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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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154<br />

MÁRIO KKKKKIKA DOS SANTOS<br />

sas ou apenas em IIOHHH mente, ou são ainda apenas imitados<br />

pelas coisas, mas existentes fora das coisas, ou seja, subsistentes?<br />

Dessas perguntas, e de suas respostas, surgiram então<br />

diversas posições filosóficas, das quais as principais são as<br />

seguintes: a nominalista (dos defensores do nominalismo) os<br />

quais afirmam que o termo verbal, a palavra, é um universal<br />

apenas significativo, que aponta apenas universalmente os indivíduos;<br />

os conceptualistas (do conceptualismo) dizem que<br />

tais termos universais são puramente subjectivos. O universal<br />

está em nossa mente. Os realistas exagerados afirmam que tais<br />

universais correspondem, na mente, ao conceito objectivo formalmente<br />

universal, e, na coisa, é formalmente universal, e<br />

ainda separada, subsistente fora da coisa. E, finalmente, o<br />

realismo moderado diz que, na mente, é como dizem os realistas<br />

exagerados, mas que, na coisa, são realidades apenas fundamentalmente<br />

universais, mas a forma da universalidade está<br />

apenas na mente. Há ainda outras posições, mas todas, afinal,<br />

reduzem-se às que acabamos de citar.<br />

— Não preciso dizer, Pitágoras, que a posição que defendo<br />

é a nominalista — afirmou Josias.<br />

— Sei disso, Josias. Você teria ao seu lado Heraclito, os<br />

sofistas, Epicuro, os estóicos, Roscelino e, modernamente, Ribot,<br />

Hume, Stuart Mill, Taine e tantos outros.<br />

Entre os conceptualistas, que afirmam que é apenas um<br />

conceito, e que sua universalidade está apenas em nós, ou em<br />

palavras mais actuais é um esquema mental apenas, temos<br />

muitos e, entre eles, Ockham, Gabriel Biel, Buridan, Kant,<br />

Bergson, William James, Dewey e tantos outros. E' verdade<br />

que às vezes, entre os modernos, é difícil precisar quem é nominalista,<br />

e quem não o é, porque há limites pouco claros para<br />

defini-los.<br />

Bom, segundo o que já expusemos, os nomes universais<br />

correspondem a representações intencionais, que são os conceitos,<br />

os esquemas eidético-noéticos. Para os nominalistas e para<br />

os conceptualistas, são meramente subjetivos. Contra eles,<br />

caberia provar que não é assim, e que representam alguma<br />

coisa que está fora do sujeito que cogita, fora da actividade<br />

cogitante.<br />

<strong>FILOSOFIAS</strong> <strong>DA</strong> <strong>AFIRMAÇÃO</strong> E <strong>DA</strong> <strong>NEGAÇÃO</strong> ir>r><br />

— Isso é o que eu desejaria ver você provar, insistiu Josias.<br />

— O' principal, vejo, dispensando outros aspectos, consiste<br />

apenas em provar que têm um valor objectivo.<br />

— E' isso, já disse, que gostaria que você provasse, repetiu<br />

Josias.<br />

— Tomemos o conceito Homem. E' apenas um conceito<br />

subjectivo? E' uma singularidade real do indivíduo, ali vai<br />

o Homem? E' apenas uma coleção dos indivíduos? Quando<br />

digo que Artur é Homem, que Josias é Homem, que Ricardo<br />

é Homem, digo alguma coisa que é realmente de vários indivíduos.<br />

Não digo que Artur é a palavra homem, nem Josias,<br />

nem Ricardo. Não é um conceito subjectivo, porque Artur não<br />

é a minha ideia subjectiva do homem. Não é singularidade individual,<br />

porque posso predicar de muitos. Não é uma coleção,<br />

porque uma coleção não posso predicar de um só, porque se<br />

dissesse "Artur é o homem" seria falso, porque Josias também<br />

é homem e não o homem. Nem o nominalismo nem o conceptualismo<br />

resolvem esse ponto, e refutam-se desde já deste modo.<br />

— Mas, Pitágoras, se os indivíduos são diversos, como se<br />

pode dar uma natureza comum a todos eles?, perguntou Josias.<br />

— Os indivíduos humanos são fisicamente diversos, mas<br />

ontologicamente não o são. Há uma mesma natureza, algo em<br />

comum que todos têm, o de serem homens.<br />

— Mas o homem, como tal, não existe. Existem talvez<br />

Artur, talvez eu, aos quais chamamos homem. E' apenas uma<br />

palavra.<br />

— Poderia não existir como concebemos, mas existe no<br />

que concebemos em você, em Artur.<br />

— Homem é apenas uma ficção da nossa razão, acrescentou<br />

Josias.<br />

— Mas que tem um fundamento em você, em Artur.<br />

— Então, você caiu em contradição, porque o universal é<br />

um, e agora é múltiplo, porque está em mim e em Artur, em<br />

Reinaldo, alegou Josias.

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