19.04.2013 Views

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— André Vidal!<br />

www.nead.unama.br<br />

O meu braço caiu. Senti a cabeça oca. Estava fora <strong>de</strong> mim. Não tive<br />

coragem <strong>de</strong> abrir a boca <strong>de</strong> tão apalermado. Enterrei às tontas a espora no cavalo.<br />

O animal partiu a esmo, ré<strong>de</strong>a bamba. Mas não havia ainda distanciado vinte passos<br />

que já senti um galope atrás <strong>de</strong> mim. Virei bruscamente a cabeça. Era D. Ana! Ela<br />

saltou em terra, ajoelhou-se, chorando com <strong>de</strong>sespero:<br />

— André Vidal! André Vidal!<br />

O sangue ferveu-me. Senti <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim uma ira surda. Tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esmagá-la... Ela continuava, as mãos postas, chorando:<br />

— André Vidal! André Vidal!<br />

Eu não me contive. E fui brutal. Fui um monstro. Ergui o chicote no ar: e ali,<br />

na estrada, com a dor do ciúme no coração, eu, num assomo <strong>de</strong> louco, cortei a cara<br />

<strong>de</strong> D. Ana com um chicotada...<br />

A mulher ergueu-se, trêmula;<br />

— Bandido!<br />

Soltei uma gargalhada. Gargalhada feroz, saída da alma. Ela, mor<strong>de</strong>ndo o<br />

lábio, branca, o punho cerrado:<br />

— Bandido! Bandido!<br />

Esporeei o cavalo. Deixei a mulher chorando no caminho. Toquei por esse<br />

mundo <strong>de</strong> Deus afora. Nunca mais a vi... Nunca mais!<br />

Rodrigo Mendanha, boquiaberto, escutava o incrível romance. Aquela história<br />

pasmara-o. Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>svendara-lhe o mistério. Não pô<strong>de</strong> mais se conter:<br />

— Compreendo, padrinho! Compreendo agora tudo! Foi D. Ana, para se<br />

vingar, quem roubou Carlota.<br />

— Não há dúvida, Rodrigo. Foi D. Ana. E veja que mulher! Veja como ela<br />

soube <strong>de</strong>scobrir o ponto dolorido para me cravar o punhal...<br />

Caiu entre ambos gran<strong>de</strong> silêncio. O patacho, com os seus bigodões <strong>de</strong><br />

espuma, furava a ondada corcovante. Só o vento, entesando as velas, ainda zunia<br />

pelo cordame. André Vidal, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longa pausa, tornou-se para Rodrigo:<br />

— Mas agora é preciso rematar essa história. O caso <strong>de</strong> D. Ana não pára ai;<br />

vai mais longe. Pelo Bastião é que soube do resto. A coisa foi estourar no Palácio <strong>de</strong><br />

<strong>Nassau</strong>.<br />

André Vidal, ainda naquela noite, pormenorizou a famosa intriga que se<br />

<strong>de</strong>senrolara nos bastidores <strong>de</strong> Friburgo.<br />

A Intriga<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!