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— Viva! Viva!<br />
www.nead.unama.br<br />
O rapaz aproximou-se do palanque dos juizes. Sobranceiro, a fronte alta,<br />
mostrou-lhes a argolinha vencedora. D. Ana Pais, a distribuidora dos prêmios,<br />
enfiou-lhe na ponta da lança um belo anel <strong>de</strong> ouro com diamantes <strong>de</strong> preço. E<br />
sempre maldosa, com a sua ingenuida<strong>de</strong> pérfida, felicitou risonhamente o vencedor:<br />
— Parabéns, Rodrigo; que vitória!<br />
E com um sorriso escarninho, venenoso:<br />
— Qual será a moça venturosa que vai ganhar tão rica jóia?<br />
Rodrigo fitou-a. Teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> esfaqueá-la. Mas, não se perturbou.<br />
Arrogante, com esmagadora altanaria, respon<strong>de</strong>u impávido:<br />
— Esta jóia é para minha noiva, D. Ana Pais.<br />
E virando-se ao lado, para o camarote <strong>de</strong> João Blaar, alto, muito firme,<br />
esten<strong>de</strong>ndo provocantemente a lança:<br />
— Carlota, minha noiva, esta prenda é para você: ei-la!<br />
Carlota Haringue embranqueceu. Aturdida, sem saber como, a pobre noiva<br />
agarrou às tontas na jóia...<br />
Momento <strong>de</strong> estupefação. Súbito calefrio arrepiou a todos. Segismundo<br />
Starke ergueu-se lívido, olhos faiscantes, a espada em punho. Num ímpeto, antes<br />
que alguém o tolhesse, atirou-se dum salto para <strong>de</strong>ntro do pátio. Rodrigo, ao mesmo<br />
tempo, lançou-se rápido do cavalo abaixo, com o terçado já fora da bainha. Foi um<br />
relâmpago!<br />
Toda a assembléia, sacudida, levantou-se a ofegar, estuporada. Diante da<br />
multidão, diante dos olhos tontos dos espectadores, <strong>de</strong>senrolou-se então esta cena<br />
fulminante, violentíssima:<br />
Segismundo Starke, espumejando, manda contra o brasileiro formidável<br />
golpe <strong>de</strong> espada; mas Rodrigo Mendanha, <strong>de</strong>sviando-se, atola a lamina do terçado<br />
no peito do batavo!<br />
Vivo jorro <strong>de</strong> sangue brota nos bofes alvos da camisa. Segismundo <strong>de</strong>saba<br />
ao chão. A assembléia freme, estatelada.<br />
— Oh!<br />
Os soldados da guarda, saltando a estacada, acorrem precipitados. Gran<strong>de</strong><br />
balbúrdia. Algazarra. Vai-vém <strong>de</strong> gente. Confusão <strong>de</strong> vozes...<br />
Rodrigo Medanha é logo preso. Conduzem-no, entre carabineiros, para a<br />
Fortaleza Ernesto.<br />
A partida do <strong>Príncipe</strong><br />
Nessa mesma tar<strong>de</strong>, inesperadamente, aportou à Cida<strong>de</strong> Maurícia um<br />
caravelão flamengo. Era o Zaz van Gent. Vinha dos Estados com <strong>de</strong>spachos<br />
importantíssimos. Trazia para o <strong>Príncipe</strong>, além <strong>de</strong> certo ofício urgente, mandado pelo<br />
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