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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

A moça fitou-o com ódio. Opressa, os olhos a saltarem, soltou um uivo:<br />

— Não!<br />

João Blaar não se conteve. Ergueu o braço no ar: e enorme, brutalíssimo,<br />

com a sua força <strong>de</strong> touro, ia <strong>de</strong>sandar uma tapona... A moça <strong>de</strong>u um salto<br />

apavorada...<br />

Foi quando, ribombando, esfuziaram, <strong>de</strong> golpe milhares <strong>de</strong> estampidos! A<br />

casa tremeu. E os soldados holan<strong>de</strong>ses, diante do inesperado ataque, encheram o<br />

ar <strong>de</strong> berros ansiosos:<br />

— Às armas! Às armas!<br />

Blaar e Hous precipitaram-se num ímpeto às janelas. E empali<strong>de</strong>ceram! É<br />

que <strong>de</strong> todos os lados, envolvendo-os, surgiam soldados brasileiros.<br />

Foi então, no acampamento, <strong>de</strong>sabalada correria! As <strong>de</strong>scargas dos<br />

atacantes trovejaram. Bombar<strong>de</strong>io furioso. Começou a carnificina. Os belgas<br />

tomados <strong>de</strong> surpresa caiam aos montes. Debal<strong>de</strong> estrondavam as buzinas, <strong>de</strong>bal<strong>de</strong><br />

rufavam as caixas, <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> berravam os oficiais, tentando uma <strong>de</strong>fesa. A sortida dos<br />

brasileiros fora tão ru<strong>de</strong> tão súbita, que não havia como conter os flamengos no seu<br />

pavor. O engenho <strong>de</strong> D. Ana, num relâmpago, atulhou-se <strong>de</strong> gente. A solda<strong>de</strong>sca,<br />

alucinada, atropelou-se pele casarão a<strong>de</strong>ntro. Era aí o único reduto.<br />

Houve então, naquelas aperturas, rápido momento <strong>de</strong> resistência. Os<br />

batavos entrincheiram-se. Das portas e janelas, estron<strong>de</strong>jando, principiaram a partir<br />

balas às tontas. Mas tudo em vão! Os brasileiros cerravam ferozmente o cerco.<br />

Apertavam os <strong>de</strong> Holanda. Sufocavam-nos num abraço <strong>de</strong> fogo. Enlouqueciam-nos<br />

com o pipocar da mosquetaria.<br />

Hous, <strong>de</strong> repente, sacudiu com força os ombros <strong>de</strong> João Blaar:<br />

— Henrique Dias! Veja..<br />

João Blaar esgueirou um olhar sôfrego pela frincha da janela. Recuou,<br />

transido:<br />

— Henrique Dias e Camarão!<br />

Os assaltantes redobravam em sanha. A5 balas zargunchavam. Sentia-se já<br />

o nítido urrar dos negros selvagens. Sentia-se já o claro grito dos bugres. Medonho<br />

estrondar <strong>de</strong> pelouros.<br />

Foi naquela angústia, em meio à pólvora, que Segismundo arremessou este<br />

grito <strong>de</strong> matar:<br />

— Os soldados da Bahia!<br />

João Blaar correu à janela.<br />

— On<strong>de</strong>?<br />

— Com eles! À direita, saindo do mato, veja! Lá estão os oficiais<br />

portugueses...<br />

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