />
e a enfraquecem, levando a um mau crescimento e gran<strong>de</strong>s falhas.<br />
Verificação da humida<strong>de</strong><br />
É importante verificar com frequência a humida<strong>de</strong> do solo nos sacos,<br />
principalmente na fase inicial, para se fazer i<strong>de</strong>ia do número <strong>de</strong> passagens<br />
da rega com o regador. Levantar um saco e verificar se os furos<br />
<strong>de</strong> drenagem estão molhados e se não existe nele água estagnada.<br />
Se existirem indícios <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> água reduza a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />
fornecida.<br />
Frequência<br />
Se o viveiro estiver a<strong>de</strong>quadamente sombreado uma rega no início<br />
da manhã é suficiente. Se houver necessida<strong>de</strong> em dias <strong>de</strong> muito calor<br />
e secos po<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a uma segunda rega à tar<strong>de</strong> (pôr do sol).<br />
Como regar<br />
Uma boa prática consiste em regar completamente o substrato. Uma<br />
má prática é a <strong>de</strong> dirigir a água sobre as folhas e não sobre o solo.<br />
É positivo lavar as folhas principalmente em zonas sujeitas a poeira,<br />
mas lembre-se sempre que são as raízes que absorvem a água e não<br />
as folhas. Tenha também em atenção, principalmente quando as regas<br />
são feitas com regador, que a distribuição da água <strong>de</strong>ve ser o mais<br />
uniforme possível. Nestes casos há a tendência para que o meio<br />
do canteiro receba mais água que os das extremida<strong>de</strong>s. Se usar uma<br />
mangueira, utilize um pulverizador fino e baixa pressão e a boa prática
<strong>de</strong> rega aconselha a regar lentamente e verificar se a água penetra até<br />
ao fundo do invólucro. Uma má prática a controlar é regar rapidamente<br />
<strong>de</strong> forma a que só a superfície do solo fique molhada.<br />
Boas práticas a reter:<br />
Verificar regularmente o estado <strong>de</strong> turgescência das folhas para<br />
<strong>de</strong>terminar quando <strong>de</strong>ve regar;<br />
Regar cedo <strong>de</strong> manhã e tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois do meio dia;<br />
Regar completamente o substrato e não as folhas;<br />
Regar lentamente e verificar se a água chega ao fundo do recipiente;<br />
Utilizar um bico <strong>de</strong> dispersão fino no regador. Se utilizar uma<br />
mangueira o aspersor <strong>de</strong>ve ser regulável;<br />
Depois <strong>de</strong> cada rega, lavar o regador e o chuveiro e limpá-los<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos ou terra;<br />
Reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que as plantas recebem, 4 semanas<br />
antes da plantação;<br />
Regar bem na tar<strong>de</strong> que antece<strong>de</strong> o transporte para a plantação;<br />
Cobrir as plantas com uma folha <strong>de</strong> plástico ou uma tela leve para<br />
evitar a secagem durante o transporte.<br />
Más práticas, se bem que correntes, a evitar:<br />
Regar com calendários fixos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da necessida<strong>de</strong><br />
das plantas;<br />
Orientação da água para as folhas em vez do solo;<br />
Regar a meio do dia;<br />
Regar rapidamente molhando somente a superfície do solo;<br />
Usar o <strong>de</strong>do para regular o escoamento da água.<br />
4.2 A nutrição das plantas<br />
Todas as plantas necessitam <strong>de</strong> elementos nutritivos para sobreviver<br />
e se <strong>de</strong>senvolver. Elas retiram os elementos nutritivos que necessitam<br />
do ar, do solo e da água. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elementos nutritivos disponíveis<br />
para as plantas é afectada por:<br />
Qualida<strong>de</strong> do substrato;<br />
Qualida<strong>de</strong> da água;<br />
O tipo <strong>de</strong> planta.<br />
Há dois tipos <strong>de</strong> elementos nutritivos: os macronutrientes, exigidos em<br />
gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, e os micronutrientes <strong>de</strong> que as plantas necessitam<br />
em pequena quantida<strong>de</strong> mas que se estiverem ausentes provocam<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios no <strong>de</strong>senvolvimento, uma vez que são relevantes para<br />
o conveniente aproveitamento dos macronutrientes.<br />
Quadro 10 - Principais elementos minerais importante na nutrição<br />
das plantas<br />
Macronutrientes<br />
Azoto<br />
Fósforo<br />
Potássio<br />
Cálcio<br />
Magnésio<br />
Enxofre<br />
Micronutrientes<br />
Ferro<br />
Manganésio<br />
Zinco<br />
Cobre<br />
Boro<br />
Cloro<br />
Molibdénio<br />
O único meio para sabermos com rigor o estado nutricional da planta<br />
é a análise das folhas e a comparação dos valores encontrados com<br />
os valores <strong>de</strong> referência para a espécie. Muitas pessoas confun<strong>de</strong>m<br />
as carências nutritivas com o excesso <strong>de</strong> água ou sombreamento. Na<br />
verda<strong>de</strong> a água, a sombra e os elementos nutritivos interagem para<br />
produzir uma planta sã, com vigor e com potencial futuro na plantação.<br />
53
É necessária prática para apren<strong>de</strong>r os sinais ou sintomatologias mais<br />
comuns que <strong>de</strong>nunciam situações <strong>de</strong> carências nutritivas. Assim<br />
a vigilância sobre os sinais que se espelham nas folhas é uma boa prática<br />
<strong>de</strong> viveiro, uma vez que permite corrigir <strong>de</strong>ficiências.<br />
Sintomas comuns<br />
Macronutrientes<br />
Azoto: é um nutriente móvel, querendo isto dizer que quando o azoto<br />
é insuficiente as plantas transferem-no das folhas mais velhas para<br />
as mais novas e <strong>de</strong> crescimento mais activo. É um importante<br />
componente da clorofila, enzimas, proteínas estruturais, ácidos nucleicos<br />
e outros compostos orgânicos. Quando é insuficiente as folhas mais<br />
velhas no nível inferior tornam-se amareladas enquanto as folhas novas<br />
permanecem ver<strong>de</strong>s.<br />
Fósforo: nos solos tropicais a sua disponibilida<strong>de</strong> é muito pequena.<br />
Como consequência a manifestação da sua insuficiência po<strong>de</strong><br />
ser bastante evi<strong>de</strong>nte pelo que a adubação fosfatada <strong>de</strong>ve ser aplicada<br />
antes da repicagem no substrato. Nos substratos com <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>ste<br />
macronutriente toda a planta fica raquítica e disforme, particularmente<br />
no início do crescimento. Depen<strong>de</strong>ndo das espécies as folhas po<strong>de</strong>m<br />
assumir uma coloração ver<strong>de</strong> pálida, amarela ou violácea. Esta última<br />
cor é um aspecto característico da insuficiência <strong>de</strong> fósforo se bem<br />
que seja necessário não a confundir com a coloração das folhas novas<br />
que é muito comum nas espécies tropicais.<br />
Potássio: é um elemento facilmente lixiviável principalmente em subs-<br />
tratos arenosos e com pH
<strong>de</strong> insuficiência as plantas apresentam-se ligeiramente dobradas. Este<br />
elemento é também um elemento móvel mas agora os primeiros<br />
sintomas manifestam-se nas folhas mais jovens que <strong>de</strong>senvolvem<br />
os bordos queimados e quebradiços. As zonas secas formam-se ao longo<br />
dos bordos e vão-se esten<strong>de</strong>ndo para o centro e ao longo da nervura<br />
central da folha.<br />
Micronutrientes<br />
As carências em micronutrientes são <strong>de</strong> modo geral mais difíceis<br />
<strong>de</strong> diagnosticar. Aqui só se citam as mais comuns.<br />
Ferro: é comum ocorrerem em solos alcalinos ou calcários (pH > 7).<br />
