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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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64<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

— Mas tudo quanto conhecemos está sujeito às nossas condições<br />

psicológicas, são relativas a elas, alegou Vítor.<br />

— Sim, respondeu Pitágoras, mas apenas ao que é relativo<br />

às nossas condições psicológicas. Com estas coisas que<br />

são relativas, concordo, com as outras, não. O que é conhecido<br />

é relativo, como o é essa árvore; mas, o pelo qual é conhecida<br />

essa árvore, a forma que temos, como esquema noético, mental,<br />

dessa árvore, não. Esse objecto é verdadeiramente árvore, porque<br />

é existencialmente o que o conceito árvore quer dizer. Você<br />

é verdadeiramente homem, porque tem a forma humana, embora<br />

eu só o conheça relativamente.<br />

Ninguém mais respondeu nem perguntou nada. Pitágoras<br />

então, dirigindo-se a todos, continuou:<br />

E digo mais. Também o idealismo, tomado em seu<br />

sentido genérico, é refutável quanto ao que se refere ao conhecimento.<br />

Se não estiverem cansados, prosseguirei provando<br />

essa minha afirmação. Querem que o faça?<br />

DIÁLOGO SOBRE O IDEALISMO<br />

O assentimento foi geral. E Pitágoras, então, prosseguiu:<br />

— Qual é a afirmação fundamental dos idealistas? E'<br />

que simplesmente o objecto, que é conhecido, é totalmente imanente<br />

ao sujeito cognoscente. Mas é preciso distinguir o idealismo<br />

moderno do antigo idealismo, como o platónico. Para<br />

este, há uma distinção entre a mente humana e a realidade da<br />

experiência. Mas o idealismo moderno nega essa distinção;<br />

para êle não há essa distinção. Há um idealismo moderno<br />

acósmico, que chega a negar até a existência real do mundo<br />

corpóreo. Há outro, o chamado empírico, que admite apenas<br />

a existência do eu individual da existência. O idealismo fenomenístico<br />

afirma que nos é impossível transcender nossas subjectivas<br />

modificações, ou, seja, os fenómenos, e há um idealismo<br />

integral, mais conhecido por solipsismo, que nega toda a coisa<br />

em si, e que coincide com o idealismo empírico, afirmando apenas<br />

a existência do eu individual da experiência, que, para os<br />

solipsistas, é apenas o eu do solipsista em sua individualidade<br />

única. Mas o idealismo transcendental admite um eu comum<br />

e estável.<br />

— Seria preferível que você mostrasse, Pitágoras, que o<br />

idealismo em género é falso, propôs Ricardo. E acrescentou:<br />

De minha parte não morro de amores por idealismo de nenhuma<br />

espécie, e gostaria de conhecer suas razões em desfavor<br />

dessa posição.<br />

— E' o que pretendo fazer — respondeu Pitágoras. Mas<br />

será impossível não fazer referências a um e a outro, porque,<br />

se posso refutá-los genericamente, gostaria também de refutálos<br />

especificamente.

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