19.04.2013 Views

FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

172 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

quela, ali, còsmicamente admite que há sempre uma marcha<br />

evolutiva, progressiva do todo. Não é isso que queria dizer?<br />

— Isso mesmo. Você compreendeu, sem dúvida, muito bem<br />

o meu pensamento.<br />

— Portanto, você não nega que o Universo, tomado aqui<br />

como o todo, evoluiu para maior perfeição.<br />

— E' o que o eu aceito como verdade. Só que não gosto<br />

muito desse termo perfeição. E' um pouco antiquado.<br />

Mas, Pitágoras, como quem procura concordar, disse:<br />

— Eu o emprego no sentido que você deseja que tenha.<br />

Digo que há perfeição onde há a actualidade de alguma coisa,<br />

onde alguma coisa há em acto; nesse sentido de que o acto é<br />

a perfeição da potência. O que há de superior e sucede ao<br />

anterior é um mais, que antes não havia, e, no instante posterior,<br />

torna-se realidade, e há então de modo efectivo. A esse<br />

modo efectivo de haver eu chamo perfeição. Concorda que emprego<br />

bem o termo no sentido que você deseja usar em nosso<br />

diálogo ?<br />

— Agora está claro. E' nesse sentido que o aceito. Pode<br />

continuar, respondeu Vítor, revelando ainda uma segurança<br />

extraordinária.<br />

— Pois bem. O mais perfeito tem mais actualidade que<br />

o menos perfeito; é sempre mais que o menos perfeito?<br />

— Sim.<br />

— Portanto, o universo hoje é mais do que foi.<br />

— Mais perfeito, é. — Apressou-se Vítor a acrescentar.<br />

— Pois é isso. Hoje o universo tem mais perfeições do<br />

que tinha.<br />

— E' isso mesmo.<br />

— As perfeições a mais, que tem hoje, não as tinha anteriormente.<br />

— De certo modo, não, apressou-se Vítor.<br />

<strong>FILOSOFIAS</strong> <strong>DA</strong> <strong>AFIRMAÇÃO</strong> E <strong>DA</strong> <strong>NEGAÇÃO</strong> r/:i<br />

— Que quer você dizer com esse de certo modo?, perguntou<br />

Pitágoras, fixando-lhe um longo olhar perscrutador. Todos<br />

agora volviam os olhos para Vítor.<br />

— De certo modo, quero dizer que essas perfeições ainda<br />

não tinham a realidade que têm hoje, o modo de realidade que<br />

têm hoje.<br />

— Compreendo — interrompeu-o Pitágoras — elas não<br />

poderiam ter vindo do nada. Receou você que acusasse a sua<br />

tese desse vício ?. ..<br />

Vítor sorriu, e, com superioridade e segurança, respondeu:<br />

— E' lógico. Não seria tão ingénuo para afirmar outra<br />

coisa.<br />

— Nesse caso, terá você de concordar que todas as perfeições,<br />

que sobrevierem posteriormente, já estavam contidas<br />

no Universo, mas em outra realidade que não esta.<br />

— E' isso.<br />

— Mas você tem de concordar, portanto, que, no estado<br />

máximo da evolução, deverão estar actualizadas, nesse modo<br />

de realidade efectiva, todas as perfeições possíveis para o Universo<br />

?<br />

— Isso mesmo.<br />

— Então essas perfeições, antes de estarem nesse modo<br />

efectivo, estavam no Universo num modo não efectivo...<br />

— ... num modo involutivo, apressou-se Vítor em dizer.<br />

E acrescentou, em seguida:<br />

— Antes, quando iniciou o Universo o primeiro estágio,<br />

era o Universo actual involuído, era o contrário do Universo<br />

no seu último estágio, que é para mim Deus.<br />

— Aceita então você que houve um princípio, sem dúvida,<br />

pois desde que admite que o universo alcançará um termo final<br />

de máxima perfeição, reconhece que esse termo será alcançado<br />

. ..<br />

— ... inevitavelmente.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!