É um sintoma improvável dadas as características <strong>de</strong> solos no Planalto<br />
Central. O ferro é importante nos cloroplastos e nas folhas, on<strong>de</strong><br />
é importante na síntese das proteínas. É um nutriente relativamente<br />
imóvel e, quando apresenta carências, inicia uma clorose nos botões<br />
terminais das plantas. Esta clorose é facilmente corrigida com uma<br />
acidificação do solo ou <strong>de</strong> preferência com a junção <strong>de</strong> quelatos<br />
<strong>de</strong> ferro disponíveis no mercado.<br />
Magnésio: é essencial para a síntese da clorofila po<strong>de</strong>ndo também<br />
afectar a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferro. Os sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong>m<br />
ser confundidos com os <strong>de</strong> ferro mas uma observação mais atenta<br />
mostra que os tecidos entre as nervuras se <strong>de</strong>scoloram enquanto<br />
as nervuras ficam ver<strong>de</strong>s e ficam ro<strong>de</strong>adas <strong>de</strong> uma banda <strong>de</strong> tecido<br />
ver<strong>de</strong>.<br />
Cobre: é um importante activador das activida<strong>de</strong>s enzimáticas. Em<br />
substratos arenosos e com pouca matéria orgânica, o cobre torna-se<br />
menos disponível à medida que os valores do pH do solo forem<br />
crescentes. Altos valores <strong>de</strong> fósforo no solo po<strong>de</strong>m reduzir a absorção<br />
do cobre pelas plântulas. As <strong>de</strong>ficiências em cobre manifestam-se<br />
nas folhas novas que ficam amareladas nas extremida<strong>de</strong>s e se tornam<br />
torcidas.<br />
Boro: a sua carência impe<strong>de</strong> o transporte do açúcar, afectando o botão<br />
terminal que amarelece e seca progressivamente. Esta <strong>de</strong>ficiência ocorre<br />
com mais frequência em substratos muito arenosos e com pouca<br />
matéria orgânica. Esta necrose avança da ponta ao longo do caule pelo<br />
que se chama “die back”. As plantas crescem lentamente e os troncos<br />
ten<strong>de</strong>m a ficar tortos. É uma carência que tem sido <strong>de</strong>tectada<br />
amiudadamente nos eucaliptos no Planalto Central.<br />
Molibdénio: é importante para a fixação do azoto e também para<br />
os sistemas <strong>de</strong> redução dos nitratos. A sua <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> provocar<br />
distúrbio metabólicos nas plântulas. Ocorre uma clorose seguida<br />
por necrose <strong>de</strong> tecidos, iniciando-se nas extremida<strong>de</strong>s e esten<strong>de</strong>ndo-<br />
se posteriormente ao resto da planta.<br />
Cloro: é um elemento essencial para a fotossíntese. De uma forma geral<br />
o suprimento <strong>de</strong> cloro por absorção da atmosfera é suficiente para<br />
aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s nutricionais das plântulas.<br />
Caso verifique alguns dos sintomas <strong>de</strong>scritos e não tenha acesso rápido<br />
a serviços <strong>de</strong> aconselhamento, recomenda-se a procura no mercado<br />
<strong>de</strong> produtos disponíveis e a leitura atenta do folheto que normalmente<br />
acompanha o adubo. A Coopecunha utiliza normalmente o adubo<br />
Superfoska (12-24-12). Os números mostram que aquele adubo<br />
granulado tem um o teor <strong>de</strong> azoto <strong>de</strong> 12%, 24% <strong>de</strong> fósforo e 12%<br />
<strong>de</strong> potássio. O restante material para 100% é um material inactivo<br />
para ajudar a espalhar o adubo. Caso a adubação inicialmente feita<br />
na preparação do substrato não tenha sido suficiente e se notem alguns<br />
dos sintomas <strong>de</strong>scritos, utilize adubos granulares que <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>itados<br />
no substrato conforme se indicou na respectiva secção. Para pequenos<br />
viveiros comunitários e quando se usam pequenas quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> substrato po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>itar-se 2 a 4 grs <strong>de</strong> Superfoska (1/2 colher<br />
<strong>de</strong> café) por cada kg <strong>de</strong> terra antes <strong>de</strong> encher os sacos.<br />
55
Quando tiver <strong>de</strong> usar um adubo para corrigir sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências<br />
utilize sempre pequenas quantida<strong>de</strong>s (preferencialmente <strong>de</strong> adubo sob<br />
a forma granular) que se colocam no solo sem ser em contacto com<br />
a planta. As plantas <strong>de</strong>vem respon<strong>de</strong>r à aplicação num intervalo <strong>de</strong> duas<br />
semanas.<br />
Em viveiros <strong>de</strong> maior dimensão e quando se manifestam sintomas<br />
<strong>de</strong> carência por insuficiência <strong>de</strong> preparação do substrato para os plantórios<br />
po<strong>de</strong> utilizar-se uma adubação foliar com produtos que existem<br />
no mercado já especialmente formulados. Estes adubos como<br />
a “GroGreen”® contêm micro e macro nutrientes e também um agente<br />
a<strong>de</strong>rente para ajudar à fixação do adubo à folha. Sendo estas soluções<br />
caras só <strong>de</strong>vem ser utilizadas como recurso.<br />
Na sua prática viveirista tenha em atenção que as plantas para<br />
se <strong>de</strong>senvolverem necessitam <strong>de</strong> 13 elementos nutritivos em quantida<strong>de</strong>s<br />
diferentes e que os sintomas comuns <strong>de</strong> carência <strong>de</strong>scritos não <strong>de</strong>vem<br />
ser confundidos com os efeitos dos excessos ou carências <strong>de</strong> água<br />
e sombra.<br />
Como boa prática proceda da seguinte forma:<br />
56<br />
Verifique sempre as folhas das plantas no viveiro para <strong>de</strong>tectar<br />
carências nutritivas e para a sua correcção com utilização <strong>de</strong> composto<br />
ou adubo;<br />
Leia atentamente as etiquetas que acompanham os adubos por<br />
forma a perceber se trazem os nutrientes em falta;<br />
Na aplicação do nutriente em saco dilua convenientemente<br />
o adubo em água morna e aplique-a no solo e nunca sobre as folhas.<br />
A excepção é para as formulações especiais para adubação foliar;<br />
Finalmente, lembre-se sempre que a melhor solução é sempre<br />
a cuidada preparação do substrato. Os adubos para correcção são<br />
sempre um recurso.<br />
4.3 Cuidados sanitários<br />
Podridão = inimigo nº 1 do viveiro<br />
A podridão é uma doença provocada por fungos ou bactérias que po<strong>de</strong><br />
matar rapidamente toda a produção dum viveiro. Podridões das sementes,<br />
do colo, das raízes. Em condições <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> exagerada <strong>de</strong>senvolvem-<br />
se fungos e bactérias que atacam várias partes das plantas. As podridões<br />
aparecem em várias fases <strong>de</strong> vida das plantas, atacando as sementes,<br />
o colo e as raízes e provocando a morte das sementes e das plantas.<br />
Causas das podridões<br />
O que provoca esta doença?<br />
humida<strong>de</strong> elevada;<br />
temperatura elevada;<br />
solo muito rico em matéria orgânica e nitratos.<br />
Factores favoráveis às podridões<br />
A podridão <strong>de</strong>senvolve-se quando:<br />
as plantas se encontram muito <strong>de</strong>nsas;<br />
quando a rega é excessiva;<br />
quando o sombreamento é exagerado e se encontra muito baixo<br />
impedindo uma boa ventilação.<br />
Como evitar a podridão<br />
Para evitar o aparecimento <strong>de</strong> podridões no viveiro:<br />
não coloque no viveiro estrume mal curtido;<br />
não regue <strong>de</strong>masiado;<br />
evite o encharcamento do solo;<br />
retire a cobertura no tempo fresco e na parte <strong>de</strong> manhã;<br />
evite gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas nos canteiros.
