19.04.2013 Views

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

www.nead.unama.br<br />

Nessa mesma noite, no acampamento brasileiro, o General Barreto <strong>de</strong><br />

Menezes e Gilberto Van Dirth estipularam enfim as cláusulas da rendição...<br />

A entrada na Cida<strong>de</strong> Maurícia foi impressionadoramente bela. Que<br />

apoteose! A natureza, como para esmaltar tamanho triunfo, ataviara-se com feitiços<br />

singulares. Pusera todos os enjeites e todas as louçanias <strong>de</strong> gala. Céu azul,<br />

pássaros revoantes, ar macio e claro. Foi um dia límpido, cascateado <strong>de</strong> luz,<br />

<strong>de</strong>lirantemente fúlgido. Andavam pelo espaço alegrias estonteantes. Tudo a rir!<br />

Os esquadrões brasileiros alinharam-se. Enramaram garridamente os<br />

mosquetes. Desdobraram a ban<strong>de</strong>ira ao sol. Ufanos, sob a torrente <strong>de</strong> ouro, batendo<br />

com estrépito os tambores, partiram galhardos para o Recife. Na frente, pomposo e<br />

solene, montado num zaino magnífico, ia o General Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes.<br />

Dum lado, muito vistoso, a pluma encarnada no chapéu <strong>de</strong> briche, João Fernan<strong>de</strong>s<br />

Vieira. Do outro lado, com o gibão <strong>de</strong> gola encanudada, a comenda <strong>de</strong> Cristo<br />

fuzilando ao peito, André Vidal <strong>de</strong> Negreiros. Marchavam radiantes, entontecidos,<br />

banhados por forte clarão <strong>de</strong> glória. Era soberbo!<br />

À porta da cida<strong>de</strong>, em continência, a espada <strong>de</strong>sembainhada, os oficiais <strong>de</strong><br />

Holanda esperavam os triunfadores. Os três chefes aproximaram-se. O Coronel Van<br />

Brinck, <strong>de</strong>stacando-se dos oficiais, partiu da fila para receber protocolarmente os<br />

vencedores. Foi, então, em frente ao Recife, uma cena tocante. O General Barreto<br />

<strong>de</strong>smontou-se. André Vidal e Fernan<strong>de</strong>s Vieira também. Van Brinck apresentando a<br />

Barreto as chaves da cida<strong>de</strong>, exclamou com dolorosa gravida<strong>de</strong>:<br />

— A cida<strong>de</strong> é sua, General. Eis as chaves <strong>de</strong>la! Vossa Excelência a<br />

conquistou com honra.<br />

Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes recebeu as chaves. O coração batia-lhe<br />

<strong>de</strong>scompassado. Não respon<strong>de</strong>u uma só palavra <strong>de</strong> tão emocionado. Apenas no<br />

seu aturdimento, esten<strong>de</strong>u a mão ao vencido e ambos, diante dos exércitos,<br />

saudaram-se lhanamente...<br />

João Fernan<strong>de</strong>s e André Vidal contemplavam, sacudidos, o quadro<br />

comovedor. Ali, no instante supremo, diante da vitória, diante do coroamento das<br />

ru<strong>de</strong>s canseiras, sentiram os dois a alma apertar-se-lhes, um nó estrangular-lhes a<br />

garganta, as lágrimas borbulharem a fio pelo rosto...<br />

Os pernambucanos entraram em triunfo pela cida<strong>de</strong>. Foi um <strong>de</strong>lírio...<br />

No outro dia, quebrando os transbordamentos patrióticos, sorriu, entre<br />

aqueles guerreiros, clara nota <strong>de</strong> poesia.<br />

É na Igreja dos Franceses. Há por lá um vívido borborinho <strong>de</strong> festa. Vai nela<br />

a mais enternecedora das alegrias. Todos os círios acesos, muita folhagem, música<br />

<strong>de</strong> adufes. A nave transborda <strong>de</strong> gente. Os soldados acotovelam-se, curiosos. Não<br />

falta um só cabo <strong>de</strong> guerra. Tudo veio faiscante. É Souto, é o Domingos Fagun<strong>de</strong>s,<br />

é D. Clara Camarão. É Henrique Dias. O próprio General Francisco <strong>de</strong> Menezes<br />

compareceu em pessoa. De repente, pela Igreja, corre o cicio mágico:<br />

— Alas! Alas!<br />

Toda a gente abre alas. Toda a gente crava olhos sôfregos na entrada.<br />

Nisto, gloriosamente, com venturoso sorriso nos lábios, surge um casal. É um par <strong>de</strong><br />

noivos. Que lindo! Ela, pálida e fina, loira como uma boneca, o vestido branco, as<br />

luvas brancas, a coifa <strong>de</strong> rendas brancas, é um primor <strong>de</strong> feitiços e <strong>de</strong> gentilezas,<br />

fresca maravilha <strong>de</strong> graças e <strong>de</strong> tafulices. Ele, muito esbelto, moreno e guapo, o<br />

128

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!