FILOSOFIAS DA AFIRMAÇÃO E DA NEGAÇÃO - iPhi
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200 MÁEIO FERREIRA DOS SANTOS<br />
— E por que não? Seria para mim o dia mais feliz de<br />
minha vida aquele em que todos nós, que temos tantas ideias<br />
tão diversas e tão opostas, seguíssemos juntos pela mesma estrada<br />
... Só a antevisão dessa possibilidade é bastante para<br />
encher-me de uma alegria interior que eu não saberia nunca<br />
descrever.<br />
DIÁLOGO SOBRE A METAFÍSICA<br />
Depois daquela noite, quando se reuniram todos outra vez,<br />
Ricardo, adiantando-se um pouco aos amigos, revelando que<br />
concedia alguma coisa em favor de Pitágoras, pelo menos hipoteticamente,<br />
disse-lhe:<br />
— Vamos tomar um novo ponto de partida, Pitágoras. O<br />
que foi exposto até ontem, deixemos por ora, para futuras discussões.<br />
Mas você certamente conhece a crítica kantiana à<br />
metafísica, e sabe que Kant, de uma vez por todas, demonstrou<br />
ser impossível a construção de uma metafísica com validez filosófica.<br />
— Gostaria que você fosse mais explícito, Ricardo.<br />
— Pois não. Na "Crítica da Razão Pura", Kant demonstrou,<br />
depois de várias análises que se tornaram famosas, que<br />
a metafísica é impossível como ciência. Ora, a sua posição<br />
certamente é contrária: a metafísica é possível como ciência.<br />
Gostaria de discutir esse ponto com você, dentro naturalmente<br />
dos limites do meu conhecimento, sem vaidade, nem pretensão<br />
de conhecer suficientemente o assunto, mas o bastante, julgo<br />
eu, para poder dialogar.<br />
— Se me colocasse no ponto-de-vista clássico da filosofia,<br />
por exemplo, digamos na posição escolástica, como a dos tomistas,<br />
suarezistas e escotistas, poderia dizer que toda a argumentação<br />
de Kant contra a possibilidade da metafísica ser uma<br />
ciência, funda-se na negação da abstracção humana, porque<br />
nega um nexo entre a experiência sensível e o intelecto universal.<br />
Os que examinam a obra kantiana, notam que, desde seus<br />
primórdios, no período chamado pré-crítico (que antecede às<br />
suas três famosas críticas) revela-se, nele, crescentemente, a<br />
disposição para negar a possibilidade de que a metafísica seja