FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
DIÁLOGO SOBRE O RELATIVISMO<br />
Pitágoras, voltando-se para os amigos, recomeçou com estas<br />
palavras:<br />
— Disse que o relativismo universal é contraditório e que<br />
pode ser refutado como se refuta o cepticismo universal. O<br />
cepticismo universal leva ao nada, como o relativismo universal<br />
também. Mas o relativismo, quando apenas se cinge ao conhecimento<br />
humano, assemeíha-se ao cepticismo moderado, puramente<br />
gnoseológico. E' o que me cabe demonstrar. O cepticismo<br />
nega o princípio de contradicção. Ora, esse princípio<br />
decorre de o de identidade. Pois se uma coisa é o que ela é,<br />
sob o mesmo aspecto não se poderia predicar a presença de<br />
um atributo e ao mesmo tempo a sua ausência e haveria contradicção<br />
quando se afirmassem a presença e a ausência simultâneas<br />
sob o mesmo aspecto, de tal atributo. E' esse o<br />
verdadeiro sentido do princípio de contradicção. E notem que<br />
o relativismo universal fenomenístico nega que possamos conhecer<br />
a realidade, enquanto é em si mesma, mas apenas a<br />
conhecemos como a realidade aparece para nós. Ora, não há<br />
meio termo entre a verdade e a falsidade, porque uma coisa,<br />
se fosse verdadeira e simultaneamente falsa, ofenderia o princípio<br />
de contradicção. Nesse caso, o relativismo universal fenomenístico<br />
não pode admitir uma cognição certa, porque, se<br />
tal admitisse, deixaria de ser universal. Portanto, tem de admitir<br />
que toda cognição é ilusória. Uma teoria que defende<br />
essa tese torna-se céptica consequentemente, porque o cepticismo<br />
universal afirma que todos os conhecimentos são ilusórios.<br />
— Mas se não é possível alcançar a verdade, é possível<br />
alcançar certa verossimilhança, alegou Ricardo. Não posso saber<br />
como absolutamente verdade que estejamos aqui, mas é<br />
suficientemente verossimilhante que estamos aqui.