19.04.2013 Views

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

O Príncipe de Nassau - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

www.nead.unama.br<br />

Carlota ouviu. As lágrimas <strong>de</strong>spencavam-lhe aos borbotões. Não pronunciou<br />

palavra: precipitou-se espavoridamente para o quarto.<br />

No dia seguinte pela Cida<strong>de</strong> Maurícia, foi um amanhecer frenético. Toque <strong>de</strong><br />

clarim. rufos. or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> comando, fervilhante lufa-lufa bélica, Os batavos<br />

arregimentaram-se, socaram pólvora nos mosquetes, <strong>de</strong>sfraldaram ao vento o<br />

pendão da Holanda. A um gesto <strong>de</strong> Van Brinck, sob um troar <strong>de</strong> caixas, marcharam<br />

com estrépito para os Guararapes. Pela segunda vez, no monte histórico, ia se<br />

travar uma luta <strong>de</strong> morte.<br />

Segismundo Van Schkoppe ar<strong>de</strong> em ânsias. No catre, enrolado em faixas, o<br />

general espera emocionado o <strong>de</strong>sfecho da batalha. Naquele instante, <strong>de</strong>ntro dos<br />

brejos dos Guararapes, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se a sorte do domínio holandês. É o último arranco!<br />

Van Schkoppe compreen<strong>de</strong> nitidamente a gravida<strong>de</strong> da hora. Os seus nervos tinem.<br />

Gran<strong>de</strong> angústia anuvia-lhe o rosto. Que estará fazendo Van Brinck? E numa<br />

agitação, estendido no catre, espera... As horas passam. A ânsia esbraseia-o.<br />

Latejam-lhe as têmporas. Que estará fazendo Van Brinck?<br />

De súbito, pela Cida<strong>de</strong> Maurícia estron<strong>de</strong>jam gritos brutos. Corre-corre,<br />

vozerio <strong>de</strong> gente. precipitar <strong>de</strong> passos, tumulto febrento. O general. com supremo<br />

esforço, senta-se. O coração bate-lhe <strong>de</strong>scompassadamente. A alma fuzila-lhe nos<br />

olhos. Gilberto Van Dirth embarafusta-se pela câmara. Vem anelante, num<br />

<strong>de</strong>snorteio, negro <strong>de</strong> pólvora.<br />

— Derrotados!<br />

— Derrotados?<br />

— Derrotados, esmagados Veja...<br />

Aponta, pelo vão da janela, a cena que vai lá fora. A correria é <strong>de</strong>sabalada.<br />

Os fugitivos chegam num atropelo. Vêm como loucos, os cabelos ao vento, sem<br />

armas, enlameados, acuados, <strong>de</strong>rrotados! Van Schkoppe contempla aquilo. O<br />

coração pulsa-lhe <strong>de</strong>senfreado. Não po<strong>de</strong> resistir: segura a cabeça entre as mãos,<br />

aperta-a com <strong>de</strong>sespero, <strong>de</strong>sanda a chorar convulsamente.<br />

Tinha razão Schkoppe para aquele <strong>de</strong>sabafar! A <strong>de</strong>rrota havia sido<br />

formidável. Maior do que a antece<strong>de</strong>nte. Perecia nela a flor do exército batavo.<br />

Ficaram todas as armas. Ficaram todas as munições. O monte dos Guararapes<br />

cobriu-se <strong>de</strong> cadáveres.<br />

Van Schkoppe ouve a catástrofe monstruosa. Sente como uma pua cravada<br />

na alma, que era chegado o fim. Impossível resistir mais um dia. O general, com um<br />

soluço, toma a resolução suprema:<br />

— Estamos perdidos, Van Dirth! Perdidos para sempre! Não temos nada<br />

mais que lazer. Agora, nesta <strong>de</strong>sgraça, só há um caminho. Um caminho doloroso, é<br />

verda<strong>de</strong>, mas o único: é capitular...<br />

Gilberto Van Dirth sacudiu a cabeça, assentindo:<br />

— Não há outro... É capitular!<br />

— Nesse caso, meu amigo, torne duma ban<strong>de</strong>ira branca e vá à cata do<br />

inimigo. Negocie a capitulação...<br />

Van Dirth não disse palavra. Saiu, chamou um clarim, ergueu na mão a<br />

ban<strong>de</strong>ira branca.<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!