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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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180<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

— Ela nunca teve, portanto, um princípio, e foi sempre<br />

imprincipiada.<br />

— De acordo.<br />

— Não pendeu de nenhum outro ser e, enquanto tal, matéria,<br />

é independenle.<br />

— Sim.<br />

— Nesse caso, ela não recebeu nenhuma limitação no início.<br />

Ela é sem limites, sem fins determinados; ou, seja, é,<br />

desse modo infinita, considerando-se que é infinito o ser que<br />

não recebe de nenhum outro qualquer limitação para ser, e que<br />

é em si êle mesmo.<br />

— Está certo.<br />

— O ser da matéria sendo, em si mesmo, matéria, é ela<br />

apenas ela mesma, matéria?<br />

— E'.<br />

— Nesse caso, ela existe plenamente como tal, matéria?<br />

— Sim.<br />

— E, ademais, seu ser e seu existir são os mesmos, pois<br />

ela é identicamente ela mesma, não é?<br />

— Sem dúvida.<br />

— Para usarmos a linguagem clássica: na matéria, então,<br />

essência e existência se identificariam?<br />

— Certo.<br />

— Consequentemente, diz-se que tudo quanto existe, sendo<br />

isto ou aquilo, eu, você, essas árvores, não são, porém, identicamente<br />

como ela, pois se cada ser é matéria, nenhum é como<br />

a matéria primeira, fonte de todas as coisas.<br />

— Não compreendi bem. Gostaria que me explicasse, pediu<br />

Paulsen.<br />

— A matéria, que é o início e fonte de todas as coisas,<br />

é, como ser e como existir, ou, seja, como essência e como<br />

existência, apenas matéria e nada mais que matéria. Você<br />

concordou, não foi?<br />

— Foi.<br />

<strong>FILOSOFIAS</strong> <strong>DA</strong> <strong>AFIRMAÇÃO</strong> E <strong>DA</strong> N KGM/AO IKI<br />

— Pois bem, só a matéria, enquanto matéria, é puramente<br />

matéria. Esta árvore é matéria, mas não é puramente matéria,<br />

porque este banco é matéria e não é esta árvore. Há de<br />

haver nesse banco alguma coisa que não é idêntico àquela árvore,<br />

embora, enquanto matéria, este banco e aquela árvore<br />

sejam idênticos. Concorda?<br />

—- Concordo. Mas o que os separa pertence à matéria e<br />

é matéria.<br />

— Para a tese materialista sem dúvida que é assim. Mas<br />

o que a tese materialista não pode negar é que há, em uma<br />

coisa e outra coisa, algo que uma tem e que a outra não tem.<br />

Está certo?<br />

— Dá licença, interrompeu-os Ricardo. Desculpem-me<br />

intervir. Mas, creio que poderia trazer uma contribuição que<br />

não afasta o assunto do ponto principal, e não o desvia de modo<br />

algum das intenções desejadas. Poderia dizer-se que esta árvore<br />

e este banco têm uma constituição atómica diferente um<br />

do outro, sendo ainda os átomos partículas de matéria, que se<br />

combinam de modo diferente.<br />

— Aceito a contribuição, respondeu Pitágoras. Nesse<br />

caso, poderíamos dizer que o banco tem uma forma diferente<br />

da árvore, que tem outra. Podemos chamar de forma a ordem<br />

de constituição intrínseca de um, que é diferente da ordem de<br />

constituição do outro. Aceitam?<br />

— Por minha parte, aceito, respondeu Ricardo. E creio<br />

que Paulsen também.<br />

Paulsen fêz, com a cabeça, um gesto de assentimento.<br />

— Pois então, prosseguiu Pitágoras, o que os diferencia<br />

formalmente é o fato de serem constituídos de combinações intrínsecas<br />

de átomos diferentes, de estrueturas atómicas diferentes,<br />

sem ambos deixarem de ser matéria. Mas que são essas<br />

combinações intrínsecas? Uma maneira outra de se combinarem<br />

os átomos sob números diferentes. Não é isso?<br />

— Isso mesmo.

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