Quando tiver <strong>de</strong> enfrentar um surto <strong>de</strong> doença ou ataque <strong>de</strong> insectos<br />
não obstante ter seguido as normas aconselhadas, procure apoio<br />
<strong>de</strong> um fitopatologista. O produto aconselhado e a concentração prescrita<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do tipo <strong>de</strong> agente biológico (fungo, bactéria ou nemátodo<br />
ou ainda insecto).<br />
Ao utilizar um pesticida ou fungicida lembre-se sempre que <strong>de</strong> modo<br />
geral eles são bastante tóxicos pelo que a sua manipulação <strong>de</strong>verá<br />
processar-se com cuidados especiais.<br />
Lembre-se que os pesticidas penetram no homem através :<br />
da pele;<br />
da respiração;<br />
dos olhos;<br />
da boca quando comemos, bebemos ou fumamos.<br />
Lembre-se que os efeitos são cumulativos e que os sintomas po<strong>de</strong>m<br />
levar muitos anos a manifestar-se.<br />
Quando tiver <strong>de</strong> utilizá-los siga rigorosamente as instruções do fabricante<br />
e tenha em atenção as seguintes regras gerais:<br />
Utilize uma camisa <strong>de</strong> mangas compridas e calças compridas;<br />
Utilize botas <strong>de</strong> borracha;<br />
As calças <strong>de</strong>vem estar por fora das botas;<br />
Os punhos da camisa <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong>ntro das luvas;<br />
Deve usar um chapéu;<br />
Coloque uma mascara, <strong>de</strong> preferência com um filtro. Na sua falta<br />
proteja o nariz e boca com um lenço;<br />
Use óculos <strong>de</strong> protecção;<br />
Pulverize a favor do vento.<br />
Forma correcta<br />
<strong>de</strong> aplicar um insecticida<br />
Forma totalmente errada<br />
<strong>de</strong> aplicar um insecticida<br />
Fig. 35 - Medidas <strong>de</strong> segurança a adoptar na aplicação <strong>de</strong> pesticidas, fungicidas<br />
ou herbicidas<br />
Como evitar a salalé<br />
Para evitar os estragos que a “salalé” po<strong>de</strong> provocar no viveiro atacando<br />
as raízes das plantas, utilize os seguintes pesticidas disponíveis<br />
no mercado ou similares.<br />
Quadro 11 - Alguns dos insecticidas usados no combate à “salalé”<br />
Produto Dosagem Modo <strong>de</strong> aplicação<br />
Aldrina 0,025% 1-2 litros <strong>de</strong> calda junto<br />
ao colo da árvore<br />
clordano 0,05% 1-2 litros <strong>de</strong> calda junto<br />
ao colo da árvore<br />
diazimão 0,04-0,05% 0,5-1 litros <strong>de</strong> calda junto<br />
ao colo da árvore<br />
dieldrina 0,025% 0,5-1 litro <strong>de</strong> calda à volta<br />
do colo da planta<br />
57
Empalhamento do solo<br />
Logo que ocorram sintomas <strong>de</strong> doenças nas plantas (plantas tombadas<br />
ao nível do colo, folhas murchas e amarelas sem que haja falta <strong>de</strong> água,<br />
coloração branca ao nível do colo e filamentos esbranquiçados ao nível<br />
do solo ou das raízes) é necessário proce<strong>de</strong>r a tratamento.<br />
Se for possível obter assistência técnica na sua região solicite-a por<br />
forma a obter o tratamento químico mais a<strong>de</strong>quado. Caso contrário,<br />
retire as plantas doentes e mortas. Não espalhe o solo e as plantas mas<br />
ponha-as numa cova e lance fogo.<br />
Deve parar a rega para permitir que o solo seque, o que provoca a morte<br />
dos fungos e bactérias.<br />
Po<strong>de</strong> substituir a cobertura até à germinação das sementes. A operação<br />
consiste em cobrir os canteiros semeados, com palha ou folhas que<br />
garantem o sombreamento e a frescura do solo que é fundamental<br />
a uma boa germinação. Po<strong>de</strong>-se regar sem que a palha constitua um<br />
entrave. Quando as sementes germinam a palha <strong>de</strong>ve ser imediatamente<br />
retirada e substituída pela cobertura.<br />
Eliminação das infestantes<br />
As ervas daninhas "comem" os elementos nutritivos <strong>de</strong>stinados<br />
às plantas. A competição das ervas daninhas faz-se sentir a três níveis:<br />
o dos nutrientes, o da água e o da luz.<br />
As ervas daninhas crescem mais <strong>de</strong>pressa que as plântulas e <strong>de</strong>ixam-<br />
nas na sombra. As plântulas tornam-se <strong>de</strong>lgadas e <strong>de</strong> cor clara (<strong>de</strong>ficientes<br />
em clorofila). Não <strong>de</strong>ixe as ervas daninhas crescer, o que significa que<br />
<strong>de</strong>ve limpar os canteiros e os vasos frequentemente e assim que<br />
comecem a crescer.<br />
58<br />
Fig. 36 - Imagem <strong>de</strong> um canteiro <strong>de</strong> viveiro florestal dominado pelas ervas<br />
daninhas<br />
Devem-se estripar as ervas daninhas com as suas raízes. A operação<br />
tem <strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong>licadamente a fim <strong>de</strong> não <strong>de</strong>senterrar as plântulas<br />
ou não ferir o seu sistema radicular. Po<strong>de</strong> usar-se uma pequena estaca<br />
afiada para proce<strong>de</strong>r a esta operação.<br />
Fig. 37 - Eliminação <strong>de</strong> ervas daninhas
A sacha<br />
Objectivo<br />
O seu objectivo é quebrar a crosta da terra que à superfície se tornou<br />
dura com a rega, para permitir uma boa infiltração da água e um bom<br />
arejamento do solo e diminuir a evaporação.<br />
Ferramentas<br />
A sacha efectua-se com um pequeno sacho directamente na terra<br />
do canteiro ou com uma navalha para o caso dos sacos.<br />
Frequência<br />
1 a 2 vezes por mês.<br />
A monda<br />
À medida que as plantas crescem, se todas as sementes germinam, vão<br />
interferir umas com as outras da mesma maneira como suce<strong>de</strong> com<br />
as ervas daninhas.<br />
Objectivo<br />
É necessário então "mondar", ou seja, <strong>de</strong>ixar apenas uma planta<br />
em cada ponto do canteiro, <strong>de</strong> preferência igualmente espaçados<br />
ou uma por cada saco.<br />
O procedimento é idêntico ao <strong>de</strong>scrito para as ervas daninhas.<br />
As podas radiculares e aéreas<br />
Enten<strong>de</strong>-se como poda a eliminação <strong>de</strong> uma parte das plântulas com<br />
o objectivo <strong>de</strong> promover benefícios para o melhor <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das mesmas. Tanto as raízes com a parte aérea das plântulas po<strong>de</strong>m<br />
ser podadas. Os dois tipos <strong>de</strong> poda são respectivamente:<br />
A poda radicular;<br />
A poda aérea.<br />
Esta técnica contudo, só po<strong>de</strong> ser aplicada a espécies tolerantes. Caso<br />
contrário a sua aplicação po<strong>de</strong> apresentar fortes prejuízos e mesmo<br />
