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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

O general saltou, assumiu o comando das armas, reuniu o Governo. Os três<br />

do Supremo Conselho estavam aterrorizados. Pintaram com minúcias, negramente,<br />

o estado do país. Hamel dizia-lhe:<br />

— É <strong>de</strong>solador, Van Schkoppe; é <strong>de</strong>solador! Os pernambucanos vão <strong>de</strong><br />

vitória em vitória. A causa <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s arrastou a província inteira. Não<br />

houve papista que não se alistasse nas fileiras <strong>de</strong>le. Andam por aí entusiasmos<br />

incríveis.<br />

O flamengo ouvia, torcia as pontas ruivas do seu bigodão grosso, sorria<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosamente:<br />

— As coisas vão mudar, senhores! Vão mudar muitíssimo! A estas horas,<br />

com o minha chegada os negócios já tomaram novo rumo. Só o meu nome é o<br />

bastante para aterrorizar a canalha. Garanto a Vosmecês que o João-Toucinho já<br />

está a tremer <strong>de</strong> medo! Dentro <strong>de</strong> um mês, meus senhores, a Capitania inteira<br />

estará <strong>de</strong>baixo da nossa espada...<br />

E pôs-se à frente dos negócios. Começou a dirigir fervilhosamente os<br />

aprestos <strong>de</strong> guerra. Pagou os soldos em atraso, municiou os homens, vestiu-os,<br />

equipou-os, nutriu-os. Insuflou novo ânimo nas tropas. Os sitiados realentaram-se.<br />

Ver<strong>de</strong>jaram novas coragens, novas esperanças.<br />

Nisto, em meio <strong>de</strong>ssas azáfamas, como para esporeá-los, ribombou na<br />

Cida<strong>de</strong> Maurícia esta bela notícia: galeões flamengos, que andavam pirateando pela<br />

costa, atacaram o comboio que conduzia o general Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes.<br />

Atacaram, puseram a pique as naus, abordaram a capitãnea, e conseguiram, por um<br />

milagre <strong>de</strong> pirataria, trazer o general Menezes preso para o Recife. Que<br />

contentamento! Um entontecer! Festejou-se aquela boa-fortuna com <strong>de</strong>lírio.<br />

Schkoppe torcia fanfarronamente os seus bigodóes ruivos...<br />

Principiaram as primeiras escaramuças. Os holan<strong>de</strong>ses tentaram apo<strong>de</strong>rarse<br />

<strong>de</strong> Olinda. Foram rechaçados. Tentaram um ataque ao Rio São Francisco. Foram<br />

rechaçados. Atiraram-se impetuosamente sobre a ilha <strong>de</strong> Itaparica. Foram<br />

rechaçados. Van Schkoppe <strong>de</strong>sapontou-se. Aqueles fracassos azedaram-no.<br />

Resolveu sair <strong>de</strong>cisivamente a campo. Reuniu a tropa, arregimentou os bugres,<br />

aparelhou a artilharia, preparou tudo para um ataque formal. Era a gran<strong>de</strong> batalha!<br />

João Fernan<strong>de</strong>s, sentindo aqueles aprestos formidáveis, <strong>de</strong>ixou o Arraial <strong>de</strong><br />

Bom Jesus. Foi-se entocaiar nos Guararapes. Aí, como nas Tabocas, era o sítio<br />

imensamente propício a emboscadas. O Exército Libertador entrincheirou-se pelo<br />

monte. Esperou.<br />

É noite. Chove <strong>de</strong>sabaladamente. A guarda avançada, gotejando, olhos<br />

fincados na escuridão, ouve <strong>de</strong> súbito um estrupido <strong>de</strong> passos. Aperreia o mosquete<br />

e berra:<br />

— Quem vem lá?<br />

— Amigos, grita uma voz; amigos, camarada! Precisamos falar<br />

urgentemente ao Chefe.<br />

São três homens. Não trazem espada, nem mosquete. A sentinela os<br />

conduz à barraca <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s. O Governador da Liberda<strong>de</strong> or<strong>de</strong>na logo:<br />

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