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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

André Vidal, por seu turno, achou <strong>de</strong> boa poli<strong>de</strong>z respon<strong>de</strong>r à façanha dos<br />

nossos com outra façanha dos belgas.<br />

— Mas, Vosmecês, senhores holan<strong>de</strong>ses, também tiveram o seu Hans<br />

Pater! O honrado Pater! Que bravo marujo! Combateu contra D. Antônio Oquendo<br />

na mais travada ação que já viram águas do Brasil. Pelejou como um louco! Foi ao<br />

extremo, esgotou todos os recursos. Nada o fazia ren<strong>de</strong>r-se. Só quando a sua<br />

caravela, incendiada estourava-se nas chamas. foi que Pater, para não se entregar,<br />

atirou-se ao mar enrolado na ban<strong>de</strong>ira da pátria. Foi vencido, sim; mas foi um bravo!<br />

João Blaar, porém, com seu vozeirão, virando copásios <strong>de</strong> vinho. achava<br />

que o feito mais assombroso da guerra não fora esse. Fora o <strong>de</strong> Henrique Dias.<br />

— Que negro, exclamava ruidosamente; que negro <strong>de</strong> ferro! Em Porto-<br />

Calvo, logo no primeiro encontro, uma flecha <strong>de</strong> tapuia varou-lhe o braço. Parecia<br />

flecha ervada. Gritaram logo pelo físico, aquele famoso Mestrola, valenciano <strong>de</strong><br />

nação. Pois sabem os senhores o que fez Henrique Dias? Não espera o médico.<br />

Levanta a espada, esten<strong>de</strong> o braço ferido, mete uma cutilada bruta: meta<strong>de</strong> do<br />

braço pula fora! E o negro, no mesmo instante, enrolando o braço cortado numa<br />

miserável faixa, indiferente à sangueira que jorrava atira-se no mais encarniçado da<br />

peleja. Isto sim, meus senhores, isto é que é ser homem!<br />

E o banquete foi assim, pela noite afora, ruidoso, muito conversado. Os<br />

lacaios serviram doces. Pieres Boninz or<strong>de</strong>nou que <strong>de</strong>itassem vinho branco. O<br />

<strong>Príncipe</strong> ergueu então o seu copo:<br />

— Benvindo seja Vosmecê. André Vidal, a esta casa! Eu tenho a honra <strong>de</strong><br />

saudar em Vosmecê meu nobre amigo, mais temido e o mais valente guerrilheiro do<br />

Brasil!<br />

Todos se levantaram, bateram os copos, brindaram com bulhenta alegria.<br />

Na mesa ainda mais vivaz, referveu tumultuário o vozeiro. Em meio à conversa a<br />

perigosa D. Ana Pais, que estava ao lado <strong>de</strong> André Vidal, não se conteve:<br />

— Este mundo! Ora veja, André Vidal, o mundo é! Eu aqui a sorrir para<br />

Vosmecê, a brindá-lo, a bater o meu copo no seu copo...<br />

André Vidal, a que a ruidosida<strong>de</strong> da festa havia um pouco mais<br />

<strong>de</strong>semperrado a língua, virou-se rindo para a mulher terrível:<br />

— Que é que Vosmecê <strong>de</strong>sejaria fazer, D. Ana?<br />

Ela, muito baixinho, a voz surda, um áspero clarão nos olhos:<br />

— Retribuir aquela chicotada...<br />

Maurício <strong>de</strong> <strong>Nassau</strong>, nesse instante, cortou o diálogo:<br />

— Saibam Vosmecês todos, meus senhores, que eu or<strong>de</strong>nei, para solenizar<br />

dignamente a aclamação <strong>de</strong> D. João IV, gran<strong>de</strong>s festejos na Cida<strong>de</strong> Maurícia.<br />

Haverá, muito em particular, uma cavalhada pomposa, que <strong>de</strong>sejo fique memorável.<br />

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