a inutilização, por morte, das plântulas.<br />
Esta técnica (não obstante ter vindo a ganhar relevância em alguns<br />
projectos intensivos <strong>de</strong> reflorestação, é apresentada neste manual<br />
<strong>de</strong> uma forma sucinta, e que não se <strong>de</strong>senvolve dada a natureza<br />
experimental e a pequena dimensão da activida<strong>de</strong> viveirista a instalar<br />
no <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ecunha</strong>) só po<strong>de</strong> ser aplicada a espécies testadas<br />
e consi<strong>de</strong>radas tolerantes e on<strong>de</strong> se tenham verificado benefícios<br />
na sua aplicação:<br />
plântulas <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>;<br />
com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das plantações<br />
futuras;<br />
com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência das plântulas plantadas.<br />
A aplicação <strong>de</strong> podas a espécies não testadas po<strong>de</strong> representar prejuízos<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento das plântulas e ter consequências fatais quanto<br />
à sua sobrevivência. Na poda radicular po<strong>de</strong>m ser eliminadas as raízes<br />
aprofundantes e/ou laterais. O corte das raízes laterais contudo, não<br />
é possível no caso <strong>de</strong> plantas em recipientes, pela existência das pare<strong>de</strong>s<br />
que impe<strong>de</strong>m esta operação. As excepções são os recipientes<br />
bio<strong>de</strong>gradáveis <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s perfuráveis pelas raízes, que ao penetrarem<br />
nos espaços existentes entre os recipientes, secam ao ar (é a <strong>de</strong>nominada<br />
poda natural ou pelo ar). O sistema VAPO <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plântulas,<br />
metodologia que não apresenta o substrato envolvido por pare<strong>de</strong>s,<br />
po<strong>de</strong> ter também raízes laterais podadas e vem assumindo uma larga<br />
prepon<strong>de</strong>rância nos gran<strong>de</strong>s viveiros florestais <strong>de</strong> pinheiros para alimentar<br />
as gran<strong>de</strong>s plantações industriais (Figura 37).<br />
59
Fig. 38- Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO<br />
Já as plântulas produzidas em tubetes <strong>de</strong> plástico rígido ou sacos <strong>de</strong><br />
plástico que receberam um tratamento SpinOut® apresentam as raízes<br />
aprofundantes e laterais podadas pelo ar, pois estas últimas têm o seu<br />
direccionamento forçado para o fundo do recipiente, on<strong>de</strong> existe orifício<br />
por on<strong>de</strong> elas passam e penetram no ar. A poda radicular em mudas<br />
em raiz nua é <strong>de</strong> fácil mecanização. Conforme o tipo <strong>de</strong> equipamento<br />
utilizado, somente as raízes aprofundantes são podadas. Há outros tipos<br />
que podam simultaneamente, tanto as aprofundantes quanto as laterais<br />
como suce<strong>de</strong> com o sistema VAPO <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> plantas (Fig. 38).<br />
A poda aérea consiste na eliminação <strong>de</strong> uma parte do botão terminal<br />
das plantas. Não há limitações no seu uso no que se refere ao tipo <strong>de</strong><br />
mudas, se em raiz nua ou produzidas em recipientes, contudo não<br />
constitui uma prática <strong>de</strong> uso corrente nomeadamente para as espécies<br />
que nesta fase constituem o esforço <strong>de</strong> produção maior. Tem interesse<br />
contudo para certas espécies como a (uma<br />
espécie lenhosa que interessa ensaiar pelo seu elevado potencial<br />
forrageiro).<br />
60<br />
Qualquer um dos dois tipos <strong>de</strong> poda altera o ritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das plântulas. Esta modificação no crescimento resulta em maior tempo<br />
<strong>de</strong> permanência no viveiro e a sua generalização tem <strong>de</strong> ser pesada em<br />
termos do balanço custos-benefícios. É uma prática que também se<br />
utiliza quando se tem intenção <strong>de</strong> aumentar o período <strong>de</strong> rotação para<br />
que haja disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas para plantio fora da estação. Esta<br />
alternativa ocorre quando não exista a<strong>de</strong>quada precipitação pluvial<br />
durante a estação <strong>de</strong> plantio. Dada a regularida<strong>de</strong> da estação das chuvas<br />
no Planalto Central <strong>de</strong> Angola este argumento só <strong>de</strong>verá ser utilizado<br />
em casos excepcionais.<br />
Fig. 39 - Exemplo <strong>de</strong> uma plântula produzida pelo sistema VAPO on<strong>de</strong> as raízes<br />
são podadas em profundida<strong>de</strong> e lateralmente<br />
Finalida<strong>de</strong>s das podas<br />
As principais finalida<strong>de</strong>s da poda são:<br />
Aumentar a percentagem <strong>de</strong> sobrevivência;<br />
Propiciar produção <strong>de</strong> plântulas mais robustas;<br />
A<strong>de</strong>quar o balanço do <strong>de</strong>senvolvimento em altura e o sistema<br />
radicular;<br />
Aumentar o período normal <strong>de</strong> rotação da espécie no viveiro;<br />
Fomentar a formação <strong>de</strong> sistema radicular fibroso;
Estimular o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> raízes laterais;<br />
Servir <strong>de</strong> alternativa à repicagem em canteiros <strong>de</strong> plantas em raiz<br />
nua.<br />
Alguns exemplos serão mencionados sobre a técnica no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> várias espécies. No geral e não obstante diferentes espécies<br />
terem níveis distintos <strong>de</strong> tolerância e <strong>de</strong> resposta em termos<br />
<strong>de</strong> configuração final do sistema radicular, a resposta da poda é favorável<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento das plântulas.<br />
Exemplos e efeitos das podas radiculares<br />
Embora exista o receio da possível ocorrência <strong>de</strong> infecção por fungos<br />
a partir das superfícies podadas, este risco não é consi<strong>de</strong>rável. PETAÏSTÕ 4<br />
(1982) usando turfa e solo mineral pesquisou, em dois viveiros,<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> infecção em e .<br />
As podas foram efectuadas em três épocas e i<strong>de</strong>ntificados os fungos<br />
que ocorreram 2 meses após a poda no ano posterior. Nenhuma infecção<br />
patogénica foi constatada.<br />
