FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
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252 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
— As inevitabilidades históricas não são absolutas. Há<br />
uma necessidade hipotética, apenas. O homem dispõe de suficientes<br />
recursos para mudar a história. Se não muda, não é<br />
porque não possa, mas porque não quer.<br />
— Ou porque não sabe?, perguntou Ricardo.<br />
— Você tem razão, aceitou Pitágoras, porque não sabe.<br />
No fundo, há um desejo honesto nas multidões. Elas fazem<br />
o próprio mal, julgando que praticam o bem. Elas apoiam<br />
os criminosos, julgando que apoiam santos. Para a multidão<br />
de Jerusalém, Barrabás valia mais que Cristo, como para os<br />
que condenaram Sócrates, este era um criminoso. E' uma reversão<br />
total.<br />
— Horrível. E o mais horrível é sentir-se, de minha parte,<br />
sem forças para impedir que se repita essa mesma injustiça,<br />
disse, melancolicamente, Artur.<br />
— Não ha dúvida. Havia magoa nas palavras de Pitágoras.<br />
Mas, cabe-nos cumprir o nosso dever e lutar. A história<br />
também oferece imprevistos. E quem sabe se um deles<br />
não nos espera no caminho?<br />
A pausa que houve, então, era apenas um silêncio de palavras.<br />
Mas, na mente de todos nós, uma multidão de ideias<br />
se agitavam. Parecia que cada um temia perturbar o que tu^<br />
multuava dentro de si. O olhar de todos três estava perdido,<br />
vendo o que os olhos não vêem.<br />
Foi depois de certo tempo que Ricardo falou:<br />
— Então, Vítor, Josias, Paulsen e até eu, somos uma espécie<br />
de sofistas modernos.<br />
— Eles sim, você não, Ricardo, disse, com simpatia, Pitágoras.<br />
Sempre tive fé em você desde o primeiro dia que o<br />
conheci. Sua alma é pura, e você não será arrastado pela<br />
maré. Também não há maré que destrua tudo. Ela também<br />
estaca como espantada ante a própria destruição. A tempestade<br />
também se tranquiliza. Essa onda destructiva encontrará<br />
contrafortes que a quebrarão.<br />
— E pode-se ter uma esperança, Pitágoras?, perguntou,<br />
ansioso, Artur.<br />
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