FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
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ALGUNS PEQUENOS DIÁLOGOS<br />
Nas muitas ocasiões em que tomei parte nas conversações<br />
filosóficas, que mantinha Pitágoras com os amigos, tive oportunidade<br />
de surpreender rápidos diálogos, que não constituem<br />
temas desenvolvidos, mas breves análises, sugestões, troca de<br />
ideias, que mereceram a minha atenção e eu as guardei de memória<br />
para escrevê-las posteriormente, deixando assim um registro<br />
que, creio, há de ser útil aos que desejam abordar os temas<br />
filosóficos. Vou dar aqui essas rápidas passagens, às quais<br />
manterei a máxima' fidelidade, graças à boa memória de que<br />
disponho, que muito poucas vezes me tem traído.<br />
Certa ocasião, durante uma conversação, Ricardo, voltando-se<br />
para Pitágoras, fêz a seguinte pergunta:<br />
—- Na verdade, os eleatas afirmavam apenas a existência<br />
do Ser. O não-ser era totalmente negado. Contudo, em<br />
Platão, parece que o não-ser retorna à ordem do dia. Se a posição<br />
eleática fosse verdadeira, como se poderia explicar a heterogeneidade<br />
?<br />
— Na verdade, o que Parmênides queria negar era o nada<br />
absoluto total ou parcial. O nada absoluto total negaria todas<br />
as coisas, e tudo seria nada, o que é absurdo, porque alguma<br />
coisa há, pois, do contrário, nem se poderia pensar na possibilidade<br />
do nada absoluto. Também negava Parmênides que<br />
o ser fosse limitado por uma fronteira, de onde, indo além,<br />
estivesse o nada absoluto, que seria parcial. Ou, seja: ao lado<br />
do ser, que é intensa e absolutamente ser, haveria o que não<br />
é nada, absolutamente nada. Neste caso, o ser seria como uma<br />
esfera que volvesse sobre si mesma, cercada de nada. Tal tese<br />
também não é parmenídica. Há, ainda, o não-ser relativo; ou<br />
seja, a não presença de um modo de ser. Este não-ser relativo