Vários ensaios <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poda e ida<strong>de</strong> das plântulas a que são<br />
aplicadas, parecem mostrar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7 a 8 semanas para<br />
as plântulas recuperarem a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assimilação da água,<br />
verificando-se que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação é maior para as plântulas<br />
<strong>de</strong> maior ida<strong>de</strong> e altura. As profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação da poda radicular<br />
situaram-se entre os 10-15 cm <strong>de</strong> comprimento da raiz aprofundante.<br />
A intensida<strong>de</strong> e comprimento da poda radicular <strong>de</strong>ve efectuar-se pelo<br />
menos 2 meses antes da data <strong>de</strong> plantação e para que não haja<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios na relação raiz/parte aérea. Os vários ensaios efectuados<br />
em espécies tolerantes mostraram maior <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> raízes<br />
laterais nas plântulas podadas em <strong>de</strong>trimento do crescimento da raiz<br />
aprofundante, em comparação com as plantas da testemunha. Também<br />
se verificou aos 56 dias, que todos os tecidos (folhagem, galhos e haste)<br />
das plantas podadas tiveram menor peso <strong>de</strong> matéria seca, em confronto<br />
com as não podadas.<br />
COKER (1984) também pesquisou as trocas <strong>de</strong> N solúvel, insolúvel<br />
e concentrações <strong>de</strong> clorofila em plântulas <strong>de</strong> com e sem<br />
poda. Após a execução <strong>de</strong>sta operação, notou acentuada redução<br />
na concentração do N total, solúvel e insolúvel, na parte aérea. Parte<br />
do N móvel foi direccionada para o crescimento radicular e cerca<br />
<strong>de</strong> 15% per<strong>de</strong>u-se como exsudado das raízes. Contudo, 21 dias após<br />
a poda, a concentração do N começou a melhorar coincidindo com<br />
ganhos <strong>de</strong> peso seco das raízes laterais. Aos 56 dias a concentração<br />
aproximou-se à do dia 0 (zero). Quanto às concentrações <strong>de</strong> clorofila<br />
nas acículas, nenhuma diferença significativa foi encontrada nas plântulas<br />
podadas ou não.<br />
os ensaios efectuados no Chile mostraram que certas espécies têm<br />
uma resposta muito positiva à intervenção no sistema radicular,<br />
principalmente se o plantio for pelo sistema <strong>de</strong> raiz nua que hoje<br />
representa já mais <strong>de</strong> 40% das plantações efectuadas com aquelas<br />
espécies. Como exemplo, as plântulas <strong>de</strong> necessitam<br />
<strong>de</strong> poda <strong>de</strong> ramos ou intensivo manejo do sistema radicular para melhor<br />
taxa <strong>de</strong> sobrevivência. Estão ainda nesta situação o<br />
e enquanto que o requer apenas<br />
poda da raiz aprofundante.<br />
ALVARENGA et al. (1994) avaliaram o <strong>de</strong>sempenho ALVARENGA et al.<br />
(1994) avaliaram o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> mudas após<br />
alguns tratamentos <strong>de</strong> poda do sistema radicular lateral executada à<br />
mesma distância <strong>de</strong> 3 cm do colo. Decorridos 30 dias após a execução<br />
da poda verificou-se que a altura, o diâmetro <strong>de</strong> colo, peso <strong>de</strong> matéria<br />
seca das partes aérea e radicular não tinham sofrido um efeito marcante<br />
da poda no <strong>de</strong>senvolvimento das plântulas.<br />
61
Contudo, a poda menos intensiva <strong>de</strong> um só lado do vaso, promoveu<br />
um ligeiro estímulo do <strong>de</strong>senvolvimento e vrificou-se que esta intensida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> poda provocou intenso lançamento <strong>de</strong> raízes novas (4 a 5 ou mais)<br />
no ponto <strong>de</strong> seccionamento. No final do ensaio o corte mo<strong>de</strong>rado<br />
mostrou raízes mais compridas do que as provenientes <strong>de</strong> poda mais<br />
drástica, que provocaram stress, causando redução do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e lançamento menos intenso <strong>de</strong> raízes novas. Verificou-se ainda que<br />
a absorção <strong>de</strong> maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em regime <strong>de</strong> maior<br />
disponibilida<strong>de</strong> hídrica no substrato, proporcionava maior crescimento<br />
em altura e peso <strong>de</strong> matéria seca da parte aérea em paralelo com uma<br />
maior absorção <strong>de</strong> nutrientes.<br />
Poda <strong>de</strong> raízes <strong>de</strong> plantas criadas em recipientes<br />
Com algum tempo <strong>de</strong> crescimento em recipientes, principalmente nos<br />
sacos <strong>de</strong> plástico não tratados com Spin-Out®, as plantas ten<strong>de</strong>m<br />
a emitir raízes através dos orifícios <strong>de</strong> drenagem e a penetrar no solo<br />
dos respectivos plantórios. Estas raízes <strong>de</strong>vem ser periodicamente<br />
cortadas (<strong>de</strong> em dois meses no máximo). O recipiente é levantado,<br />
as raízes são cortadas com uma tesoura bem afiada e o saco é novamente<br />
colocado no espaço que ocupava. É possível efectuar a operação dando<br />
um safanão rápido ao saco, o que normalmente é suficiente para<br />
seccionar a raiz, embora não se aconselhe este procedimento que po<strong>de</strong><br />
produzir <strong>de</strong>struições muito extensas no sistema radicular. Para sacos<br />
dispostos em camas altas as raízes po<strong>de</strong>m ser cortadas com uma<br />
pá <strong>de</strong> viveiro bem afiada. Po<strong>de</strong> usar-se também uma corda <strong>de</strong> viola<br />
um pouco mais larga que o canteiro, presa em duas hastes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
que são puxadas por dois homens. É um processo muito rápido,<br />
sem manipulação dos sacos e bastante eficaz.<br />
62<br />
poda <strong>de</strong> raíz<br />
com tesoura<br />
Fig. 40 - Poda <strong>de</strong> raízes em plântulas criadas em recipiente<br />
Poda das raízes em plântulas criadas em plena terra<br />
Enquanto as plântulas estão no plantório as raízes são cortadas sem<br />
levantamento da planta usando uma pá <strong>de</strong> viveiro com gume bem<br />
afiado. O nível <strong>de</strong> seccionamento não <strong>de</strong>ve ser muito fundo nem muito<br />
superficial <strong>de</strong>vendo situar-se entre os 10 e os 30 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> planta e da ida<strong>de</strong> com que a queremos plantar.<br />
