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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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15(5 MAitm KKKUKIRA DOS SANTOS<br />

— O universal é um como unidade formal não numérica.<br />

Pode ser múltiplo numericamente, não um formalmente. Assim<br />

podem haver muitos triângulos, mas a razão do triângulo, a<br />

triangularidnde, é uma só.<br />

— Você disse que a cognição se realiza por assimilação<br />

do cognoscente ao conhecido. Como haver essa assimilação,<br />

se no intelecto está universalmente, e, na natureza das coisas,<br />

está singularmente? Como é isso, Pitágoras?, perguntou Reinaldo.<br />

— Mas a assimilação é intencional, não real. Parece-me<br />

que frisei bem este ponto.<br />

— E a ciência se funda em singularidades?, tornou P.icardo.<br />

— Sim, mas toma os singulares segundo unidades formais<br />

comuns a muitos seres.<br />

— Mas, se os universais existem fora da mente, eles são,<br />

então, singulares. Há aí contradição manifesta, alegou Josias.<br />

— No objecto singular, é singular. Mas não é por si singular.<br />

Neste triângulo, a triangularidadé dele é singular, mas<br />

triangularidade não é, por si, singular, como não o é o homem.<br />

— A semelhança, você aceita que é universal. Que expressam<br />

as palavras e os conceitos, senão semelhanças? São,<br />

portanto, universais, objectou Ricardo.<br />

— Uma coisa é a razão da semelhança, e outra a da universalidade.<br />

A semelhança dá-se entre dois ou mais, mas a<br />

universalidade diz respeito a muitos, é constitutivo essencial<br />

de coisas singulares.<br />

— Então, você defende a tese do realismo exagerado, isto<br />

é, que os universais têm uma existência fora de todas as coisas,<br />

em si mesmos, e são subsistentes?, perguntou Ricardo.<br />

— Gostaria, se fosse possível, de discutir os fundamentos<br />

do chamado realismo exagerado ou também platónico, como é<br />

conhecido, mas isso me é impossível agora, pois teríamos de<br />

discutir o platonismo em seus fundamentos. Porém, como o<br />

<strong>FILOSOFIAS</strong> <strong>DA</strong> <strong>AFIRMAÇÃO</strong> B <strong>DA</strong> <strong>NEGAÇÃO</strong> ir» 7<br />

platonismo, nesse ponto, é controverso, não creio que me exijam<br />

que eu discorra sobre tema que ultrapassa o campo de um<br />

mero diálogo. Prefiro, se me permitem, defender a tese do<br />

realismo moderado, que aceito em suas linhas gerais.<br />

— Faça-o, então, concordou Ricardo com o apoio de quase<br />

todos.<br />

— Para essa posição, o universal está concretamente no<br />

indivíduo fundamentalmente, e formalmente na mente. Ou<br />

seja, há, neste triângulo, o que lhe dá a razão de ser triângulo,<br />

como em Artur o de ser homem. Fundamentalmente, o universal<br />

se dá no indivíduo. E, na mente, se dá formalmente, intencionalmente.<br />

Decorre da justificação dessa doutrina a impossibilidade<br />

da concepção nominalista e da conceptualista.<br />

— Pitágoras, você prometeu analisar a deducção e a inducção.<br />

Não seria melhor tratar desses pontos? Creio que<br />

depois nos seria mais fácil discutir sob aspectos gerais as suas<br />

ideias, e propor as objecções, cada um, que julgar conveniente.<br />

Essa proposta de Artur foi aceita por todos. Pitágoras concordou<br />

em examinar o que pediam, mas antes de tratar do tema,<br />

assim se expressou:<br />

— Reconheço que há assuntos que exigem maior exame,<br />

embora em suas linhas gerais tenham sido tratados, como é<br />

este que se refere aos conceitos universais. Mas uma coisa se<br />

encadeia a outra, e o ponto a que cheguei foi uma decorrência<br />

rigorosa do que já havia exposto. Há muitos aspectos aqui<br />

que têm provocado grandes controvérsias, e que ainda provocarão,<br />

mas creio que examinei dentro dos pontos principais o<br />

que era conveniente examinar.<br />

Ninguém discordou do que êle disse, mas só Artur aceitou<br />

inteiramente as suas palavras.

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