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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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176 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

mente no tempo cósmico, existiam fora do tempo, num estado<br />

potencial, ou seja, num estado potencial em relação ao do tempo,<br />

quer dizer, elas eram, já, mas não eram como o são agora,<br />

e como o serão depois.. .<br />

O esforço fora grande. Vítor suava.<br />

Pitágoras mantinha-se calmo, sereno, olhar frio, « com segurança<br />

disse estas palavras:<br />

— Compreendo bem o que deseja dizer. Neste caso, há<br />

duas maneiras de se manifestar a realidade das coisas. A maneira<br />

de ser antes do tempo, a que comumente se chama potencial,<br />

e a que se desdobra no tempo, para usar as suas palavras.<br />

Portanto, terá de admitir que esse primeiro momento continha<br />

todas as perfeições possíveis, que só depois se desdobraram<br />

efectivamente no tempo e se desdobrarão. Está certo?<br />

— Está.<br />

— Não pode deixar de reconhecer que esse primeiro momento,<br />

em sua realidade potencial, correspondia inversamente<br />

ao máximo momento, o momento final, em sua realidade efectiva?<br />

Não é isso?<br />

— E'. (Vítor concordava, mas via-se que estava preocupado.<br />

Temia alguma coisa).<br />

— O primeiro momento tinha, portanto, tudo quanto tem<br />

o último momento, mas de um modo diferente.<br />

— E' isso.<br />

— E como sobrevieram, então, as actualizações posteriores?<br />

Quem as fêz?<br />

— Bem... Essas perfeições, ainda potenciais, têm a capacidade<br />

de se tornar efectivas. . .<br />

— Por si?<br />

— Por si e por outras.<br />

— Que outras?<br />

— As que já estão em pleno exercício.<br />

<strong>FILOSOFIAS</strong> <strong>DA</strong> <strong>AFIRMAÇÃO</strong> E <strong>DA</strong> <strong>NEGAÇÃO</strong> 177<br />

— Então estas foram actualizadas por si mesmas, porque<br />

não havia outras antes, senão o primeiro momento involulivu.<br />

A não ser que você admita que o primeiro momento involutivo<br />

é que tem o poder de tornar efectivas as perfeições que. estavam<br />

ainda potencialmente nele. E' esse o seu pensamento?<br />

— Deixe-me meditar um pouco. — Pediu Vítor.<br />

— Deixo, acrescentou Pitágoras — mas posso ajudá-lo.<br />

Se não foi o primeiro momento, terá que aceitar que essas perfeições<br />

têm em si o poder de se tornarem efectivas. Neste caso,<br />

já há nelas, antes, alguma coisa efectiva, que torne efectivo<br />

o que podem vir a ser. Não concorda?<br />

Vítor concordou, mas meio constrangido.<br />

— Sim, e nesse caso haveria já algo efectivo anterior. E'<br />

preferível, então, considerar que esse primeiro momento era<br />

efectivo, e capaz de efectuar tudo quanto é possível.<br />

— E' melhor, sim. A voz de Vítor era, agora, fraca.<br />

— Nesse caso, esse primeiro efectivo não teve um outro<br />

antes dele, pois senão o outro seria o primeiro efectivo capaz<br />

de efectuar todos os possíveis, e seria então o primeiro. Há,<br />

assim, certamente um primeiro. Está certo?<br />

— Está certo.<br />

— Sim, seria desnecessário admitir outro. E esse primeiro<br />

não teve princípio, porque não veio do nada, pois o nada<br />

nada pode fazer . Concorda?<br />

— Concordo.<br />

— Então esse primeiro efectivo não tinha nenhum outro<br />

que o limitasse, porque não havia outro, pois o nada não poderia<br />

limitá-lo. Concorda?<br />

— Concordo.<br />

— Esse primeiro efectivo não dependia de nenhum outro,<br />

mas sim dele é que dependem as perfeições possíveis para se<br />

tornarem alguma coisa de efectivo. Não é isso?<br />

— E'.

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