A pá é introduzida no solo em direcção ao eixo da planta com uma<br />
inclinação <strong>de</strong> 45º e entrando na terra sensivelmente a 20 cm <strong>de</strong>sse<br />
eixo. Para pequenas plântulas crescendo <strong>de</strong> forma regular no plantório,<br />
o seccionamento faz-se com uma pá <strong>de</strong> bordo recto e cortante passando-<br />
a <strong>de</strong> forma contínua entre as linhas <strong>de</strong> plantação com movimentos<br />
rápidos <strong>de</strong> corte.<br />
corte <strong>de</strong> raíz<br />
por arrancamento<br />
Fig. 41 - Poda <strong>de</strong> raízes em plantórios em plena terra<br />
poda <strong>de</strong> raíz<br />
com colher <strong>de</strong> pedreiro<br />
poda <strong>de</strong> raízes<br />
laterais com pá
Na preparação das plantas <strong>de</strong> raiz nua para expedição é usual proce<strong>de</strong>r-<br />
se a uma poda <strong>de</strong> melhoria da conformação das raízes o que é benéfico<br />
para a plantação. Os procedimentos mais comuns são quase sempre<br />
o corte radicular <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> uma única vez (fig. 41) logo<br />
que saem das camas húmidas (Fig. 42) on<strong>de</strong> são colocadas antes<br />
da preparação para expedição.<br />
Podas aéreas<br />
As podas aéreas fazem parte do processo <strong>de</strong> rustificação da planta antes<br />
da plantação não sendo, no entanto, uma prática rotineira <strong>de</strong> viveiro.<br />
Po<strong>de</strong> ser usada quando for <strong>de</strong>sejável uma melhor proporção entre<br />
as partes radicular e a aérea ou para retardar o crescimento em altura<br />
das plântulas.<br />
raízes laterais<br />
e raíz aprofundante<br />
muito compridas<br />
poda <strong>de</strong> raízes<br />
<strong>de</strong> várias plantas<br />
em conjunto<br />
a mesma operação<br />
executada com catana<br />
Fig. 42 - Preparação do sistema radicular das plântulas criadas directamente<br />
no plantório<br />
Fig 43 - Forma <strong>de</strong> conservar as plântulas <strong>de</strong> raiz nua antes da expedição<br />
A poda (ou o <strong>de</strong>sbaste <strong>de</strong> acículas e folhas) tem também o objectivo<br />
<strong>de</strong> reduzir a transpiração e assim, aumentar a sobrevivência em condições<br />
adversas. Não existem estudos conclusivos evi<strong>de</strong>nciando vantagens<br />
<strong>de</strong>sta técnica como prática rotineira <strong>de</strong>vendo alertar-se para a perda<br />
da produção fotossintética e para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impedimento<br />
da síntese da vitamina B1, efectuada na parte aérea e translocada para<br />
as raízes e necessária para o seu <strong>de</strong>senvolvimento. Ensaios feitos com<br />
o envolvendo a poda radicular a 1,5 cm do fundo e uma poda<br />
aérea a 10 cm da parte apical <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> com<br />
ida<strong>de</strong>s entre os 90 e 165 dias após a sementeira, mostraram que seis<br />
meses após o plantio não apresentavam diferenças significativas<br />
no crescimento em altura e na percentagem <strong>de</strong> sobrevivência.<br />
A percentagem <strong>de</strong> sobrevivência foi alta em todos os casos evi<strong>de</strong>nciando<br />
tolerância a esta prática. Os resultados parecem evi<strong>de</strong>nciar que embora<br />
a seja tolerante à poda aérea, não existem vantagens práticas<br />
nem económicas em efectuá-la.<br />
63
Para o caso <strong>de</strong> alguns pinheiros tropicais como<br />
e , produzidos em recipientes em viveiros Hondurenhos,<br />
foi confirmada a eficiência da poda aérea naquelas espécies. O<br />
64<br />
submetido também a podas radiculares e aérea mostrou que<br />
estas duas operações influenciaram favoravelmente a sobrevivência das<br />
plântulas em plantação. Nestas, a poda aérea provoca o aparecimento<br />
<strong>de</strong> alguns botões apicais, um dos quais, com o passar do tempo, assume<br />
a predominância entre os <strong>de</strong>mais.<br />
Não obstante a importância que as podas vêm revestindo na mo<strong>de</strong>rna<br />
prática viveirista mas porque ainda há poucos estudos dos efeitos<br />
da poda aérea e do seu efeito quanto a: adaptabilida<strong>de</strong> a sítios secos,<br />
efeitos sobre a altura, diâmetro, superfície foliar, pesos <strong>de</strong> matéria seca<br />
das partes aéreas e radicular, produtivida<strong>de</strong>/ha/ano, bem como<br />
as questões que se relacionam com a frequência e época <strong>de</strong> execução,<br />
no caso do viveiro em <strong>Ecunha</strong> não se aconselha qualquer execução<br />
<strong>de</strong> podas aéreas nas plantas que vão constituir o grosso do esforço<br />
<strong>de</strong> produção na primeira fase.<br />
Atempamento (rustificação) e transporte<br />
A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água <strong>de</strong> rega <strong>de</strong>ve ser reduzida nas quatro semanas<br />
que antece<strong>de</strong>m a saída das plantas para plantação. Nesta fase <strong>de</strong>ve<br />
permitir-se que o solo seque completamente e que as plantas murchem<br />
ligeiramente durante um dia. Este processo <strong>de</strong>ve ser repetido várias<br />
vezes. Esta rustificação vai permitir que as plantas estejam mais<br />
resistentes às intempéries, a um pequeno cacimbo mais longo<br />
e ao efeito dos ventos quando são plantadas. Vai-se diminuir com este<br />
procedimento a mortalida<strong>de</strong> pós plantação. Mas mesmo com esta<br />
operação <strong>de</strong> rustificação das plantas é importante que o viveirista não<br />
se esqueça <strong>de</strong> regar as plantas na véspera da saída e que o transporte<br />
se faça sob sombreamento com uma tela para protecção do vento<br />
e do excesso <strong>de</strong> sol. Estes cuidados aplicam-se <strong>de</strong> igual modo à expedição<br />
<strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> raiz nua que são ainda mais sensíveis à secagem<br />
e ao efeito nocivo dos raios solares incidindo directamente sobre elas.<br />
Os cuidados <strong>de</strong> embalagem envolvem a feitura <strong>de</strong> várias embalagens<br />
on<strong>de</strong> se põe terriço bem húmido e se embalam grupos <strong>de</strong> plantas<br />
(Fig. 43)<br />
com papel impermeável<br />
Fig. 44 - Preparação das plantas <strong>de</strong> raiz nua para envio para plantação<br />
5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS PARA PLANTAÇÃO<br />
O cálculo do número <strong>de</strong> plantas a produzir no viveiro é função da área<br />
