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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Ainda nessa tar<strong>de</strong>, pessoalmente, André Vidal entrava na Fortaleza <strong>de</strong><br />

Nazaré. A conversa entre os dois cabos foi rápida. Hoogstraten falou claro:<br />

— É preciso dinheiro!<br />

— Quanto?<br />

— Para mim, <strong>de</strong>zoito mil cruzados. Para os oficiais e os inferiores, o soldo<br />

em atraso...<br />

— Muito bem. E <strong>de</strong>pois?<br />

— Entregaremos o forte imediatamente. Faremos mais do que isso: se<br />

Vosmecê quiser, ao invés <strong>de</strong> nos ren<strong>de</strong>rmos como prisioneiros, comporemos novo<br />

exército para combater ao lado do exército brasileiro. Nós ban<strong>de</strong>aremos todos para<br />

Vosmecês.<br />

André ouviu a proposta. Não queria acreditar nela <strong>de</strong> tão cínica...<br />

— Vosmecês se ban<strong>de</strong>iam todos para o nosso lado?<br />

— Ban<strong>de</strong>aremos todos! Formaremos uma tropa. Eu serei o comandante. E<br />

iremos, junto com Vosmecês, combater os nossos companheiros <strong>de</strong> Holanda!<br />

André Vidal fitou o flamengo nos olhos:<br />

— Vosmecê fala sério, Hoogstraten?<br />

— Traga os cruzados e Vosmecê verá! Nós nos ban<strong>de</strong>aremos todos.<br />

— Pois seja! Dentro <strong>de</strong> dois dias Vosmecê terá o dinheiro.<br />

E saiu.<br />

Joio Fernan<strong>de</strong>s Vieira soube logo das negociações. Nem sequer pestanejou!<br />

Aquele homem sabia popularizar-se. Aquele aventureiro, o filho bastardo da<br />

Benfeitinha, sabia ter, nos momentos oportunos, gestos teatralmente belos: mandou<br />

do seu próprio bolso, com rasgada generosida<strong>de</strong>, todo o ouro que reclamava o<br />

traidor. Assim, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois dias, André Vidal pô<strong>de</strong> penetrar vitoriosamente no forte<br />

<strong>de</strong> Nazaré. Trazia as bruacas abarrotadas <strong>de</strong> dobrões. Os <strong>de</strong> Holanda ren<strong>de</strong>ram-se<br />

logo. E com que alvoroço! Recebiam o soldo, <strong>de</strong>punham o mosquete, saiam rindo, o<br />

coração aos saltos, contando as peças <strong>de</strong> ouro.<br />

O paraibano, na mesma hora, arregimentou-os. Formou bela hoste <strong>de</strong><br />

mercenários. Fez-lhes uma arenga singela. Ofereceu a Teodósio Hoogstraten o<br />

comando da tropa. Hoogstraten aceitou...<br />

O Exército Libertador, ainda nesse dia, <strong>de</strong>baixo do estrondo das colubrinas,<br />

com as ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>sdobradas ao vento, <strong>de</strong>ixou a Fortaleza <strong>de</strong> Nazaré e rumou em<br />

triunfo para o acampamento <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Os holan<strong>de</strong>ses formavam um troço a parte. À frente <strong>de</strong>les, ia Teodósio<br />

Hoogstraten. Lá ia um dos gran<strong>de</strong>s traidores da guerra, enfunado e arrogante, com<br />

as plumas vistosas no chapelão <strong>de</strong> briche, a atacar vilmente os seus irmãos<br />

encurralados no Recife. Eram agora os flamengos que partiam a combater os<br />

próprios flamengos... 41 .<br />

41<br />

"Diário do Holandês que residiu no Brasil ao tempo da Rebelião", Rev. do Inst. Arq. <strong>de</strong> Pern., vol. 32, pág.<br />

137 e 140: "Dia 11. A triste noticia que nos chegou aqui foi que o Maior Hoogstraten, comandante <strong>de</strong> Nazareth,<br />

fez entrega da praça ao inimigo, ven<strong>de</strong>ndo-a como um traidor. Os dourados dobrões lhe ofuscaram os olhos!<br />

Contrataram com Hoogstraten dar-lhe 18.000 florins e um regimento para comandar. Deus porém, há <strong>de</strong> punir,<br />

não com castigo temporário, mas eterno, os que tão escandalosamente ven<strong>de</strong>ram a pátria e os compatriotas".<br />

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