FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
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MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
— Mas tudo quanto conhecemos está sujeito às nossas condições<br />
psicológicas, são relativas a elas, alegou Vítor.<br />
— Sim, respondeu Pitágoras, mas apenas ao que é relativo<br />
às nossas condições psicológicas. Com estas coisas que<br />
são relativas, concordo, com as outras, não. O que é conhecido<br />
é relativo, como o é essa árvore; mas, o pelo qual é conhecida<br />
essa árvore, a forma que temos, como esquema noético, mental,<br />
dessa árvore, não. Esse objecto é verdadeiramente árvore, porque<br />
é existencialmente o que o conceito árvore quer dizer. Você<br />
é verdadeiramente homem, porque tem a forma humana, embora<br />
eu só o conheça relativamente.<br />
Ninguém mais respondeu nem perguntou nada. Pitágoras<br />
então, dirigindo-se a todos, continuou:<br />
E digo mais. Também o idealismo, tomado em seu<br />
sentido genérico, é refutável quanto ao que se refere ao conhecimento.<br />
Se não estiverem cansados, prosseguirei provando<br />
essa minha afirmação. Querem que o faça?<br />
DIÁLOGO SOBRE O IDEALISMO<br />
O assentimento foi geral. E Pitágoras, então, prosseguiu:<br />
— Qual é a afirmação fundamental dos idealistas? E'<br />
que simplesmente o objecto, que é conhecido, é totalmente imanente<br />
ao sujeito cognoscente. Mas é preciso distinguir o idealismo<br />
moderno do antigo idealismo, como o platónico. Para<br />
este, há uma distinção entre a mente humana e a realidade da<br />
experiência. Mas o idealismo moderno nega essa distinção;<br />
para êle não há essa distinção. Há um idealismo moderno<br />
acósmico, que chega a negar até a existência real do mundo<br />
corpóreo. Há outro, o chamado empírico, que admite apenas<br />
a existência do eu individual da existência. O idealismo fenomenístico<br />
afirma que nos é impossível transcender nossas subjectivas<br />
modificações, ou, seja, os fenómenos, e há um idealismo<br />
integral, mais conhecido por solipsismo, que nega toda a coisa<br />
em si, e que coincide com o idealismo empírico, afirmando apenas<br />
a existência do eu individual da experiência, que, para os<br />
solipsistas, é apenas o eu do solipsista em sua individualidade<br />
única. Mas o idealismo transcendental admite um eu comum<br />
e estável.<br />
— Seria preferível que você mostrasse, Pitágoras, que o<br />
idealismo em género é falso, propôs Ricardo. E acrescentou:<br />
De minha parte não morro de amores por idealismo de nenhuma<br />
espécie, e gostaria de conhecer suas razões em desfavor<br />
dessa posição.<br />
— E' o que pretendo fazer — respondeu Pitágoras. Mas<br />
será impossível não fazer referências a um e a outro, porque,<br />
se posso refutá-los genericamente, gostaria também de refutálos<br />
especificamente.