que se preten<strong>de</strong> beneficiar, da espécie que se vai usar bem como<br />
do <strong>de</strong>stino que se lhe quer dar. Em termos dos objectivos que estão<br />
propostos para o projecto vamos apenas consi<strong>de</strong>rar plantações<br />
<strong>de</strong> pinheiros e eucaliptos com <strong>de</strong>stino à produção <strong>de</strong> lenhas e ma<strong>de</strong>iras.<br />
Vamos partir <strong>de</strong> compassos apertados porquanto e <strong>de</strong> acordo com<br />
o plano <strong>de</strong> gestão, a ida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>sbastes e a abertura do coberto vão<br />
ditar os diferentes <strong>de</strong>stinos das árvores que a agricultor vai dar à ma<strong>de</strong>ira:<br />
para lenha com ida<strong>de</strong>s curtas 5 a 6 anos, postes 6 a 12 anos e ma<strong>de</strong>ira<br />
20-25 anos.<br />
folhas <strong>de</strong> bananeira<br />
em sacos <strong>de</strong> plástico<br />
em caixa <strong>de</strong> cartão
Distinguem-se quatro traçados <strong>de</strong> plantação:<br />
1 - Em linha<br />
2 - Em quadrado<br />
3 - Em triângulo equilátero<br />
4 - Em triangulo isósceles<br />
Em que:<br />
S = área da terra em m 2 que preten<strong>de</strong> plantar;<br />
D = distância <strong>de</strong> planta a planta;<br />
L = distância <strong>de</strong> linha a linha.<br />
Quanto ao compasso (o espaçamento entre árvores) que <strong>de</strong>termina<br />
o número <strong>de</strong> plantas por área ele é <strong>de</strong>terminado por:<br />
1. As características <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> da zona a plantar. Em estações<br />
<strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> as plântulas po<strong>de</strong>m ficar mais espaçadas porque sendo<br />
maior o crescimento, as árvores mais rapidamente ocupam o espaço<br />
fazendo uso integral do seu potencial o que já não suce<strong>de</strong> em áreas<br />
mais pobres com menores crescimentos.<br />
N (nº <strong>de</strong> plantas) = S<br />
2. Objectivos da plantação. Para a produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serrada<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, como o ou o cupressos aconselham-se<br />
espaços mais apertados para evitar a formação <strong>de</strong> ramos grossos<br />
e obter uma <strong>de</strong>sramação natural. Se se adoptar compassos largos,<br />
a obtenção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serrada <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> ser complementada<br />
com a execução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sramações artificiais o que representa um custo<br />
adicional por metro cúbico <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira produzida.<br />
d*l<br />
N (nº <strong>de</strong> plantas) = S<br />
d 2<br />
S<br />
N (nº <strong>de</strong> plantas) = *1,155<br />
d2 N (nº <strong>de</strong> plantas) = S<br />
d 2 *l<br />
3. Exigências das espécies a plantar. Estas <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas<br />
conjuntamente com a fertilida<strong>de</strong> do solo, a dimensão das plantas,<br />
a sua rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> crescimento, o clima e o modo <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong>sejada.<br />
Se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> for exagerada, as árvores crescerão <strong>de</strong>masiado em altura,<br />
sem engrossarem proporcionalmente. Se, pelo contrário, forem plantadas<br />
<strong>de</strong>masiado separadas, o seu crescimento será menor em altura<br />
e os ramos serão muito mais grossos o que po<strong>de</strong>rá comprometer<br />
a qualida<strong>de</strong> do tronco se o agricultor preten<strong>de</strong>r obter ma<strong>de</strong>ira com<br />
poucos nós (mais valorizada pela indústria). Deverá lembrar-se que terá<br />
menos peças gran<strong>de</strong>s porque o material lenhoso que a árvore vai<br />
formando vai sendo <strong>de</strong>sviado para os ramos e que as árvores têm mais<br />
tendência para bifurcarem a pouca altura do solo. Acresce que com<br />
compassos largos há uma maior tendência para a invasão <strong>de</strong> ervas<br />
daninhas, o que aumenta os custos da manutenção com limpezas para<br />
evitar as infestantes e os riscos <strong>de</strong> incêndio.<br />
O compasso que se afigura mais conveniente para os eucaliptos<br />
principalmente para pequenas plantação nas al<strong>de</strong>ias e com o <strong>de</strong>stino<br />
principal <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> lenhas é o <strong>de</strong> 2,0 X 2,0 m.<br />
Já para os pinheiros, seja o patula ou o pseudostrobus, será mais<br />
aconselhável um compasso <strong>de</strong> 2,5 X 2,5 m.<br />
Cálculo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes<br />
A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes a utilizar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> plantas<br />
a produzir anualmente em função do programa <strong>de</strong> florestação <strong>de</strong>finido<br />
e também da forma adoptada para aquela produção: plantas <strong>de</strong> raiz<br />
nua ou em recipientes e da metodologia <strong>de</strong> produção: manual<br />
ou mecanizada. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes é calculada pela seguinte<br />
fórmula:<br />
D x A<br />
K =<br />
G x P x N (100-f)<br />
65
Em que:<br />
K = Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes, em kilogramas, por canteiro;<br />
D = Densida<strong>de</strong> das plântulas/m 2 ;<br />
A = Área do canteiro;<br />
G = Percentagem <strong>de</strong> germinação, contida no Boletim <strong>de</strong> Análise<br />
<strong>de</strong> Sementes que acompanha cada aquisição;<br />
P = Percentagem <strong>de</strong> pureza conforme expressa no Boletim <strong>de</strong> Análise<br />
<strong>de</strong> Sementes;<br />
N = Número <strong>de</strong> sementes, por quilo, conforme expresso no Boletim<br />
<strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Sementes;<br />
f = Factor <strong>de</strong> segurança.<br />
66<br />
6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER INSECTOS E DOENÇAS<br />
NOS VIVEIROS<br />
Quadro 12 - Alguns produtos naturais que o viveirista po<strong>de</strong> utilizar na protecção das plântulas<br />
Produto<br />
Pireto<br />
Gliricidia<br />
Tabaco<br />
Bouganvilia<br />
Espinafre<br />
Papaia<br />
Alho ou cebola<br />
Giz<br />
Urina animal<br />
Parte utilizada<br />
Flor<br />
Raízes, sementes e folhas<br />
Folhas frescas<br />
Folhas frescas<br />
