You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— Que entrem!<br />
www.nead.unama.br<br />
Entram. O mais velho, homem sombrio, gestos graves, falar áspero e duro,<br />
indaga secamente:<br />
— Vosmecê é João Fernan<strong>de</strong>s Vieira?<br />
— Sou. Que há?<br />
— Queira ler estes papéis.<br />
O homem estranho passa a João Fernan<strong>de</strong>s um pergaminho. O papel vem<br />
selado com os selos <strong>de</strong> Sua Majesta<strong>de</strong>. O Governador da Liberda<strong>de</strong> toma do<br />
documento. Lê. Depois, com vasto espanto no rosto:<br />
— Vossa Excelência, senhor, é o General Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes?<br />
— Eu mesmo! Acabo <strong>de</strong> fugir da Cida<strong>de</strong> Maurícia.<br />
— Vossa Excelência fugiu da Cida<strong>de</strong> Maurícia?<br />
O general não é homem <strong>de</strong> muitas palavras. Aponta os dois companheiros e<br />
narra sinceramente:<br />
— Este é Francisco Brá; aquele é João Voltrin. Foram eles que me<br />
salvaram. Francisco Brá abriu-me a porta do cárcere. João Voltrin trouxe-me pelo<br />
Capiberibe na sua canoa. Eis a aventura...<br />
João Fernan<strong>de</strong>s ouve com pasmo. Mas não discute. A sua vaida<strong>de</strong> sangra.<br />
Compreen<strong>de</strong> dolorosamente que aquela substituição é o seu <strong>de</strong>sprestígio. Sente,<br />
com amargura que a nomeação dum outro chefe é a sua queda. Embora! O<br />
Governador da Liberda<strong>de</strong> não hesita. Tem, como sempre, um gesto belo e nobre:<br />
— Senhor General! Vossa Excelência é o nosso chefe. Eu <strong>de</strong>ponho nas<br />
suas mãos o comando das tropas.<br />
Mandou reunir os cabos <strong>de</strong> guerra. Nessa noite, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> temporal<br />
<strong>de</strong>satado, Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes pôs-se à frente das armas<br />
pernambucanas.<br />
No outro dia, logo pela manhã, os espias trouxeram notícias ruidosas. Os<br />
soldados da Cida<strong>de</strong> Maurícia haviam se movimentado. Saíram a campo todas as<br />
companhias <strong>de</strong> homens. Vinham a marchas forçadas rumo dos Guararapes. O<br />
próprio Schkoppe era quem os comandava.<br />
Barreto <strong>de</strong> Menezes tomou posição. Dispôs as trepas. Os negros <strong>de</strong><br />
Henrique Dias emboscaram-se pelas gargantas do morro. A indiada <strong>de</strong> Camarão<br />
entocaiou-se pelo mato. Fernan<strong>de</strong>s Vieira, com arrogante serenida<strong>de</strong>, pediu para ir<br />
na vanguarda esperar o inimigo.<br />
No seu acampamento, circundado pelo troço <strong>de</strong> André Vida], Francisco<br />
Barrete <strong>de</strong> Menezes esperou os flamengos.<br />
Ia se travar, enfim, nos Guararapes, a gran<strong>de</strong> batalha <strong>de</strong>cisiva.<br />
Guararapes<br />
A Cida<strong>de</strong> Maurícia tem o ar murcho. Anda por ela funda <strong>de</strong>solação. Por tudo,<br />
nos homens e nas coisas, que tristeza! Os soldados estão sujos, o aspecto<br />
escaveirado. Vêm das casas gemidos surdos, Passam re<strong>de</strong>s carregando baleados.<br />
124