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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Sim, senhor! É <strong>de</strong> Sebastião <strong>de</strong> Carvalho.<br />

— O irmão <strong>de</strong> Bernardino? Aquele sujeito embezerrado?<br />

— Esse mesmo.<br />

— Pois tem Vosmecê muita razão! Aquilo é traste ruim. Muito cuidado com<br />

aquele tipo, André. Muito cuidado!<br />

E Frei Manuel, abanando a cabeça, enfiou o chapéu e agarrou no seu<br />

inseparável bastão:<br />

— Até breve! Sigo para as minhas obrigações. São horas <strong>de</strong> me ir à<br />

Fortaleza Ernesto.<br />

— Ah, exclamou Vidal, interrompendo-o; Vosmecê vai assistir os<br />

con<strong>de</strong>nados <strong>de</strong> ontem?...<br />

— Exatamente!<br />

— Eu <strong>de</strong>sejaria também ver o enforcamento, redargüiu André. Mas como é<br />

<strong>de</strong>ntro dos muros, no pátio da Fortaleza, estou que é custoso o meu <strong>de</strong>sejo.<br />

— Pois não o é, interveio o fra<strong>de</strong>; Vosmecê po<strong>de</strong> ver mui facilmente. É só<br />

pedir Luís Tintz, aquele flamengo, mercante <strong>de</strong> pimenta, que <strong>de</strong>ixe Vosmecê espiar<br />

pelas janelas.<br />

E Frei Manuel, pesado e grave, abalou-se para a Fortaleza. André Vidal<br />

ficou só. Mas ficou só apenas um momento. Tinha o fra<strong>de</strong> virado as costas e já<br />

alguém batia timidamente à porta. O guerrilheiro abriu-a. Exclamou com espanto:<br />

— Oh, Simão Borralho!<br />

Era Simão Borralho. Era aquele mesmo que, na véspera, escapara da morte<br />

no julgamento dos escabinos. O moço, mal entrou, atirou-se aos pés do paraibano:<br />

nada.<br />

— Deus lhe pague, André Vidal! Deus lhe pague!<br />

As lagrimas saltavam-lhe dos olhos aos borbotões. André Vidal ergueu-o:<br />

— Deixe-se <strong>de</strong> lágrimas! Deixe-se <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimentos! Você não me <strong>de</strong>ve<br />

O soldado, porém, muito emocionado, ia bradando num escachôo:<br />

— Eu <strong>de</strong>vo tudo a Vosmecê. Eu <strong>de</strong>vo a Vosmecê a minha vida Vosmecê<br />

quem me livrou da forca!<br />

— Você não me <strong>de</strong>ve nada, eu já disse. Aquele perdão foi um acaso, nada<br />

mais. Vá tratar agora da sua vida, isso sim.<br />

Pôs-lhe a mão no ombro, com um sorriso venenoso:<br />

— Somente não se esqueça, homem, <strong>de</strong>sse pedacinho que os flamengos<br />

fizeram você pa<strong>de</strong>cer...<br />

O soldado endireitou-se. E com um gesto ameaçante, ríspido, on<strong>de</strong> fuzilava<br />

ira feroz:<br />

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