Folhas secas<br />
Bolbos<br />
3-5 grs <strong>de</strong> giz<br />
Urina <strong>de</strong> vaca, <strong>de</strong> cabra<br />
ou carneiro<br />
Tratamento<br />
Em muitas situações, principalmente em pequenos viveiros comunitários,<br />
é importante que os agentes da extensão florestal sejam conhecedores<br />
<strong>de</strong> formas <strong>de</strong> combater agentes biológicos, insectos, fungos ou bactérias<br />
que po<strong>de</strong>m atacar o viveiro sem recurso a pesticidas ou fungicidas que<br />
frequentemente não estão disponíveis nos pequenos mercados locais.<br />
Misturar 100 grs <strong>de</strong> flores secas num lt <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>ixar embeber durante um dia.<br />
Utilizar como insecticida.<br />
Insecticida contra afí<strong>de</strong>os; também é tóxico para os ratos e outros animais.<br />
Misturar 80 grs <strong>de</strong> folhas e caules secos num lt <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>ixar embeber durante<br />
2 horas. Deve aplicar-se a solução logo <strong>de</strong> manhã porque ela é muito volátil.<br />
Misturar 200 grs <strong>de</strong> folhas frescas num lt <strong>de</strong> água. Misturar pelo menos durante<br />
5 minutos num mixer. Utilizar para combater várias doenças <strong>de</strong> natureza fungica.<br />
Misturar 200 grs <strong>de</strong> folhas frescas num lt <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>ixar repousar durante 1 dia.<br />
Cortar finamente 1 kg <strong>de</strong> folhas secas e misturar num lt <strong>de</strong> água; <strong>de</strong>ixar repousar durante<br />
a noite. Diluir em 4 lts <strong>de</strong> água e utilizar para eliminar do viveiro os cogumelos.<br />
Misturar 500 grs do material finamente picado em 10 lts <strong>de</strong> água. Deixar fermentar<br />
durante uma semana. Diluir em 10 lts <strong>de</strong> água. Utilizar a mistura para pôr na terra para<br />
combater fungos no solo.<br />
Misturar com água e <strong>de</strong>ixar embeber durante 12 horas para giz refinado ou 3-4 dias<br />
se se utiliza giz natural. Mexer frequentemente e aplicar directamente como insecticida.<br />
Recolher a urina e misturar com uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terra. Deixar fermentar<br />
durante 2 semanas. Diluir com 2-4 lts <strong>de</strong> água por lt <strong>de</strong> urina; Usar como insecticida.
Em resumo:<br />
As plantas criadas em viveiro, por um período variável segundo<br />
as espécies e data <strong>de</strong> sementeira, o modo cultural e as condições<br />
<strong>de</strong> manutenção, são <strong>de</strong>stinadas a <strong>de</strong>ixar o viveiro e a ser transportadas<br />
para o terreno <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> plantação.<br />
O viveiro <strong>de</strong>ve ser concebido e <strong>de</strong>senhado em função do plano<br />
<strong>de</strong> distribuição e <strong>de</strong> arborização <strong>de</strong>lineado.<br />
O viveiro é o local <strong>de</strong> passagem temporária das plantas e <strong>de</strong> escolha<br />
e preparação das plantas para plantação.<br />
Um bom viveirista só estará perfeitamente satisfeito quando se verificar<br />
que a sua produção <strong>de</strong> plantas é <strong>de</strong>finitivamente transplantada<br />
nas melhores condições para local <strong>de</strong>finitivo e que a informação posterior<br />
mostre plantações saudáveis e com boas taxas <strong>de</strong> crescimento.<br />
7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO<br />
(os números indicados dizem respeito a um pequeno viveiro para<br />
um produção anual entre as 360.000 e as 380.000 plantas/ano)<br />
A. Instrumentos <strong>de</strong> preparação do local e dos canteiros<br />
pá <strong>de</strong> bordo recto - 3<br />
pá ponteaguda - 3<br />
pá florestal - 3<br />
enxada - 3<br />
ancinho - 5<br />
forquilha - 3<br />
enchadas <strong>de</strong> jardinagem - 3<br />
colher para viveiro (razor back) - 6<br />
colher para transplantação - 6<br />
catana - 3<br />
B. Material local para construção da tapada, canteiros e coberturas<br />
machado florestal (Pulaski) - 2<br />
machado florestal (tipo Collins) - 2<br />
pau, tábua, pedras<br />
folhas <strong>de</strong> palmeira<br />
folhas <strong>de</strong> palmeira, bambú<br />
corda<br />
C. Preparação da terra <strong>de</strong> cultura<br />
terra <strong>de</strong> mata, areia, estrume<br />
ciranda (peneira) para terra<br />
peneira para alfobre<br />
D. Enchimento dos vasos<br />
vasos e sacos <strong>de</strong> plástico, torrão, vasos <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> bananeira<br />
latas/funis furadas nos 2 lados<br />
E. Material <strong>de</strong> rega<br />
bal<strong>de</strong> - 3<br />
regador - 3 (com chuveiro fino)<br />
F. Material <strong>de</strong> sementeira<br />
sementes <strong>de</strong> árvores (a calcular conforme for o número<br />
<strong>de</strong> sementes/kg para cada espécie a utilizar pelo viveiro)<br />
G. Material <strong>de</strong> manutenção<br />
sacho (gar<strong>de</strong>ning hoe) - 6<br />
tesoura <strong>de</strong> poda (Fleco) - 6<br />
tesoura para poda <strong>de</strong> raízes - 6<br />
67
Atenção!<br />
Não <strong>de</strong>ixar as ferramentas à chuva ou ao sol porque elas se estragam muito rapidamente.<br />
68
8. INSTALAÇÕES DO VIVEIRO<br />
Layout Geral<br />
Na implantação <strong>de</strong> um viveiro <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração e <strong>de</strong> produção, todas<br />
as estruturas e facilida<strong>de</strong>s necessárias são preparadas para assegurar<br />
um fluxo constante <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s. A estrutura do viveiro, embora<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da dimensão e tipo <strong>de</strong> viveiro que se preten<strong>de</strong> bem como<br />
do esquema <strong>de</strong> operação e tempo <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> previsível, <strong>de</strong>verá conter<br />
os elementos constantes do esquema que se apresenta:<br />
lavagem <strong>de</strong> pés<br />
armazém<br />
e<br />
escritório<br />
área <strong>de</strong><br />
preparação<br />
<strong>de</strong> substrato<br />
área <strong>de</strong> propagação<br />
área <strong>de</strong> propagação<br />
área <strong>de</strong> atempamento<br />
área dos alfobres<br />
e ensombramento<br />
Fig. 45 - Esquema do alpendre aberto para enchimento <strong>de</strong> sacos e preparação<br />
dos substratos<br />
69
70<br />
REFERÊNCIAS<br />
BIBLIOGRÁFICAS