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FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi

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32<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

como matéria, ou energia, e a que prefiro dar, por ora, o nome<br />

comum de ser. Não vemos nesse mundo ficcional divórcios<br />

absolutos. Concorda?<br />

— Concordo.<br />

— No entanto, no mundo exterior real poder-se-ia dar o<br />

mesmo, ou não. Ou seja: que tudo quanto é realmente, também<br />

tem algo em comum. Nesse caso, o mundo exterior real<br />

teria um ser fundamental, certamente real em si mesmo.<br />

— Está certo.<br />

— O dualismo, portanto, estaria apenas entre o mundo<br />

ficcional do homem e o mundo real, pelo menos.<br />

— Pelo menos esse é possível.<br />

— Sim, porque se não há esse dualismo absoluto, então<br />

o nosso mundo ficcional não seria absolutamente ficcional. Nele<br />

haveria alguma coisa que corresponderia fielmente ao outro,<br />

não é?<br />

— E\<br />

— Nesse caso, nós nos encontramos já numa situação bem<br />

clara, sem dúvida. Resta-nos saber agora se há realmente esse<br />

dualismo, ou não.<br />

DIÁLOGO SOBRE O FUN<strong>DA</strong>MENTO<br />

DE TO<strong>DA</strong>S AS COISAS<br />

Josias e Pitágoras haviam silenciado, como se procurassem<br />

tomar fôlego para prosseguir. Um esperava que o outro<br />

usasse em primeiro lugar a palavra. Foi Ricardo quem iniciou:<br />

— Perdoem-me que entre no diálogo. Na verdade, sou<br />

apenas um ouvinte. Mas, como tenho a certeza de que a minha<br />

opinião é semelhante à de todos os que nos cercam, creio que<br />

o tema ficou bem colocado, e o diálogo agora poderia manter-se<br />

em base mais segura. Compreendi, assim, o estado da questão:<br />

há uma realidade ficcional do homem, e outra realidade fora<br />

do homem. Ou são essas duas realidades absolutamente estanques,<br />

ou não. Resta saber, pois, se entre elas há uma comunicação,<br />

um ponto comum de identificação, ou se são duas paralelas,<br />

isto é, se são linhas que jamais se encontram.<br />

— Isso mesmo, acquiesceu Pitágoras, com o assentimento<br />

de Josias. E' nesse caminho que devem prosseguir agora as<br />

nossas buscas. Vou, portanto, tomar outra vez a palavra, seguindo<br />

essa ordem, e Josias me responderá.<br />

— Prossigamos — aprovou Josias.<br />

— Esse mundo ficcional do homem não pode ser um puro<br />

nada. E' uma ficção, está certo, mas é alguma coisa e não<br />

absolutamente nada, não é?<br />

— E'. Mas é uma ficção.<br />

— Sim, mas uma ficção é ficção de alguma coisa, é produzida<br />

por alguma coisa e não pelo nada.<br />

— E' produzida por nós.

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