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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

mais próximo. João Fernan<strong>de</strong>s e Frei Manuel trocaram um olhar coruscante.<br />

Estridulou terceiro pio, quase à porta.<br />

— É gente nossa... Soprou afinal João Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Passos abafados ouviram-se ao pé do rancho. Três fortes pancadas<br />

estrondaram à entrada. João Fernan<strong>de</strong>s, o mosquete engatilhado, abriu a porta, dois<br />

vultos surgiram confusamente na treva. Entraram rápidos. No rancho, à luz do<br />

can<strong>de</strong>eiro, João Fernan<strong>de</strong>s e Frei Manuel soltaram um brado. As exclamações <strong>de</strong><br />

ambos esfuziaram entreveradas:<br />

pano...<br />

— Vosmecê, André Vidal?!<br />

— Vosmecê, Frei Inácio?!<br />

— Nós mesmos, bradou Vidal num alvoroço. Viemos da Bahia a todo o<br />

— A todo o pano? Pois acaso veio Vosmecê por mar?<br />

— Por mar. No patacho <strong>de</strong> Salatiel Bermu<strong>de</strong>s. Aportamos esta noite no<br />

costão da Barreta. Aportamos às ocultas, muito em segredo, só para virmos dizer<br />

uma palavra a Vosmecê, João Fernan<strong>de</strong>s. Tornaremos ainda hoje para o barco.<br />

Amanhã, em pleno dia, queremos <strong>de</strong>sembarcar na Cida<strong>de</strong> Maurícia.<br />

— Em Maurícia? Vosmecê, André Vidal?<br />

— Eu! E por que não? Por que é que Vosmecê se espanta assim? Não<br />

estamos então <strong>de</strong> pazes feitas? Agora tudo é amigo.<br />

E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> rir um riso folgazão, o <strong>de</strong>sempenado guerrilheiro, com a sua<br />

larga simpatia, foi logo explicando ao que vinha:<br />

— Senhores, não nos percamos em palavras inúteis. Escutem.<br />

No rancho, diante da estupefação dos ouvintes, André Vidal começou,<br />

agitado e fremente:<br />

— Hoje, pela nau <strong>de</strong> João Lopes, que veio com a embaixada <strong>de</strong> Montalvão,<br />

Vosmecês <strong>de</strong>vem ter sabido, por certo, da aclamação <strong>de</strong> D. João IV. Ora, meus<br />

amigos, seria <strong>de</strong>masiado o discutirmos aqui o quanto há <strong>de</strong> grave nesse fato. Não<br />

discutamos, portanto; vamos ao essencial; ao prático.<br />

Decisivo, a voz incitadora, André virou-se para o ma<strong>de</strong>irense:<br />

— Soou enfim a hora, João Fernan<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> acabarmos com essa peste <strong>de</strong><br />

flamengos! Soou enfim a hora <strong>de</strong> expulsarmos daqui essa raça <strong>de</strong> cães!<br />

O olhar <strong>de</strong> Frei Manuel cintilou. O religioso não po<strong>de</strong> se conter:<br />

— Bravos, André Vidal! Bravíssimo!<br />

Mas André Vidal atalhou-o com um gesto:<br />

— Calma, fra<strong>de</strong>, calma!<br />

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