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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Sim, <strong>Príncipe</strong>! Imagine Vossa Alteza que esta madrugada, ao sair aqui do<br />

Palácio...<br />

Gaspar Dias narrou a aventura incrível. Contou com todos os <strong>de</strong>talhes, bem<br />

picturalmente, o encontro no capão <strong>de</strong> mato, a monstruosa brutalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> André<br />

Vidal, o <strong>de</strong>sespero justíssimo <strong>de</strong> D. Ana, toda a ânsia da pobre dona por<br />

salvaguardar agora a sua reputação.<br />

Longo tempo trancados no salão os dois homens conversaram<br />

secretamente. Que é que planejaram? Ninguém o soube. Apenas, ao partir, o<br />

perigosíssimo velhaco rematou a conversa assim:<br />

— Vou procurá-lo lá.<br />

E o <strong>Príncipe</strong> numa agitação:<br />

— Vá. Vá e prometa tudo!<br />

Meia hora <strong>de</strong>pois, na Fortaleza Ernesto, Gaspar Dias fechava-se numa<br />

câmara com Carlos Tourlon. Ruidoso, batendo-lhe forte no ombro, o espertalhão<br />

dizia com efusão:<br />

— Caiu a fortuna em casa <strong>de</strong> Vosmecê, Carlos Tourlon!<br />

— Pois é <strong>de</strong> espantar, Gaspar Dias! Há tanto que estou no Brasil e sou o<br />

mais <strong>de</strong>safortunado dos que cá vieram. Todos os meus companheiros já subiram.<br />

Só eu, como Vosmecê sabe, ainda estou aqui, oficialzinho à espera <strong>de</strong> posição...<br />

— Mas, hoje, enfim, chegou a sua vez! Fique certo, Carlos Tourlon, que a<br />

fortuna sorri agora a Vosmecê como ainda não sorriu a ninguém.<br />

E ali, sem mais exórdio, propôs-lhe <strong>de</strong> chofre:<br />

— Vosmecê quer ser Secretário do Governo?<br />

— Sim, senhor: Secretário do Governo e Comandante da Guarda!<br />

Carlos Tourlon ergueu-se dum salto:<br />

— Vosmecê está a gracejar, Gaspar Dias?<br />

— Não gracejo! É o que digo: Secretário e Comandante...<br />

Surpreso, sem atinar com a razão <strong>de</strong> tão bondosos oferecimentos, o pobre<br />

moço mal pô<strong>de</strong> balbuciar:<br />

— E Teodósio Hoogstraten?<br />

Nada mais natural do que aquela pergunta. O lugar <strong>de</strong> Secretário e<br />

Comandante, toda a gente o sabia, estava <strong>de</strong>stinado a Teodósio Hoogstraten.<br />

Soldado velho, tendo feito toda a guerra, o flamengo merecia a alta recompensa.<br />

Estava tudo assente. O próprio Maurício falava nisso como coisa <strong>de</strong>cidida. Ora,<br />

diante <strong>de</strong> resolução tio notória, era <strong>de</strong> embasbacar a proposta <strong>de</strong> Gaspar Dias. Era,<br />

realmente, <strong>de</strong> uma pessoa não acreditar. Mas o valido do <strong>Príncipe</strong> <strong>de</strong>svendou logo<br />

aquele mistério:<br />

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