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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

João Fernan<strong>de</strong>s ergueu-se. Serenou o tumulto. O ma<strong>de</strong>irense explicou aos<br />

comensais:<br />

— É preciso que Vosmecês saibam, meus amigos, que já <strong>de</strong>spachei dois<br />

emissários: um para Henrique Dias, o chefe negro, outro para Camarão, chefe<br />

bugre. Ambos já respon<strong>de</strong>ram. Ambos a estas horas, estão <strong>de</strong>scendo das matas<br />

para virem se bater pela causa da Liberda<strong>de</strong>!<br />

Romperam novos brados <strong>de</strong> alegria.<br />

— Camarão!<br />

— Henrique Dias!<br />

-— Viva! Viva!<br />

Tocaram-se os copos em honra das dois bravíssimos chefes. Nisto, cm meio<br />

à bulha, ecoou inesperado tropel <strong>de</strong> cavalo. Arrefeceram incontinenti os brados.<br />

Instante <strong>de</strong> silêncio. Na sala, diante da estupefação <strong>de</strong> todos, surgiu um oficial<br />

flamengo, chapéu emplumado, pantalonas encarnadas. Os convivas ergueram-se<br />

pálidos, aturdidos. Mas. André Vidal conteve-os com um gesto:<br />

causa!<br />

— Não se assustem. É Teodósio Hoogstraten, um dos nossos...<br />

— Como?<br />

— Um dos nossos, tornou André, sorrindo. Um gran<strong>de</strong> amigo da nossa<br />

— E a prova disso, bradou Hoogstraten, que venho trazer a Vosmecês uma<br />

notícia soberba. E é isto: a causa está ganha!<br />

E com o gesto amplo:<br />

— O <strong>Príncipe</strong> Maurício <strong>de</strong> <strong>Nassau</strong>, o único homem capaz <strong>de</strong> conter a<br />

rebelião, acaba <strong>de</strong> ser chamado à Holanda.<br />

— Quê?<br />

— Sim, Maurício vai partir do Brasil: foi <strong>de</strong>mitido <strong>de</strong> Governador! Acabo <strong>de</strong><br />

receber, pela nau que aportou agora, um aviso secreto <strong>de</strong> Holanda. Só eu, neste<br />

momento, o sei em Pernambuco. A palavra <strong>de</strong> Arcisiewky, as minhas cartas, as<br />

cartas <strong>de</strong> Tourlon, fizeram efeito: Maurício está por terra!<br />

A notícia era fulminante. Maurício <strong>de</strong> <strong>Nassau</strong> <strong>de</strong>mitido! Ah, aquele nobre<br />

<strong>Príncipe</strong>, com o seu prestígio, era, sem dúvida, o mais forte estorvo para a vitória da<br />

empresa. E a partida <strong>de</strong>le, assim imprevista, vinha em hora tão provi<strong>de</strong>ncial, tão<br />

incrível, que todos viram nela o <strong>de</strong>do <strong>de</strong> Deus. Que alegria! Eletrizados, sacudidos,<br />

prorromperam num <strong>de</strong>lírio:<br />

— Viva Pernambuco!<br />

Uma tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> cavalhadas<br />

O <strong>Príncipe</strong> <strong>de</strong> <strong>Nassau</strong> <strong>de</strong>sentorpecera a Cida<strong>de</strong> Maurícia com atordoante<br />

ribombo <strong>de</strong> festa.<br />

O eco das cavalhadas retumbava longe. De toda a Capitania, dos rincões<br />

mais ásperos, timbraram os principais da terra em acudir luzidamente aos torneios.<br />

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