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— Sim, senhor — já! E assim: Vosmecês sabem que as filhas <strong>de</strong> Antônio<br />
Cavalcanti vão se casar, <strong>de</strong>ntro em breve, com os meus cunhados; não e verda<strong>de</strong>?<br />
Ora, como é público, eu planejei uma festa pomposa para celebrar a boda. Convi<strong>de</strong>i<br />
para ela todos os principais <strong>de</strong> Maurícia. Não me esqueci <strong>de</strong> ninguém: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
<strong>Príncipe</strong> até o oficialzinho mais insignificante. Estou certo que não faltara um só.<br />
Pois bem, meus amigos, nada mais fácil então do que uma cilada. No momento em<br />
que a boda estiver a ferver, em que mais quente andar a alegria pela festa, os<br />
nossos, irrompendo pelas salas, cairão <strong>de</strong> improviso sobre os flamengos. É uma<br />
fuzilada só! Arrasaremos tudo. Não há <strong>de</strong> ficar holandês <strong>de</strong> pé. Em seguida, com o<br />
mesmo ímpeto, havemos <strong>de</strong> cair sobre a Cida<strong>de</strong> Maurícia. Sem oficiais para<br />
comandar, a <strong>de</strong>fesa será impossível. Tomaremos facilmente a cida<strong>de</strong>. Senhores<br />
<strong>de</strong>la, meus amigos, estamos senhores <strong>de</strong> Pernambuco! E Vosmecê, André Vidal,<br />
po<strong>de</strong>rá assim, só assim, arrancar a menina das garras <strong>de</strong> João Blaar 23 .<br />
— Bravos, exclamou Frei Manuel, com alegria. Não há plano mais acertado.<br />
É romper o movimento já! Basta <strong>de</strong> <strong>de</strong>longas...<br />
Mas, João Fernan<strong>de</strong>s, com calma e pausa, continuou:<br />
— Vosmecê, André Vidal, partirá imediatamente para as Capitanias do norte<br />
com a notícia do que vamos executar. Vosmecê po<strong>de</strong>rá levar consigo a Simão<br />
Borralho, o seu novo amigo, o homem que por milagre se livrou da forca. Ambos<br />
tratarão <strong>de</strong> também <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a revolta por lá.<br />
— E Carlota, exclamou Vidal; a minha filha? Como hei <strong>de</strong> abandoná-la<br />
assim?<br />
— Não se inquiete por ela, continuou João Fernan<strong>de</strong>s. Rodrigo ficará em<br />
Pernambuco vigiando. Nós, eu e Frei Manuel, haveremos <strong>de</strong> estar sempre <strong>de</strong><br />
atalaia, seguindo todos os passes dos flamengos, velando ciosamente a sua pupila.<br />
— Vá sossegado, André, afirmou Frei Manuel com gravida<strong>de</strong>. Nós a<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>remos contra tudo e contra todos. Não se apoquente! Afianço, com todas as<br />
minhas forças, que o casamento não se realizará na ausência <strong>de</strong> Vosmecê.<br />
— Ah, rosnou Rodrigo, erguendo-se do seu canto, e olhar fuzilante; ah, isso<br />
juro eu! Segismundo, para se casar com Carlota, precisa matar-me! Ouviram bem?<br />
Matar-me! Vá sossegado, portanto, padrinho: eu, com a minha espada, saberei livrála<br />
<strong>de</strong>sse perigo.<br />
— Pois seja! Nesse caso, sigo amanhã. E Vosmecê, João Fernan<strong>de</strong>s, faça<br />
estourar a rebelião!<br />
— Parta tranqüilo, tornou João Fernan<strong>de</strong>s; a coisa estoura no dia aprazado.<br />
Demais, tudo aqui já está prestes...<br />
Chegou-se rente <strong>de</strong> Vidal. Abaixando a vez, misteriosamente:<br />
— O homem chegou...<br />
— Chegou? On<strong>de</strong> está?<br />
— Aqui, na minha casa.<br />
Murmurou rápida frase aos envi<strong>de</strong>s do amigo, Nisto, bruscamente, Frei<br />
Manuel cortou-lhes o cochicho:<br />
23 O plano <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s vem em todas as crónicas. Vi<strong>de</strong> Nienhoff.<br />
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