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O Príncipe de Nassau - Unama

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— Posso!<br />

— É coisa <strong>de</strong>cidida?<br />

— É.<br />

www.nead.unama.br<br />

Foi rápida a cena. Nada mais do que isso. Os dois amigos, apertando-se as<br />

mãos, <strong>de</strong>spediram-se com um sorriso.<br />

André Vidal botou-se para a casa <strong>de</strong> Frei Manuel. Era já tar<strong>de</strong>. O paraibano<br />

tratou <strong>de</strong> paramentar-se para a festa do Palácio <strong>de</strong> Friburgo.<br />

Rodrigo Mendanha, no entanto, tinha a alma aos pedaços. Não podia sopitar<br />

os nervos. A agonia mor<strong>de</strong>nte, o <strong>de</strong>sespero, a única ânsia que o acutilava, era ver<br />

Carlota, dizer-lhe uma palavra, contar-lhe que estava ali. Mas como? Na sua<br />

angústia, na pungência daquela <strong>de</strong>solação, agarrou no único meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabafar-se:<br />

escrever! O pobre moço, <strong>de</strong>safogando-se tracejou um bilhete fremente.<br />

Assim:<br />

Carlota!<br />

Estou aqui. Conte Comigo. O Casamento com o belga só se realizará<br />

quando eu morrer. Fique sossegada!<br />

Rodrigo.<br />

Correu à Fortaleza Ernesto e chamou o Bastião:<br />

— Você sabe quem sou eu?<br />

O carcereiro abriu um sorriso na boca preta:<br />

— Nossa! Como não? Vancê é o afilhado <strong>de</strong> André Vidal.<br />

— Isso mesmo!<br />

Cauteloso, baixando voz, o rapaz ciciou timidamente:<br />

— Você quer me prestar um serviço? Olhe que é serviço grave. Coisa <strong>de</strong><br />

arriscar a pele.<br />

— As or<strong>de</strong>ns, sinhô. É o que vancê quisé.<br />

Rodrigo passou-lhe um dobrão <strong>de</strong> ouro. E, com o dobrão, o bilhete:<br />

— Entregue isso a Carlota!<br />

— Fique <strong>de</strong>scansado...<br />

O escravo <strong>de</strong> João Blaar era uma alma infernal. Tudo o que cheirava a<br />

intriga, leva-e-traz, urdidura na sombra, era com ele. Diante <strong>de</strong> tais mistérios, o<br />

negro não titubeou: meteu-se radiosamente naquela trama.<br />

Na casa <strong>de</strong> Frei Manuel, ao mesmo tempo, André Vidal punha<br />

galhardamente o gibão <strong>de</strong> damasco, os calções <strong>de</strong> tufos, a vasta gola rendada,<br />

soberbo chapéu <strong>de</strong> plumas. Assim, vistoso e taful, rumou para o Palácio <strong>de</strong> Friburgo.<br />

Mal transpôs o pórtico da morada principesca, já André Vidal <strong>de</strong>parou,<br />

<strong>de</strong>ntro do parque, com Maurício <strong>de</strong> <strong>Nassau</strong> a passear solitário sob as alamedas<br />

ensombradas.<br />

O <strong>Príncipe</strong>, ao avistar o hóspe<strong>de</strong>, apressou-se em vir saudá-lo efusivamente,<br />

acolhedoramente:<br />

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