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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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178 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

— E esse primeiro efectivo, sendo único, o primeiro, independente,<br />

não limitado por nenhum outro, é infinito.<br />

— Como ?! — Vítor dava a impressão que daria um salto.<br />

Todos estavam agora ansiosos.<br />

— Sim. Que se entende por infinito? Concorda que não<br />

é o quantitativo?<br />

— Não; isso não.<br />

— Portanto, o infinito é o que não é dependente, o que<br />

é primeiro, anterior a todos, o efectivo que efectua todos os<br />

outros que são possíveis nele e por êle. E' isso que se entende<br />

por infinito, quando se pensa com regularidade e com boa base<br />

filosófica.<br />

Vítor estava calado. Tentara balbuciar alguma coisa, mas<br />

as palavras não lhe vinham.<br />

E Pitágoras prosseguiu:<br />

— Esse primeiro efectivo era e é infinito, e é fonte e origem<br />

de todos os outros. E também o mais perfeito...<br />

— Isso não, apressou-se Vítor a responder.<br />

— Sim, Vítor, o mais perfeito de todos. Pois não pertencem<br />

a êle todas as perfeições possíveis? E sem êle poderiam<br />

essas perfeições tornar-se efectivas, já que você reconheceu<br />

que elas não o poderiam por si mesmas? Portanto, todas<br />

as perfeições lhe pertencem. E as perfeições que se efectivam<br />

depois são perfeições limitadas, dependentes dele. Só êle é<br />

uma perfeição ilimitada e independente, só êle é uma perfeição<br />

infinita. Portanto, Vítor, seguindo as linhas do seu raciocínio,<br />

conclui-se, finalmente, que o momento máximo de ser não é<br />

o último, como disse Renan, e você julgara certo, mas o primeiro,<br />

esse primeiro, que é a origem de todas as coisas, que<br />

é a suprema perfeição independente, o ser perfeito infinitamente.<br />

UM DIÁLOGO SOBRE A MATÉRIA<br />

Foi nesse momento, após as palavras que Pitágoras havia<br />

usado para refutar a tese de Vítor, que Paulsen, dirigindo-se<br />

àquele, disse:<br />

— Parece-me, porém, que a discussão poderia tomar outro<br />

rumo. Não sou forte em filosofia, mas gosto de aprender, sem,<br />

ironicamente, querer imitar as famosas ironias socráticas. Mas,<br />

como pairou em mim certa dúvida, e também em alguns dos<br />

presentes, gostaria de colocar o problema de outro modo.<br />

— Pode fazê-lo, interrompeu Pitágor'as. Quem sabe, talvez<br />

traga novos argumentos a favor de Vítor, ou venha a provocar<br />

o esclarecimento de aspectos que tenham passado despercebidos<br />

a todos nós.<br />

— E' possível, propôs Paulsen.<br />

— Eu pergunto se não nos seria possível partir da seguinte<br />

tese: todo o ser que há, vem da matéria. Esta é quantitativamente<br />

finita, e capaz de surgir revestindo todas as formas<br />

possíveis. E' uma tese materialista, mas gostaria que me mostrasse<br />

que é falsa.<br />

Pitágoras fitou-o seriamente, e iniciou assim:<br />

— A matéria teria tido um princípio em outro ser?<br />

— Não.<br />

— E respondeu bem. Porque se ela tivesse tido princípio<br />

em outro ser, então esse outro não seria a matéria, e a tese<br />

materialista cairia imediatamente. Concorda.<br />

— Concordo, respondeu Paulsen.<br />

Pitágoras, então, calmamente, prosseguiu:

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